segunda-feira, 28 de outubro de 2013

MAUÁ À VISTA

Amanhã vou para Resende-Mauá ver meus filhos e neto. Minha casinha do bosque me espera. Vou ler pela terceira vez o livro El Jinete Polaco do Antonio Muñoz Molina, por quem sou apaixonada e que acaba de ganhar o Prêmio Príncipe de Astúrias. É um livro que pede silêncio e o sussurro das folhas.

Ficarei fora por algum tempo, já que de lá vou direto para o Sesc Teresópolis onde a família vai trabalhar unida. Guga Murray, meu filho e Patricia de Arias, minha nora, dia 7 com um Livro-Concerto e não sei que surpresas Patricia prepara. Dia 8 eu e minha irmã Evelyn Kligerman, ceramista, estaremos em alguma escola, ela vai dar uma oficina "Letras do Barro" e eu vou conversar com os leitores. 

Escreverei onde tiver internet.

domingo, 27 de outubro de 2013

UM ASSUNTO AQUI E OUTRO ALI

Começo o domingo com o sol nascendo atrás da Igreja, atrás do morro, a praia imensa e vazia, apenas um pescador. Beleza em estado absoluto.

O ser humano não consegue viver sem um bode expiatório? Sempre a culpa é do outro? Agora é a vez dos ciganos, a segunda vez em que são um alvo tão atacado. Hitler já os odiava e matava e agora a situação deles é terrível na França. Odiados porque misteriosos, Lorca os amou e cantou nos poemas mais maravilhosos e evoco sua música para protegê-los

A GUITARRA

Começa o pranto
da guitarra.
Quebram-se os copos
da madrugada.
Começa o canto
da guitarra.
É inútil calá-la.
É impossível calá-la.
Chora monótona
como chora a água,
como chora o vento
sobre a nevada.
É impossível
calá-la.
Chora por coisas
distantes.
Areia do Sul quente
que pede camélias brancas.
Chora flecha sem alvo,
a tarde sem manhã,
e o primeiro pássaro morto
sobre o ramo.
Oh! guitarra!
Coração malferido
por cinco espadas.

Federico García Lorca, Poema do Cante Jondo, in Obra Poética Completa, tradução de william Angel de Melo, ed. UNB 

Meu filho Guga Murray está hoje em Salvador com uma oficina de música para professores do Ensino Fundamental e um Livro-Concerto. Guga, quando morava em Granada tinha amigos ciganos e quando traduzi o espetáculo Pequeno Poema Infinito, para o José Mauro Brant, Guga tirou a dúvida de algumas palavras com seus amigos ciganos. Gostei mito de fazer uma tradução artesanal, apenas com dicionário de papel, a consultoria do Juan e dos amigos do Guga de Granada. Os textos eram lindíssimos e eu quase sufocava de emoção. Não há nada mais belo do que um poema do Lorca.

sábado, 26 de outubro de 2013

DIA DAS BRUXAS

Passei um Dia das Bruxas no Canadá, em Toronto em 1972, na casa de uns amigos que tinham dois filhos de uns 7 e 8 anos. Participei da construção da abóbora. O bairro era lindo, só de casas e parecia um filme ver aquelas crianças correndo fantasiadas de bruxas e fantasmas correndo para lá e para cá pedindo doces. É uma festa deles, o Haloween nunca pegou de verdade por aqui, é uma festa de tradição celta. Milhares de mulheres foram mortas e bem queimadas por bruxaria na Idade Média, a Inquisição tinha Manuais para ajudar a reconhecê-las. Mas adoro a figura das bruxas e suas vassouras voadoras , um meio de transporte espetacular, porque silencioso e não poluente. Ser mulher é ser um pouco bruxa, já que nascemos sabendo tantas coisas, somos intuitivas e curamos com nosso amor.Peço então que ajudem a divulgar nas escolas o meu e-book A Bruxa da Casa Amarela, ( no site www.roseanamurray.com) a história de uma bruxa jardineira que inventa flores maravilhosas e vive entre dois mundos. As ilustrações do Caó são muito divertidas. Conto com vocês!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A BRUXA DA CASA AMARELA

