Domingo à noite subimos a escadaria do Largo dos Amores e fui me apaixonando pelos nomes de ruas que encontrei em São Luis: Rua da Inveja, Praça da Alegria, Rua da Estrela, Rua do Giz.Fomos visitar duas casas de Reggae : Chama Maré e Trapiche. Era muita gente. Apesar da polícia estar em greve não senti nenhum clima de violência e nem medo no ar. São Luis é a capital nacional do reggae.
Segunda-feira cedo fomos para o Centro Histórico. Embora esteja em estado precário, muito diferente de quando vim aqui em 1990 quando estava recém reformado, é lindo de chorar. O nome de um sebo: POEME-SE. O lugar que se chama Praia Grande é um imenso poema...
Tomamos café da manhã com a grande escritora Luzilá Gonçalves, foi muito boa a nossa conversa. Evelyn, minha irmã, agora vai dar a sua ofina de leitura e barro para famílias.
Às 18:30hs vou falar na Feira de Livros. Depois da minha conversa voltaremos para o Centro Histórico onde há um encontro de terreiros . Haverá um show. Agradeço esta oportunidade. E amanhã, casa.
Já em casa:
Fabiana, em São Luis do Maranhão, foi o nosso anjo colorido, quem nos levou para lá e para cá. É tão bom ter um anjo ao alcance da mão...
A minha conversa em São Luis foi informal e o público, muito pequeno, era lindo. Revi um poeta que havia conhecido em 1990 e ele continuava sendo meu leitor, fiquei muito emocionada mesmo. É tão bom saber que a gente vai deixando pedrinhas iluminadas pelo caminho...
A Feira do livro era dedicada ao poeta José Chagas, de belíssima poesia:
O Apito do Passado
O Mearim derrama na distância
uma água que em sonhos nos invade,
como fio invisível que se lance a
separar em duas a cidade.
E essa água vem banhar sem que se canse a
vida inteira que no rio nade,
porquanto água de amor que lava infância
lava também velhice e mocidade.
Mearim — rio velho e rio novo,
alegria e aflição de um mesmo povo —
um mar se afoga nos mistérios teus.
Mas preservas em ti, para Pedreiras,
vibrando no ar, o apito das primeiras
lanchas que nos deixaram seu adeus.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
sábado, 26 de novembro de 2011
SÃO LUIS DO MARANHÃO
Em 1990 fiz minha primeira viagem solo. Nunca havia viajado sozinha . O Sesc me chamou para a sua Feira de Livros em São Luis do Maranhão. Fiquei muito impactada. Acabavam de restaurar a parte antiga da cidade e seu casario era tão lindo que dava vontade de chorar. À noite fomos para lá e havia um movimento cultural impressionante. Um grupo de teatro passava por entre as mesas recitando Rimbaud e assistimos a um espetáculo de BOI com uma banda maravilhosa. Eram umas 1000 pessoas dançando coreocrafias lindas e cantando junto com a banda.
Amanhã volto a São Luis para outra Feira de Livro. Evelyn, minha irmã vai comigo dar uma oficina de leitura e barro. Não sei como estará São Luis nem o que me espera e essa é a graça da vida do viajante. Vou com o coração cheio de pássaros.
Amanhã volto a São Luis para outra Feira de Livro. Evelyn, minha irmã vai comigo dar uma oficina de leitura e barro. Não sei como estará São Luis nem o que me espera e essa é a graça da vida do viajante. Vou com o coração cheio de pássaros.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
PÁSSAROS E GATOS
Em 1990 publiquei um livro pela Paulus, "Falando de Pássaros e Gatos". Partindo da idéia de que os pássaros e os gatos são incompatíveis,partindo da idéia de que na poesia, dentro do poema, os opostos se amam, misturei pássaros e gatos e agora recebo a sua sexta edição. Os poemas são mínimos, quase uma pincelada, um voo ou um pulo de gato. E devagarinho o livro continua voando e saltando por cima dos telhados:
TELHADOS
são os gatos que inventam
o desenho dos telhados
com seus passos de pura renda
com seus miados de amor
CASA DE PÁSSARO
casa de pássaro
é pendurada no azul
casa sonora
de cantos e ventos
ESTRADAS
as estradas dos pássaros
não são cobertas de barro
ou de cimento
são estradas sulcadas
na macia carne do vento
OLHOS OBLÍQUOS
de onde vieram
com seus olhos oblíquos
seus olhos de seda e luz?
vieram de um misterioso país
oblíquo
onde só podem entrar
os poetas com seus veleiros
e os homens que amam os gatos
TELHADOS
são os gatos que inventam
o desenho dos telhados
com seus passos de pura renda
com seus miados de amor
CASA DE PÁSSARO
casa de pássaro
é pendurada no azul
casa sonora
de cantos e ventos
ESTRADAS
as estradas dos pássaros
não são cobertas de barro
ou de cimento
são estradas sulcadas
na macia carne do vento
OLHOS OBLÍQUOS
de onde vieram
com seus olhos oblíquos
seus olhos de seda e luz?
vieram de um misterioso país
oblíquo
onde só podem entrar
os poetas com seus veleiros
e os homens que amam os gatos
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
COMENTÁRIOS
Ontem o blog Vientos de Brasil de Juan Arias, no El País, foi inundado por comentários lindos sobre a experiência poética que a E.M Eugenio Klug está fazendo, inspirada na E.M Hermann Muller, ambas na zona rural de Joinville. Reproduzo:
JUAN ARIAS, ME ENCANTA SUS MATERIAS SOBRE BRASIL. ESTA DE LA ESCUELA DE JOINVILLE-SC, ES
UNA ESCUELA MODELO, PARA MUCHAS.ENHORABUENA.
Publicado por: MARIA JOSE | 23/11/2011 13:01:09
ME ENCANTO ESTA MATERIA, ES UN EJEMPLO A SER SEGUIDO POR TODAS LAS ESCUELAS DEL MUNDO.
SALUDOS JUAN
SALUDOS LA ESCUELA DE JOINVILLE-BRASIL
Publicado por: Silvia | 23/11/2011 12:58:27
Soy profesora de español y escribo un blog con/para mis alumnos (o por lo menos, lo intento). Publiqué una entrada con mención a su artículo 'alfabetizados entre talismanes, huertas y ríos'. Sigue el link.
http://aguilasibuitresno.blogspot.com/2011/11/vientos-de-brasil.html
Un abrazo, sc
Publicado por: sylvana | 23/11/2011 11:54:13
Só através da sensibilização de seres humanos melhoraremos o mundo.E quando a leitura for o vento que varra todas as escolas com sua vassoura mágica de mudar pensamentos.Só lendo o mundo podemos modificar o mundo.
JUAN ARIAS, ME ENCANTA SUS MATERIAS SOBRE BRASIL. ESTA DE LA ESCUELA DE JOINVILLE-SC, ES
UNA ESCUELA MODELO, PARA MUCHAS.ENHORABUENA.
Publicado por: MARIA JOSE | 23/11/2011 13:01:09
ME ENCANTO ESTA MATERIA, ES UN EJEMPLO A SER SEGUIDO POR TODAS LAS ESCUELAS DEL MUNDO.
SALUDOS JUAN
SALUDOS LA ESCUELA DE JOINVILLE-BRASIL
Publicado por: Silvia | 23/11/2011 12:58:27
Soy profesora de español y escribo un blog con/para mis alumnos (o por lo menos, lo intento). Publiqué una entrada con mención a su artículo 'alfabetizados entre talismanes, huertas y ríos'. Sigue el link.
http://aguilasibuitresno.blogspot.com/2011/11/vientos-de-brasil.html
Un abrazo, sc
Publicado por: sylvana | 23/11/2011 11:54:13
Só através da sensibilização de seres humanos melhoraremos o mundo.E quando a leitura for o vento que varra todas as escolas com sua vassoura mágica de mudar pensamentos.Só lendo o mundo podemos modificar o mundo.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
POEMA
Hoje o dia está maravilhoso para a poesia. Escreví agora e divido com meus leitores:
Gosto do silêncio
que vem
das intermitências
do mar,
silêncio salgado,grosso,
que traz o voo de uma
gaivota
em seu bojo.
Gosto quando a casa
quase se desmancha
dentro
do barulho do mar
e vira jangada,
soçobra, se balança.
Gosto do cheiro sólido
das algas
quando invadem
a terra
e apagam as fronteiras,
já não se sabe
o que é fruta
ou o que é pérola.
Gosto do silêncio
que vem
das intermitências
do mar,
silêncio salgado,grosso,
que traz o voo de uma
gaivota
em seu bojo.
Gosto quando a casa
quase se desmancha
dentro
do barulho do mar
e vira jangada,
soçobra, se balança.
Gosto do cheiro sólido
das algas
quando invadem
a terra
e apagam as fronteiras,
já não se sabe
o que é fruta
ou o que é pérola.
ROUPAS NO VARAL
Adoro um varal cheio de roupas coloridas dançando dentro do vento. Pois na E.M Hermann Muller, quando cheguei, havia um varal cheio de camisetas no Bosque da Leitura. Eram camisetas muito especiais. Foram transformadas pelos alunos. Cada um escreveu um poema maravilhoso com o título: "Do que eu gosto mais" e a camiseta foi toda enfeitada com fuxicos fabricados pelas mães (aquelas bolinhas-florezinhas de retalhos). É uma idéia fantástica e tão fácil de fazer, fica como sugestão para presente de Natal, além disso , a gente pode se surpreender com o que as crianças gostam. Os gostos já são um poema.
Hoje no El País, Juan Arias contou em seu blog a experiência poética da E.M Eugenio Klug , na zona rural de Joinville, que se banhou nas águas poéticas da Hermann Muller. Já são duas as escolas que se alimentam prioritariamente de poesia. Vale a pena ler. Basta entrar em www.elpais.com e clicar em blogs.Procure então o blog Vientos de Brasil.
No livro da Elisa Lucinda "Parem de Falar Mal da Rotina" Elisa faz uma observação muito astuta sobre a vida na Europa e eu, que morei em Madrid, confirmo: europeu toma muito banho de sombra! Mas hoje chove aqui em Saquarema uma chuva boa, como disse o Tom Jobim, prazenteira, não está chovendo na roseira, mas sim nos meus lírios que logo estarão floridos!
Hoje no El País, Juan Arias contou em seu blog a experiência poética da E.M Eugenio Klug , na zona rural de Joinville, que se banhou nas águas poéticas da Hermann Muller. Já são duas as escolas que se alimentam prioritariamente de poesia. Vale a pena ler. Basta entrar em www.elpais.com e clicar em blogs.Procure então o blog Vientos de Brasil.
No livro da Elisa Lucinda "Parem de Falar Mal da Rotina" Elisa faz uma observação muito astuta sobre a vida na Europa e eu, que morei em Madrid, confirmo: europeu toma muito banho de sombra! Mas hoje chove aqui em Saquarema uma chuva boa, como disse o Tom Jobim, prazenteira, não está chovendo na roseira, mas sim nos meus lírios que logo estarão floridos!
terça-feira, 22 de novembro de 2011
CAÓ E O JIPE
Conhecí Caó Cruz Alves na casa da Verbena , em Ipitangas, na Bahia. Ele me contou que era cartunista e me trouxe seus trabalhos. Caó tinha um jipe bem velho e no lugar das chaves havia um palito de sorvete. A história já estava pronta, era só escrever. Fiz o texto Carona no Jipe que primeiro foi publicada pela extinta editora Memórias Futuras.As crianças tinham adoração pelos desenhos do Caó. Conhecí criança que dormia com o livro debaixo do travesseiro! Quando a Memórias fechou, o livro ficou adormecido por um tempo. Então a Moderna fez a reedição com a Helena Alexandrino. Caó ficou triste e a partir da sua decepção fui dando vários livros para que ele ilustrasse, pois adoro os seus desenhos. Ele é engraçado e lírico ao mesmo tempo.Nossas novidades são Luna, Merlin e Outros habitantes, ed. Miguilim , que acaba de sair e O Circo, ed. Paulus, ainda com cheiro de tinta.
Lirismo,poesia e humor são ingredientes fundamentais para que a vida seja sempre surpresa. Caó estará esta semana num Festival de desenhos animados em Niterói. Seus desenhos são sempre premiados. Talvez, diz ele, consiga vir até Saquarema nos visitar. E quem sabe deste encontro aconteça um livro sobre os jabutís do nosso jardim.
Lirismo,poesia e humor são ingredientes fundamentais para que a vida seja sempre surpresa. Caó estará esta semana num Festival de desenhos animados em Niterói. Seus desenhos são sempre premiados. Talvez, diz ele, consiga vir até Saquarema nos visitar. E quem sabe deste encontro aconteça um livro sobre os jabutís do nosso jardim.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
EVELYN ME CONTA e OUTRA HSTÓRIA
Evelyn, minha irmã me conta: lá no seu atelier , em Visconde de Mauá, na sala-loja, há um cesto de palha com muitos dos meus livros. Uma mulher viu meus livros e perguntou de onde ela me conhecia, já que ela usava meus poemas. Evelyn disse que era minha irmã e ela respondeu que lia meu blog todos os dias e então esta era a Evelyn que se mudou para Mauá! e quando foi apresentada ao Luis, ela disse: "este é o teu amor mexicano!!!" O blog se materializava ali, na sua frente, as palavras ganhavam corpo, pele e osso e como num filme , ela estava dentro do meu texto. Que maravilha!
Então me lembro de quando fui a Lanzarote com o Juan para uma semana de entrevistas com o Saramago. Eu amava seus livros e numa das épocas mais difíceis da minha vida , Blimunda era minha estrela-guia, minha mulher ancestral, ela me guiava pelos escuros labirintos. Nunca pude imaginar que um dia iria conhecer o Saramago em sua própria casa.De repente tocávamos a campainha da sua casa e meu coração parecia uma gazela disparada . Uma mulher lindíssima veio nos receber, toda vestida de branco e descalça. Era Pilar por quem sinto um amor imenso. De repente estávamos no estúdio do Saramago ouvindo o grande escritor, em carne e osso, falar sobre sua vida, sua infância, sua obra. Eu estava então dentro dos seus livros como se também fosse personagem! O livro do Juan é lindíssimo , O Amor Possível, ed. Manati. Eduardo Galeano fez um mini conto a partir de uma das suas histórias.
Agora estou lendo um livro belíssimo da Elisa Lucinda onde ela conta do Saramago na platéia onde seus alunos falavam poemas do Fernando Pessoa. As histórias se entretecem. O livro se chama A Poesia do Encontro, Elisa Lucinda e Rubem Alves, ed. 7 Mares. O livro deveria ser leitura obrigatória para todos os professores. Então a educação mudaria radicalmente de rumo e a poesia inundaria todas as escolas.
Então me lembro de quando fui a Lanzarote com o Juan para uma semana de entrevistas com o Saramago. Eu amava seus livros e numa das épocas mais difíceis da minha vida , Blimunda era minha estrela-guia, minha mulher ancestral, ela me guiava pelos escuros labirintos. Nunca pude imaginar que um dia iria conhecer o Saramago em sua própria casa.De repente tocávamos a campainha da sua casa e meu coração parecia uma gazela disparada . Uma mulher lindíssima veio nos receber, toda vestida de branco e descalça. Era Pilar por quem sinto um amor imenso. De repente estávamos no estúdio do Saramago ouvindo o grande escritor, em carne e osso, falar sobre sua vida, sua infância, sua obra. Eu estava então dentro dos seus livros como se também fosse personagem! O livro do Juan é lindíssimo , O Amor Possível, ed. Manati. Eduardo Galeano fez um mini conto a partir de uma das suas histórias.
