terça-feira, 28 de março de 2017

HOMO DEUS

Estou nas cinco últimas páginas do livro HOMO DEUS de Yuval Noah Harari.
Se em Sapiens ele fazia todo o percurso da humanidade das cavernas até hoje, em Homo Deus é o nosso futuro, as suas possibilidades que ele aborda.
Na verdade já estamos vivendo nesse futuro e os caminhos que ele aponta como possibilidades
são apavorantes.
Nossa privacidade já acabou. Nossos dados são coletados e repassados. Google e Facebook já sabem quase tudo sobre nós..
Nossa interação com as maquinas é muito grande.
Passamos muitas horas por dia conectados, vivendo com amigos virtuais que não conhecemos pessoalmente, num mundo virtual. Como sou apreendida nesse mundo? São as minhas imagens que me constroem.
Hoje já temos medicamentos muito variados para mudar nosso  ambiente mental, nossos fluxos de consciência, nossos sentimentos.. Medicamentos para gerar felicidade e drogas para alterar o estado de consciência.
Nossos desejos já são manipulados.
As máquinas já tomam muitas decisões;
E no futuro há a possibilidade de que tomem todas as decisões. De que escolham totalmente os nossos desejos, os que devemos ter. Então liberdade e livre arbítrio já serão palavras sem função.
O que nos restará ? O que restará do humano em nós?
Mas o pior: a medicina genética poderá fabricar um outro homem com uma outra mente. Com uma expansão extraordinária das habilidades e da inteligência. Mas isso será para poucos.
E os que ficarem para trás?


segunda-feira, 27 de março de 2017

SETE SONHOS E UM AMIGO

Recebo um PDF com meu livro Sete Sonhos e Um Amigo. As ilustrações estão belíssimas.
Como descrever o que se sente quando se vê um trabalho finalizado? Difícil descrever.
Um certo frio na região do estômago, onde se acumulam, as emoções.
Quarta-feira entra na gráfica e deve estar pronto para o dia em que vou falar em Natal, dia 7 de abril.
Desde o Colo de Avó em 2015 que não tenho nenhum livro novo entre as mãos.

sexta-feira, 24 de março de 2017

ESCOLA EM BARCELONA

Hoje li uma matéria linda sobre uma escola de vanguarda que está chamando a atenção do mundo, em Barcelona.O Colégio se chama Joaquim Ruyra, está localizado num bairro complicadíssimo de imigrantes e seu IDEB (lá não se chama assim), é altíssimo, tão alto quanto o das melhores e mais caras escolas particulares.
E como conseguiram?
Porque a escola é em tudo diferente.
As classes ficam de portas abertas. Trabalham em grupos por 20 minutos (o que dura cada atividade) As aulas são divididas em atividades.
Tudo funciona como se fosse uma gincana. As matérias são dadas de outra maneira. O professor é parceiro e não aquele que sabe.O professor gosta de ser desafiado.
Cada grupo tem um monitor que não é professor. É alguém da família.
Pode ficar em pé, pular, fazer barulho. O estímulo à criatividade é total. Ninguém fica doido para ir embora ou para o recreio. Ficam doidos é para aprender! Para resolver as questões. Se pudessem dormiriam na escola.
A matéria saiu no jornal El Mundo no dia 18 deste mês.
É uma outra forma de ensinar. A escola, envolvendo as famílias, mudou as famílias. As famílias mudaram o bairro. O bairro se sente responsável pela escola, onde não há brigas entre os alunos, já que são todos parceiros.Um aluno ajuda o outro quando está com dificuldades. O método é interativo, de parcerias.
É uma escola com pouquíssimos recursos financeiros, mas com professores que adoram o desafio. E estão sabendo dos últimos descobrimentos da ciência em relação à aprendizagem.
Algumas coisas eu sempre soube.

