terça-feira, 23 de junho de 2015

TIC-TAC

Lucia Pellon, uma amiga virtual, foi ao Salão do Livro para me conhecer. Ela me disse que estudou no mesmo colégio que eu, no maternal. Talvez até na mesma sala.
Eu era muito pequena. Teria no máximo 4 anos. As minhas lembranças da escola são pura neblina.
Mas lembro que detestava ir para a escola e como tinha um diálogo constante com meu anjo da guarda, eu pedia que ele fizesse a babá esquecer o caminho. Mas ela nunca esquecia.
Às vezes meu irmão mais velho me levava de bicicleta. Eu repetia o pedido. Mas o meu anjo não ouvia e eu sempre chegava na escola.
Eu vomitava todos os dias na escola. Já tinha uma muda de roupa para trocar.
Não sei o motivo.  
Ainda bem que todos os medos e fragilidades transformei em poesia.
A criança tem um mundo imenso dentro de si, galáxias de sentimentos.
Acabei de reler Miguilim do Guimarães Rosa para o Clube de Leitura da Casa Amarela e acho que foi o livro que melhor conseguiu expressar esse emaranhado dos sentimentos infantis.
Agora estou profundamente mergulhada no Grande Sertão: Veredas . A leitora de vinte anos, quando li o livro,  é muito diferente da leitora de hoje.
Ontem me pediram para citar três livros preferidos. Não há tarefa mais difícil. Mas se eu fosse para os anéis de Saturno e só pudesse levar três livros...
Tic-Tac, a escola que desapareceu no começo da minha infância me diz como o tempo desaparece. Está dentro das mãos em concha, quero guardá-lo, tictac, ele se esvai.

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