Acordei e estava ainda escuro.A lua ainda no céu.  Tomei café na varanda . É lindo ver amanhecer. Abro o computador um pouco ansiosa, pois o Gabriel, o menino que cuida do meu site iria colocar o meu e-book A Bruxa da Casa Amarela hoje. Mas ele primeiro me enviou a prova e eu já disse que sim, está tudo certo, então a qualquer momento meu e-book entra no ar.
Na verdade o texto teria que ter sido publicado por alguma editora, mas como estavam demorando muito para me responder, eu tive a ideia de fazer o livro digital para que as escolas pudessem usá-lo.Assumi os custos e é um presente para meus leitores. Adoro os desenhos do Caó, são lindos e divertidos. Ficou muito bom, eu amei, agora é só esperar um pouco.A minha amizade com o Caó vem de longa data. Nos conhecemos na casa de uma amiga em comum na Bahia, na praia de Ipitangas (acho que é esse o nome) e ele dirigia um jipe muito original que ligava com um palito de sorvete. Ele me mostrou seus desenhos e escrevi a historia do jipe que foi publicada pela ed. Memórias Futuras que se desmanchou. O livro foi para a ed. Moderna e infelizmente Caó não fez as ilustrações da segunda edição, que saiu com os belos desenhos da Helena Alexandrina. O livro existe e se chama Carona no Jipe. Agora Caó está fazendo um filme sobre a nossa Casa Amarela que já virou personagem.
Kira, minha neta de estimação, me deu a ideia da história do e-book e fez o desenho de abertura. Ela agora tem 8 anos e mora em Barcelona. Ela também está esperando para mostrá-lo na escola . Bom, isso é magia, que várias crianças possam ler o livro ao mesmo tempo em vários lugares!   

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ESPELHO DO CORPO DO OUTONO

Meu corpo está no outono. Farei 63 anos em dezembro. Sinto que minha alma cresce enquanto meu corpo diminui. Alguns sentimentos pertenciam mais ao corpo: raiva, por exemplo. Tenho menos raiva . O perdão vem mais fácil, não tenho que lutar com ele , talvez já raramente me ofenda. Isso me faz bem, me deixa respirar. Sei que diante da tela em branco, diante de uma folha em branco, sempre conseguirei escrever alguma coisa. Já não duvido tanto de mim. Meu corpo está no outono e o outono é belo em sua melancolia, em suas folhas que o vento espalha, talvez este desfolhamento seja a minha poesia voando por aí.

ESPELHO DO CORPO DO OUTONO

Você já viu a mulher
como carrega o corpo do outono?
Primeiro ela mistura o rosto e a calçada
depois tece um vestido com os fios
     da chuva
as pessoas
     na cinza da rua
são brasa apagada.

ADONIS,  in Poemas,Cia das Letras

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

ERA UMA VEZ

Uma vez, não sei quanto tempo faz, autores e ilustradores foram chamados ao Jardim Botânico para fazer uma atividade com Escolas Municipais. Sentamos em volta de alguma árvore maravilhosa. Li meu livro Uma História de Fadas e Elfos, da ed. FTD, lindamente ilustrado pela Elvira Vigna. É uma história estranha, nem sei se gosto dela. Conversamos, e quando acabou e já nos dispersávamos, um menino grande, deveria ter uns 12 anos, se abraçou com a árvore , fechou os olhos e disse baixinho: _Eu sou o elfo.
Este é o poder curativo das histórias, da literatura. Eu sou o outro, não importa se elfo , elefante ou ser humano.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

VERÃO

Chegou o verão antes do verão. Como um convidado que envia suas bagagens antes da data marcada para a sua presença. Não é só o calor, é a qualidade do ar, o cheiro do ar, a tonalidade do canto dos pássaros e a luz. 
Em nosso estúdio escolhi a janela que dá para as montanhas, mas num primeiro plano há o casario, os telhados. Gosto das telhas mais escuras, mais velhas, cheias de limo. Nelas meu olhar descansa por alguns instantes . Gostaria de percorrer suas texturas como os gatos. Agora sopra um vento ameno, mais frio, vem do mar que está nas minhas costas.  Também o ritmo do canto do mar muda no verão. A música do mar já se misturou com meu sangue, com certeza tenho salitre em minhas veias e alguns restos de madeira velha de barcos .
Como não gosto de fotografar, escrevi a fotografia deste instante.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

