quinta-feira, 30 de junho de 2016

ISTAMBUL

Sempre sonhamos com o Oriente. Desde tempos imemoriais. A Turquia, metade aqui, metade ali, sempre me pareceu uma terra absolutamente mágica.
Vi tantos documentários maravilhosos sobre Istambul.
E então, de um segundo a outro, o aeroporto explode com tantas mortes, tantos feridos, tantas vidas e sonhos despedaçados.
Como entender a mente de um terrorista? De um assassino?
São tantas mortes em Istambul e na Síria e na África e no Rio de Janeiro e em Orlando e na França e na Bélgica...
Há um mar de sangue. Um mapa de sangue que se renova todos os dias e refaz o mapa do mundo em outro desenho. Sangue grosso e viscoso de gente inocente.

terça-feira, 28 de junho de 2016

ESCOLA DUCLER

Pela primeira vez recebi uma turma de Ensino Médio em nosso Café, Pão e Texto. Monica Pimentel trouxe a turma do terceiro ano do C.E Ducler Laureano Matos, de Sampaio Correa, Saquarema.
Entre poemas e um conto, conversamos sobre muitas coisas. Os sonhos e desejos de cada um. Sobre violência e paz, sobre o suicídio de dois jovens recentemente em Saquarema, sobre gravidez precoce, sobre amor.
Perguntei a eles se já haviam participado de algum encontro assim e me disseram que não. Eram lindos. As meninas mestiças e negras com seus cabelos naturais, maravilhosos. Não faltaram cachos.O Professor Fábio leu um poema com ritmo de rap, um menino e uma menina leram meus poemas.
Fiz um pão recheado. Bolos. Muito frio e vento. Precisei emprestar alguns xales para as meninas.
Acho que ficamos todos felizes para sempre e eu torcendo para que eles consigam escolher o melhor caminho.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

PARA RESPIRAR

Escolhemos, eu e Juan Arias, viver num lugar pequeno. Saquarema fora das temporadas parece uma ilha deserta. Aqui lemos e escrevemos com a música constante do mar. Cuidamos das gatas.
E caminhamos.
E respiramos.
Respirar neste mundo de hoje anda muito difícil.
Tragédias sobre tragédias fazem uma camada espessa de lodo e quase nos asfixiamos.
A poesia ajuda a respirar.
Leio poesia diariamente. Escrevo poemas também para respirar.
Às vezes os poemas se transformam em livros.
Às vezes os poemas ajudam a respiração de outras pessoas, isso é motivo de grande alegria.
Buscar alegria também é um ofício.
As alegrias que tingem o cotidiano são como esvoaçantes borboletas azuis e amarelas, pedaços de sol. Buscar alegria é ofício de alquimista, porque às vezes basta virar um fato de cabeça para baixo, acrescentar algumas gotas de vida e a alegria que estava aprisionada escapa e inunda a casa.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

TENDÊNCIAS

Leio que uma das tendências será deixarmos de possuir coisas. Alugaremos uma televisão ou máquina de lavar. Assim fica tudo mais fácil. As fábricas nos alugam os bens e quando não os quisermos mais , ou se ficam obsoletos, ou se quebram, os devolvemos ou trocamos e as fábricas aproveitam as suas peças reciclando. Não seremos mais os donos das coisas.
Já há pessoas na Europa que anunciam: estou precisando disso ou daquilo e alguém ali por perto aluga ou empresta. A tendência será também compartilhar. Compartilhar um veículo, já é bastante comum na Europa.
Leio também que as grandes empresas num futuro bem próximo, não terão mais hierarquias. Nada de chefes!!!
Isso é uma novidade imensa e nossa mente tão ávida em nos ordenar o acúmulo de bens ( e também a obediência), terá que se reinventar.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

