domingo, 31 de março de 2013

PARA O DOMINGO

Um poema do Salgado Maranhão para o domingo de Páscoa, não fala nada sobre a Páscoa em si, mas sobre a vida, o desejo, o tempo. Afinal nós humanos somos feitos com poeira de estrelas, tempo , memória e desejo. E Páscoa é vida.

QUEM ?

Para que serve esta labuta errônea
do coração ao que jamais se doma?

Quem dá partida à trama do desejo
que se distende ao acaso e ao ensejo

de um domador que dorme com a loucura?
E quem amarra os nós dessa costura

num tecido que o próprio tempo esgarça
como se feito em linhas de fumaça?

Salgado Maranhão in A Cor da Palavra, ed. Imago

sábado, 30 de março de 2013

NO MUNDO DA LUA

Para Joinville me pediram um nome para a minha fala. Escolhi "Estação Lunar" É como se a poesia fosse a casa desejada , não se diz que as crianças e os poetas vivem no mundo da lua?

NO MUNDO DA LUA

Vou inventar uma rua
onde se pinte e borde,
se façla e aconteça
se cante e dance,
se plantem corações...
uma rua onde todos vivam
no mundo da lua.

in No Mundo da Lua, ed. Paulus.

sexta-feira, 29 de março de 2013

PARIS A FESTA CONTINUOU

Estou na metade do livro Paris A Festa Continuou (A vida cultural durante a ocupação nazista , 1940-4) de Alan Riding.
Estou impactadíssima. 40 milhões de franceses colaboraram com o nazismo de uma maneira ou de outra. Alguns ativamente, com euforia, outros com seu silêncio. O livro faz um inventário minucioso da vida cultural da cidade e do comportamento de seus grandes artistas. Ficamos sabendo como tantos morreram, tantos sobreviveram, a pilhagem das obras de arte, o frenesi da noite. É uma aula incrível sobre o que o ser humano é capaz de fazer por sua sobrevivência.  Eu já havia lido o livro Suite Francesa de Irene Némirovsky escrito em 1942 e publicado apenas em 2004 por sua filha. O livro narra o êxodo parisiense quando os alemães entraram em Paris e é chocante , todos passando por cima de todos, com raras exceções. A norma é sobreviver a qualquer custo, atropelando a ética e a solidariedade. Devemos aproveitar a Páscoa judaica e católica para refletir sobre os limites do ser humano e como seria preciso um salto quântico para que deixassemos de ser humanos, fossemos realmente compassivos e solidários e a bondade fosse a norma. Teríamos que inventar uma nova nomenclatura - ser humano já não serve mais.

quinta-feira, 28 de março de 2013

PÁSCOA

Algumas pessoas me pedem alguma frase sobre a Páscoa. Mas o que é a Páscoa?
Jesus provavelmente estava celebrando a Páscoa Judaica, festa que comemora a libertação dos judeus do Egito. A Páscoa Católica se transformou na Resurreição de Cristo, mas a metáfora é a mesma; LIBERDADE. Na Páscoa judaica a liberdade da servidão. Na Páscoa Católica a liberação da morte. Não me perguntem qual o papel dos ovos de chocolate ou do coelhinho da páscoa. Não sei.Talvez para sublinhar o doce gosto da liberdade.

quarta-feira, 27 de março de 2013

A BRUXA DA CASA AMARELA

Recebo uma notícia da Bahia: Caó Cruz Alves, meu parceiro de tantos livros,  me entregará as ilustrações do texto A Bruxa da Casa Amarela no final de abril.  Passarei as ilustrações para o Gabriel, o menino maravilhoso que cuida do meu site e ele preparará o E-BOOK que estará disponível gratuitamente no meu site para as escolas. O custo é alto e pessoal, mas o resultado é lindo e vale a pena saber que muitas escolas estarão lendo o meu e-book e se deliciando com os desenhos do Caó.

Fechei a minha ida para Natal com meu filho Guga Murray em junho, atuaremos juntos outra vez num Seminário de Leitura. Natal é totalmente mágica para mim porque aí vive a minha sobrinha Júlia, de quem além de tia sou fada madrinha. Além da magia natural da bela cidade.

Minha irmã Evelyn Kligerman e Luis Mérigo, seu marido, ambos ceramistas, fizeram duas placas belíssimas com flores e um poema do meu livro Jardins da Manati, para que eu possa presentear a E.M.Hermann Müller quando for para Joinville . Não há nada que me deixe mais feliz do que dar presentes.