Agora estou lendo um livro belíssimo da Elisa Lucinda onde ela conta do Saramago na platéia onde seus alunos falavam poemas do Fernando Pessoa. As histórias se entretecem. O livro se chama A Poesia do Encontro, Elisa Lucinda e Rubem Alves, ed. 7 Mares. O livro deveria ser leitura obrigatória para todos os professores. Então a educação mudaria radicalmente de rumo e a poesia inundaria todas as escolas.
domingo, 20 de novembro de 2011
MUSEU DA MEMÓRIA
Silvane, a diretora da E.M.Hermann Muller, em Joinville, me conta: ela quer comprar um terreno atrás da escola para construir um Museu da Memória da comunidade que vive neste local e uma Casa da Leitura. A sua Sala de Leitura já está pequena. O terreno é belíssimo e este é um sonho bom de sonhar. Sugerí que ela fizesse uma ação entre amigos para arrecadar o dinheiro e acho que vai dar certo. Resgatar a memória dos avós e com a memória deles, a dos bisavós, é uma idéia belíssima. Quem sabe se chega a um documentário feito pelas próprias crianças. A comunidade tem muitas histórias para contar, seria um Museu de Histórias.
Sandra, a Diretora da E.M Castelo Branco, aqui de Saquarema, me agradece a força, a força das minhas palavras. Sandra, com o coral Escola Que Canta, nos ensina que com afinco se constrói o impossível e a criança artista está muito mais aberta para o aprendizado de qualquer matéria.
A E.M.Eugênio Klug também em Joinville fez com as crianças um lindo Juramento do Rio. As crianças criaram um amuleto em sala de aula e numa cerimônia junto ao rio que corre atrás da escola se comprometeram a usar o amuleto como sómbolo do rio e a cuidar de suas águas e de tudo o que é vivo.
Daqui do meu estúdio veja o jardim do alto: está todo florido, uma verdadeira maravilha. Vamos copiar a E.M.Hermann Muller e fazer também um Condomínio de Passarinhos, acho que seria uma boa idéia espalhar poemas pelo jardim.
Sandra, a Diretora da E.M Castelo Branco, aqui de Saquarema, me agradece a força, a força das minhas palavras. Sandra, com o coral Escola Que Canta, nos ensina que com afinco se constrói o impossível e a criança artista está muito mais aberta para o aprendizado de qualquer matéria.
A E.M.Eugênio Klug também em Joinville fez com as crianças um lindo Juramento do Rio. As crianças criaram um amuleto em sala de aula e numa cerimônia junto ao rio que corre atrás da escola se comprometeram a usar o amuleto como sómbolo do rio e a cuidar de suas águas e de tudo o que é vivo.
Daqui do meu estúdio veja o jardim do alto: está todo florido, uma verdadeira maravilha. Vamos copiar a E.M.Hermann Muller e fazer também um Condomínio de Passarinhos, acho que seria uma boa idéia espalhar poemas pelo jardim.
sábado, 19 de novembro de 2011
CANTEIROS
Assinei agora mesmo uma petição a favor do Tibete, contra a violência chinesa. Toda a violência do homem contra o homem é injustificada e horrenda. Enquanto isso penso nos monges, sinto vergonha e planto flores. Hoje plantamos metade das hemerocallis que trouxe de Joinville aqui no jardim de Saquarema e a outra metade levo para plantar em Visconde de Mauá na minha casinha da montanha.O tempo está ótimo para o plantio, fechado, fresco, chuvoso. Anseio pelas flores que nascerão. Anseio por um tempo de paz em todos os cantos da Terra.
Coloquei no site o poema animado que o Caó fez, O Circo Chegou, sobre o livro que a Paulus editou. Está uma graça total: recomendo.
Hoje é dia de ler muito e descansar, pois dentro de oito dias vou para São Luis do Maranhão.
Transcrevo um poema maravilhoso que saiu hoje no Prosa e Verso:
ALGUNS GOSTAM DE POESIA
ALGUNS -
ou seja nem todos.
Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola onde é obrigatório
e os próprios poetas
seriam talvez uns dois em mil.
Gostam -
mas também se gosta de canja de galinha,
gosta-se de galanteios e da cor azul,
gosta-se de um xale velho,
gosta-se de fazer o que se tem vontade
gosta-se de afagar um cão.
De poesia -
mas o que é isso, poesia.
Muita resposta vaga
já foi dada a essa pergunta.
Pois eu não sei e não sei e me agarro a isso
como a uma tábua de salvação.
Wislaya Szymborska, Prêmio Nobel
Coloquei no site o poema animado que o Caó fez, O Circo Chegou, sobre o livro que a Paulus editou. Está uma graça total: recomendo.
Hoje é dia de ler muito e descansar, pois dentro de oito dias vou para São Luis do Maranhão.
Transcrevo um poema maravilhoso que saiu hoje no Prosa e Verso:
ALGUNS GOSTAM DE POESIA
ALGUNS -
ou seja nem todos.
Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola onde é obrigatório
e os próprios poetas
seriam talvez uns dois em mil.
Gostam -
mas também se gosta de canja de galinha,
gosta-se de galanteios e da cor azul,
gosta-se de um xale velho,
gosta-se de fazer o que se tem vontade
gosta-se de afagar um cão.
De poesia -
mas o que é isso, poesia.
Muita resposta vaga
já foi dada a essa pergunta.
Pois eu não sei e não sei e me agarro a isso
como a uma tábua de salvação.
Wislaya Szymborska, Prêmio Nobel
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
TRANSFORMAÇÃO
Então é verdade: virei flor, uma hemerocallis belíssima com quem tive uma identificação imediata. Muitos dirão que estou completamente louca, mas quando cheguei na Agrícola da Ilha em Joinville no último dia 15 para receber a homenagem e saí caminhando com a Silvane, a diretora da E.M.Hermann Muller, debaixo de chuva pelo parque magnífico e vi o canteiro com a flor Roseana, foi amor à primeira vista: nós nos apaixonamos. Ela queria me dizer alguma coisa e eu sentí meu ser se expandindo. Foi uma emoção violenta.O Sr. Dario me deu muitas mudas que irei plantar em Saquarema e em Mauá, nos dois jardins.
De repente chegou um ônibus grande, abarrotado de gente, crianças, professores, pais, mães, avôs, avós e todos vestiam uma camiseta com o desenho que meu amigo Caó havia feito da flor com o meu rosto. Eram umas 60 pessoas ou mais! Que surpresa fantástica. Houve um coral com chuva: lindo. Houve discursos emocionados.Houve risos. E lágrimas . E nada se desfez. Tenho um canteiro em meu coração.Meu coração está encharcado de amor, transbordando.
No dia 16 passei a manhã na E.M.Hermann Muller com as crianças que apresentaram um maravilhoso recital de poesia só para mim. E a escola com seus jardins, orquidários, horta-jardim, condomínio de passarinhos, é um sonho. Almoçamos com as crianças e o pessoal da Secretaria de Educação.
Á tarde fomos para a Livraria Midas com a Alcione Pauli, o meu anjo sempre, e tive a maravilhosa surpresa de saber que uma outra escola , a Eugenio Klug, está recriando a pedagogia da Herman Muller e está dando certo! De escola em escola ...
Cheguei em casa e encontrei um texto fundamental da Elisa Lucinda sobre educação e assim que ela liberar eu publico aqui no blog. E meus amigos das Ilhas Canárias voltaram hoje para a Espanha. A casa ficou vazia de repente. É tão bom receber quem a gente ama.
De repente chegou um ônibus grande, abarrotado de gente, crianças, professores, pais, mães, avôs, avós e todos vestiam uma camiseta com o desenho que meu amigo Caó havia feito da flor com o meu rosto. Eram umas 60 pessoas ou mais! Que surpresa fantástica. Houve um coral com chuva: lindo. Houve discursos emocionados.Houve risos. E lágrimas . E nada se desfez. Tenho um canteiro em meu coração.Meu coração está encharcado de amor, transbordando.
No dia 16 passei a manhã na E.M.Hermann Muller com as crianças que apresentaram um maravilhoso recital de poesia só para mim. E a escola com seus jardins, orquidários, horta-jardim, condomínio de passarinhos, é um sonho. Almoçamos com as crianças e o pessoal da Secretaria de Educação.
Á tarde fomos para a Livraria Midas com a Alcione Pauli, o meu anjo sempre, e tive a maravilhosa surpresa de saber que uma outra escola , a Eugenio Klug, está recriando a pedagogia da Herman Muller e está dando certo! De escola em escola ...
Cheguei em casa e encontrei um texto fundamental da Elisa Lucinda sobre educação e assim que ela liberar eu publico aqui no blog. E meus amigos das Ilhas Canárias voltaram hoje para a Espanha. A casa ficou vazia de repente. É tão bom receber quem a gente ama.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
JOINVILLE OUTRA VEZ
Lá vou eu para Joinville outra vez. Amanhã recebo a minha flor, a hemerocallis com meu nome . Dia 16 falo para professores e apresento meu novo livro Poemas para ler na Escola, ed. Objetiva, junto com a Livraria Midas. E almoço com as crianças da E.M.Hermann Muller. É muita emoção.
Não poderei escrever no blog. Na minha ausência tantas coisas acontecerão, o moinho da vida é incessante moendo as horas e fabricando acontecimentos. Até a volta!!!
Não poderei escrever no blog. Na minha ausência tantas coisas acontecerão, o moinho da vida é incessante moendo as horas e fabricando acontecimentos. Até a volta!!!
domingo, 13 de novembro de 2011
ESCOLA QUE CANTA
Ontem fui a Saquarema andar pela FEIRA CULTURAL que agora funciona na Praça e é outra coisa: belíssima! A Secretária de Educação Ana Paula acertou a mão, o clima era de festa e confraternização. É lindo o povo na rua, fico muito emocionada.As barracas maravilhosas, a exposição dos alunos sobre cultura africana estava deslumbrante. Mas o ponto alto foi o coral ESCOLA QUE CANTA da E.M Castelo Branco. Um coral de vozes angelicais e nível altíssimo, internacional. Moisés, o maestro, conseguiu fazer um trabalho tão belo que seu coral poderia cantar em qualquer país representando o Brasil. E numa escola pública! Assim se faz a verdadeira educação. Conheço uma menina que canta no coral e antes era uma aluna medíocre. Agora é boa aluna e ama a escola.
Sugiro que cada escola em Saquarema tenha um grupo de alguma coisa neste nível altíssimo: teatro, dança, capoeira, orquestra, etc...Se o Moisés conseguiu fazer este coral, um profissional de teatro também conseguiria fazer um grupo teatral espetacular em outra escola. E assim em outras áreas.Fiquei completamente transtornada com a beleza do Coral Escola Que Canta. Que maravilha a gente sentir que nossas intuições e nossos sonhos muitas vezes se realizam!
Sugiro que cada escola em Saquarema tenha um grupo de alguma coisa neste nível altíssimo: teatro, dança, capoeira, orquestra, etc...Se o Moisés conseguiu fazer este coral, um profissional de teatro também conseguiria fazer um grupo teatral espetacular em outra escola. E assim em outras áreas.Fiquei completamente transtornada com a beleza do Coral Escola Que Canta. Que maravilha a gente sentir que nossas intuições e nossos sonhos muitas vezes se realizam!
sábado, 12 de novembro de 2011
CATAGUASES E ELISA LUCINDA
Na primeira vez que fui a Cataguases em 2000, fui com o Roger Mello e a viagem se transformou no livro Jardins da ed. Manati.
Desta vez eu dividia a viagem com a poeta e atriz Elisa Lucinda e de surpresa em surpresa, de fruta em fruta, Elisa se revelou para mim como uma das pessoas mais fantásticas , extraordinárias que já conhecí. Elisa é um jorro de lava, um terremoto e ao entrar no carro que me buscava na casa do meu irmão, ela falava com alguém ao telefone e ao mesmo tempo descascava uma maçã. "Preciso emagrecer, ela me dizia, para um filme." E da sua cesta iam saindo bananas e damascos que trouxe do Líbano com uma embalagem linda, escrita em árabe. E comendo frutas e dividindo idéias, fomos nos descobrindo como uma lingua estrangeira que a gente não sabia que falava. Eram tantas as coincidências que não podíamos acreditar e a viagem de 4 horas passou num átimo.
Ficamos no Hotel Cataguases projetado pelo grande mestre Niemeyer e meu encontro com as crianças não foi fácil, pois o espaço era exíguo, não havia microfone e fazia muito calor. Eram 130 crianças e a Globo gravando e atrapalhando! mas a poesia faz os seus milagres. Uma turma da Faculdade de Pedagogia foi me ver e depois fui para a piscina do hotel. Em cada viagem tenho que comprar um maiô, sempre me esqueço de colocar na mala. E a água ajuda a relaxar a musculatura, é dádiva.
À noite fui ver o espetáculo da Elisa "Não Falem mal da Rotina" e nunca ri e me emocionei tanto ao mesmo tempo! Elisa no palco é indescritível. Ela destrói tudo o que temos bem construidinho nas nossas mentes. É imperdível, espetacular. Sua poesia é bela , torrencial e generosa e a generosidade é uma das grandes qualidades da poesia.
Na volta ri tanto que fiquei leve como bolha de sabão. Elisa é única. Para dias difíceis, mal humor, amargura, recomendo. Ela tranforma a atmosfera à sua volta em turbilhão de poesia.
Desta vez eu dividia a viagem com a poeta e atriz Elisa Lucinda e de surpresa em surpresa, de fruta em fruta, Elisa se revelou para mim como uma das pessoas mais fantásticas , extraordinárias que já conhecí. Elisa é um jorro de lava, um terremoto e ao entrar no carro que me buscava na casa do meu irmão, ela falava com alguém ao telefone e ao mesmo tempo descascava uma maçã. "Preciso emagrecer, ela me dizia, para um filme." E da sua cesta iam saindo bananas e damascos que trouxe do Líbano com uma embalagem linda, escrita em árabe. E comendo frutas e dividindo idéias, fomos nos descobrindo como uma lingua estrangeira que a gente não sabia que falava. Eram tantas as coincidências que não podíamos acreditar e a viagem de 4 horas passou num átimo.
Ficamos no Hotel Cataguases projetado pelo grande mestre Niemeyer e meu encontro com as crianças não foi fácil, pois o espaço era exíguo, não havia microfone e fazia muito calor. Eram 130 crianças e a Globo gravando e atrapalhando! mas a poesia faz os seus milagres. Uma turma da Faculdade de Pedagogia foi me ver e depois fui para a piscina do hotel. Em cada viagem tenho que comprar um maiô, sempre me esqueço de colocar na mala. E a água ajuda a relaxar a musculatura, é dádiva.
À noite fui ver o espetáculo da Elisa "Não Falem mal da Rotina" e nunca ri e me emocionei tanto ao mesmo tempo! Elisa no palco é indescritível. Ela destrói tudo o que temos bem construidinho nas nossas mentes. É imperdível, espetacular. Sua poesia é bela , torrencial e generosa e a generosidade é uma das grandes qualidades da poesia.
Na volta ri tanto que fiquei leve como bolha de sabão. Elisa é única. Para dias difíceis, mal humor, amargura, recomendo. Ela tranforma a atmosfera à sua volta em turbilhão de poesia.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
CAIXINHA DE MÚSICA II
Acabo de voltar do espetáculo Caixinha de Música, no Teatro Mário Lago, (completamente decadente, um horror!!!) e tudo me emocionou, até mesmo o teatro mostrando as suas entranhas carcomidas. Aliás, a Prefeita Franciane que foi conversar com as 130 crianças presentes, me disse que não irão reformar o Teatro, mas sim fazer um lindo teatro novo para 500 lugares. Saquarema merece! O espetáculo musical que a Nancy Macedo montou com os meus poemas do livro Caixinha de Música é simples, despojado, impactante, ela deixa que os poemas cantem sem nenhum artifício, acompanhada por um músico esplêndido. As crianças vibravam e cantavam junto e batiam palmas e participavam. Fiquei com um nó na gargante. É maravilhoso ver meus poemas transformados em canções ocupando o espaço poderoso do palco. Fiquei mesmo muito emocionada. O espetáculo é muito barato e se alguma escola quiser levá-lo entre em contato comigo que eu me comunico com a Nancy Macedo. É uma maneira linda de aproximar as crianças da poesia.
