sexta-feira, 31 de julho de 2009
DESERTOS
CINCO
Percorrer o silêncio do deserto,
sua espinha dorsal
feita de murmúrios, vertigens,
caravanas, o ruminar dos camelos.
Numa noite escura
uma fonte escondida
fabrica sonhos e água.
Desertos, ed. Objetiva
Recebi das mãos do Roger Mello, em 2002, um caderno de viagens, a sua viagem ao Marrocos. Pedi ao Roger que me deixasse fazer os poemas para os seus desenhos. Fiz uma viagem imensa até a minha infância e me deixei conduzir pelas histórias da Bíblia que ouvia, pelas Mil e Uma Noites que lia. Gosto muito do resultado. Numerei os poemas, ao invés de dar um título para cada um. O livro é cheio de espaços vazios, o próprio deserto. A ed. Objetiva copiou perfeitamente o caderno de viagens do Roger. Fomos finalistas do Prêmio Jabuti.
A fonte escondida, no poema número cinco, é a que nos dá o poder da criação. Às vezes há que parar para ouvi-la. É no silêncio que posso recolher a sua água e fabricar os meus poemas.
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