E chegou o outono, para mim a estação da felicidade. 


terça-feira, 26 de março de 2013

NOTÍCIAS DO MARANHÃO

A primeira vez que fui a São Luis em 1990, fiquei muito impactada. O Centro Histórico acabava de ser revitalizado e acompanhada por um poeta, William Amorim, participei de um show de Boi, um espetáculo de poesia na rua e fomos ao reggae mas não conseguimos entrar, tanta gente havia. Na minha última ida a São Luis, faz pouco tempo, encontrei o William na minha fala, 23 anos depois e a cidade destruída. O encontro foi emocionante e a tristeza pelos casarões abandonados era imensa.

Agora São Luis entra pela casa em três livros de poesia do poeta Luis Augusto Cassas, que não conheço.Um livro fala de Alcântara e reproduzo um poema que achei muito bonito:

SOUVENIRS

Dorme em toda alma alcantarense
um beco antigo / um anjo barroco
     e uma saudade portuguesa

     Uma taça de mar
que sirva de oráculo e rota
aos descobrimentos do sublime

     Um dia serei ruína
minha memória despencará
     das janelas do tempo

     Viajante que passa
eterniza o teu momento:
leva do azulejo um pensamento

 Cidade de prateleiras vazias
     de vidraças vazias
   de lembranças vazias

O sol avisa o racionamento
     das 6 às 18hs
para manutenção das caldeiras

Diamante cortando a vidraça
   o olho de Deus
a atravessa verticalmente.

         Luis Augusto Cassas, ed. Imago

Luis Augusto foi muito feliz neste poema. A Alcântara que não conhecí entra pela janela, chega até a minha mesa com todas as suas ruínas , seus ventos, numa taça de mar .

segunda-feira, 25 de março de 2013

PAPÉIS

Cheguei na segunda-feira  e os papéis me soterram. São pilhas de correspondência , notas fiscais, etc, etc. Mas entre tantas coisas um convite para Natal, quem sabe conseguimos levar o Livro-Concerto com meu filho Guga Murray: fiz a proposta.
A Multi-Rio me telefona e quer um livro meu que está esgotado: No Fim do Arco -Íris com ilustrações do Caó Cruz Alves. Tenho um exemplar, lá vou eu para o correio, o livro tem que estar lá amanhã. Uma rádio ou um jornal de Joinville me faz uma entrevista relâmpago para colher alguma opinião sobre a Feira e agora tenho que descer e fazer o almoço: arroz integral, feijão mulatinho, beringela com cenoura e salada. E começo hoje os pilates com aparelhos depois de anos com a minha fisioterapeuta em casa, tenho que trocar, pois estou com alguns problemas e muita dor.
Ufa, eis a minha segunda-feira, mas... a temperatura está linda e as orquídeas floridas , é um tempo de fertilidade e felicidade, pois sempre há novos nascimentos no fim do arco-íris.

domingo, 24 de março de 2013

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Maurício Leite a acolhida tão linda, o seu abraço, seus olhos brilhando cheios de luz, na minha chegada em Luziânia. Maurício, junto com a Secretaria de Educação , conseguiu envolver 800 professores em um Congresso de Leitura, o Conçluz.
Agradeço ter sido acolhida pela escritora Iris junto com meu filho Guga Murray em sua bela casa . Iris nos recebeu com suntuosidade, com afeto de veludo, agradeço os vinhos, os pães, todo o amor que escorre pelas paredes da casa.
Agora em minha própria casa com meus grandes amigos Messias e Kátia passando o final de semana com a gente, agradeço ao universo ter recebido como presente amigos tão lindos e valiosos. Ter o Juan na casa, as gatas, a música do mar, agradeço.

quarta-feira, 20 de março de 2013

LUZIÂNIA

Cheguei em Luziânia com meu filho Guga. O evento se chama CONLUZ (Congresso de literatura infantil) e hoje vou falar na abertura. É um evento de literatura , música e poesia. Viemos pelas mãos do Maurício Leite. Almoçamos juntos no simpatiquíssimo refeitório da Secretaria de Educação que fabrica o evento junto com o Maurício.
O nome é lindo: Com Luz. Sendo assim, pretendo despertar algumas estrelas cadentes.
Fui visitar a exposição de brinquedos antigos, contruídos por alunos e pais, que o Maurício Leite preparou. Emocionante.
E amanhã, se der eu conto mais! 

terça-feira, 19 de março de 2013

DISCURSO DO PAPA

Cedo de manhã eu, judia, chorei com o discurso do Papa. Era de uma simplicidade e poesia e beleza. Cuidar do outro, cuidar da Terra. Parece a Teologia da Terra do Leonardo Boff. Se um bilhão e duzentos católicos hoje seguissem essas regras simples de amor e generosidade, quanta coisa mudaria no mundo.

