quarta-feira, 29 de julho de 2015

O FILHO ETERNO

Alguns livros chegam com alguns anos de atraso, mas ainda bem que chegam! É o caso do livro O Filho Eterno do Cristóvão Tezza. Foi muito recomendado mas eu não o havia lido. Não havia lido nenhum livro dele. Como vou viajar com o Cristóvão num projeto do Governo de São Paulo, comprei o livro. E fiquei impactada, emocionadíssima, engasgada. Cristóvão se desnuda de uma maneira impressionante e fala dos sentimentos obscuros, aqueles sentimentos e pensamentos terríveis que escondemos debaixo de sete colchões. A partir do nascimento do seu filho Felipe, com Síndrome de Down, ele traça a estrada inteira da sua vida, das suas vivências, dos seus fracassos, medos, fragilidades, ambições, vaidades. Agora só me resta comprar seus outros livros. Alguns livros que amo me chegaram de uma maneira inesperada. Na Feira de Brasília, parei numa livraria e a mulher olhou para mim e me disse: "Não vá embora, tenho um livro para você. E voltou com o livro As Brasas do Sandor Marai que amo de paixão perdida e já li três vezes e depois comprei vários outros livros seus. Mas para mim As Brasas é único. Como ela podia saber? Monica Botkay, minha amiga tão antiga, quando eu tinha 23 anos me emprestou La Vie Devant Soi, do Émile Ajar, pseudônimo do Romain Gary. Enlouqueci. É um dos livros da minha vida. É perfeito. Nunca mais nos separamos.Tive que devolver o livro naquela época. Mas na única vez em que fui a Paris, no meu primeiro dia fui procurá-lo num sebo na beira do Sena e foi o primeiro livro que vi. Walder, meu amigo onde estava hospedada, ao sair do trabalho também foi procurá-lo para mim sem saber que eu já o havia encontrado. E me trouxe uma outra edição. E uma vez , ouvindo o Bartolomeu Campos Queiróz falando em algum evento, de repente ele disse: "todo mundo tinha que ler La Vie Devant Soi". Pronto. Fui fulminada por um raio. Ao sair falei com ele, mas Bartolomeu, esse é um dos livros da minha vida! Ele fez um carinho no meu sapato e sorriu. Agora, por causa do meu amigo Cristiano Mota Mendes estou viajando com Riobaldo e Diadorim, relendo o Grande Sertão: Veredas. Nos falamos por whatsup várias vezes ao dia para discutir o livro, o trecho onde estou. Recebi ontem por correio A Lebre de Vaatanen de Arto Vaasilina, autor finlandês. É uma tradução portuguesa. O livro é delicioso e li em francês na casa da Monica Botkay. Depois já li mais dois livros dele. Ele fala de coisas sérias e densas com um humor maravilhoso. A gente sapateia de rir. Havia indicado o livro para o Clube de Leitura, mas quase ninguém conseguiu comprar, então desistimos.Agora já estou relendo, intercalando. Quando parece que vou explodir de emoção com o Guimarães Rosa passo para ele. Essas são as minhas veredas. Os livros.

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