CAIXINHA DE MÚSICA
Hoje, às 15hs, vou ao Teatro Mário Lago, aqui em Saquarema para assistir a peça montada por Nancy Macedo a partir do meu livro Caixinha de Música. Ela é atriz e dançarina, e não sei como veio parar aqui na minha cidade, algum vento maravilhoso a trouxe para que eu possa assistir ao seu espetáculo.
Caixinha de Música é um livro lindíssimo, minha parceria com meu filho Guga. Alexei Bueno, grande crítico de poesia na contra capa diz que " Caixinha de Música se insere perfeitamente na melhor genealogia da poesia para crianças no Brasil, na linha de obras-primas como Ou Isto ou Aquilo de cecília Meireles, ou dos Poemas Infantis de Vinicius de Moraes." Não é pouca coisa alguém tão importante escrever uma sentença assim! Fico muito impactada e me dá até um certo medo.
CAIXINHA DE MÚSICA
Sete notas são tão pouco,
mas são mais que o infinito,
que todas as galáxias juntas,
com seus anjos e cometas.
Sete notas musicais
são mais que todos os mares
com seus cristais e sereias.
Sete notas são mais
que todos os grãos de areia,
e fazem estradas e caminhos,
e nos levam pelos ares, pelo chão,
até o moinho do tempo.
in Caixinha de Música, ed. Manati
Para este poema Guga sugeriu uma pauta em espiral, vazia, para que o leitor pudesse escrever as suas notas. Acho que é isso que Nancy faz no seu espetáculo. Tomara que ele possa andar um pouco mais longe do que Saquarema.
Amanhã vou bem cedinho para o Rio, para a meditação da Helô com o grupo de mulheres, depois almoço com a Bia e Silvia, minhas editoras da Manati e então vou para Cataguases, para a Felica, onde conversarei dia 10 com os professores sobre poesia e educação.
Caixinha de Música é um livro lindíssimo, minha parceria com meu filho Guga. Alexei Bueno, grande crítico de poesia na contra capa diz que " Caixinha de Música se insere perfeitamente na melhor genealogia da poesia para crianças no Brasil, na linha de obras-primas como Ou Isto ou Aquilo de cecília Meireles, ou dos Poemas Infantis de Vinicius de Moraes." Não é pouca coisa alguém tão importante escrever uma sentença assim! Fico muito impactada e me dá até um certo medo.
CAIXINHA DE MÚSICA
Sete notas são tão pouco,
mas são mais que o infinito,
que todas as galáxias juntas,
com seus anjos e cometas.
Sete notas musicais
são mais que todos os mares
com seus cristais e sereias.
Sete notas são mais
que todos os grãos de areia,
e fazem estradas e caminhos,
e nos levam pelos ares, pelo chão,
até o moinho do tempo.
in Caixinha de Música, ed. Manati
Para este poema Guga sugeriu uma pauta em espiral, vazia, para que o leitor pudesse escrever as suas notas. Acho que é isso que Nancy faz no seu espetáculo. Tomara que ele possa andar um pouco mais longe do que Saquarema.
Amanhã vou bem cedinho para o Rio, para a meditação da Helô com o grupo de mulheres, depois almoço com a Bia e Silvia, minhas editoras da Manati e então vou para Cataguases, para a Felica, onde conversarei dia 10 com os professores sobre poesia e educação.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
O CIRCO
Ontem meu neto Luis foi ao circo, em Granada. Falei com ele pelo skype minutos antes de sair de casa e ele estava eufórico. O circo é atemporal por ser onírico e nós humanos, vivemos de sonhos. A realidade é apenas uma parte ínfima do que vivemos. E a realidade também é sonho. Naturalmente escapamos pelas estradas do ar e divagamos, divagamos.
O EQUILIBRISTA
Está tão alto o equilibrista
que minha alma tropeça
em suas pernas,
dança louca
feito roupa no varal.
Está tão perto do céu o equilibrista
que seus dedos arranham o sol
e de medo eu não ouso respirar.
Ouço seus passos de seda
como se andar no ar fosse fácil.
in O Circo, ed. Paulus, 2011
Meu livro O Circo foi reeditado este ano pela Ed.Paulus com lindas e alegres ilustrações do Caó. Conheço o Caó desde 1994 e temos feito uma ótima parceria. Ele é cartunista e traz todo o seu humor para os meus textos. Já fiz vários testes: as crianças adoram os seus desenhos tão bem-humorados.
O EQUILIBRISTA
Está tão alto o equilibrista
que minha alma tropeça
em suas pernas,
dança louca
feito roupa no varal.
Está tão perto do céu o equilibrista
que seus dedos arranham o sol
e de medo eu não ouso respirar.
Ouço seus passos de seda
como se andar no ar fosse fácil.
in O Circo, ed. Paulus, 2011
Meu livro O Circo foi reeditado este ano pela Ed.Paulus com lindas e alegres ilustrações do Caó. Conheço o Caó desde 1994 e temos feito uma ótima parceria. Ele é cartunista e traz todo o seu humor para os meus textos. Já fiz vários testes: as crianças adoram os seus desenhos tão bem-humorados.
domingo, 6 de novembro de 2011
JAIME SABINES
Ontem recebí um presente imenso do meu amigo, filósofo e poeta, Delmino Gritti: Poemas de Jaime Sabines que eu, na minha santa ignorância, desconhecia. Poeta imenso da literatura mexicana, poeta premiadíssimo, já se mudou para as estrelas e a sua poesia é bela bela bela:
Los amorosos
Los amorosos callan.
El amor es el silencio más fino,
el más tembloroso, el más insoportable.
Los amorosos buscan,
los amorosos son los que abandonan,
son los que cambian, los que olvidan.
Su corazón les dice que nunca han de encontrar,
no encuentran, buscan.
Los amorosos andan como locos
porque están solos, solos, solos,
entregándose, dándose a cada rato,
llorando porque no salvan al amor.
Les preocupa el amor. Los amorosos
viven al día, no pueden hacer más, no saben.
Siempre se están yendo,
siempre, hacia alguna parte.
Esperan,
no esperan nada, pero esperan.
Saben que nunca han de encontrar.
El amor es la prórroga perpetua,
siempre el paso siguiente, el otro, el otro.
Los amorosos son los insaciables,
los que siempre — ¡qué bueno!— han de estar solos.
Los amorosos son la hidra del cuento.
Tienen serpientes en lugar de brazos.
Las venas del cuello se les hinchan
también como serpientes para asfixiarlos.
Los amorosos no pueden dormir
porque si se duermen se los comen los gusanos.
En la obscuridad abren los ojos
y les cae en ellos el espanto.
Encuentran alacranes bajo la sábana
y su cama flota como sobre un lago.
Los amorosos son locos, sólo locos,
sin Dios y sin diablo.
Los amorosos salen de sus cuevas
temblorosos, hambrientos,
a cazar fantasmas.
Se ríen de las gentes que lo saben todo,
de las que aman a perpetuidad, verídicamente,
de las que creen en el amor como en una lámpara de inagotable aceite.
Los amorosos juegan a coger el agua,
a tatuar el humo, a no irse.
Juegan el largo, el triste juego del amor.
Nadie ha de resignarse.
Dicen que nadie ha de resignarse.
Los amorosos se avergüenzan de toda conformación.
Vacíos, pero vacíos de una a otra costilla,
la muerte les fermenta detrás de los ojos,
y ellos caminan, lloran hasta la madrugada
en que trenes y gallos se despiden dolorosamente.
Les llega a veces un olor a tierra recién nacida,
a mujeres que duermen con la mano en el sexo, complacidas,
a arroyos de agua tierna y a cocinas.
Los amorosos se ponen a cantar entre labios
una canción no aprendida.
Y se van llorando, llorando
la hermosa vida.
Jaime Sabines
Dedico este poema a minha irmã Evelyn que amanhã irá buscar seu grande amor mexicano no aeroporto Tom Jobim. Ele vem munido de todos os papéis para o casamento que deve sair em janeiro.
Los amorosos
Los amorosos callan.
El amor es el silencio más fino,
el más tembloroso, el más insoportable.
Los amorosos buscan,
los amorosos son los que abandonan,
son los que cambian, los que olvidan.
Su corazón les dice que nunca han de encontrar,
no encuentran, buscan.
Los amorosos andan como locos
porque están solos, solos, solos,
entregándose, dándose a cada rato,
llorando porque no salvan al amor.
Les preocupa el amor. Los amorosos
viven al día, no pueden hacer más, no saben.
Siempre se están yendo,
siempre, hacia alguna parte.
Esperan,
no esperan nada, pero esperan.
Saben que nunca han de encontrar.
El amor es la prórroga perpetua,
siempre el paso siguiente, el otro, el otro.
Los amorosos son los insaciables,
los que siempre — ¡qué bueno!— han de estar solos.
Los amorosos son la hidra del cuento.
Tienen serpientes en lugar de brazos.
Las venas del cuello se les hinchan
también como serpientes para asfixiarlos.
Los amorosos no pueden dormir
porque si se duermen se los comen los gusanos.
En la obscuridad abren los ojos
y les cae en ellos el espanto.
Encuentran alacranes bajo la sábana
y su cama flota como sobre un lago.
Los amorosos son locos, sólo locos,
sin Dios y sin diablo.
Los amorosos salen de sus cuevas
temblorosos, hambrientos,
a cazar fantasmas.
Se ríen de las gentes que lo saben todo,
de las que aman a perpetuidad, verídicamente,
de las que creen en el amor como en una lámpara de inagotable aceite.
Los amorosos juegan a coger el agua,
a tatuar el humo, a no irse.
Juegan el largo, el triste juego del amor.
Nadie ha de resignarse.
Dicen que nadie ha de resignarse.
Los amorosos se avergüenzan de toda conformación.
Vacíos, pero vacíos de una a otra costilla,
la muerte les fermenta detrás de los ojos,
y ellos caminan, lloran hasta la madrugada
en que trenes y gallos se despiden dolorosamente.
Les llega a veces un olor a tierra recién nacida,
a mujeres que duermen con la mano en el sexo, complacidas,
a arroyos de agua tierna y a cocinas.
Los amorosos se ponen a cantar entre labios
una canción no aprendida.
Y se van llorando, llorando
la hermosa vida.
Jaime Sabines
Dedico este poema a minha irmã Evelyn que amanhã irá buscar seu grande amor mexicano no aeroporto Tom Jobim. Ele vem munido de todos os papéis para o casamento que deve sair em janeiro.
sábado, 5 de novembro de 2011
CLASSIFICADOS EM MONTENEGRO
Ontem recebí um CD da Professora Dorian Wolff da EMEF Pedro João Muller, escola rural em Montenegro, R.S onde gravou todas as etapas do projeto "Escrever: um ato de prazer" que culminou com a publicaçlão de classificados poéticos produzidos pelos alunos no jornal IBIÁ, os poemas misturados com os classificados do jornal. O jornal tem grande circulação em toda região e os textos dos alunos emocionaram a comunidade. Ela trabalhou com 48 alunos e o resultado final foi espetacular. Os alunos escreveram vários gêneros de texto, brincaram com a intertextualidade, descobriram o prazer que é a produção de um texto, sairam do projeto modificados como seres humanos, melhores , mais pensantes, orgulhosos do que são capazes de fazer. O estopim para os poemas dos alunos foi meu livro Classificados Poéticos e fiquei tão emocionada com o CD que me deu vontade de chorar - de emoção. É sempre assim, uma pessoa, uma apenas, pode mudar o seu entorno. Os alunos aprenderam a expressar e entender os seus desejos e agora estão mais preparados para uma leitura de mundo.Obrigada Dorian, por ser agente de transformação.Engraçado que as duas experiências que mais me tocaram em educação aconteçam em zonas rurais. A E.M.Hermann Muller, na zona rural de Joinville e a EMEF Pedro João Muller precisam se conhecer para trocar figurinhas.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
NOTÍCIAS DO JARDIM
Acompanho com horror algumas notícias do mundo, por exemplo o teste que Israel fez com mísseis de longo alcance e os boatos de uma possível guerra com o Irã. Uma guerra com o Irã seria uma catástrofe de alcance ilimitado. A única saída para o Oriente Médio seria uma política de reconhecimento total do Estado Palestino, uma política de paz.
Acalmo o medo quando sento no jardim que nunca esteve mais belo: as orquídeas floridas, o flamboyant com suas primeiras flores vermelhas, pequenas onze horas desabrocham em muitas cores e os hisbiscos são escandalosamente belos.
Dia 14 irei para Joinville , já que dia 15 é a cerimônia da entrega da minha flor, a hemerocalis com o meu nome. Trarei bulbos para plantar em Saquarema. E dia 16 , para aproveitar a minha ida, a Prefeitura vai fazer um encontro com professores de escolas rurais e um lançamento do meu livro Poemas para Ler na Escola. A E.M Herman Muller está preparando um café para me receber. Será uma viagem totalmente florida!
Mas antes tenho Cataguases e o seu Festival Literário. Cataguases é bela com suas casas modernistas. Nosso encontro será dia 10.
Acalmo o medo quando sento no jardim que nunca esteve mais belo: as orquídeas floridas, o flamboyant com suas primeiras flores vermelhas, pequenas onze horas desabrocham em muitas cores e os hisbiscos são escandalosamente belos.
Dia 14 irei para Joinville , já que dia 15 é a cerimônia da entrega da minha flor, a hemerocalis com o meu nome. Trarei bulbos para plantar em Saquarema. E dia 16 , para aproveitar a minha ida, a Prefeitura vai fazer um encontro com professores de escolas rurais e um lançamento do meu livro Poemas para Ler na Escola. A E.M Herman Muller está preparando um café para me receber. Será uma viagem totalmente florida!
Mas antes tenho Cataguases e o seu Festival Literário. Cataguases é bela com suas casas modernistas. Nosso encontro será dia 10.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
JANELA SOBRE A MEMÓRIA
Meu livro Retratos que está sendo reeditado com fotos antigas da minha família, soube ontem,sairá em dezembro. Escreví para o site um texto sobre a minha infância, já que as escolas querem saber mais ... Esta semana andei escavando o quintal da memória.
JANELA SOBRE A MEMÓRIA (III)
Um refúgio?
Uma barriga?
Um abrigo onde se esconder quando estiver se afogando na chuva, ou sendo quebrado pelo frio, ou sendo revirado pelo vento?
Temos um esplêndido passado pela frente?
Para os navegadores com desejo de vento, a memória é um porto de partida.
EDUARDO GALEANO
in As Palavras Andantes.
JANELA SOBRE A MEMÓRIA (III)
Um refúgio?
Uma barriga?
Um abrigo onde se esconder quando estiver se afogando na chuva, ou sendo quebrado pelo frio, ou sendo revirado pelo vento?
Temos um esplêndido passado pela frente?
Para os navegadores com desejo de vento, a memória é um porto de partida.
EDUARDO GALEANO
in As Palavras Andantes.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
PARA LEMBRAR
Quando eu morrer
me amarre em teu corpo
com as vigorosas cordas
da palavra,
quando eu for só palavra
me amarre em teus olhos
com as frágeis cordas
da memória,
quando eu for apenas
uma fragrância longínqua,
toque os sinos
da minha poesia
para lembrar.
in Poemas para Ler na Escola, ed. Objetiva
Tenho os meus mortos bem amarrados na memória e são três, os que todos os dias dormem e acordam comigo: meu pai, Lejbus Kligerman, minha mãe, Bertha Kligerman, meu imenso amigo Latuf.
me amarre em teu corpo
com as vigorosas cordas
da palavra,
quando eu for só palavra
me amarre em teus olhos
com as frágeis cordas
da memória,
quando eu for apenas
uma fragrância longínqua,
toque os sinos
da minha poesia
para lembrar.
in Poemas para Ler na Escola, ed. Objetiva
Tenho os meus mortos bem amarrados na memória e são três, os que todos os dias dormem e acordam comigo: meu pai, Lejbus Kligerman, minha mãe, Bertha Kligerman, meu imenso amigo Latuf.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
CAFÉ, FLOR E POESIA
Silvane, da E.M.Herman Muller , na zona rural de Joinville, me conta:
Este ano o Café, Flor e Poesia é dedicado a Cora Coralina e todas as famílias, além dos alunos estão envolvidas. Os singelos poemas de Cora serão acompanhados por seus doces. Cada família está fabricando uma receita. E aliás, esta é uma receita para ser copiada!
