quinta-feira, 29 de setembro de 2016

UM PINGADO NA PADARIA

Estou hospedada em Búzios dentro de um restaurante que aluga dois quartos. É um casarão imenso e antigo, maravilhoso.
O Café da Manhã só para nós, pelas mãos da Adriana ,já que ocupamos os dois únicos quartos, é servido com o mar quase aos nossos pés. Ouvimos o sussurro do mar, a voz dos pescadores, o motor dos barcos.
Não entro no mar, não gosto de tomar sol na praia. Gosto de contemplar e caminhar.
Como o café só é servido às nove horas, eu e Juan saímos bem cedinho para tomar um pingado em alguma padaria.
É a hora em que os turistas dormem e os empregados dos hotéis chegam. É a população que mais tarde fica invisível.
Gosto de sentir essa vida subterrânea. Essas pessoas vivem na Rasa. Aqui onde estou o turismo é pesado. Mas só aparece mais tarde.
Gostamos de almoçar num restaurante bem pequeno, no caminho da praia dos Ossos, ao lado de uma peixaria, que se chama O Barco. A comida é boa, o peixe fresco e o preço justo. Búzios é muito cara. Há que tomar cuidado.
De madrugada o vento faz o casarão gemer, chorar, ele quase se dobra, range, fala a língua das madeiras antigas. Lá longe um apito de barco corta o meu sono. Levanto, abro a janela, faço um poema, volto a dormir.

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