segunda-feira, 28 de setembro de 2015

PEQUENO POEMA INFINITO

Quando morei em Madrid, recolhi textos do Lorca menos conhecidos para meu amigo José Mauro Brant, apaixonado pelo poeta. Por acaso fui ver um Concerto com um ator-cantor , espetáculo montado em cima das conferências que Lorca fez e que chamou de "Como Canta uma Cidade de Novembro a Novembro". Trouxe o CD para o Zé Mauro .
José Mauro costurou todo o material que tinha com uma maestria impressionante. E me pediu para traduzir. Primeiro disse que não, como traduzir Lorca? Como traduzir um poeta que escreve com vento, sangue e fogo? Mas o meu amigo insistiu e acabei aceitando o imenso desafio. Digamos que fiz a tradução num estado alterado de poesia, com todo o meu corpo e não só a mente, de olhos semi cerrados, busquei às vezes, para poder ir ao encontro da sua escrita maravilhosa, uma penumbra dentro de mim.
Ontem , porque queria enviar alguns trechos para um amigo que mora longe, já que conversamos horas sobre poesia, reli o pequeno livro que foi publicado pela Imprensa Oficial de São Paulo em 2009 e que não está disponível, infelizmente.  Eu que empresto, dou, perco tantos livros, juro que este nunca perderei.
O livro é magnífico porque os textos são arrebatadores . E a peça montada foi uma das maiores emoções da minha vida. José Mauro Brant era o Lorca no palco. Lorca estava ali, a cada noite a plateia sentia o milagre, Lorca vivo, de corpo e alma.

"A poesia é algo que anda pelas ruas. Que se move, que passa ao nosso lado. Todas as coisas têm o seu mistério e a poesia é o mistério que contém todas as coisas. Se passamos junto de um homem, se olhamos uma mulher, se adivinhamos a marcha oblíqua de um cão, em cada um desses objetos humanos está a poesia"

Federico García Lorca

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