VELHO SOBRADO
Um montão disforme. Taipas e pedras,
abraçadas a grossas aroeiras,
toscamente esquadriadas.
Folhas de janelas.
Pedaços de batentes.
Almofadados de portas.
Vidraças estilhaçadas.
Ferragens retorcidas.
Abandono. Silêncio. Desordem.
Ausência, sobretudo.
O avanço vegetal acoberta o quadro.
Carrapateiras cacheadas.
São-caetano com seu verde planejamento,
pendurado de frutinhas ouro-rosa.
Uma bucha de cordoalha enfolhada,
berrante de flores amarelas
cingindo tudo.
Dá guarda, perfilado, um pé de mamão-macho.
No alto, instala-se, dominadora,
uma jovem gameleira, dona do futuro.
Cortina vulgar de decência urbana
defende a nudez dolorosa das ruínas do sobrado
— um muro.
Fechado. Largado.
O velho sobrado colonial
de cinco sacadas,
de ferro forjado,
cede.
Bem que podia ser conservado,
bem que devia ser retocado,
tão alto, tão nobre-senhorial.
O sobradão dos Vieiras
cai aos pedaços,
abandonado.
Parede hoje. Parede amanhã.
Caliça, telhas e pedras
se amontoando com estrondo.
Famílias alarmadas se mudando.
Assustados - passantes e vizinhos.
Aos poucos, a " fortaleza " desabando.
Quem se lembra?
Quem se esquece?
Padre Vicente José Vieira.
D. Irena Manso Serradourada.
D. Virgínia Vieira
- grande dama de outros tempos.
Flor de distinção e nobreza
na heráldica da cidade.
Benjamim Vieira,
Rodolfo Luz Vieira,
Ludugero,
Angela,
Débora, Maria...
tão distante a gente do sobrado...
Bailes e saraus antigos.
Cortesia. Sociedade goiana.
Senhoras e cavalheiros...
-tão desusados...
O Passado...
A escadaria de patamares
vai subindo... subindo...
Portas no alto.
À direita. À esquerda.
Se abrindo, familiares.
Salas. Antigos canapés.
Cadeiras em ordem.
Pelas paredes forradas de papel,
desenho de querubins, segurando
cornucópia e laços.
Retratos de antepassados,
solenes, empertigados.
Gente de dantes.
Grandes espelhos de cristal,
emoldurados de veludo negro.
Velhas credências torneadas
sustentando
jarrões pesados.
Antigas flores
de que ninguém mais fala!
Rosa cheirosa de Alexandria.
Sempre-viva. Cravinas.
Damas-entre-verdes.
Jasmim-do-cabo. Resedá.
Um aroma esquecido
- manjerona.
CORA CORALINA
Este ano o Café, Flor e Poesia é dedicado a Cora Coralina e todas as famílias, além dos alunos estão envolvidas. Os singelos poemas de Cora serão acompanhados por seus doces. Cada família está fabricando uma receita. E aliás, esta é uma receita para ser copiada!
VELHO SOBRADO
Um montão disforme. Taipas e pedras,
abraçadas a grossas aroeiras,
toscamente esquadriadas.
Folhas de janelas.
Pedaços de batentes.
Almofadados de portas.
Vidraças estilhaçadas.
Ferragens retorcidas.
Abandono. Silêncio. Desordem.
Ausência, sobretudo.
O avanço vegetal acoberta o quadro.
Carrapateiras cacheadas.
São-caetano com seu verde planejamento,
pendurado de frutinhas ouro-rosa.
Uma bucha de cordoalha enfolhada,
berrante de flores amarelas
cingindo tudo.
Dá guarda, perfilado, um pé de mamão-macho.
No alto, instala-se, dominadora,
uma jovem gameleira, dona do futuro.
Cortina vulgar de decência urbana
defende a nudez dolorosa das ruínas do sobrado
— um muro.
Fechado. Largado.
O velho sobrado colonial
de cinco sacadas,
de ferro forjado,
cede.
Bem que podia ser conservado,
bem que devia ser retocado,
tão alto, tão nobre-senhorial.
O sobradão dos Vieiras
cai aos pedaços,
abandonado.
Parede hoje. Parede amanhã.
Caliça, telhas e pedras
se amontoando com estrondo.
Famílias alarmadas se mudando.
Assustados - passantes e vizinhos.
Aos poucos, a " fortaleza " desabando.
Quem se lembra?
Quem se esquece?
Padre Vicente José Vieira.
D. Irena Manso Serradourada.
D. Virgínia Vieira
- grande dama de outros tempos.
Flor de distinção e nobreza
na heráldica da cidade.
Benjamim Vieira,
Rodolfo Luz Vieira,
Ludugero,
Angela,
Débora, Maria...
tão distante a gente do sobrado...
Bailes e saraus antigos.
Cortesia. Sociedade goiana.
Senhoras e cavalheiros...
-tão desusados...
O Passado...
A escadaria de patamares
vai subindo... subindo...
Portas no alto.
À direita. À esquerda.
Se abrindo, familiares.
Salas. Antigos canapés.
Cadeiras em ordem.
Pelas paredes forradas de papel,
desenho de querubins, segurando
cornucópia e laços.
Retratos de antepassados,
solenes, empertigados.
Gente de dantes.
Grandes espelhos de cristal,
emoldurados de veludo negro.
Velhas credências torneadas
sustentando
jarrões pesados.
Antigas flores
de que ninguém mais fala!
Rosa cheirosa de Alexandria.
Sempre-viva. Cravinas.
Damas-entre-verdes.
Jasmim-do-cabo. Resedá.
Um aroma esquecido
- manjerona.
CORA CORALINA
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
DIA D
Hoje é o DIA D de Drummond que será comemorado todos os anos em Brasil e Portugal. Hoje o poeta faria 109 anos. Escolho um poema que sempre me emocionou muito e agora ainda mais, depois que minha mãe partiu:
PARA SEMPRE
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura,
ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
in Lição de Coisas
PARA SEMPRE
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura,
ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
in Lição de Coisas
domingo, 30 de outubro de 2011
RUAS
Lembro de todas as ruas onde morei e da sensação que cada uma me despertava, a atmosfera que me envolvia ao entrar em minhas ruas.
Meu primeiro endereço foi na Rua Araxá, no Grajaú, na Zona Norte do Rio. A rua era linda, só de casas e prédios pequenos. O nosso edifício tinha miosótis na frente e as flores azuis me acompanharam por toda a vida.
A Rua Barão do Bom Retiro, para onde nos mudamos quando eu tinha uns 5 anos era feia, suja, com um movimento incessante. Mas na frente da nossa casa, do outro lado da rua, morava a minha avó e isso transformava a rua.
A Rua Caruaru para onde fomos quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, era uma rua calma. Nossa casa, morávamos num sobrado, está intacta na minha memória, com cada azulejo, cada recanto. Na frente da nossa casa havia um orfanato e eu tinha muita pena daquelas crianças sem pais.
Então me mudei para Juiz de Fora, depois do meu casamento e tantas ruas fazem parte da minha vida.
RUAS
Por que ruas tão largas?
Por que ruas tão retas?
Meu passo torto
foi regulado pelos becos tortos
de onde venho.
Não sei andar na vastidão simétrica
implacável.
Cidade grande é isso?
Cidades são passagens sinuosas
de esconde-esconde
em que as casas aparecem-desaparecem
quando bem entendem
e todo mundo acha normal.
Aqui tudo é exposto
evidente
cintilante.Aqui
obrigam-me a nascer de novo, desarmado.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
BOITEMPO III
Meu primeiro endereço foi na Rua Araxá, no Grajaú, na Zona Norte do Rio. A rua era linda, só de casas e prédios pequenos. O nosso edifício tinha miosótis na frente e as flores azuis me acompanharam por toda a vida.
A Rua Barão do Bom Retiro, para onde nos mudamos quando eu tinha uns 5 anos era feia, suja, com um movimento incessante. Mas na frente da nossa casa, do outro lado da rua, morava a minha avó e isso transformava a rua.
A Rua Caruaru para onde fomos quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, era uma rua calma. Nossa casa, morávamos num sobrado, está intacta na minha memória, com cada azulejo, cada recanto. Na frente da nossa casa havia um orfanato e eu tinha muita pena daquelas crianças sem pais.
Então me mudei para Juiz de Fora, depois do meu casamento e tantas ruas fazem parte da minha vida.
RUAS
Por que ruas tão largas?
Por que ruas tão retas?
Meu passo torto
foi regulado pelos becos tortos
de onde venho.
Não sei andar na vastidão simétrica
implacável.
Cidade grande é isso?
Cidades são passagens sinuosas
de esconde-esconde
em que as casas aparecem-desaparecem
quando bem entendem
e todo mundo acha normal.
Aqui tudo é exposto
evidente
cintilante.Aqui
obrigam-me a nascer de novo, desarmado.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
BOITEMPO III
sábado, 29 de outubro de 2011
LÁ VEM O LUIS
Lá vem o Luis, meu livro novo, finalmente chegou aqui em casa depois de meses de espera pela entrega do meu lote de exemplares. O livro já estava sendo vendido e eu não conseguia receber a minha cota. Fiz um texto bem bonito sobre a chegada de um filho, desde o momento da concepção até a velhice. É um um livro que serve para qualquer mãe, pai, avô, avó, basta trocar o nome Luis para o nome da criança que se quiser.
A fabricação do texto foi bem interessante: a ed. Leya me escreveu pedindo um texto com máxima urgência para inscrever num programa do governo. Eu tinha 2 poemas para o Luis, meu neto e 1 poema para o Dia da Criança que fiz para a Folhinha de São Paulo. Sentei na cadeira de balanço com os 3 poemas no colo e a idéia inteira na cabeça. Escreví todo o texto ao redor dos 3 poemas. Escreví num caderno, e na mesma tarde tinha o texto pronto. E agora espero que o pequeno livro emocione muitas mamães por aí. E lá vem o Luis, meu neto, de verdade, em carne e osso!!! de avião, de Granada para Sao Paulo, de São Paulo para Visconde de Mauá e eu não vejo a hora de sentir o seu cheiro, pois nos vemos bastante pelo skype mas não posso farejá-lo e isso é horrível! Vamos passar muitos dias juntos e no final de 2012 Luis virá morar no Brasil, se tudo der certo. Se tudo der certo, Guga dará aulas de música e abrirá um lugar em Penedo para vinhos e "tapas". As "tapas" espanholas são uma invenção maravilhosa: junto com o cálice de vinho o cliente recebe uma entradinha, um petisco que já está incluido no preço do vinho. Já vejo a família numa casinha em Penedo, que é um lugar lindo, bem pertinho de Visconde de Mauá, a bicicleta do Luis encostada na cerca...
A fabricação do texto foi bem interessante: a ed. Leya me escreveu pedindo um texto com máxima urgência para inscrever num programa do governo. Eu tinha 2 poemas para o Luis, meu neto e 1 poema para o Dia da Criança que fiz para a Folhinha de São Paulo. Sentei na cadeira de balanço com os 3 poemas no colo e a idéia inteira na cabeça. Escreví todo o texto ao redor dos 3 poemas. Escreví num caderno, e na mesma tarde tinha o texto pronto. E agora espero que o pequeno livro emocione muitas mamães por aí. E lá vem o Luis, meu neto, de verdade, em carne e osso!!! de avião, de Granada para Sao Paulo, de São Paulo para Visconde de Mauá e eu não vejo a hora de sentir o seu cheiro, pois nos vemos bastante pelo skype mas não posso farejá-lo e isso é horrível! Vamos passar muitos dias juntos e no final de 2012 Luis virá morar no Brasil, se tudo der certo. Se tudo der certo, Guga dará aulas de música e abrirá um lugar em Penedo para vinhos e "tapas". As "tapas" espanholas são uma invenção maravilhosa: junto com o cálice de vinho o cliente recebe uma entradinha, um petisco que já está incluido no preço do vinho. Já vejo a família numa casinha em Penedo, que é um lugar lindo, bem pertinho de Visconde de Mauá, a bicicleta do Luis encostada na cerca...
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
EDUCAÇÃO
Manuela, de quem sou fada-madrinha, agora trabalha numa biblioteca numa escola e numa pousada. Ano que vem termina a Faculdade de Pedagogia .
Manuela me conta: em sua escola muitos professores estão querendo sair do magistério, estão querendo trabalhar em outras coisas. Manuela me conta outras coisas tristes :como os alunos estão agressivos, como não ouvem, como não respeitam.
E me diz que não quer mais trabalhar com educação, prefere turismo. Diz que não tem estrutura emocional para brigar tanto por alguma coisa. Enquanto falava isso ela tocava em seu coração e dizia, "eu não aguento".Prefere o trabalho na Pousada e quer seguir este caminho.
Decidimos juntas que ela fará uma pós em Turismo e Hotelaria.A Educação perde uma pessoa sensível,delicada, criativa, cheia de idéias. Uma pessoa lindíssima.Manuela ama dança e teatro. É uma pena imensa, mas eu a entendo. Os professores, muitos, estão desistindo e é a escola que precisa mudar. Não apenas uma ou outra escola , mas todo o sistema está equivocado.Se a escola fosse o que pensamos que deveria ser, um ambiente maravilhoso e criativo,um celeiro de idéias, se os professores fossem estimulados a criar e ganhassem excelentes salários, não desistiriam.
Manuela me conta: em sua escola muitos professores estão querendo sair do magistério, estão querendo trabalhar em outras coisas. Manuela me conta outras coisas tristes :como os alunos estão agressivos, como não ouvem, como não respeitam.
E me diz que não quer mais trabalhar com educação, prefere turismo. Diz que não tem estrutura emocional para brigar tanto por alguma coisa. Enquanto falava isso ela tocava em seu coração e dizia, "eu não aguento".Prefere o trabalho na Pousada e quer seguir este caminho.
Decidimos juntas que ela fará uma pós em Turismo e Hotelaria.A Educação perde uma pessoa sensível,delicada, criativa, cheia de idéias. Uma pessoa lindíssima.Manuela ama dança e teatro. É uma pena imensa, mas eu a entendo. Os professores, muitos, estão desistindo e é a escola que precisa mudar. Não apenas uma ou outra escola , mas todo o sistema está equivocado.Se a escola fosse o que pensamos que deveria ser, um ambiente maravilhoso e criativo,um celeiro de idéias, se os professores fossem estimulados a criar e ganhassem excelentes salários, não desistiriam.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
CORA CORALINA
Ontem almocei com as minhas editoras e amigas Silvia Negreiros e Bia Hetzel. O gato da Bia, o Bem, depois de um ano sem me ver me reconheceu e foi carinhosíssimo comigo, conversamos muito. Ele gostou do cheiro das minhas gatas e não quis se despedir de mim, pois esteve todo o tempo na sala e quando fui embora , ao tentar me despedir dele, ele havia desaparecido. Recomendo com paixão os livros que a Manati está produzindo para o tablet. São MARAVILHOSOS! e custam apenas US1 cada um. Quem tem tablet não pode perder.
Recebí hoje da minha cunhada Maria Amália Kligerman um texto comovente que (diz o enunciado do texto) faz parte de uma entrevista. Parece ser verdadeiro, mas como não tenho a referência e a rede não é confiável, não posso jurar. Mas é uma lição de vida, de qualquer maneira:
"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice.
E digo prá você, não pense.Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada.Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!Sei que tenho muitos anos.
Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.
Você acha que eu sou?Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir."
(Cora Coralina)
Recebí hoje da minha cunhada Maria Amália Kligerman um texto comovente que (diz o enunciado do texto) faz parte de uma entrevista. Parece ser verdadeiro, mas como não tenho a referência e a rede não é confiável, não posso jurar. Mas é uma lição de vida, de qualquer maneira:
"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice.
