sábado, 23 de maio de 2015

GUARDA - CHUVAS

Ontem pela manhã a Praça São Marcos era um imenso arco-íris de guarda-chuvas coloridos. As gôndolas passeavam cheias de guarda-chuvas. Chovia e fazia frio. Decidimos caminhar por dentro até o Rialto para olhar a vista lá de cima.
Chegamos ao Campo Sanzolo onde há a Parochia de S.Stefano. Um Palácio se impõe com seus detalhes rosados, talvez de mármore carrara.
Passamos por uma livraria antiquário, Libreria Linea D'Acqua e na sua vitrine uma coleção de 36 volumes com a data de 1781: Compendio della storia generale dei viaggi. Imagino um colecionador de livros antigos e raros entrando na livraria com o coração aos saltos. E naquela época sim, viajar era a maior aventura do mundo!
Ao chegar no Sotoportego Di Amai uma coisa inominável fere as linhas do Campo e do nosso campo visual: A Casa di Risparmo de Venezia, um quadrado horroroso, fruto de alguma permissão fraudulenta de algum Prefeito corrupto que deixou um Palácio ser demolido para que se construísse tal horror em seu lugar. Mas fico sabendo que o Primeiro Ministro Renzi enviou um Projeto de Lei para o Parlamento tornando o crime de corrupção eterno: não pode prescrever. Não sei se já está valendo mas a ideia é maravilhosa e deveria ser copiada no Brasil.
No Campo S.Luca , num Palácio, há um baixo relevo com uma virgem maravilhosa, de pedra, sua túnica é toda pregueada e no lugar do coração ela carrega a imagem do menino Jesus.
Chegamos na Calle del Teatro o de la Commedia.
Aos pés da Ponte do Rialto, antes de subir para ver a vista, nos sentamos num bar, no sotopertego, abrigados da chuva para um cálice de vinho. Juan pede um chocolate quente. Explodem os sinos do meio dia.
A vista de cima da ponte é um dos cartões postais mais belos e conhecidos de Veneza.
Como diz Juan, Veneza não é uma cidade, é uma sensação. Veneza é um lugar irreal e surreal. Uma dimensão.
Encontramos um restaurante muito antigo: Ristorante Al Colombo, aberto desde 1780!
Na volta vemos uma exposição surreal de Joseph Klibansky , no Campo Stefano. São quadros fotografias de uma Veneza coloridíssima e verdadeiramente alucinante.  Passamos pelo estúdio do artista Gianni Aicó. Em Veneza a cada esquina encontramos uma galeria de arte ou o estúdio de algum pintor ou escultor.
E vimos a exposição do Azerbaigian, um país para nós brasileiros muito remoto. A instalação de Huseyn Hagverdi é absolutamente impactante, um soco no coração. São seres humanos muito estilizados, lembrando esculturas africanas, enredados em estacas, cercas, enfim fronteiras fechadas. Tudo em madeira escura e sentimos todo o sofrimento daquelas "pessoas". Algo tão atual quando sabemos das milhares de pessoas de carne e osso que tentam escapar de seus países pela guerra, fome, falta de horizonte. Esta bela exposição faz parte das mostras paralelas da Bienal que invadiu toda a cidade.
Depois almoçamos na Tavernetta S.Maurizio, nosso amigo Paolo nos recebe com tanta alegria!
Comemos um risoto de frutos do mar e é impressionante a delicadeza dos mariscos, um prato perfeito. Comemos por 45 euros com meio litro de vinho, cesta de pão,queijos variados de sobremesa.
Comer uma vez por dia é mais do que suficiente e o café da manhã aqui no hotel é tão bom que vale a pena acordar com fome. Todos os dias como a mesma coisa: muzzarella de búfala , tomate, café e pão.
Agora chove, faz frio. O dia está feio, cinza, mas nada é capaz de tirar nosso fôlego e a beleza da cidade. Lá vamos nós para a rua.

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