segunda-feira, 14 de novembro de 2016

MACONDO

Chove em Saquarema como em Macondo.
Chove em Visconde de Mauá, onde mora a metade de mim, sem parar, desde muitos dias. Minha família fica enviando notícias. Caiu uma barreira na estrada Resende -Mauá.
A chuva tem um efeito hipnótico, como o fogo.
Mas enquanto o fogo nos acorda, a chuva constante nos adormece. Nos conduz para um estado de semi vigília, para o reino da nostalgia, as cores se apagam, há uma bruma que vai também apagando as fronteiras entre o que é hoje e o que é sempre. E parece que nunca , nunca mais, vai parar de chover. Faço um poema cedo de manhã e logo em seguida me mudo para Macondo, onde estou vivendo agora algumas horas do meu dia, enquanto releio maravilhada, Cem Anos de Solidão.Como disse meu grande amigo Cristiano Mota Mendes, As Mil e Uma Noites Caribenhas.

A chuva me diz memórias
que flutuam
por sobre os telhados
encharcados, escorregadios.
Me diz melancolia
e folhas pisadas
e as horas que escorrem
feito água
ninguém sabe para onde,
para que desvãos.
A chuva toca seus sinos
na manhã que ainda
é fino esboço quase aquarela.
E as mãos buscam sol.

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