E digo prá você, não pense.Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada.Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!Sei que tenho muitos anos.
Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.
Você acha que eu sou?Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir."
(Cora Coralina)
terça-feira, 25 de outubro de 2011
MEDITAÇÃO
Amanhã saio bem cedinho , às 5:25hs da manhã. Com o horário de verão ainda é noite. Vou para o Rio, para a Meditação com o grupo de mulheres da Helô. Amo a meditação que a Helô conduz - o healling. Saio feliz e renovada, apesar do cansaço da viagem.Além disso vejo amigas muito queridas, isso é uma grande felicidade.
Hoje terminei um livro novo para a ed. Rovelle, fiquei radiante com o resultado. Acho que os poemas ficaram muito bons. .Terminar um trabalho é uma mistura de alegria com orfandade, já que os poemas já existem e existem fora de mim! Que alcancem lugares longínquos...
Hoje terminei um livro novo para a ed. Rovelle, fiquei radiante com o resultado. Acho que os poemas ficaram muito bons. .Terminar um trabalho é uma mistura de alegria com orfandade, já que os poemas já existem e existem fora de mim! Que alcancem lugares longínquos...
NOTÍCIA MARAVILHOSA
Ontem Maria Clara, professora e poeta, leitora apaixonada, esteve aqui em casa no final da tarde e conversamos muito sobre educação. A escola hoje é medieval e não atende aos anseios dos jovens. Mas, diz ela, nas minhas Rodas de Leitura seis alunos vibram, seus olhos brilham, então sei que há esperança.
E hoje, quando abro minha caixa de correio, encontro a notícia maravilhosa que ela me enviou:
Paredes coloridas e limpas, canteiros com flores, livros espalhados pelos corredores, e, na entrada, o simpático recado: "Você está entrando em uma escola de leitores".
É o Centro de Educação Integrado 1º de Maio, uma escola municipal que está encantando alunos e pais pelo ambiente acolhedor e qualidade de ensino.
A escola fica em uma região em que se localizam três favelas violentas no Rio de Janeiro. Há pouco tempo, era um colégio que desagradava os moradores, mal cuidado e com poucas iniciativas para melhorar o ensino na região.
Tudo mudou em 2005, depois que a instituição passou a ser dirigida pela ex-servente escolar Sueli Gaspar, vitoriosa, após ter passado por quatro concursos públicos até chegar ao cargo de diretora-geral.
Sueli transformou a escola e a vida dos alunos. O estopim inicial foi reformar a escola de ponta a ponta.
"Um espaço de ensino bagunçado faz com que os alunos se sintam desvalorizados. Antes de pedir respeito, precisamos dá-lo. Depois da reforma, demos outro passo: ensinamos que a escola é de todos e precisa ser cuidada", conta.
Paralelamente às mudanças estruturais, a equipe de professores, coordenadores e diretores também buscou novas formas de melhorar a qualidade do ensino. Criaram algumas regras junto com os pais, como pontualidade no horário e presença em sala de aula todos os dias.
Também descobriram que não bastava oferecer as disciplinas básicas, como português, matemática e ciências. Logo, foram criadas aulas de reforço, oficinas com sucata, aulas de pipa, teatro, dança e poesia, salas de leitura confortáveis, brincadeiras de cantigas e ritual de relaxamento diário.
O resultado foi concreto: os alunos passaram a ter prazer de ir à escola e a instituição ficou em primeiro lugar dentre 750 escolas municipais do Rio de Janeiro, ao tirar a nota 8,1 na Prova Rio deste ano.
"Assim como a educação transformou minha vida, eu queria transformar a vida dessas crianças. E é isso que eu estou fazendo”, afirma Sueli.
Fonte: Revista Bons Fluidos / Planeta Sustentável / O Dia / Globo Educação
E hoje, quando abro minha caixa de correio, encontro a notícia maravilhosa que ela me enviou:
Paredes coloridas e limpas, canteiros com flores, livros espalhados pelos corredores, e, na entrada, o simpático recado: "Você está entrando em uma escola de leitores".
É o Centro de Educação Integrado 1º de Maio, uma escola municipal que está encantando alunos e pais pelo ambiente acolhedor e qualidade de ensino.
A escola fica em uma região em que se localizam três favelas violentas no Rio de Janeiro. Há pouco tempo, era um colégio que desagradava os moradores, mal cuidado e com poucas iniciativas para melhorar o ensino na região.
Tudo mudou em 2005, depois que a instituição passou a ser dirigida pela ex-servente escolar Sueli Gaspar, vitoriosa, após ter passado por quatro concursos públicos até chegar ao cargo de diretora-geral.
Sueli transformou a escola e a vida dos alunos. O estopim inicial foi reformar a escola de ponta a ponta.
"Um espaço de ensino bagunçado faz com que os alunos se sintam desvalorizados. Antes de pedir respeito, precisamos dá-lo. Depois da reforma, demos outro passo: ensinamos que a escola é de todos e precisa ser cuidada", conta.
Paralelamente às mudanças estruturais, a equipe de professores, coordenadores e diretores também buscou novas formas de melhorar a qualidade do ensino. Criaram algumas regras junto com os pais, como pontualidade no horário e presença em sala de aula todos os dias.
Também descobriram que não bastava oferecer as disciplinas básicas, como português, matemática e ciências. Logo, foram criadas aulas de reforço, oficinas com sucata, aulas de pipa, teatro, dança e poesia, salas de leitura confortáveis, brincadeiras de cantigas e ritual de relaxamento diário.
O resultado foi concreto: os alunos passaram a ter prazer de ir à escola e a instituição ficou em primeiro lugar dentre 750 escolas municipais do Rio de Janeiro, ao tirar a nota 8,1 na Prova Rio deste ano.
"Assim como a educação transformou minha vida, eu queria transformar a vida dessas crianças. E é isso que eu estou fazendo”, afirma Sueli.
Fonte: Revista Bons Fluidos / Planeta Sustentável / O Dia / Globo Educação
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
MOSTEIRO ZEN
Quando voltava de João Neiva entramos numa estradinha que levava ao Mosteiro Zen Morro da Vargem. O caminho era lindíssimo e chegamos, digamos assim, ao portal do Mosteiro. Um cartaz avisava que visitas só aos domingos e era sábado. Uma mulher veio nos atender e não nos deixou entrar. Fiquei tão triste que queria chorar, mas não houve jeito. A senhora me trouxe entao alguns postais lindos de papel reciclado , amarrados com um barbante especial e a partir destes postais e do que pesquisou na internet , Juan, meu marido, escreveu um artigo belíssimo sobre o Mosteiro em seu blog no El País com fotos maravilhosas. Os monges plantaram meio milhão de árvores e restauraram uma área imensa. Os pássaros voltaram.O Mosteiro recebe escritores e artistas que queiram paz para criar. Tenho minha casinha na montanha que é como um mosteiro, mas confesso que fiquei com muita água na boca.Sou apaixonada pelo zen budismo que é um caminho de vida.
domingo, 23 de outubro de 2011
JOÃO NEIVA
João Neiva é uma cidade bem pequena que nasceu há 110 anos a partir da Estação de Trem. Era um núcleo da Vale do Rio Doce. Hoje a Estação não existe mais e a locomotiva dorme no Museu do Trem que fui visitar e é lindo. Fiquei hospedada num hotel estranho e pitoresco, mistura de casa de família com albergue e no caminho para o café da manhã encontrei as samambaias choronas mais bonitas do mundo! Fui recebida por Tatiana Mai que é um feixe elétrico de entusiasmo. Deixei minhas coisas no hotel e fomos almoçar na Casa Brasil, um restaurante muito simpático na beira da estrada. Comi uma farofa capixaba inesquecível. Antes de chegar a João Neiva passamos pela entrada de um Templo Budista e fiquei com muita vontade de conhecer o templo.
A minha fala aconteceu num salão imenso onde estavam todas as instalações que as escolas fizeram para o Festival Literário da cidade e eram lindas. Haveria um jantar depois da nossa conversa e as professoras estavam sentadas em mesas para quatro pessoas. Eu teria que competir com queijinhos e azeitonas e o impulso que qualquer ser humano tem para conversar quando estão vários juntos em volta de uma mesa! Mas felizmente as pessoas me ouviram, era uma platéia maravilhosa, muito receptiva e estavam presentes o Prefeito e o Secretário de Educação que foram super gentis comigo.
Foi servido o jantar, delicioso. Foram sorteados muitos presentes, era uma homenagem ao Dia do Professor. Eu que nunca tenho sorte em sorteios desta vez fiquei surpresa: ganhei uma torradeira maravilhosa que estreamos hoje no nosso café da manhã!!!
Na volta para Vitória, fomos ao Templo Budista, mas não nos deixaram entrar, já que não era dia de visita. O lugar era tão lindo que tive vontade de sentar no chão e chorar de tanta decepção. Trouxe uns postais que me deram e Juan, meu marido , ficou tão apaixonado que a partir dos postais e do que pesquisou na internet, escreveu um blog para seu jornal, o El País, que será publicado amanhã.
O motorista me sugeriu, já que tinhamos tempo, que subissemos a serra até Santa Teresa e foi o que fizemos. Chovia e havia neblina. O caminho, sinuoso, era belíssimo e a pequena cidade é linda mesmo, com uma praça toda florida, com um coreto super antigo. Cristina, a professora que era nossa carona, pois estava indo a Vitória visitar a avó de 96 anos, foi uma guia excelente. Paramos na padaria para tomar café e descemos a serra. Meu voo foi perfeito e a casa me esperava, Juan me eserava, as gatas me esperavam...Vanda, nossa caseira, fez um almoço lindo e Arnaldo e Gisela, nossos amigos taxistas ficaram para almoçar.
A minha fala aconteceu num salão imenso onde estavam todas as instalações que as escolas fizeram para o Festival Literário da cidade e eram lindas. Haveria um jantar depois da nossa conversa e as professoras estavam sentadas em mesas para quatro pessoas. Eu teria que competir com queijinhos e azeitonas e o impulso que qualquer ser humano tem para conversar quando estão vários juntos em volta de uma mesa! Mas felizmente as pessoas me ouviram, era uma platéia maravilhosa, muito receptiva e estavam presentes o Prefeito e o Secretário de Educação que foram super gentis comigo.
Foi servido o jantar, delicioso. Foram sorteados muitos presentes, era uma homenagem ao Dia do Professor. Eu que nunca tenho sorte em sorteios desta vez fiquei surpresa: ganhei uma torradeira maravilhosa que estreamos hoje no nosso café da manhã!!!
Na volta para Vitória, fomos ao Templo Budista, mas não nos deixaram entrar, já que não era dia de visita. O lugar era tão lindo que tive vontade de sentar no chão e chorar de tanta decepção. Trouxe uns postais que me deram e Juan, meu marido , ficou tão apaixonado que a partir dos postais e do que pesquisou na internet, escreveu um blog para seu jornal, o El País, que será publicado amanhã.
O motorista me sugeriu, já que tinhamos tempo, que subissemos a serra até Santa Teresa e foi o que fizemos. Chovia e havia neblina. O caminho, sinuoso, era belíssimo e a pequena cidade é linda mesmo, com uma praça toda florida, com um coreto super antigo. Cristina, a professora que era nossa carona, pois estava indo a Vitória visitar a avó de 96 anos, foi uma guia excelente. Paramos na padaria para tomar café e descemos a serra. Meu voo foi perfeito e a casa me esperava, Juan me eserava, as gatas me esperavam...Vanda, nossa caseira, fez um almoço lindo e Arnaldo e Gisela, nossos amigos taxistas ficaram para almoçar.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
JOÃO NEIVA
Estou saindo agora para o Rio, vou dormir na casa do meu irmão onde me recebem como rainha e amanhã bem cedinho vou para Vitória e depois para João Neiva.Tenho um encontro com professores.
Recebo de Silvane, a Diretora da E.M.Herman Muller, em Joinville um artigo que saiu no jornal A Notícia:
20 de outubro de 2011.
NOME DE FLOR
Uma hemerocale em homenagem à poetisa
Flor desenvolvida em Joinville vai levar o nome da escritora Roseana Murray.
As pétalas são vermelhas, em um tom aproximado ao cor-de-rosa. O amarelo também chama a atenção, junto ao verde do caule. A hemerocale é do jeito que a poetisa carioca Roseana Murray, de 61 anos, gosta. Colorida e apaixonante, assim como suas poesias. A flor criada em Joinville ganhará o nome da escritora que já possui 60 títulos publicados. A homenagem partiu de um grupo de crianças do bairro Pirabeiraba. A homenagem será no dia 15 de novembro.
Por enquanto, um jardim encantado, com poemas da autora está na Escola Hermann Müller, de Pirabeiraba. O espaço cultivado na unidade tem como objetivo educar as crianças por meio da natureza. Com sementinhas que eles trazem de casa e que eles mesmos plantam, os alunos descobrem os nomes das plantas, aprendem a ler e a preservar o meio ambiente. Para dar um toque ainda mais lúdico, a diretora da escola, a pedagoga Silvane Aparecida da Silva, coloca poesias e poemas em placas espalhadas pelo jardim.
No ano passado, a escritora esteve em Joinville para participar do evento que a escola realiza todo ano: o Café, Flor e Poesia. Ao escutar as crianças recitarem seus poemas, em frente ao “jardim encantado”, Roseana não conteve as lágrimas. “Toda minha estadia (em Joinville) esteve embrulhada em cheiro de bosque”, comentou a escritora em seu blog. A ligação entre ela e a escola, este ano, ficou ainda maior.
“Todos os anos, a empresa Agrícola da Ilha, que desenvolve flores em Joinville, cria uma hemerocale e homenageia com o nome de uma pessoa. Convidamos os responsáveis para escutar um pouco da poesia na voz das crianças. E sugerimos que eles homenageassem Roseana Murray”, explicou a diretora Silvane. A ideia, para felicidade das crianças, foi prontamente atendida pela Agrícola da Ilha. A escritora virou uma bela flor.
Neste ano, a planta ainda não floriu. Ela revelará suas pétalas e suas cores somente no final do mês. O auge da floração será em novembro, quando a própria Roseana estará em Joinville para receber a homenagem. “Acaba de me acontecer uma coisa extraordinária: em novembro, serei transformada em flor, mais precisamente uma hemerocale, um daqueles maravilhosos lírios coloridos”, comentou a escritora, quando recebeu a notícia.
Recebo de Silvane, a Diretora da E.M.Herman Muller, em Joinville um artigo que saiu no jornal A Notícia:
20 de outubro de 2011.
NOME DE FLOR
Uma hemerocale em homenagem à poetisa
Flor desenvolvida em Joinville vai levar o nome da escritora Roseana Murray.
As pétalas são vermelhas, em um tom aproximado ao cor-de-rosa. O amarelo também chama a atenção, junto ao verde do caule. A hemerocale é do jeito que a poetisa carioca Roseana Murray, de 61 anos, gosta. Colorida e apaixonante, assim como suas poesias. A flor criada em Joinville ganhará o nome da escritora que já possui 60 títulos publicados. A homenagem partiu de um grupo de crianças do bairro Pirabeiraba. A homenagem será no dia 15 de novembro.
Por enquanto, um jardim encantado, com poemas da autora está na Escola Hermann Müller, de Pirabeiraba. O espaço cultivado na unidade tem como objetivo educar as crianças por meio da natureza. Com sementinhas que eles trazem de casa e que eles mesmos plantam, os alunos descobrem os nomes das plantas, aprendem a ler e a preservar o meio ambiente. Para dar um toque ainda mais lúdico, a diretora da escola, a pedagoga Silvane Aparecida da Silva, coloca poesias e poemas em placas espalhadas pelo jardim.
No ano passado, a escritora esteve em Joinville para participar do evento que a escola realiza todo ano: o Café, Flor e Poesia. Ao escutar as crianças recitarem seus poemas, em frente ao “jardim encantado”, Roseana não conteve as lágrimas. “Toda minha estadia (em Joinville) esteve embrulhada em cheiro de bosque”, comentou a escritora em seu blog. A ligação entre ela e a escola, este ano, ficou ainda maior.