Sem afeto, sem amor, não há aprendizagem.
Uma escola sem arte é prisão.
Amigos são o que há de mais importante dentro da escola.
Um ambiente lúdico, agradável é importantíssimo.
A leitura como os mais belos cavalos brancos puxando a carruagem.
Trabalhos em grupo, nada de carteiras arrumadinhas, um aluno atrás do outro.
Um certo caos criativo .
Família participando da escola.

A escola do nosso tempo não pode ser a escola do Século XIX.
E que a mudança venha de escolas públicas de periferia não me surpreende, só fortalece a minha crença de que se não fossem os bilhões roubados teríamos as melhores escolas públicas do mundo. Pois o nosso material humano é o que temos de melhor.
Aqui no Rio de Janeiro a E.M.Brasil é um exemplo. Fica em Olaria, não em Ipanema. Seu IDEB, invejável, é de 6.4
Seus alunos são leitores e pensam.

quinta-feira, 23 de março de 2017

PIO XII

Pio XII foi um Papa polêmico. Dizem que fechou os olhos para a situação dos judeus na era Mussolini, ou fez até mesmo um pacto com a Alemanha.
Mas Pio XII era o meu bairro de Madrid, quando morei lá por seis meses em 1997 com o Juan.
O bairro era lindo por dentro, cheio de casas. E o metrô Pio XII ficava ao lado do Supermercado Al Campo, que tinha os pães mais maravilhosos do mundo e uma menina que servia dizendo:
_ Más cositas, caballero?
Havia uma praça pertinho de casa e era para lá que íamos com o Rex, o setter inglês do Juan, todas as manhãs antes dele sair para trabalhar no jornal.
Nos seis meses que fiquei em Madrid, quase ninguém na praça falou comigo. Apenas um homem, o Felipe, um outsider total, ficou curioso e quis saber de onde eu era.
Ficamos muito amigos. Ele era desempregado e junto com a sua cunhada que havia sofrido um acidente e também estava desempregada, fazíamos um trio e tanto.  Ás vezes ele ia para a nossa casa depois que a cunhada nos encontrava na praça ( ela fazia fisioterapia) e tomávamos um café bem poético. Líamos poemas ou trechos de livros. Ela era francesa e eu amava poder falar em francês. Ou marcávamos um encontro e íamos para algum Museu à tarde ou simplesmente caminhávamos por Madrid. Ele me ensinou a andar olhando para o alto dos prédios.Quantos tesouros arquitetônicos lá no alto!
Eu sabia que não poderia viver na Europa. Isso era muito claro para mim. O povo brasileiro é único. Nós nos tocamos e nos abraçamos. Não posso viver sem isso.
Felipe virou um dos contos do meu livro Pequenos Contos de Leves Assombros , que está na Amazon, à venda como livro digital.E nos perdemos. Não sei seu sobrenome, não posso buscá-lo. Mas eu o vejo, tão bonito, tão sensível, tão desesperado.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                

quarta-feira, 22 de março de 2017

GENEALOGIA DE UM LIVRO

Na década de 90 escrevi um conto: Sete Sonhos e um Amigo.
Eu havia conhecido Mauricio Leite e me apaixonado por seu projeto das Malas de Leitura. Ficamos muito amigos, viajamos muitas vezes juntos pelo Proler.
Meu personagem então recebeu o nome de Mauricio.
Li o conto para o Rui de Oliveira. Nesta época éramos bem amigos e eu gostava de ficar no seu ateliê lá no Catete conversando com ele. Rui gostou muito, achou que os sonhos eram de iniciação, ritos de passagem. Ele me disse que gostaria de ilustrar, o grande Rui, sem nenhuma parceria comigo.
Isso não aconteceu. Consegui publicar o conto pela Ed. FTD, com ilustrações do Cárcamo, maravilhoso aquarelista chileno. Eu o conheci uma vez.
O livro não foi feito com cuidado pela editora. O papel era de segunda, a impressão péssima, essas coisas que acontecem na vida de um autor.
Faz algum tempo o livro foi retirado do catálogo.
E agora uma editora de Natal me pediu um texto.
Sempre quis reeditar este conto, mas ao reler, eu achei que ele precisava ser mudado.
Preservei os sete sonhos, mas refiz o resto.
Conservei o nome do Maurício, pois somos muito amigos até hoje e acrescentei a dedicatória. Esse livro dedico a ele.
Mas precisava de um sobrenome para o meu personagem e então busquei um amigo que mistura literatura e psicanálise. Pois os sonhos são a matéria prima com que o psicanalista irá trabalhar, além de tantas outras coisas. Não são muitos os psicanalistas que podem fazer essa mistura. Inclusive tenho indicado o William Amorim para Feiras , para que possa falar com propriedade sobre ficção e psicanálise, sobre poesia e psicanálise. Acho que trata-se de algo inovador.
Meu personagem ficou então com o nome de Maurício Amorim, misturei dois amigos, e está sendo ilustrado. Sairá pela Editora Comunique e estou muito feliz.

