quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

TOLERÂNCIA

Hoje falava de tolerância.Porque cedinho de manhã fui ao mar levar flores para Iemanjá. Não havia ninguém na praia imensa, quilômetros de areia branca, só eu e as flores e o mar. Acontece que sou judia. Meus pais vieram da Polônia e o judaísmo está profundamente enraizado em mim, raízes fortes e profundas, no que para mim o judaísmo tem de melhor: o humanismo (nada a ver, por favor, com o governo de Israel!), os livros, a comida. As festas religiosas na casa da minha avó Faiga eram o ponto alto da minha infância. Mas ofereço flores a Iemanjá e me sinto forte ao fazer isso. Viemos todos da África , o homem ancestral veio de lá. O primeiro casal.
Me sinto também africana. Quando estive em Abidjan me esquecia que era branca.
Quando passo numa Igreja, às vezes entro e me sento e faço um pedido, como faço meditação todos os dias. Entraria sem sustos numa mesquita. Não deixo nunca de ser judia.
Mas quando o judaísmo, o cristianismo e o islamismo se tornam intolerantes, sabemos o que acontece.Quando a sociedade se torna intolerante sabemos o que acontece.
Jesus era  judeu e o Islã nasceu de Ismael, o filho da escrava Agar que se deitou com Abrão.
Mas tolerância não é a palavra conveniente, porque tolerar é aguentar com dificuldade. E não é isso que quero dizer.
O que quero dizer é que é possível aceitar o outro e sua diferença. O outro e suas igrejas, o outro e suas convicções políticas. É nessa aceitação que o diálogo se faz. Desde que não se coloque a morte e o muro no meio.

Um comentário:

  1. Bom dia Roseana,
    Belissima e profunda reflexão! Seus textos e poesias são de uma delicadeza sem par! Acompanho você faz um bom tempo, fico sempre encantada com a leveza com que traduz em palavras o que vai na sua alma e coração.
    Muita Paz!
    Feliz semana! :)

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