“Todos os anos, a empresa Agrícola da Ilha, que desenvolve flores em Joinville, cria uma hemerocale e homenageia com o nome de uma pessoa. Convidamos os responsáveis para escutar um pouco da poesia na voz das crianças. E sugerimos que eles homenageassem Roseana Murray”, explicou a diretora Silvane. A ideia, para felicidade das crianças, foi prontamente atendida pela Agrícola da Ilha. A escritora virou uma bela flor.
Neste ano, a planta ainda não floriu. Ela revelará suas pétalas e suas cores somente no final do mês. O auge da floração será em novembro, quando a própria Roseana estará em Joinville para receber a homenagem. “Acaba de me acontecer uma coisa extraordinária: em novembro, serei transformada em flor, mais precisamente uma hemerocale, um daqueles maravilhosos lírios coloridos”, comentou a escritora, quando recebeu a notícia.
LANÇAMENTO EM CASA
Ontem nosso lançamento dos livros Poemas para ler na Escola, ed. Objetiva e Falando com as Estrelas, ed.Paulinas, foi umas das vivências mais impressionantes da minha história como autora.
Preparei tudo, duas mesas com os pães que fiz, os queijos, os vinhos. Uma na varanda e outra na sala. Não fazia idéia de quanta gente viria. As primeiras professoras chegaram devagarinho, umas cinco. E de repente foi como uma onda gigantesca e perfeita: foi chegando gente e mais gente e mais gente. Tenho que agradecer o belo trabalho de divulgação que a Secretaria de Educação fez do nosso encontro, ao Valdinei e Ana Paula,pois acho que tinhamos no mínimo umas 120 pessoas. Vieram quase todos os amigos , veio a Prefeita Franciane, a Secretaria de Educação em peso, o ex Prefeito Peres, nosso Procurador poeta Chico, membro do Clube de Leitura. Todos entrelaçados . o Professor Robledo leu um poema, a professora Rosiléia leu um trecho do livro do Juan, para isso subiram numa cadeira e todos fizeram silêncio para ouvir. Abri 15 garrafas de vinho! A noite estava lindíssima, sem chuva e sem vento. Evelyn, minha irmã, sentada numa mesinha, vendeu 65 livros! E a grande surpresa: veio Miriam, da editora Rovelle e todo o pessoal da editora! Vieram do Rio apenas para o evento e voltaram ontem mesmo.. Trouxeram duas cestas lindíssimas de frutas, um código secreto para o livro que estou escrevendo para eles e que já está quase pronto.Tânia e Dodora vieram de Araruama, Maria Clara não pode vir, mas passou antes e comprou um monte de livros para dar de presente no natal.
Foi como se uma chuva de estrelas tivesse coberto nossa casa . Agradeço a cada um a bela presença.
Preparei tudo, duas mesas com os pães que fiz, os queijos, os vinhos. Uma na varanda e outra na sala. Não fazia idéia de quanta gente viria. As primeiras professoras chegaram devagarinho, umas cinco. E de repente foi como uma onda gigantesca e perfeita: foi chegando gente e mais gente e mais gente. Tenho que agradecer o belo trabalho de divulgação que a Secretaria de Educação fez do nosso encontro, ao Valdinei e Ana Paula,pois acho que tinhamos no mínimo umas 120 pessoas. Vieram quase todos os amigos , veio a Prefeita Franciane, a Secretaria de Educação em peso, o ex Prefeito Peres, nosso Procurador poeta Chico, membro do Clube de Leitura. Todos entrelaçados . o Professor Robledo leu um poema, a professora Rosiléia leu um trecho do livro do Juan, para isso subiram numa cadeira e todos fizeram silêncio para ouvir. Abri 15 garrafas de vinho! A noite estava lindíssima, sem chuva e sem vento. Evelyn, minha irmã, sentada numa mesinha, vendeu 65 livros! E a grande surpresa: veio Miriam, da editora Rovelle e todo o pessoal da editora! Vieram do Rio apenas para o evento e voltaram ontem mesmo.. Trouxeram duas cestas lindíssimas de frutas, um código secreto para o livro que estou escrevendo para eles e que já está quase pronto.Tânia e Dodora vieram de Araruama, Maria Clara não pode vir, mas passou antes e comprou um monte de livros para dar de presente no natal.
Foi como se uma chuva de estrelas tivesse coberto nossa casa . Agradeço a cada um a bela presença.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
LANÇAMENTO
Hoje é o lançamento, aqui em casa, dos nossos livros Poemas para ler na Escola e Falando com as estrelas. Trabalho desde cedo para fazer a produção dos pães e pastinhas, Juan já fez as tortillas e já arrumei a casa para o evento. Não chove e isso é muito bom! Não sei quanta gente virá, acho que muita gente, amigos, professores, a Secretaria de Educação. Torçam por mim.Amanhã conto tudo.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
EM ALGUMA PARTE ALGUMA
EM ALGUMA PARTE ALGUMA, o maravilhoso livro de poesia do Ferreira Gullar ganhou o Pêmio Jabutí. Gullar é o meu poeta estrela-guia, sou apaixonada por seus poemas.
A PLANTA
haverá mesmo tanta
diferença
entre mim e a planta
do vaso da sala?
Ao que se percebe
ela é verde
e não fala
Pode ser que ouvido
melhor que o meu
ouça-lhe a voz da seiva
a irrigar-lhe o caule
Ao contrário de mim
(forma pronta)
a planta
se multiplica em folhas
que ela
a cada dia puxa
de si
(do ventre)
como sabres
feito um jogador
a exibir seus naipes
in Em Alguma parte alguma, Ferreira, Gullar, Ed. José Olympio.
A PLANTA
haverá mesmo tanta
diferença
entre mim e a planta
do vaso da sala?
Ao que se percebe
ela é verde
e não fala
Pode ser que ouvido
melhor que o meu
ouça-lhe a voz da seiva
a irrigar-lhe o caule
Ao contrário de mim
(forma pronta)
a planta
se multiplica em folhas
que ela
a cada dia puxa
de si
(do ventre)
como sabres
feito um jogador
a exibir seus naipes
in Em Alguma parte alguma, Ferreira, Gullar, Ed. José Olympio.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
RESISTÊNCIA
Aqui em casa somos resistentes: não temos carro, já que não precisamos, só trocamos alguma coisa na casa quando realmente não dá mais para consertar, só compramos o que necessitamos de verdade. Tentamos não deixar que a sociedade de consumo nos manipule ou esmague. Mas o grande dilema é como pensar o mundo sem a sociedade de consumo. O que se coloca no lugar para que continue havendo desenvolvimento? Há que haver uma alternativa ao modelo de mundo em que vivemos, já que somos 7 bilhões de habitantes no planeta Terra e os recursos são finitos. É impossível pensar na equação um adulto-um carro, por exemplo.Há que pensar alternativas para todo o nosso modo de vida . Muitas soluções já existem e são gritantes, como por exemplo reaproveitar os resíduos, o lixo é grande riqueza, transporte coletivo de qualidade, praças com muito verde, reflorestamento em áreas devastadas. Mas os políticos não querem ver as soluções, já que pensam apenas num período pequeno, pensam curto e apenas em votos e ganhos. O mundo não acompanha o mundo. Estamos numa encruzilhada. Ou o futuro será muito diferente da vida como vivemos hoje, ou simplesmente não haverá futuro.
domingo, 16 de outubro de 2011
COISAS OCULTAS
Ando com muita vontade de reeditar uma agenda que fiz em 1995. É lindíssima e não perdeu a validade. Foi Mariana, a leitora dançarina que passou alguns dias em nossa casa, quem me deu a idéia. Fazia anos que eu não a folheava. Agora, com a agenda nas mãos, vejo que no dia 6 de janeiro escrevi um poema e ele não cabia inteiro na página do dia 6 e eu continuei na página do dia 7:
COISAS OCULTAS
Há um poço oculto
posso sentir sua água
em minhas mãos
o peso da sua água
entre meus dedos
a corda que canta
quando ao relento
se diz a palavra
concha.
Há uma estrada oculta
minhas mãos podem
sentir seu chamado
o musgo que cresce
em suas beiradas
tênue promessa de voo.
Dentro da noite
imóvel
adivinho o coração
das pedras.
Eu poderia ter escrito o poema hoje, mas escreví em 1995. Mudei muito mas minha poesia não mudou. É como se fosse o fio que me sustenta.
COISAS OCULTAS
Há um poço oculto
posso sentir sua água
em minhas mãos
o peso da sua água
entre meus dedos
a corda que canta
quando ao relento
se diz a palavra
concha.
Há uma estrada oculta
minhas mãos podem
sentir seu chamado
o musgo que cresce
em suas beiradas
tênue promessa de voo.
Dentro da noite
imóvel
adivinho o coração
das pedras.
Eu poderia ter escrito o poema hoje, mas escreví em 1995. Mudei muito mas minha poesia não mudou. É como se fosse o fio que me sustenta.
sábado, 15 de outubro de 2011
MANIFESTAÇÕES
Hoje, 15 de outubro, Indignados de todo o mundo pedem mudanças em todas as áreas. São 952 cidades de 85 países.É mais do que um grito, é um clamor. Antecipam um mundo sem fronteiras, realmente aberto para todos, sem passaportes e sem as imensas crueldades e diferenças sociais. Antecipam um mundo com mais compaixão e cuidado com o outro, o diferente. Pela primeira vez na Espanha, Madrid e Barcelona se unem.Pela primeira vez no mundo há um protesto global.
Os nossos conceitos estão velhos. Direita e esquerda não existem mais . Teremos que inventar novas palavras para o mundo que desejamos. As palavras que saem da boca dos políticos estão mortas como pássaros mortos. Nossos políticos estão vazios, não nos representam. Hoje tenho orgulho de ser humana.
Os nossos conceitos estão velhos. Direita e esquerda não existem mais . Teremos que inventar novas palavras para o mundo que desejamos. As palavras que saem da boca dos políticos estão mortas como pássaros mortos. Nossos políticos estão vazios, não nos representam. Hoje tenho orgulho de ser humana.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
CONVITES
Hoje saí por aí distribuindo convites para o lançamento dos nossos livros dia 19. Entreguei ao dono da papelaria. Ao rapaz do correio. Ao taxista que nos atende. Ao vizinho que se mudou para a rua alguns meses atrás. Ao dono da farmácia.Ao dono do supermercado da esquina. Sou apaixonada pela vida da cidade do interior onde muitos nos conhecem e tenho a sensação de viver na década de 50 quando era criança e o bairro inteiro era a minha casa. Também adoro sentar no ponto do õnibus (aqui em Saquarema os ônibus demoram uma eternidade para chegar)e ouvir as conversas.Hoje uma mulher contava que seu filho quase morreu com uma uva, ficou entalada na garganta e felizmente conseguiram retirá-la.E, dizia ela, pior ainda são as maçãs, perigosíssimas. O ônibus chegou, subimos no ônibus e até o final da minha viagem ela enumerava os perigos de cada fruta.Mas não tenho medo de uvas e no nosso lançamento espalharemos uvas na mesa junto com os pães e os queijos.
Convidei nosso amigo e grande poeta Salgado Maranhão recebí uma resposta maravilhosa que divido com vocês:
Que luxo, meus queridos, com certeza será um encontro lindo, regado a poesia e afeto. Mas eu ainda estou nos Estados Unidos, onde tive a alegria e a honra de participar de uma mesa redonda, na Brown University, em torno da traducão do meu livro, Sol Sanguineo, para o ingles. Neste momento, Roseana, estou hospedado, com meu tradutor, numa cidade universitaria do estado de NY, e comentei com ele sobre a sua obra, acho que vou abrir uma porta para sua bela poesia nesta terra. Boa sorte a voce e a Juan, Salgado Maranhao.
O Movimento dos Indignados se espalha pelo Brasil. Até que enfim!
Convidei nosso amigo e grande poeta Salgado Maranhão recebí uma resposta maravilhosa que divido com vocês:
Que luxo, meus queridos, com certeza será um encontro lindo, regado a poesia e afeto. Mas eu ainda estou nos Estados Unidos, onde tive a alegria e a honra de participar de uma mesa redonda, na Brown University, em torno da traducão do meu livro, Sol Sanguineo, para o ingles. Neste momento, Roseana, estou hospedado, com meu tradutor, numa cidade universitaria do estado de NY, e comentei com ele sobre a sua obra, acho que vou abrir uma porta para sua bela poesia nesta terra. Boa sorte a voce e a Juan, Salgado Maranhao.
O Movimento dos Indignados se espalha pelo Brasil. Até que enfim!
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
LUNA, MERLIN E OUTROS HABITANTES
Em Visconde de Mauá , depois de longos meses de seca, pude presenciar a chegada das águas com alguns temporais impressionantes. A orquestra dos sapos logo se põe em movimento, já que temos um belo lago onde, parece, eles dormiam o longo sono da ausência das chuvas. Do novo (antigo, pois é uma reedição)livro Luna, Merlin e outros Habitantes, copio o poema:
Sapos forram a noite
com seu canto,
tecem uma rede sonora
de embalar o sono.
São cantigas molhadas,
encharcadas de folhas e chuva.
Quando amanhece,
a luz engole
o canto dos sapos.
Recebo agora a linda notícia da Silvane, diretora da E.M.Herman Muller:
Nessa segunda-feira (10/10), aconteceu a abertura do Seminário de Turismo Pedagógico de Base Comunitária, evento promovido pela Fundação Turística de Joinville, com apoio da Secretaria Municipal de Educação e Ministério do Turismo. A abertura teve início com a apresentação de três alunas da Escola Municipal Hermann Müller, que declamaram versos de Roseana Murray, poeta que escreve para crianças e jovens e uma das mais importantes da atualidade.
Sapos forram a noite
com seu canto,
tecem uma rede sonora
de embalar o sono.
São cantigas molhadas,
encharcadas de folhas e chuva.
Quando amanhece,
a luz engole
o canto dos sapos.
Recebo agora a linda notícia da Silvane, diretora da E.M.Herman Muller:
Nessa segunda-feira (10/10), aconteceu a abertura do Seminário de Turismo Pedagógico de Base Comunitária, evento promovido pela Fundação Turística de Joinville, com apoio da Secretaria Municipal de Educação e Ministério do Turismo. A abertura teve início com a apresentação de três alunas da Escola Municipal Hermann Müller, que declamaram versos de Roseana Murray, poeta que escreve para crianças e jovens e uma das mais importantes da atualidade.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
CHEGADA
Cheguei em Saquarema cansada demais, foi muita emoção em Mauá. A emoção nos deixa esgotados, acho isso bastante estranho. E amanhã vou a Magé conversar com alunos em uma escola.
Dia 19 faremos, eu e Juan, um lançamento aqui em casa dos nossos últimos livros. É uma grande felicidade abrir a casa para a comunidade. Já penso nos preparativos. Serviremos queijos e vinhos e nossos pães caseiros.
Tenho tantas viagens pela frente que pareço uma cigana, viajo nas asas da minha poesia.
Escreví bastante em Mauá e gostei do resultado. Talvez em dezembro consiga terminar meu livro.
Receberemos em novembro alguns amigos das Canárias. Há no fundo do mar das Canárias uma erupção vulcânica que preocupa os cientistas. Estes nossos amigos são maravilhosos e talvez possam nos contar alguma coisa mais concreta.Estive em Lanzarote, em Palmas e na Isla Graciosa. São paisagens muito diferentes e o povo das ilhas é muito hospitaleiro. Tenho as melhores recordações destas viagens.
Dia 19 faremos, eu e Juan, um lançamento aqui em casa dos nossos últimos livros. É uma grande felicidade abrir a casa para a comunidade. Já penso nos preparativos. Serviremos queijos e vinhos e nossos pães caseiros.
Tenho tantas viagens pela frente que pareço uma cigana, viajo nas asas da minha poesia.
Escreví bastante em Mauá e gostei do resultado. Talvez em dezembro consiga terminar meu livro.
