segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

LIBERDADE RELIGIOSA

Durante a infância estudei em escola pública. Nasci numa família judia e meus pais pediram que eu fosse dispensada da aula de religião, que naquele tempo era matéria obrigatória. Eu ficava no pátio com outra judia da minha sala. Era horrível. Eu me sentia estranha, diferente, os colegas me olhavam quando eu saia da sala.No último ano meus pais me trocaram de escola, pois queriam que eu tivesse alguma formação religiosa, fui para uma escola judaica, Hertzlia.
Sou absolutamente contra qualquer tipo de aulas de religião em escolas públicas. Sou contra orações no começo da aula, no meio ou no fim. Explico: O Brasil é um país laico onde há separação entre Religião e Estado. A mistura de Religião e Estado é explosiva, perigosa.E cria constrangimentos como o que eu vivi na infância. Aula de que religião? Se for da religião católica onde ficam os judeus, muçulmanos, budistas, umbandistas, espíritas, evangélicos? No pátio, como eu ficava? E que oração se faz antes da aula? Uma oração cristã? Por que não um mantra hindu? Uma aula de determinada religião fere a liberdade religiosa que vigora no Brasil.
A questão religiosa deveria ser assunto mais do que privado, assunto de foro íntimo, como o sexo, o amor.A relação que cada um tem com o seu Deus, com o divino, o mistério, a espiritualidade é particular e pertence a cada um e não ao coletivo.Se os pais querem uma educação religiosa para os filhos existem escolas particulares para isso, onde a educação é paga. Educação dada pelo Estado tem que ser laica. Outra coisa seria o ensino da História das Religiões desde os primórdios do mundo, esta sim uma matéria interessantíssima, desde os ritos da pré história, passando pela Babilônia, Egito, Grécia, Roma, etc, etc, etc.

6 comentários:

  1. CONCORDO, E ACHO QUE HIST. DAS RELIGIÕES SIM, DEVERIA MESMO SER ESTUDADA.ELIANA, UBERABA. BYE.

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  2. Nas escolas aqui da nossa Prefeitura do Rio essas aulas de religião já não existem mais, justamente pelos motivos que você apresentou no seu relato. Eu acompanhei um pouco esse processo,pois fui convidada a participar de algumas discussões.Agora no ato da matrícula existe um espaço na informática para que o responsável diga a qual religião ele segue,mas fica somente nisso:ESTATÍSTICA. Engraçado como nós brasileiros gostamos e damos tanto valor a estatística. Ela é importante sim, mas quando através dela modificamos alguma coisa importante,como por exemplo integrar duas crianças e não deixá-las sozinhas num pátio como se estivessem em quarentena.
    Nossa.. isso foi desumano. Como cristã eu lhe peço milhões de desculpas, se é que adianta alguma coisa.
    Quanto ao ensino da História das Religiões, quem sabe não surge uma criatura iluminada e propõe isso? Na época das discussões foi até colocada essa questão, mas...
    Bjs,
    Angela

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  3. Angela: não se deve perguntar a religião das pessoas num formulário. Isso se chama constrangimento e nos lembra o nazismo.

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  4. Toda informação que fornecemos sobre nós pode ser usada contra nós, ou não. Fornecer informação é dar poder. A pessoa que tem a informação terá sempre a opção de usar para o bem ou para o mal. Fornecer informações é, portanto, dar a outrem poder sobre si. Exigir o preenchimento de certas informações é uma atitude arbitrária, mas não surpreendente, considerando que o objetivo geral das religiões é a hegemonia.

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