CAFÉ, PÃO E TEXTO COM A E.M. FRANCISCO LUIZ GONZAGA

Acordei cedinho para fazer os pães. Dia de receber a E.M.Francisco Luiz Gonzaga , de Itaboraí , para um Café, Pão e Texto.
Crianças de 7 anos, lindas, maravilhosas, encasacadinhas por causa do frio.
Um menino até veio de gorro e luva.
Primeiro botei todo mundo para correr no jardim. Deram muitas e muitas voltas e uma menina disse que o jardim parecia uma floresta!
Depois fomos para a mesa do café, cheia de bolos e pães. Eles amaram o meu pão. Uma menina disse que o pão era mais do que delicioso, era divino.
Então brincamos de poesia e as crianças eram cheias de ideias, já liam muito bem, eram super participativas, foi maravilhoso brincar com elas, porque eu viro criança e depois é difícil desvirar.
Os alunos trouxeram surpresas incríveis.
Fabricaram massinha em sala de aula e fizeram todas as frutas do Abecedário (Poético) de Frutas! Ficou muito bom.
Fizeram um livro-caixa-poema que é uma joia e pintaram um quadro.
A entrega das surpresas foi emocionante. Todos queriam falar e me abraçar e me contar.
Sorteei dois livros e as professoras ganharam dois livros cada uma.
No portão, antes de entrar no ônibus para conhecer a Igreja, são tantos abraços e beijos, sou inundada por uma cachoeira tão grande de amor, que não sei como agradecer.

terça-feira, 21 de junho de 2016

SAPIENS

O mundo está horrível ou sempre foi?
Estou quase acabando de ler Sapiens , de Yuval Noah Harari, um livro incrível sobre a História da Humanidade.
Sua leitura é obrigatória, pois desmonta muitos preconceitos e tabus e nos faz entender o que somos: destruidores, vorazes.
Mas ao mesmo tempo podemos ser sublimes, maravilhosos, criar as obras de arte mais lindas.
Onde em nossa mente fica essa fronteira? Por que alguns humanos escolhem isso e outros aquilo?

segunda-feira, 20 de junho de 2016

SEGUNDA FEIRA

Um amigo uma vez me perguntou:
_O que você faz nas tuas segundas feiras?
Devo confessar que segunda feira é um dia que amo,
Todos os meus projetos começam a dançar dentro de mim.
Parece que um grande moinho é posto em movimento. Um moinho de água e desejos.
Vou caminhando pela orla até o Pilates. Amo o Pilates. É uma hora em que faço um contato profundo com meu corpo e ainda por cima respiro!
Geralmente saio e vou tomar um pingado na frente da lagoa. Não há nada melhor do que sentar ali no bar Marisco e ficar vendo a vida. Às vezes ali mesmo escrevo um poema ou alguma ideia me pesca.
Volto caminhando.
E agora estou muito envolvida com os e books que vou colocar no site. Não penso em outra coisa.
Viver fora da cidade , em contato com a natureza em tempo integral é um grande privilégio.
Esta semana recebo uma escola de Itaboraí. E la nave va...

sexta-feira, 17 de junho de 2016

NO SALÃO DO LIVRO

A crise econômica que afeta a todos os setores da sociedade brasileira castiga duramente as editoras . O cenário que vi no Salão do Livro ontem dava uma dimensão deste momento tão difícil. Ano passado mais de sessenta editoras participavam, este ano pouco mais de trinta. O Salão está bem vazio.
É o primeiro ano em muitos que não conseguirei publicar nada, embora tenha tantos livros prontos e alguns já ilustrados.
A Editora Manati fecha suas portas em setembro, depois da Cosac Naif. É desolador. Fico com cinco livros sem casa, por enquanto.
Mas como não sou de entregar os pontos, farei alguns e books para publicar gratuitamente no meu site,.
Começo com meu relato Livros e Leitores que Elvira Vigna ilustrou e Silvia Negreiros diagramou. O trabalho das duas ficou maravilhoso e encheu meu coração de lua cheia.
Até agosto estará disponível no site.
Depois farei a coletânea de poemas Delírios para adultos e jovens, muito bom para turmas de EJA.
E finalmente espero a resposta de um grupo de dança em relação ao meu livro 37 Movimentos e Um Corpo, pois os poemas seriam dançados e o livro seria o programa do espetáculo. Se isso não acontecer publicarei em forma de e book. Mas estou torcendo para que aconteça. É meu sonho ver os poemas dançados.
Meu projeto Café, Pão e Texto me diz o quanto crianças e jovens amam poesia.
Ontem, no Salão, os adolescentes estavam pendurados nos meus versos. Foi muito bonito o encontro. Este projeto maravilhoso só me traz alegria e ontem, Rosângela Rodrigues, professora da Sala de Leitura "Nos Caminhos de Murray" da E.M.Brasil, em Olaria, R.J, me disse no Salão que em novembro voltará ao nosso Café, com aqueles jovens que se apaixonaram pela minha poesia de tal maneira que pediram para dar o meu nome para a Sala de Leitura.
Dentro da adversidade temos que encontrar atalhos de alegria para poder sobreviver.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