Receberemos em novembro alguns amigos das Canárias. Há no fundo do mar das Canárias uma erupção vulcânica que preocupa os cientistas. Estes nossos amigos são maravilhosos e talvez possam nos contar alguma coisa mais concreta.Estive em Lanzarote, em Palmas e na Isla Graciosa. São paisagens muito diferentes e o povo das ilhas é muito hospitaleiro. Tenho as melhores recordações destas viagens.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
COQUETEL
Estou aqui, em Visconde de Mauá, na casa-loja-atelier da minha irma Evelyn Kligerman, para o coquetel de inauguração às 11hs da manhã. Depois de uma noite magnífica de lua-cheia, de madrugada o tempo virou e choveu torrenciamente durante horas. O tempo está feio, mas pelo menos parou de chover. Espero que o tempo feio não espante as pessoas e que a chuva traga sorte.
Estes dias na minha casinha dentro do bosque foram maravilhosos. Escreví muitos poemas.
Salvador, meu amigo de juventude veio me visitar e contou que agora tem uma televisão em preto e branco para os dias de chuva e uma colorida para os dias de sol! Sua luz é toda de energia solar.Quando há sol a TV colorida funciona, mas quando o tempo está encoberto, só mesmo em preto e branco.
Amanhã desço às 6hs da manhã e é uma longa viagem até Saquarema. Volto cheia de árvores por dentro.
A inauguração foi um sucesso total!!! Mais de 100 pessoas e uma energia maravilhosa enrolava a casa inteira, um novelo de luz.
Estes dias na minha casinha dentro do bosque foram maravilhosos. Escreví muitos poemas.
Salvador, meu amigo de juventude veio me visitar e contou que agora tem uma televisão em preto e branco para os dias de chuva e uma colorida para os dias de sol! Sua luz é toda de energia solar.Quando há sol a TV colorida funciona, mas quando o tempo está encoberto, só mesmo em preto e branco.
Amanhã desço às 6hs da manhã e é uma longa viagem até Saquarema. Volto cheia de árvores por dentro.
A inauguração foi um sucesso total!!! Mais de 100 pessoas e uma energia maravilhosa enrolava a casa inteira, um novelo de luz.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
CEDINHO DE MANHÃ
É muito bonito acordar aqui, na casa-atelier da Evelyn. A casa tem um quintal que vai até o rio. Na beira do rio há um muro de pedra onde se pode sentar. Do outro lado do rio há um bambuzal que se debruça na água.
É um milagre como ela conseguiu arrumar tudo tão rápido. A casa-atelier está deslumbrante.
Daqui a pouco vou para a minha casinha escondida dentro da mata. Levo o meu caderno de folhas ásperas para escrever meus poemas do Diário da Montanha. Espero que eles venham, pois como já disse em algum poema, são como pássaros desobedientes e amestrados.
Ontem à noite tomamos uma sopinha num café-livraria aqui ao lado.Que maravilha ter uma livraria ao lado de casa e com livros magníficos! Tomei um cálice de vinho e a sensação de paraíso percorria minha pele...
É um milagre como ela conseguiu arrumar tudo tão rápido. A casa-atelier está deslumbrante.
Daqui a pouco vou para a minha casinha escondida dentro da mata. Levo o meu caderno de folhas ásperas para escrever meus poemas do Diário da Montanha. Espero que eles venham, pois como já disse em algum poema, são como pássaros desobedientes e amestrados.
Ontem à noite tomamos uma sopinha num café-livraria aqui ao lado.Que maravilha ter uma livraria ao lado de casa e com livros magníficos! Tomei um cálice de vinho e a sensação de paraíso percorria minha pele...
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
VISCONDE DE MAUÁ
A minha história de amor com Mauá é muito antiga. Morei aqui na década de 70 e já contava histórias na Escolinha da Terra. Publiquei meu primeiro livro quando morava aqui em 1980, o Fardo de Carinho. Mauá é a fonte primeira da minha poesia.
Agora minha irmã, a ceramista e escultora Evelyn Kligerman se mudou para cá e a inauguração do seu ateliê será dia 11 às 11hs da manhã. Encontramos agora uma senhora na rua, Evelyn perguntou: _A senhora mora aqui? Ela respondeu que sim e quando a Evelyn a convidou para o coquetel ela falou que os números eram promissores, dia 11 às 11hs! Deve ser numeróloga.
Hoje durmo aqui , antes de ir para a minha casinha encantada dentro da bosque, A casa-loja-atelier da Evelyn está deslumbrante, nem sei como ela conseguiu arrumar tudo em tão pouco tempo. Lola, sua gata, já é a rainha da casa.
Estou feliz. Aqui estão minhas raízes, profundamente entranhadas na terra.Minha avó vivia no campo, na Polônia, e me sinto camponesa.
Juan Arias, meu marido, inaugurou seu blog no El País e se chama Vientos de Brasil. Hoje o seu post conta a visita das crianças de Duque de Caxias a Saquarema. Com a foto dos meninos na praia! A Escola Municipal pedro Paulo Silva está famosa!
Agora minha irmã, a ceramista e escultora Evelyn Kligerman se mudou para cá e a inauguração do seu ateliê será dia 11 às 11hs da manhã. Encontramos agora uma senhora na rua, Evelyn perguntou: _A senhora mora aqui? Ela respondeu que sim e quando a Evelyn a convidou para o coquetel ela falou que os números eram promissores, dia 11 às 11hs! Deve ser numeróloga.
Hoje durmo aqui , antes de ir para a minha casinha encantada dentro da bosque, A casa-loja-atelier da Evelyn está deslumbrante, nem sei como ela conseguiu arrumar tudo em tão pouco tempo. Lola, sua gata, já é a rainha da casa.
Estou feliz. Aqui estão minhas raízes, profundamente entranhadas na terra.Minha avó vivia no campo, na Polônia, e me sinto camponesa.
Juan Arias, meu marido, inaugurou seu blog no El País e se chama Vientos de Brasil. Hoje o seu post conta a visita das crianças de Duque de Caxias a Saquarema. Com a foto dos meninos na praia! A Escola Municipal pedro Paulo Silva está famosa!
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
RESENDE E ESTRELA NO GUIA
Hoje saí de Saquarema com a minha leitora Mariana, que veio participar do Clube de Leitura, bem cedinho. Fomos juntas até a Rodoviária do Rio. Vim para Resende e Mariana comprou sua passagem para São Paulo. Antes de subir no ônibus Mariana veio correndo atrás de mim e me entregou uma carta. A carta mais linda do mundo! Ela me conta da sua emoção em passar 4 dias na casa da sua poeta preferida. Mariana nos deixou encantados com a sua doçura e leveza. Deixou saudades. Volte sempre , Mariana!!!
Cheguei em Resende e meu filho André e minha nora Dani estavam me esperando. Marta, a mãe da Dani que agora mora aqui nesta bela casa-escola-de-gastronomia, fez um sukyaki fantástico.
André e Dani ganharam , pelo quarto consecutivo, uma estrela no Guia Quatro Rodas pelo maravilhoso trabalho que fazem no Babel Restaurante em Mauá. Eles seguem a linha do slow food e seus pratos são criações fantásticas. O sítio onde o Babel existe, é um verdadeiro parque, com uma vista inigualável , por isso, comer no Babel é uma experiência gastronômica e metafísica.
Hoje durmo em Resende e amanhã vou bem cedinho para Mauá. A minha felicidade em estar com André e Dani é tão grande que meu corpo é pequeno para carregá-la. Ela escapa e vira luz.
Cheguei em Resende e meu filho André e minha nora Dani estavam me esperando. Marta, a mãe da Dani que agora mora aqui nesta bela casa-escola-de-gastronomia, fez um sukyaki fantástico.
André e Dani ganharam , pelo quarto consecutivo, uma estrela no Guia Quatro Rodas pelo maravilhoso trabalho que fazem no Babel Restaurante em Mauá. Eles seguem a linha do slow food e seus pratos são criações fantásticas. O sítio onde o Babel existe, é um verdadeiro parque, com uma vista inigualável , por isso, comer no Babel é uma experiência gastronômica e metafísica.
Hoje durmo em Resende e amanhã vou bem cedinho para Mauá. A minha felicidade em estar com André e Dani é tão grande que meu corpo é pequeno para carregá-la. Ela escapa e vira luz.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
O DIÁRIO DA MONTANHA E PALESTINA
Amanhã vou muito cedo para Visconde de Mauá, para a minha casinha dentro da mata. Retomarei meu novo livro de poesias o Diário da Montanha, já passei da metade. Dia 11 é a inauguração do novo atelier da minha irmã Evelyn Kligerman. O Babel Restaurante fará um coquetel às 11hs da manhã e será deslumbrante. Voltarei dia 12. Nos primeiros dias tentarei escrever num cyber, pois no sítio não temos internet.
Um colega do ginásio, Jacques Gruman, me achou pelo site. Ele escreve uma crônica semanal e ontem a recebí. Transcrevo aqui no blog por se encaixar em tudo o que penso sobre a questão palestina:
Algumas bobinas, uns fios, base de papelão, sabe-se lá mais o quê. Montou-se um pequeno transmissor, primitivo, de pequeno alcance, e colocamos no ar as notícias que recebíamos dos mais velhos. Era junho de 1967 e a mais nova guerra no Oriente Médio, na verdade uma blitzkrieg israelense, faca na manteiga, não parava de excitar os estudantes do Hebreu Brasileiro. Adolescente, eu ajudava na locução (que alcançava, no máximo, alguns prédios vizinhos). Atenção, urgente: a aviação egípcia foi destruída em terra. Jordanianos são derrotados em Jerusalém e as tropas israelenses avançam sobre a Cisjordânia. Simulando um noticioso de verdade, nós, candidatos mambembes a Heron Domingues, ainda satirizávamos os intervalos comerciais. Uma loja de roupas masculinas muito conhecida na época, a Ducal, tinha um reclame com o refrão: Ducal, Ducal, Ducal. Transformamos em Ducairo, Ducairo, Ducairo. Tudo era festa para nós, que não tínhamos a menor ideia do que se passava a tantos quilômetros de distância.
Os tempos inocentes acabaram. Mal desconfiávamos que ali se gestava o agravamento da questão palestina. A fácil vitória militar jogou no colo dos israelenses a maior parte de um povo que não se deixaria colonizar sem resistência. Aos desterrados de 1948 se juntou uma imensa massa humana, pauperizada mas com identidade própria. Quiseram, desde sempre, negar-lhe direitos. A senhora Golda Meir chegou mesmo a dizer que não existia um povo palestino. Criaram o mito de uma ocupação benigna: nós os exploramos economicamente, asfixiamos culturalmente, expropriamos suas terras, destruímos seus campos, impomos barreiras físicas à sua movimentação, recusamos sua reivindicação nacional, reprimimos com brutalidade, mas... somos melhores que seus irmãos árabes, ah, isso somos mesmo. Ainda tem gente que acredita nisso. Ou se consola, o que dá tristemente no mesmo.
A opressão colonial, devastadora para os colonizados, sempre deixa sequelas no colonizador. Em recente debate, o cineasta Silvio Tendler contou uma conversa que teve em Israel com um colega palestino. Este apontou para o alto de alguns prédios, onde apareciam caixas d’água brancas e pretas. O palestino disse que as brancas eram de condomínios judeus, com abastecimento permanente. As negras eram de árabes, com abastecimento intermitente. Havendo escassez de água, os prédios com caixas brancas tinham prioridade no abastecimento. Disse também que, caso roubasse uma padaria, seria julgado por um tribunal militar. Se o ladrão fosse judeu, iria para um tribunal civil. Acrescentou que há bairros onde vigora uma proibição branca para árabes e lembrou que há estradas onde não se permite o trânsito de árabes. Silvio foi categórico: isso é racismo. Avigdor Liberman, atual Ministro de Relações Exteriores de Israel, chegou a sugerir uma lei que obrigasse os cidadãos árabes a jurarem lealdade ao Estado. Ideia fascista, que, felizmente, não foi adiante. Degradação a olho nu. Uma vigorosa tradição humanista, não rara em vários momentos da história judaica, maculada por esses efeitos colaterais do militarismo, da xenofobia, da opressão de outro povo e, em certos casos, do fundamentalismo religioso.
Quando foram expulsos da Península Ibérica, no século 15, muitos judeus levaram consigo as chaves de suas casas. Era, ao mesmo tempo, uma demonstração de pertencimento e esperança de que algum dia voltariam. Existem famílias que conservam as chaves até hoje. Situação parecida viveram famílias palestinas. Expulsas de seus lares em 1948, levaram as chaves. Das casas sobraram, quase sempre, apenas as fundações. Muitas aldeias árabes de antes de 1948 transformaram-se em povoamentos judaicos. Mesmo assim, avós mostram aos netos as chaves, que já não abrem portas, mas iluminam o drama da diáspora. Sou solidário com os expulsos de qualquer lugar, de qualquer época.
Agora, os representantes legítimos do povo palestino apresentaram à ONU o pedido de aceitação do Estado da Palestina como membro pleno. Pleito justo, pacífico e politicamente inteligente, merece o apoio de quem luta por um mínimo de justiça histórica no Oriente Médio. O novo Estado não deslegitima Israel, cuja existência em fronteiras seguras não está em questão. No atual estágio do conflito, não há alternativa sensata para a fórmula Dois Povos, Dois Estados, primeiro passo para que se crie, num futuro imprevisível, um clima desarmado e cooperativo. Somente a paz será revolucionária no Oriente Médio.
Se pudesse, voltaria ao transmissorzinho do Hebreu e completaria o noticiário. Um noticiário especulativo, do futuro, de sonho. Diria que espero viver o suficiente para ver um Estado de Israel integrado ao Oriente Médio e que não discrimine seus cidadãos pela origem étnica ou religiosa. Para ver os povos árabes comandarem seu destino, com democracia e sem a intervenção cínica e predatória dos imperialismos e seus aliados. Para ver o Estado da Palestina acolhendo seus filhos dispersos e construindo uma história de harmonia e desenvolvimento. Todos, absolutamente todos, sem a intromissão da religião no Estado e no rumo de sociedades socialistas, onde o homem deixará de explorar seu semelhante.
Amém.
Jacques Gruman
Um colega do ginásio, Jacques Gruman, me achou pelo site. Ele escreve uma crônica semanal e ontem a recebí. Transcrevo aqui no blog por se encaixar em tudo o que penso sobre a questão palestina:
Algumas bobinas, uns fios, base de papelão, sabe-se lá mais o quê. Montou-se um pequeno transmissor, primitivo, de pequeno alcance, e colocamos no ar as notícias que recebíamos dos mais velhos. Era junho de 1967 e a mais nova guerra no Oriente Médio, na verdade uma blitzkrieg israelense, faca na manteiga, não parava de excitar os estudantes do Hebreu Brasileiro. Adolescente, eu ajudava na locução (que alcançava, no máximo, alguns prédios vizinhos). Atenção, urgente: a aviação egípcia foi destruída em terra. Jordanianos são derrotados em Jerusalém e as tropas israelenses avançam sobre a Cisjordânia. Simulando um noticioso de verdade, nós, candidatos mambembes a Heron Domingues, ainda satirizávamos os intervalos comerciais. Uma loja de roupas masculinas muito conhecida na época, a Ducal, tinha um reclame com o refrão: Ducal, Ducal, Ducal. Transformamos em Ducairo, Ducairo, Ducairo. Tudo era festa para nós, que não tínhamos a menor ideia do que se passava a tantos quilômetros de distância.
Os tempos inocentes acabaram. Mal desconfiávamos que ali se gestava o agravamento da questão palestina. A fácil vitória militar jogou no colo dos israelenses a maior parte de um povo que não se deixaria colonizar sem resistência. Aos desterrados de 1948 se juntou uma imensa massa humana, pauperizada mas com identidade própria. Quiseram, desde sempre, negar-lhe direitos. A senhora Golda Meir chegou mesmo a dizer que não existia um povo palestino. Criaram o mito de uma ocupação benigna: nós os exploramos economicamente, asfixiamos culturalmente, expropriamos suas terras, destruímos seus campos, impomos barreiras físicas à sua movimentação, recusamos sua reivindicação nacional, reprimimos com brutalidade, mas... somos melhores que seus irmãos árabes, ah, isso somos mesmo. Ainda tem gente que acredita nisso. Ou se consola, o que dá tristemente no mesmo.