Vou hoje dormir no Rio para embarcar amanhã cedo para Brasília. Vou com meu filho músico e seu Livro-Concerto. Levo minha sacola de pano que ganhei de uma escola, com alguns dos meus livros dentro. Levo meu olhar de ver a vida, levo amor. E rever o Maurício Leite, menino mais do que inspirado, que entra Brasil adentro com sua Mala de Leitura vai ser uma maravilha. Espero poder comprar um buquê de flores do cerrado que são a minha alegria quando vou a Brasília.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD

Ontem vi um filme maravilhoso, um filme inglês: O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD. Vi por acaso e fiquei muito impactada. O filme é de uma beleza rara na maneira de abordar as relações humanas. Um grupo de idosos falidos, nenhuma pessoa conhece a outra, decidem, seduzidos por uma publicidade na internet, viver na India, num hotel que é um palácio, já que as condições que o hotel oferece são extraordinárias.Claro que não era nada disso e o hotel é completamente decadente. A história de cada um, a maneira como as histórias de um vão interferindo na história do outro, a maneira com que cada um  recebe dentro de si toda a complexidade da India, tudo isso sem nunca perder o maravilhoso humor inglês, enfim, fiquei radiante com o filme e fui dormir feliz.

Claro que o céu ouviu minhas preces em forma de poemas e sou uma boa chamadora de chuva: ela veio.
Agora sopra um sudoeste terrível, o mar está cinza chumbo, maravilhosamente horrível, do jeito que eu gosto, eu amo o vento.

domingo, 17 de março de 2013

UMA ESTANTE COM PORTAS DE VIDRO

Maurício Leite, que me leva para Brasília onde vou abrir uma Semana Literária conversando com a platéia, me pede que fale um pouco sobre Monteiro Lobato e Andersen.
Então me vejo criança na casa da minha avó Faiga. Vejo a sala austera e dentro de uma estante com portas de vidro uma bela coleção de livros, o Tesouro da Juventude. Dentro da coleção lindos contos de fadas. Na sala da minha avó eu lia e depois virava princesa junto com as minhas bonecas., Eu não podia levar os livros para casa. Depois de ler o recolocava na estante e fechava a porta. Suspirava. Por algumas horas viajara para mundos incríveis.
Na casa da minha melhor amiga Sheila, numa vila, havia a coleção completa do Sítio do Picapau Amarelo. Foi a maior descoberta da minha vida. Dentro do Sítio passei a minha infância. Era tão simples, não precisava de aviões ou trens, nenbum meio de transporte, apenas os olhos. Ia para a sua casa todas as tardes e bastava abrir o livro e pronto, já estava no sítio.
Já adulta busquei um sítio como aquele, onde fica a minha casinha da montanha, onde faço exercícios de ser criança. 

sexta-feira, 15 de março de 2013

UMA CARTA

Leio que um dos primeiros atos do Papa Francisco foi enviar uma carta ao Rabino de Roma estendendo a mão ao judaísmo. Há que lembrar e pouca gente se lembra, que Jesus era judeu e que os judeus, por terem sido injustamente acusados de matá-lo, foram perseguidos durante estes dois mil anos, expulsos dos lugares onde moravam, mortos. Se a simples lembrança de que Jesus era judeu, de mãe e pai judeus, estivesse presente, a história do povo judeu teria sido outra. O cristianismo nasceu do judaísmo e é um belo gesto a ponte que lança o Papa. Agora esperemos que faça o mesmo com o Islã. Afinal, não existe apenas uma verdade. A verdade é a consciência de cada um e se as três religiões são monoteistas, não teria cabimento que o mesmo Deus se dividisse em três e fosse diferente para cada uma delas.Mas, por causa de toda esta confusão, milhões de pessoas foram e são assassinadas em todo o mundo. Esperemos que um dia as religiões não dividam os homens e muito pelo contrário, se unam num belo diálogo para buscar a paz.

Como continuo desejando chuva, faz muito calor aqui em Saquarema, faço uma prece pela chuva com um poema de Adonis, grande poeta sírio, uma voz maravilhosa que nos chega do mundo árabe:

ESPELHO DAS NUVENS

Asas
são, mas de cera
e a chuva a torrente não
é chuva - são barcos levando lágrimas.

in Adonis (Poemas), Companhia das Letras.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A CHUVA

Faz muito calor. Hoje às cinco horas da manhã fazia 28 graus sem vento na varanda. Chamo a chuva e o vento. Chamo a chuva com um belíssimo poema do Borges em homenagem ao Papa Francisco que é um leitor de Borges:

LA LLUVIA

Bruscamente la tarde se ha aclarado
porque cae la lluvia minuciosa.
Cae y cayó. La lluvia es una cosa
que sin duda sucede en el pasado.