QUERO SER AVENTUREIRO

Vinicius, um dos adolescentes que veio ontem aqui ao nosso Café, Pão e Texto,da E.M.Roberta Maria de Itaboraí,  disse em alto e bom som que quer ser aventureiro.
Uma jovem queria ser advogada e outro médico, mas ele quer ser aventureiro.
Perguntei o que fazia um aventureiro em sua profissão?
Ele me disse: levaria as pessoas pelas florestas.
Perguntei: E o que você teria que estudar para isso?
Ele me disse que deveria estudar ciências e história.
Devo confessar que essa foi uma das coisas mais maravilhosas que ouvi nos últimos tempos.
Porque nós adultos perdemos o senso de poesia e aventura. Como se a vida fosse previsível. Como se soubéssemos o que o dia vai colocar em nossa porta. Como as coisas mais extraordinárias não pudessem acontecer.
Mas podem. A vida é uma grande aventura. Às vezes trágica, às vezes maravilhosa.
E o Vinicius sabe e nos surpreendeu ontem da maneira mais bela.
Vai, Vinicius, com teu nome de poeta, ser aventureiro na vida.

terça-feira, 14 de junho de 2016

CAFÉ< PÃO E TEXTO

A E.M. Roberta Maria, de Itaboraí, encheu a casa de alegria. Vieram ao meu Café, Pão e Texto para um dia inteiro de sonho. Comecei falando da conferência que assisti do Saramago, onde ele dizia que alguns humanos fazem parte da tribo da sensibilidade. E li meu poema Tribo e todos nos sentimos parte da mesma tribo.
Lemos juntos meu livro Coração à Deriva, ed. Rovelle, que estarei apresentando dia 16 às 14h no Salão do Livro no Rio de Janeiro. Falamos do mito das sereias, falamos de amor.
Lemos alguns poemas do livro Quem Vê Cara não Vê Coração e nos lembramos de muitos ditados populares e seus significados. E quando li os poemas do Poço dos Desejos e perguntei dos sonhos e desejos de cada um, Vinicius , um menino lindo, me disse que seu maior desejo era ser aventureiro!
Vir até a minha casa e depois almoçar ao ar livre na lagoa e visitar a igreja já é o começo da sua vida de aventureiro.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

AS COISAS SIMPLES

Recebi um vídeo mostrando que um dos Juízes do Supremo da Suécia vai de bicicleta até a estação ferroviária onde pega um trem pro trabalho. Recebe o seu salário que é de vinte e cinco mil reais e paga com o seu salário todos os seus gastos. Não tem carro com motorista nem secretárias, não tem NENHUMA mordomia. Nem cartão corporativo para fazer suas compras, claro que não. É um cidadão normal. Não tem foro privilegiado, pois o Olimpo não fica na Suécia nem na Grécia, mas sim no Brasil.
A Suécia tem intolerância zero para a corrupção e cem por cento de transparência nos gastos do Governo e do Judiciário.
Seja qual for o matiz ideológico dos políticos aqui no Brasil, suas mordomias nos humilham e aviltam a cada dia. Não importa em qual margem do rio estão. Suas mordomias e extravagâncias e futilidades são inaceitáveis porque são exercidas com dinheiro público, nosso dinheiro, nosso trabalho.
As coisas simples, as coisas claras. Isso mudaria o Brasil.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

A VOLTA

Curitibanos . Nunca tinha ouvido falar da cidade. Tudo passa a existir quando podemos tocar e sentir.
Cheguei à noite depois de uma viagem muito cansativa, pois de Navegantes até Curitibanos são muitas horas de viagem numa estrada  precária, de mão dupla lotada de caminhões.
O motorista que me levou mora num sítio e então passamos a viagem toda falando das coisas do campo. A paisagem era belíssima.
Parei para almoçar.
Chegamos e já estava quase escurecendo. Não conseguia nem pensar de tão cansada.
Tomei café da manhã com o Carlos Henrique Schroeder, escritor e grande leitor, e fomos para a abertura da Feira Literária.
Era num galpão imenso. Fazia dois graus! Mas a plateia estava lotada. A esposa do Prefeito da cidade me disse que devia haver umas quinhentas pessoas.
Depois do protocolo, crianças se apresentaram com poemas do meu livro O Circo e então aconteceu o nosso bate papo, apesar do frio intenso, bastante gostoso e nada formal.
A cidade é linda e para o dia seguinte a previsão era de muito frio! Temperatura negativa.
Mas saí nesta mesma tarde para Balneário Camboriú, ao lado de Navegantes, de onde partiria meu voo.
Paramos num lugarzinho de caminhoneiros para comer, seguindo o conselho do meu filho Chef André Murray: lugar onde comem os caminhoneiros a comida costuma ser boa. E Juan, meu marido diz que na Itália e na Espanha também.
Cheguei morta, claro, mas o motorista era excelente, Senhor Fábio de Souza. Recomendo.
Acordei descansada e pronta para caminhar. É linda a orla de Balneário Camboriú. Andei uma hora, fazia frio e sol e parecia que eu andava dentro de uma bela música.
Depois atravessei o rio de balsa para chegar a Navegantes. Pena que não dura nem cinco minutos porque é muito bonito.
Depois, enquanto passei horas no aeroporto, estava na Nigéria lendo o romance premiado Americanah de Chimanda Ngozi Adichie, que comprei na Feira. Nem vi o tempo passar e por causa do livro quase perdi meu voo, mudaram o portão e não reparei. Saí desabalada mas deu tudo certo.
E hoje com o mar tão selvagem, caminhei uma hora, maravilhada, dentro do vento.  