A opressão colonial, devastadora para os colonizados, sempre deixa sequelas no colonizador. Em recente debate, o cineasta Silvio Tendler contou uma conversa que teve em Israel com um colega palestino. Este apontou para o alto de alguns prédios, onde apareciam caixas d’água brancas e pretas. O palestino disse que as brancas eram de condomínios judeus, com abastecimento permanente. As negras eram de árabes, com abastecimento intermitente. Havendo escassez de água, os prédios com caixas brancas tinham prioridade no abastecimento. Disse também que, caso roubasse uma padaria, seria julgado por um tribunal militar. Se o ladrão fosse judeu, iria para um tribunal civil. Acrescentou que há bairros onde vigora uma proibição branca para árabes e lembrou que há estradas onde não se permite o trânsito de árabes. Silvio foi categórico: isso é racismo. Avigdor Liberman, atual Ministro de Relações Exteriores de Israel, chegou a sugerir uma lei que obrigasse os cidadãos árabes a jurarem lealdade ao Estado. Ideia fascista, que, felizmente, não foi adiante. Degradação a olho nu. Uma vigorosa tradição humanista, não rara em vários momentos da história judaica, maculada por esses efeitos colaterais do militarismo, da xenofobia, da opressão de outro povo e, em certos casos, do fundamentalismo religioso.
Quando foram expulsos da Península Ibérica, no século 15, muitos judeus levaram consigo as chaves de suas casas. Era, ao mesmo tempo, uma demonstração de pertencimento e esperança de que algum dia voltariam. Existem famílias que conservam as chaves até hoje. Situação parecida viveram famílias palestinas. Expulsas de seus lares em 1948, levaram as chaves. Das casas sobraram, quase sempre, apenas as fundações. Muitas aldeias árabes de antes de 1948 transformaram-se em povoamentos judaicos. Mesmo assim, avós mostram aos netos as chaves, que já não abrem portas, mas iluminam o drama da diáspora. Sou solidário com os expulsos de qualquer lugar, de qualquer época.
Agora, os representantes legítimos do povo palestino apresentaram à ONU o pedido de aceitação do Estado da Palestina como membro pleno. Pleito justo, pacífico e politicamente inteligente, merece o apoio de quem luta por um mínimo de justiça histórica no Oriente Médio. O novo Estado não deslegitima Israel, cuja existência em fronteiras seguras não está em questão. No atual estágio do conflito, não há alternativa sensata para a fórmula Dois Povos, Dois Estados, primeiro passo para que se crie, num futuro imprevisível, um clima desarmado e cooperativo. Somente a paz será revolucionária no Oriente Médio.
Se pudesse, voltaria ao transmissorzinho do Hebreu e completaria o noticiário. Um noticiário especulativo, do futuro, de sonho. Diria que espero viver o suficiente para ver um Estado de Israel integrado ao Oriente Médio e que não discrimine seus cidadãos pela origem étnica ou religiosa. Para ver os povos árabes comandarem seu destino, com democracia e sem a intervenção cínica e predatória dos imperialismos e seus aliados. Para ver o Estado da Palestina acolhendo seus filhos dispersos e construindo uma história de harmonia e desenvolvimento. Todos, absolutamente todos, sem a intromissão da religião no Estado e no rumo de sociedades socialistas, onde o homem deixará de explorar seu semelhante.
Amém.
Jacques Gruman
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
DOIS POEMAS
Pepito, meu cunhado poeta, fez um poema para os dois irmãos do livro, mas não nos contou. Achei o poema quando todos já tinham ido embora e o publico aqui. Pepito tem tradição andaluza e a poesia para ele é música, corre fácil em suas veias:
DOS HERMANOS
Si los hermanos se matan
y el odio corre en sus venas
no hay nada que los detenga
y nunca habrá paz en su casa
bulle la sangre en venganza
y todo acaba en peleas.
Los devoran los de "afuera"
como diria Martin Hierro
y el odio construye infiernos
donde el amor debió estar
nunca entre ellos habrá paz
se jugaron odio eterno.
Pero también hay hermanos
que son hermanos de veras
que en las malas y en las buenas
se van a amar de verdad
pués para siempre correrá
la misma sangre en sus venas.
José de Arias Martinez
Mariana, minha leitora que veio de São Paulo para me conhecer, que fez 23 anos, que é dançarina, me trouxe um poema que escreveu para a minha poesia quando tinha 14 anos:

DOS HERMANOS
Si los hermanos se matan
y el odio corre en sus venas
no hay nada que los detenga
y nunca habrá paz en su casa
bulle la sangre en venganza
y todo acaba en peleas.
Los devoran los de "afuera"
como diria Martin Hierro
y el odio construye infiernos
donde el amor debió estar
nunca entre ellos habrá paz
se jugaron odio eterno.
Pero también hay hermanos
que son hermanos de veras
que en las malas y en las buenas
se van a amar de verdad
pués para siempre correrá
la misma sangre en sus venas.
José de Arias Martinez
Mariana, minha leitora que veio de São Paulo para me conhecer, que fez 23 anos, que é dançarina, me trouxe um poema que escreveu para a minha poesia quando tinha 14 anos:
domingo, 2 de outubro de 2011
CLUBE DE LEITURA E ANIVERSÁRIO
Hoje é o aniversário do meu filho Guga, que vive em Granada. Gostaria de aninhá-lo hoje, mas ele está longe. E o dia em que nasceu, hoje,pela lembrança, está perto. Morávamos numa chácara belissima, na Tijuca, no Rio. André, meu filho mais velho, me pedia exaustivamente um irmão. Foi ele quem escolheu o nome Gustavo. Assim como André é um nome aberto e amarelo, Gustavo é um nome lunar, prateado. O André, tão pequeno , adivinhou o irmão. Guga sempre foi felino, silencioso, filósofo, pensador, solitário.Nós dois podemos dividir o silêncio por horas a fio, então Guga diz alguma frase impactante e maravilhosa, para a gente saborear como uma fruta rara. Guga me deu muitos presentes inestimáveis, mas o maior , claro, foi o que fez com a Patrícia: meu neto Luis . Quem sabe o próximo aniversário do Guga já seja no Brasil, pois ele quer voltar. E eu, depois de sete anos , gostaria mesmo de ter meu filho morando aqui perto.
Ontem foi o nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela. Recebemos muitas pessoas maravilhosas pela primeira vez: Loló, médica do Nesa, a unidade de Adolescentes do Hospital Pedro Ernesto, Mariana, médica do Nesa também e Messias, nosso maior amigo, culto e interessante como Diderot. E recebemos minha leitora Mariana, que veio de ônibus de São Paulo só para me conhecer, pois, diz ela que é apaixonada pela minha poesia desde os 7 anos!e quis festejar aqui o seu aniversário. Angela voltou, veio do Rio, Felipe, Andreia e Cris, da Secretaria de Educação de Duque de Caxias, Francisco, Pepito, Hélio, grande advogado, mas sobretudo grande paisagista e amante das árvores, Fernando,Maria Clara, eu e Juan. Este o nosso grupo que se reuniu ontem para discutir o livro Dois irmãos do Miltom Hatoum e o Poema Sujo do Ferreira Gullar.
Juan abriu a conversa lendo um trecho do seu livro a Bíblia e seus Segredos. O trecho que fala de Caim e Abel. A partir daí mergulhamos na casa incestuosa e fechada, que apodrece aos poucos como a floresta , falamos do narrador tão misterioso, que parecia a sombra da sombra, já que um irmão é a sombra do outro. Mergulhamos nos cheiros, na escrita caudalosa, na personalidade das mulheres, na urdidura perfeita do romance.Falei do que disse Vera Tietzman, que um irmão é fogo, o outro é gelo. E o grupo se dividiu ; metade aceitava o Caçula como pai do narrador, a outra metade achava que a questão estava em aberto, era mistério.Messias falou sobre o que é o segredo para a psicanálise: tão terrível que não pode ser nomeado. Andréia acusou o Francisco de querer sempre um final bem claro! E Felipe, para nossa surpresa, amou o livro, já que quase nunca gosta dos livros indicados. Pepito, só descobrí depois , trouxe um poema sobre os dois irmãos, mas manteve o poema em segredo, que pena.
Mariana, minha leitora, perguntou se escolhí o Poema Sujo junto com os Dois Irmãos pela questão do exílio. Eu não havia pensado nisso, mas claro que a questão do exílio e muitas outras coisas unem os dois livros.Foi maravilhoso o que a discussão do poema nos trouxe: a força avassaladora da poesia. Hélio ia ler o trecho do poema escrito sobre a partitura do Villa Lobos, mas lembrei de como Maria Clara tem uma linda voz e ela cantou este pedaço do poema. Mariana leu um poema que fez sobre a minha poesia quando tinha 14 anos.Samuel, nosso caseiro que a tudo assistia, ficou tão inspirado, que ali mesmo, fez uma trova para a Vanda, sua mulher.
O almoço, comidinha bem brasileira, arroz, feijão mulatinho, abóbora, batatas assadas no forno, farofa de couve, foi um sucesso absoluto.
E o próximo encontro será no dia 3 de dezembro com o livro Equador, de Miguel Souza Tavares e O Menino que Carregava Água na Peneira, do Manoel de Barros .
Mariana é dançarina e no final da tarde, Manuela trouxe um CD de música árabe e Mariana dançou maravilhosamente bem para nós três tendo o mar sobre a melodia.
Ontem foi o nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela. Recebemos muitas pessoas maravilhosas pela primeira vez: Loló, médica do Nesa, a unidade de Adolescentes do Hospital Pedro Ernesto, Mariana, médica do Nesa também e Messias, nosso maior amigo, culto e interessante como Diderot. E recebemos minha leitora Mariana, que veio de ônibus de São Paulo só para me conhecer, pois, diz ela que é apaixonada pela minha poesia desde os 7 anos!e quis festejar aqui o seu aniversário. Angela voltou, veio do Rio, Felipe, Andreia e Cris, da Secretaria de Educação de Duque de Caxias, Francisco, Pepito, Hélio, grande advogado, mas sobretudo grande paisagista e amante das árvores, Fernando,Maria Clara, eu e Juan. Este o nosso grupo que se reuniu ontem para discutir o livro Dois irmãos do Miltom Hatoum e o Poema Sujo do Ferreira Gullar.
Juan abriu a conversa lendo um trecho do seu livro a Bíblia e seus Segredos. O trecho que fala de Caim e Abel. A partir daí mergulhamos na casa incestuosa e fechada, que apodrece aos poucos como a floresta , falamos do narrador tão misterioso, que parecia a sombra da sombra, já que um irmão é a sombra do outro. Mergulhamos nos cheiros, na escrita caudalosa, na personalidade das mulheres, na urdidura perfeita do romance.Falei do que disse Vera Tietzman, que um irmão é fogo, o outro é gelo. E o grupo se dividiu ; metade aceitava o Caçula como pai do narrador, a outra metade achava que a questão estava em aberto, era mistério.Messias falou sobre o que é o segredo para a psicanálise: tão terrível que não pode ser nomeado. Andréia acusou o Francisco de querer sempre um final bem claro! E Felipe, para nossa surpresa, amou o livro, já que quase nunca gosta dos livros indicados. Pepito, só descobrí depois , trouxe um poema sobre os dois irmãos, mas manteve o poema em segredo, que pena.
Mariana, minha leitora, perguntou se escolhí o Poema Sujo junto com os Dois Irmãos pela questão do exílio. Eu não havia pensado nisso, mas claro que a questão do exílio e muitas outras coisas unem os dois livros.Foi maravilhoso o que a discussão do poema nos trouxe: a força avassaladora da poesia. Hélio ia ler o trecho do poema escrito sobre a partitura do Villa Lobos, mas lembrei de como Maria Clara tem uma linda voz e ela cantou este pedaço do poema. Mariana leu um poema que fez sobre a minha poesia quando tinha 14 anos.Samuel, nosso caseiro que a tudo assistia, ficou tão inspirado, que ali mesmo, fez uma trova para a Vanda, sua mulher.
O almoço, comidinha bem brasileira, arroz, feijão mulatinho, abóbora, batatas assadas no forno, farofa de couve, foi um sucesso absoluto.
E o próximo encontro será no dia 3 de dezembro com o livro Equador, de Miguel Souza Tavares e O Menino que Carregava Água na Peneira, do Manoel de Barros .
Mariana é dançarina e no final da tarde, Manuela trouxe um CD de música árabe e Mariana dançou maravilhosamente bem para nós três tendo o mar sobre a melodia.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
LEITURA
Amanhã é o nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela. Discutiremos o livro Dois Irmãos do Miltom Hatoum e o Poema Sujo do Ferreira Gullar. Teremos gente nova no Clube, assim parece. Mariana, que vem de São Paulo! E Loló com uma amiga, médica que trabalha no Hospital Pedro Ernesto, na Unidade de Adolescentes.
Quando tive a idéia de fazer o Clube, pensei nos professores de Saquarema. Eles são minoria. Temos um advogado, um procurador, um bancário, uma contadora, professores da Secretaria de Educação de Duque de Caxias, um terapeuta alternativo e duas professoras de Saquarema. Claro que fico com pena, pois me chamam de todo o Brasil, ontem mesmo me chamaram para Vilhena, Rondônia, e abro minha casa aqui onde vivo e os professores não respondem ao meu convite. A casa continua aberta.
Quando estive esta semana em Petrópolis me perguntaram sobre o projeto Uma Onda de Leitura. O projeto anda bem, mas a Secretaria de Educação suspendeu os nossos Cafés Literários mensais. Eu oferecia um café na nossa varanda e recebia de 25 a 40 pessoas entre alunos e professores para uma Roda de Leitura. Entendo que a atividade supõe alguns problemas para a Secretaria: tirar os professores da sala de aula, vir até a minha casa. Mas é uma atividade extra curricular maravilhosa, é um passeio, há uma confraternização entre escolas diferentes. Talvez as pessoas precisem entender que a leitura de mundo, das ruas, também é leitura e retirar os alunos da escola para um passeio é muito frutífero.
Mas dia 19 de outubro faremos um lançamento de livros aqui em casa com queijos e vinhos, na varanda. A Secretaria de Educação vai passar os convites para as escolas e eu agradeço muito este gesto. Espero que os professores de Saquarema venham confraternizar com a gente.
Quando tive a idéia de fazer o Clube, pensei nos professores de Saquarema. Eles são minoria. Temos um advogado, um procurador, um bancário, uma contadora, professores da Secretaria de Educação de Duque de Caxias, um terapeuta alternativo e duas professoras de Saquarema. Claro que fico com pena, pois me chamam de todo o Brasil, ontem mesmo me chamaram para Vilhena, Rondônia, e abro minha casa aqui onde vivo e os professores não respondem ao meu convite. A casa continua aberta.
Quando estive esta semana em Petrópolis me perguntaram sobre o projeto Uma Onda de Leitura. O projeto anda bem, mas a Secretaria de Educação suspendeu os nossos Cafés Literários mensais. Eu oferecia um café na nossa varanda e recebia de 25 a 40 pessoas entre alunos e professores para uma Roda de Leitura. Entendo que a atividade supõe alguns problemas para a Secretaria: tirar os professores da sala de aula, vir até a minha casa. Mas é uma atividade extra curricular maravilhosa, é um passeio, há uma confraternização entre escolas diferentes. Talvez as pessoas precisem entender que a leitura de mundo, das ruas, também é leitura e retirar os alunos da escola para um passeio é muito frutífero.
Mas dia 19 de outubro faremos um lançamento de livros aqui em casa com queijos e vinhos, na varanda. A Secretaria de Educação vai passar os convites para as escolas e eu agradeço muito este gesto. Espero que os professores de Saquarema venham confraternizar com a gente.
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