NOTÍCIA MARAVILHOSA

Ontem li no O Globo uma das notícias mais lindas que já caiu nas minhas mãos: O pedreiro Evando dos Santos, analfabeto até os 18 anos, fundou uma biblioteca na Vila da Penha , Rio de Janeiro, com 55 mil livros. Mistura de filósofo, poeta , vidente, sonhador , mantém a biblioteca com seus mínimos recursos. Seu discurso é tão lindo que deveria ser chamado para dar palestras de formação de leitores. Por favor, meus leitores, busquem a matéria! Secretarias de Educação, façam contato com este homem maravilhoso!

Ontem li a crônica da Martha Medeiros e me identifiquei muito, mas estou no facebook e ela não.Acho muito positivo meus leitores me acharem. Só que cada vez mais busco a simplicidade, a lentidão, a contemplação, o que é essencial. Meus quase 63 anos me dão licença poética para viver apenas o que quero viver. E hoje leio que há um movimento por menos consumo de notícias dentro da rede. Falando em consumo sou anti consumista por convicção, só compro o que é necessário, conserto os objetos até não dar mais. Gosto das coisas gastas.

Vi um filme iraniano que me impactou: A Separação. O que o medo é capaz de fazer com as pessoas! Medo de amar, de falar o que se sente, e o que se sente vai se avolumando , vira um novelo terrível.  É tão bom a gente dizer o quanto a gente ama quem está perto da gente, amigos, amores, filhos, gatos, cachorros, netos.

sábado, 19 de outubro de 2013

CHÁ LITERÁRIO

Ontem fui homenageada com um Chá Literário em São Gonçalo e a emoção foi imensa, a energia era a do afeto, entusiasmo, plateia linda falando de livros. Éramos muitos autores e cada um falou do seu passado como leitor e do seu processo de criação. Mas antes, a surpresa: cada um leu um poema do Abecedário (Poético ) de Frutas e tinha que falar da sua relação com a fruta linda. Uma delícia.
Voltei para casa voando de felicidade. Dormi com um temporal imenso e acordei mergulhada num dia azul.  

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

EM MADRID

Fui a Madrid pela primeira vez em 1994, quando recebi meu Diploma de Honra do I.B.B.Y em Sevilha. Havia conhecido um jornalista ao sair do aeroporto no Brasil,. Ele era espanhol e trabalhava no El País. Eu mal sabia que a partir daquele momento nossas vidas estariam para sempre ligadas. Voltei a Madrid em 1997 para encontrar meu grande amor e e ele me perguntou: _" Você conhece Antonio Machado?" Eu não conhecia e fui buscá-lo. Comprei uma edição lindíssima de capa dura e me sentei num bar onde li sua poesia pela primeira vez. Poesia linda e musical, completamente imersa na magia da natureza. Hoje, com a casa cheirando a algas, com a música do mar, tão longe daquele dia em Madrid , abro o livro do poeta e sua poesia me traz aqueles momentos de volta, com apenas um verso: "Hoy es siempre todavia"
Ou seja, tudo pode acontecer hoje, pois hoje é ainda. E naquele "hoje" tão distante, meu futuro estava sendo urdido em silêncio com os fios da vida.

CLXVI
(Viejas Canciones)

   A la hora del rocío,
de la niebla salen
sierra blanca y prado verde.
El sol en los encinares!
   Hasta borrarse en el cielo
suben las alondras.
Qui´pen puso plumas al campo?
Quién hizo alas de tierra loca?
   Al viento, sobre la sierra,
tiene el águila dorada
las anchas alas abiertas.
   Sobre la picota
donde nace el río
sobre el lago de turquesa
y los barrancos de verdes pinos:
sobre veinte aldeas,
sobre cien caminos...
   Por los senderos del aire,
señora águila,
donde vais a todo vuelo tan de mañana?
...............................................................................
Antonio Machado, Espasa Calpe, Poesías Completas.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