domingo, 5 de junho de 2016

BABEL OUTRA VEZ

Em 1997 ganhei a Babel, mistura de siamesa com angorá. Ela foi a nossa grande paixão e com 14 anos partiu. Durantes anos ainda víamos Babel chegando pelo muro e entrando na casa. Sua presença era muito forte.
Pois agora chegou um filhote pelo muro, do jeitinho da Babel, siamês como ela, em tudo igual.Estava abandonado e morto de fome.
Ele me adotou e tive que chamá-lo de Babel, pois é a reescritura da minha gata que se foi.
Estou apaixonada. Viajo hoje, mas sei que muitos fios dos meus pensamentos ficarão com Babel. Essa noite dormimos juntos. Só quem tem gato é que sabe a maravilha que é.
Vou para a Feira de livro de Curitibanos em Santa Catarina.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

EMOÇÔES

Nada havia me preparado para as emoções que viveria ontem na pequena cidade de Magé.
Eu sabia que meus poemas estavam sendo lidos em 60 escolas desde o começo do ano. Havia sido convidada para falar num encontro de dinamizadores de leitura. Só isso eu sabia.
Às sete horas da manhã um carro veio me buscar com o motorista Junior e Rodrigo, professor de geografia.
Ao chegar fui recebida por Paulo e Carlos Henrique, dois meninos lindos, organizadores do evento, que acontecia no galpão imenso de um Clube.
Tendas belíssimas com instalações incríveis, trabalhos feitos a partir dos meus livros.
A Secretária de Educação, recém empossada, disse o que nunca sonhei ouvir: que na sua gestão, leitura e arte seriam a prioridade total nas escolas.
A partir desse momento o que aconteceu no palco foi uma avalanche de beleza, criatividade, surpresa, pura emoção.
Uma bisavó, uma avó, falando meus poemas. Um menino de uns dez anos cantando com o pai ao violão, um samba de sua autoria que fez em minha homenagem. Uma menina-boneca de louça-bailarina, saída da minha infância, dançando a coreografia mais perfeita e linda, um coral de 65 vozes cantando meu poema Receita de Espantar a Tristeza, num ritmo contagiante.
Pausa para o almoço na E.M.Magid Ripani, convite da Professora Katia Costa, que já havia trazido a sua escola na minha casa. Foi um almoço coletivo e maravilhoso. Tive um encontro lindo com as crianças.
E na minha fala li o conto Tudo é Sonho e a interação com a platéia foi uma dádiva.
Terminamos todos dançando no palco, a alegria era tanta e tão contagiante que fazia uma teia dourada onde nos enredamos para sempre, nos fios da poesia.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

MAGÉ

Amanhã vou a Magé falar para uma plateia de oitenta e cinco professores, dinamizadores de leitura.
Falar sobre leitura e formação do leitor é algo que adoro. Aprendi muito sobre leitura trabalhando com o Proler durante três anos, lendo, é claro, e com o meu trabalho aqui em Saquarema. Pude acompanhar passo a passo o deslumbramento de quem nunca pegava um livro e agora já não pode viver sem ler. Tenho lindos depoimentos sobre isso.
E ontem, em nosso encontro aqui em casa com os professores de Saquarema, uma professora nos contou como virar leitora transformou a sua vida, as suas atitudes, antes ela era tão tímida que não conseguia falar e agora tinha ideias e queria expressá-las.
E assim o mês de junho já começa a navegar, entre viagens, encontros, poesia.