Quien la oye caer ha recobrado
el tiempo en que la suerte venturosa
le reveló uma flor llamada rosa
y el curioso color del colorado.

Esta lluvia que ciega los cristales
alegrará en perdidos arrabales
las negras uvas de una parra en cierto

Pátio que ya no existe. La mojada
tarde me trae la voz, la voz deseada,
de mi padre que vuelve y que no ha muerto.

Jorge Luis Borges , in Obra Poética,Emecé Editores

Quantas maravilhas me traz o poema. A chuva que é meu desejo ardente neste momento. Um certo pátio que já não existe mais. Imediatamente penso na casa da minha avó, numa vila, no fundo da vila, como num pátio, havia um banco para onde eu levava as minhas bonecas. Minha avó está viva e prepara a manhã com orações e cebolas. Minha avó era profundamente religiosa e sua existência me trazia uma segurança imensa e muita paz. Meu pai também volta, o poema traz sua voz e seu riso contagiante. Eu o vejo, e tudo nele me emociona, seus sapatos, seu jeito de ver o mundo, suas mãos.

quarta-feira, 13 de março de 2013

FUMAÇA PRETA

Imagino Jesus andando pelas ruas poeirentas da antiga Palestina, com seu cortejo de mulheres, leprosos, loucos, os párias. O seu discurso era revolucionário. Dar a outra face ao inimigo, ao invés do olho por olho, dente por dente. Perdoar. Doar amor. Jesus amava, pelo que se conta nos Evangelhos, a alegria, não suportava a dor. Transformou água em vinho, seu primeiro milagre. Queria uma sociedade mais justa, mais igualitária. Sofria junto com os pobres. Não pregava a violência, não andava com os poderosos, não se vestia de sedas e ouro. Pregava a simplicidade, olhai os lírios do campo, ele diz. Amava a natureza.
Imaginemos agora se Jesus estivesse na Praça São Pedro assistindo ao espetáculo dos Cardeais, o luxo, a riqueza. Esperando a fumaça negra ou branca, se Jesus estivesse ali, esta não seria a sua Igreja. E se viesse um Papa  que levasse a Igreja verdadeiramente ao encontro da simplicidade e beleza de Jesus ?

terça-feira, 12 de março de 2013

TARDE

Ontem passei o dia no Rio, entre médicos . Quando vou aproveito para fazer tudo o que tenho que fazer. Finalmente busquei meu passaporte, foi uma novela a sua renovação. Todos na Polícia Federal me enchem de medo, são extremamente duros e nada gentis. Talvez em meu sangue corra o medo dos meus antepassados.
E hoje a tarde está linda depois de uma manhã burocrática entre bancos, correio, papelada. Acabei de arrumar a cozinha, fiz um prato delicioso e simples, batatas cozidas regadas com azeite e polvilhadas com páprica e no meio delas, salmão grelhado. Uma salada com nozes e frutas. Agora descanso um pouco. O mar varre a casa com sua música.  E vou reler La Vie Devant Soi do Émile Ajar que havia perdido e recebi ontem da França, do meu amigo João. Vou reler o livro pela décima vez, eu o tenho em português, queria levá-lo para o Clube de Leitura da Casa Amarela, mas a tradução é tão horrorosa que não dá para ler. Mas já tenho um livro em mente para o nosso Clube, para depois do O Físico do Noah Gordon: As Brasas, Sandor Maarai.

segunda-feira, 11 de março de 2013

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Conhecí Nelson Ayres, o grande maestro e pianista, em 1980 em Visconde de Mauá, onde ele também tem um sítio. Um dia era meu aniversário e saimos para passear, eu, Nelsinho, Salvador, meu grande amigo ermitão. Caminhamos muito e chegamos na cachoeira da Grama, belíssima, majestosa, impactante. Era um dia chuvoso de dezembro. Eu perdi a respiração de tanta beleza e Nelson me disse:
_ Não é linda? É tua, é teu presente de anuiversário.
Agora, trinta e dois anos depois, Nelson Ayres vai tocar no lançamento do meu livro Abecedário (Poético) de Frutas que sairá pela ed. Rovelle. É meu presente por estar viva e poder receber esta dádiva.
Cláudia Simões, sua ex mulher, é a aquarelista do livro e estará expondo as suas maravilhosas aquarelas. E então, numa dobra do tempo, nos encontramos os três de novo, só que agora, a filha da Cláudia e do Nelson, Laura Ayres, irá cantar e o meu filho Guga Murray irá tocar.
Quem puder ou estiver passando por ali, será dia 4 de abril às 19:30hs , no Centro Cultural Visconde de Mauá.