NA MINHA PASÁRGADA

Na minha Pasárgada eu seria bailarina, meu corpo leve como o ar. Dançaria noite e dia. Na minha Pasárgada eu seria cantora, teria uma voz rouca de algodão.Na minha Pasárgada andaria de bicicleta, como o poeta. Na minha Pasárgada faria magias. Na minha Pasárgada não existiria dor nem crueldade . Ninguém nunca seria humilhado. Na minha Pasárgada não seria preciso ser amigo do Rei, apenas carregar nas mãos sementes de amor.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

PRIVACIDADE

Há uma grande polêmica em torno das biografias não autorizadas. Sou contra a proibição. Podem nos caluniar de tantas maneiras pela rede ou pela boca mesmo. Isso deve ser tão antigo quanto a humanidade.
Uma vez falaram uma coisa terrível de mim quando estive em Friburgo, eu acho, com o Proler. Disseram que eu deixei uma conta de vinho sem pagar no hotel. Acontece que dinheiro público para mim é tabu igual incesto e eu tenho lá o meu código de ética, cada um tem o seu. Preferiria morrer de sede ou de fome do que fazer algo assim. Como se desfaz uma calúnia dessas? A pessoa nem escreveu para que eu pudesse processá-la. Com o livro escrito é mais fácil, a gente pode brigar na justiça. E como esconder alguma coisa hoje em dia? O nosso último reduto, onde guardamos nossas loucuras, segredos terríveis, nossas sombras, desejos inconfessáveis, fantasias que não podem ser ditas, é o nosso pensamento.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

LIÇÕES DE VIDA

Tenho meus livros para aeroporto e avião. Tem que ser grosso, tem que me agarrar. Geralmente eu os compro na Rodoviária ou no aeroporto, pois adoro a aventura de encontrar um livro que me chame no meio de tanta auto ajuda, tanta coisa  tão fora do meu universo. Desta vez, voltando de Visconde de Mauá comprei Lições de Vida de Anne Tyler (o livro ganhou o Pulitzer Prize) e me apaixonei pelo livro desde a primeira linha.Tudo acontece na estrada com um casal que vive junto há 28 anos e está indo para um funeral. Não conto mais para não estragar o prazer dos leitores.

O próximo encontro do nosso Clube de Leitura será dia 16 de novembro. Já está lotado. Vamos discutir sobre o livro As Brasas do Sandor Marai. O livro é uma maravilha, uma obra prima. E teremos, eu acho, algumas surpresas.  

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

VENTO

Venta muito. Desde alguns dias o vento é constante e de tanto soprar desarruma algumas coisas dentro da gente.

Leio artigos interessantes sobre o crescimento dos países. Por que os países precisam crescer? O crescimento traz destruição. Os países precisam dividir a sua riqueza e pensar em bem estar , cultura, felicidade.

Um artigo interessante fala de rádios clandestinas para países fechados. Uma rádio israelense que transmite para o Irã em persa. A rádio tem uma grande audiência no Irã. Por que não se faz uma política de aproximação e amizade entre países inimigos?

Tenho horror a qualquer tipo de censura. E o que é diferente de mim me atrai. Tenho amigos de todas as idades , classes sociais, gostos sexuais. Por que dividir os seres humanos em categorias? Somos todos humanos, os animais ma is predadores do planeta, os animais mais sublimes do planeta: Fabricamos arte e fabricamos morte.

domingo, 13 de outubro de 2013

O PODER DA LITERATURA

Luiz Ruffato fez um discurso impressionante, duríssimo e verdadeiro , na Feira de Frankfurt. Reproduzo um trecho emocionante:

"Eu acredito, talvez até ingenuamente, no papel transformador da literatura. Filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semianalfabeto, eu mesmo pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, gerente de lanchonete, tive meu destino modificado pelo contato, embora fortuito, com os livros. E se a leitura de um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa, e sendo a sociedade feita de pessoas, então a literatura pode mudar a sociedade. Em nossos tempos, de exacerbado apego ao narcisismo e extremado culto ao individualismo, aquele que nos é estranho, e que por isso deveria nos despertar o fascínio pelo reconhecimento mútuo, mais que nunca tem sido visto como o que nos ameaça. Voltamos as costas ao outro --seja ele o imigrante, o pobre, o negro, o indígena, a mulher, o homossexual-- como tentativa de nos preservar, esquecendo que assim implodimos a nossa própria condição de existir. Sucumbimos à solidão e ao egoísmo e nos negamos a nós mesmos. Para me contrapor a isso escrevo: quero afetar o leitor, modificá-lo, para transformar o mundo. Trata-se de uma utopia, eu sei, mas me alimento de utopias. Porque penso que o destino último de todo ser humano deveria ser unicamente esse, o de alcançar a felicidade na Terra. Aqui e agora."

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

CANÇÃO DE NINAR DO MAR

Ontem , ao voltar de Bacaxá para Saquarema, encontrei o Maestro Moisés no ônibus. Maestro Moisés criou um coral belíssimo na E.M.Castelo Branco (penso nesta escola como um belo castelo branco num país encantado, pois é inadmissível que escolas tenham nomes de generais da ditadura) e criou outros corais. Maestro Moisés fez a cidade cantar. Seu trabalho deveria ser tombado pela Secretaria de Educação e Cultura.

E toda hora alguém me diz: -Como são lindos os poemas da sua nora, Patricia de Arias:

CANÇÃO DE NINAR DO MAR
Canta o mar,
baila a espuma
e os golfinhos
beijam a lua.

A noite chega ao mar:
caracóis ajoelhados
fazem a sua cama
sobre as oindas.

O mar se balança, mexe,
adormece,
enquanto o vento canta
canções de ninar.

Patricia de Arias, in Fio de Lua & Raio de Sol
 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

TRANQUILIDADE

Voltei de Visconde de Mauá ontem no final do dia. Exausta, pois não é uma viagem qualquer, é como passar de uma dimensão para outra. Durante o trajeto perco muita energia. Choveu todo o tempo em que estive lá e fazia um frio intenso, úmido, por causa da chuva. Foi magnífico mergulhar na mata. As saracuras vinham até quase a porta da casa com suas cores belíssimas de outono. Um esquilo brincou com um jacu em cima da árvore e o fogo crepitava enquanto as horas escorriam lentas. Terminei o romance do Agualusa, O Vendedor de Passados e penso que deve ser muito triste modificar um passado ou uma genealogia, somos o que vivemos e nossos ancestrais.
Tranquilidade , esta é a palavra exata para os dias que passei dentro do bosque. Li, escrevi 3 poemas, fiz meditação, alongamento e sobretudo contemplei a mata por horas seguidas.
E apresento aos meus leitores uma jovem poeta de 14 anos, minha amiga real, que vive em Madrid. Eu a conheci com 2 anos e para mim é uma surpresa ler a sua poesia tão bela, tão firme, tão madura. Seu nome é Ines e acho que terá um caminho iluminado .Espero que possam saboreá-lo em espanhol


Tranquilidad
Si fuera un color, sería blanco entero
Si es un sonido, el silencio bajo el mar
Si hablamos de tacto, es como el deshielo

Como el ojo de un huracán que destruye sin parar,
Es un vacío que no te produce miedo,
Algo inmóvil cuando el mundo quiere girar.

Es la ausencia de toda debilidad,
Y hay algo con lo que lo quiero comparar,
Es como un aleph, siento tranquilidad.

INES

terça-feira, 1 de outubro de 2013

TATO

Só ao chegar em Resende vi meu livro Fio de Lua & Raio de Sol. Metade meu. Metade da Patricia de Arias, minha nora. Mas os poemas se interpenetram, como a luz escorre durante o crepúsculo e o dia se mistura com a noite.. Tatear a capa, suas folhas, seu formato, cheirar o papel, é tudo emocionante. Os poemas fazem um todo cheio de emoção e harmonia. Aos meus leitores recomendo o livro. É da Ibep Jr.
A alegria de ter meus filhos e neto bem junto de mim...São como orquídeas raras. São minha âncora.