sexta-feira, 6 de junho de 2014

VOZES DE SAQUAREMA

Os senhores e senhoras chegaram magnificamente vestidos. De preto. A mesa já estava posta na varanda e a temperatura agradável. Eram 19.30h. A sala também estava arrumada para a Roda de Leitura.
Todos trouxeram quitutes. Eu fiz os pães, quatro. O Maestro Moisés ligava o som com o tecladista enquanto todos entraram para a leitura. Apresentei Samuel e Vanda, meus anjos da guarda, incansáveis nos meus encontros. Eles também entraram na Roda para ouvir o conto. Fui aplaudida no final da leitura. Disse  para eles que o conto foi totalmente inventado, nenhum gancho com algo que tenha acontecido na minha vida. Apenas a velha senhora, que se chama Bertha, foi inspirada na linda figura da minha mãe, doce e sensível, sempre arrumada e muito vaidosa, pois era modista.Eles haviam pedido um texto sobre memória e destino e no final da leitura todos concordamos que o destino nunca para o seu moinho e pode chegar e fazer uma reviravolta com a gente até o final da nossa vida. Li alguns poemas do meu livro Cinco Sentidos.
Então fomos para a varanda. E aí eu entrei num filme. Foi um dos acontecimentos mais esplêndidos que já vivi. O Coral Vozes de Saquarema, é um Coral da Diversidade. Gente com mais de setenta anos, uma menina bem jovem, uma travesti lindíssima, é vida borbulhando, explodindo, transformando o ar, enchendo o ar de partículas douradas. Puro sonho. O Maestro Moisés é um ILUMINADO! Vem de Cabo Frio duas vezes por semana para os ensaios, que , ele me conta, são muito mais do que ensaios, são vivências. Como perderam o espaço que tinham, agora cada vez é na casa de alguém e sempre com vinho, quitutes, festa! É a versão musical do meu Clube de Leitura da Casa Amarela. O Coral não fica quieto, todos dançam enquanto cantam,  muitos fazem lindos solos.
O Maestro me disse que a nossa casa, já era mais do que uma casa, era a CASA AMARELA , onde se faz arte.
Minha casa está aberta para os ensaios do Coral Vozes de Saquarema . E este encontro na versão adulta do Café, Pão e Texto (ao invés de café, vinho) foi para mim um momento de tanta magia, que jamais esquecerei. Minha casa ficará para sempre vibrando com a alegria dos meninos e meninas que dão uma lição ao tempo: Estamos vivos, fazemos artes, estamos aqui!    

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