quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CAFÉ LITERÁRIO

Ontem o nosso Café Literário foi emocionante, o Latuf vai contar tudo em sua crônica que estará no site em breve. Mas quero contar um pouquinho também. Como era tudo sobre o Lorca , convidei meu amigo José Mauro Brant, ator e autor do espetáculo Pequeno poema Infinito traduzido por mim. Zé Mauro aceitou meu convite, mas como está atuando em vários espetáculos, só podia chegar em Saquarema bem tarde. Esperei na varanda, deitada na rede. Zé Mauro ia se perdendo pelo caminho e me telefonando, pedindo instruções. Fiquei aflita , assustada, mas ele chegou são e salvo. Acordei bem cedo para preparar o arroz doce. Quis fazer algum prato bem andaluz e pensei no arroz con leche. E antes das nove as pessoas já foram chegando e enchendo a varanda, só que, eu não sabia, a Secretaria de Educação , como era o último encontro, decidiu chamar TODAS as escolas, claro que apenas alguns alunos e professores de cada uma. Acho que eram umas 80 pessoas. Tive ontem a dimensão da beleza deste trabalho. Hoje, 6 anos depois do começo do projeto, podemos ver os frutos, principalmente depois da chegada do Valdinei na Secretaria, pois ele acompanha, fica em cima, faz um corpo a corpo com as escolas. Todas as escolas estão super envolvidas. Deu certo. Ontem chorei de alegria.
Hoje estou em Teresópolis , venho estar um pouco com a minha mãe, que apesar do câncer terminal, ainda faz sua cama sozinha, faz tudo sozinha, lava seu prato, ri, conta histórias. Um assombro. Já tem muita dor, mas conseguimos mantê-la na sua casa com analgésicos. Ontem para a minha chegada ela se vestiu inteira, escolheu um broche lindo, cortou o cabelo, emocionante. É um momento difícil, daria tudo para desfazer a sua doença, mas acho que nós , irmãos, tomamos a decisão correta, ela está tendo muitas alegrias em seus últimos meses de vida, ao invés de se submeter a tratamentos dolorosos que para ela seriam inúteis. Hoje perguntei a ela se estava preparada para partir, ela me respondeu: totalmente preparada . Não acredito na morte como um fim abslouto. Acho que enquanto alguém pensar em nós, estaremos vivos. E tudo o que somos e pensamos permanece, nossa luz, poeira cósmica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário