quinta-feira, 15 de outubro de 2009

FELICIDADE

Juan Arias, meu marido, correspondente do jornal El País de Madrid ,desde que chegou ao Brasil no final de 1998, constata a vocação do brasileiro para a alegria e a felicidade. Talvez fruto da nossa mestiçagem, dessa mistura maravilhosa entre povos, o brasileiro sabe saborear os momentos , sabe sorrir, sabe abraçar o outro com carinho verdadeiro. Juan escreveu um artigo em seu jornal sobre a aptidão do brasileiro para ser feliz, às vezes com tão pouco. O artigo teve 8.000 leitores e esteve aberto para comentários. 50% dos comentários eram críticas ferozes ao artigo, dizendo que o que o brasileiro tem é uma vocação para resignar-se. Os outros 50% davam seu próprio testemunho de que sim, estiveram no Brasil e puderam ver e sentir um forte sentimento de felicidade. A felicidade e a alegria não estão vinculadas ao ganho material, embora os ganhos e os bens possam proporcionar felicidade. Mas se pode ser feliz com muito pouco e se pode ser infeliz tendo muito. O brasileiro sabe aproveitar as pequenas felicidades , já que as "grandes felicidades", como a compra de uma casa, o nascimento de um filho, um prêmio, acontecem poucas vezes na vida. Já as pequenas... basta olhar o mar, uma árvore, as montanhas, ouvir a voz amada, a voz de um amigo.

Ontem a Secretaria de Educação de Saquarema fez uma festa para os professores. Foi impressionante. No salão de um clube, no centro da cidade, o clima era anos 70, e todos estavam caracterizados. A decoração era linda, o D.J maravilhoso, e eram umas 600 pessoas dançando juntas, a Prefeita da cidade, o Procurador do Município, a Secretária de Educação, sem pompa nenhuma, se acabaram de dançar. A alegria era total. Todos felizes em se reencontrar, havia um clima maravilhoso de pertencimento.

Ontem pela manhã fui recebida na E.M Padre Cipriano Douma, em São Gonçalo. São Gonçalo é muito árida e faltam árvores , parques, falta beleza. Será que nenhum governante de São Gonçalo enxerga isso? Seria tão simples criar áreas verdes!
Durante todo o ano leram meus poemas e ontem fizeram uma festa para mim. As crianças recitaram, representaram, cantaram, dançaram. Estavam radiantes. Estavam felizes . Somos felizes quando criamos. São crianças de uma comunidade muito carente e a escola tem a responsabilidade imensa de fazer a diferença na vida das crianças. Toda escola deveria se perguntar: o que posso oferecer para que no futuro a vida dessas pessoas possa mudar?

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