segunda-feira, 19 de setembro de 2016

DE OUTRA CIVILIZAÇÃO

Um anigo me diz: _ Você não existe, você é de outro planeta.
Confesso que sou sim de outra civilização.
Sou tão antiga que ainda uso caderno de telefone de papel .
Tão antiga que não gosto de ler na tela. Preciso do livro de verdade, seu cheiro, sua capa, sua textura.
Não sou apaixonada por  tecnologia.  Sei o mínimo para sobreviver neste mundo novo.
Claro que adoro o zap, assim tenho família e amigos perto de mim o tempo todo. Mas sou incapaz de jogar um joguinho, mesmo o mais simples possível com o meu neto. Expliquei isso a ele e então me disse:
_Fica tranquila, vovó, vou te dar um jogo bem simples.
E colocou na tela um ursinho para colorir.
Claro que adoro os avanços da medicina, que permitiu que minha coluna fosse reconstruída e eu pudesse viver sem dor.
Mas me sinto sempre meio à margem. Meio deslocada. Meio imigrante. Meio desajeitada. Meio de outra civilização.
Como um viajante com uma mala de madeira num aeroporto, quando deveria estar numa estação de  trem dos anos 50.
Mas dentro da mala carrego tesouros.

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