segunda-feira, 8 de novembro de 2010

JANELINHA

Conhecí Gisele no ano 2.000. Chovia muito e ligamos para uma central de táxi, pois íamos almoçar na casa de uns amigos. Eu morava no Rio Comprido. veio Gisele dirigindo. Ela era tão vibrante, risonha, interessante, que ficamos com seu telefone e a chamamos para nos buscar. Juan, meu marido, jornalista que é, fez muitas perguntas sobre como era uma mulher dirigir no Rio de janeiro. Ela disse que a única coisa desagradável era ter que ir ao banheiro. Quando chegamos em casa eu perguntei se então ela queria ir ao banheiro. Ela me disse que sim. Subimos ao apartamento e perguntei se tinha filhos. Dois, ela me disse. Mandei alguns livros para eles. Ficamos desde então muito amigas. Ela é minha fiel escudeira. Por nossa influência ela se mudou para Inoã, terceiro distrito de Maricá. Doei alguns livros para seu caçula Daniel(que eu vi nascer) levar para a sua escola. Outro dia Gisele me pediu que fosse conversar com as crianças. Hoje fui. Ela abriu mão de um dia do seu trabalho para me levar. A escola se chama Vereador Anaceto Elias, mas é conhecida como Escola Janelinha e só vai até o primeiro ano. Fiz um sorteio de livros no final, depois de conversarmos, lermos poemas, etc. As crianças ficaram felizes. Mas quando perguntei para a diretora se as crianças saíam todas alfabetizadas da escola, ela me disse, oitenta por cento. O que acontecerá com os alunos que ficaram dentro dos 20 por cento?

3 comentários:

  1. É realmente preocupante. A nossa Secretária de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro tem se esforçado bastante para que um dia possamos dizer: 100% alfabetizadas.

    Em uma palestra ela disse o seguinte:
    O QUE FAZER COM AS CRIANÇAS QUE NÃO APRENDEM?
    ESTA É CERTAMENTE A PERGUNTA ERRADA. O QUE DEVERIA TIRAR O SONO DE TODA A SOCIEDADE É OUTRA PERGUNTA: POR QUE NÃO ESTÃO APRENDENDO?
    TODA CRIANÇA TEM CONDIÇÕES DE APRENDER, E A ESCOLA DEVE ASSEGURAR QUE ISSO ACONTEÇA OU TEREMOS DE EXPLICAR POR QUE ROUBAMOS O FUTURO DE UMA GERAÇÃO.
    DRª CLAUDIA COSTIN.

    Pois bem, ao visitar a nossa escola ela deparou com um pôster onde colocamos essa parte importante de sua palestra e me disse:
    “Fui muito criticada ao fazer essa afirmação e, hoje vejo que nessa escola entenderam o meu recado”.
    Bem.. eu lhe disse: Acho, também que nem todos os nossos professores entenderam ou aceitaram bem, mas uma boa parte percebeu sim.
    Eu só não concordaria Roseana se afirmação dela, fosse acompanhada de acusação e a nossa reflexão foi acompanhada de culpa. Acusações e culpas não resolvem nada, apenas nos deixam estressados e sem condição nenhuma de um trabalho criativo.

    Aproveitando esse momento, hoje, eu li em uma agenda que vou dar de presente de Natal, o seguinte:
    A poesia, atualmente,
    talvez tenha mais a nos ensinar
    do que as ciências econômicas,
    as ciências humanas e a
    psicanálise reunidas.

    É isso aí...Vamos ler mais e ensinar muita poesia para as nossas crianças. Quem sabe se é por aí o caminho?
    Abraços poéticos,
    Angela Quintieri

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  2. Roseana: concordo com Ângela: o caminho é a arte em todas as suas manifestações.Sinto dizer que desses oitenta por cento a maioria é analfabeto funcional.Nossa escola tem um longo caminho a percorrer e precisa de vontade política,de verdade.Beijos lamentosos.

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  3. Concordo com vocês. A arte é o caminho e brigo muito por isso.

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