segunda-feira, 30 de julho de 2018

Bia Hetzel, minha editora e amiga amada, publicou uma carta de uma leitora onde contava que por ter lido na infância os seus livros sobre baleias, hoje era estudante de biologia.
O impacto que um livro pode ter sobre o destino e as escolhas de uma pessoa é impressionante.
O impacto que um livro pode ter na vida de uma criança é monumental.
Por isso, uma escola sem uma Biblioteca ou Sala de Leitura é inconcebível. Deveria ser crime e os governos deveriam ser punidos por omissão.
A Bia me contou uma história linda.
Uma vez ela foi a um abrigo e ao falar do livro Jardins que era editado pela Manati, um menino disse que era muito meu amigo.
Ela perguntou: - Mas de onde você conhece a Roseana?
Ele disse que me encontrou num lugar cheio de trens e que eu havia lhe dado um livro de presente.
Realmente eu participei de um projeto belíssimo no Museu do Trem. E cada criança ganhava um livro. Eu e o Demóstenes fizemos uma atividade com meu livro Maria Fumaça Cheia de Graça. As crianças, diante de um pano imenso no chão, bordaram juntas.
Depois a Bia soube que o menino era sobrevivente de uma chacina. E que, ao entrar no abrigo, carregava meu livro como um tesouro.
O quanto meu trem deve ter ajudado esse menino! Para que lugares onde pudesse respirar ele o conduziu?
Assisto maravilhada a campanha que Volnei Canonica e Roger Mello estão fazendo pelo livro infantil e juvenil.
Tudo começa com a literatura.
Sempre contei que, filha de imigrantes judeus poloneses, para não sufocar numa casa triste, eu me mudei, assim que aprendi a ler, para o Sitio do Pica-Pau Amarelo com as minhas melhores bagagens.
O Sitio salvou a minha vida e foi algo tão forte que transferi esse abrigo para meu sítio em Visconde de Mauá. Já adulta, em momentos de muita dureza e dor, eu ia para lá em pensamento.
Os livros sempre nos salvam. E uma criança sem livros é feito uma semente sem terra e água.

Nenhum comentário:

Postar um comentário