domingo, 10 de março de 2013

NOITE EM BÚZIOS

O sarau em Búzios foi uma mistura de poesia e estrelas, pois a noite estava belíssima. Ouvimos Fernando Pessoa e Adélia Prado, ouvimos poetas de Búzios. Encontrei lindas pessoas.
Dormimos na casa de uns amigos queridos e lá passamos o dia, num cenário de sonho.

Agora , aqui em Saquarema, recebo uma carta da minha sobrinha Maria José de Granada, Espanha, onde, apesar de todas as dificuldades, ela me conta da alegria de plantar e colher e se adentrar no bosque para catar pinhas e o mergulho na natureza é a salvação da sua família. Fico muito emocionada .

sexta-feira, 8 de março de 2013

FAETEC SAQUAREMA

Ontem à noite fui receber a Comenda Mulher de Ouro das mãos do Chico Peres, meu amigo mais do que querido, poeta sensível e inspirado. Mas meu maior prêmio foi conhecer a FAETEC de Saquarema . Fiquei alucinada com a escola imensa e linda com cursos profissionalizantes, inglês e espanhol grátis para quem quiser, piscina, quadra poliesportiva, jardins, espaços para confraternização, teatro!!! Sandra, a diretora visionária, sonhadora, maestra de 3.000 alunos, deveria receber no mínimo cinco comendas.
Estive sentada ao lado da Ana Paula, Secretária de Educação de Saquarema, que me garantiu que as escolas continuarão leitoras, apesar de mudanças no Projeto de Leitura. Dia 26 de março parece que os professores terão um encontro comigo lá no teatro da Faetec, um café da manhã para um bate papo sobre leitura.

E hoje irei a Búzios falar meus poemas e parece mentira mas estou morta de medo. Se for para falar para 500 professores não tenho medo nenhum, me sinto acolhida e amada, mas hoje vou apenas ler meus poemas para uma platéia que não conheço. E se não gostarem? 

quinta-feira, 7 de março de 2013

A CANÇÃO INICIAL

Ontem recebi pelo correio um pacote de livros do poeta e cidadão maranhense José Sarney, que foi Presidente do Brasil. Separo o político do poeta e me surpreendo com sua bela, clara e melódica poesia, que flui como água e trabalha com o tempo e a memória. O livro A Canção Inicial, que me tocou especialmente, foi escrito antes de que eu tivesse nascido, em 1948 e a poesia escorre tão naturalmente como se acabasse de ser escrita.
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III 

Tenho os sons saudade
assim como um velho rio
     de sombras
     no campo do passar.
A sua ausência possui
os dias vagos e despovoados
assim como poços esquecidos
cobertos, velhos detritos
comendo a solidão
e a triste lembrança
nas águas,
     boiando.

Quando tua presença foge
foge de meus olhos o tempo.
     Sou um trigal abandonado
à espera da colheita.

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Somos tantas pessoas dentro , assim dentro do político que atravessou grande parte da história do Brasil recente,  existe um poeta que se debruça sobre o poço inesgotável da poesia e lava o rosto e as mãos e bebe suas águas.

quarta-feira, 6 de março de 2013

DE VOLTA PARA CASA

Da montanha para o mar o caminho é imenso e não pode ser medido em quilômetros, mas sim em florestas, bichos, nuvens, raios e trovões.
Quando chegueu na minha casinha na semana passada, lá em Visconde de Mauá, um temporal chegou junto comigo e fiquei dezoito horas sem luz, como antigamente.
André, meu filho, me conta que havia uma paca morta no sítio e parecia caçada de onça. Fiquei alucinada, dava tudo para ver uma onça.
Meu neto encheu a casinha de alegria. E meus filhos e minha irmã e meu cunhado. A beleza dos dias era tanta com sol ou chuva que eu quase gritava sozinha.
E ontem, ao chegar em casa, novamente uma tempestade me recebeu. Sentamos na varandinha coberta de frente para o mar, eu adoro sentir medo dos raios e ontem o espetáculo era impressionantes. Os raios caiam no mar com estrondo e beleza.
E hoje toneladas de trabalho acumulado nesta ausência.
E aqui estou novamente no mar.