segunda-feira, 20 de março de 2017

OUTONO

Amo o outono. Que poeta não ama?
Passei um outono no Canadá em 1972.
Passei dois meses em Toronto.
Meu ex marido fazia um curso.
Eu quase enlouqueci de tanta beleza com os parques no outono. Com os esquilos comendo na mão da gente.
Amei o Canadá de paixão perdida. Teria ficado lá se pudesse. Vi uma Universidade dentro de um parque . Eu tinha 20 anos e sonhei um sonho assim: e se estudasse aqui? Fizesse literatura dentro deste parque?
Tentamos. Chegamos a pedir os papéis, mas a vida deu um nó cego e não pudemos ir.
Quem sabe o que teria acontecido se tivéssemos conseguido? Escreveria meus poemas em inglês? Seria uma poeta lida? Teria me separado e casado com um canadense ao invés de me casar com meu marido espanhol?  Meu segundo filho seria canadense...
O outono é a estação do se... das reticências...dos devaneios..


Chega o outono
com vento e chuva
e pincéis que tudo
apagam
quando as cores
se desmancham
em cinza e neblina.
O outono escreve cartas
ao coração,
estação de onde partem
os trens abarrotados
de poemas e suspiros,
amores abandonados,
folhas de cadernos
com sua caligrafia miúda,
que vieram
de outros tempos.
O outono diz aos poucos
os seus segredos.

sexta-feira, 17 de março de 2017

UMA SALA DE LEITURA EM ITABORAÍ

Ano passado fui "adotada" por Itaboraí, que tem um Projeto de Leitura maravilhoso. Fui lida por mais de 80 escolas, 31.000 crianças.
Hoje Prica Mota, minha amiga e professora em Itaboraí e Cabo Frio, foi tomar um café comigo e me contou que sua escola não tem uma Sala de Leitura. E seu sonho é uma Sala de Leitura. Torço para que a sua escola consiga.
Acho que um espaço de leitura numa escola é um luxo imprescindível. Com tapete, almofada e rede. Para que a criança associe a leitura ao aconchego, ao afago, ao melhor lugar do mundo.
Uma vez , na década de 80 fui trabalhar numa biblioteca numa favela, numa época em que se podia entrar na favela sem pedir permissão.
Fui com uma pessoa que ia contar histórias, mas não me lembro seu nome. Era uma Biblioteca Comunitária e a comunidade cuidava mesmo. Era uma casinha linda, com chão de vermelhão, muitas plantas, muitos paninhos bordados cobrindo as coisas, com cozinha e tudo. E com que orgulho me apresentaram a sua Biblioteca.
Na Biblioteca faziam festas de batizado, casamentos e etc. A Biblioteca era a menina dos olhos de todo mundo. E dava mesmo vontade de ficar ali, aconchegada, lendo.
Numa escola a Sala de Leitura tem que ser refúgio, oceano, horizonte e caverna. Tudo isso junto. E é lá que tem que pulsar o coração da escola.Toda Sala de Leitura deveria ter também um belo acervo para o professor. O que seria da escola sem um professor leitor?

quinta-feira, 16 de março de 2017

CAFÉ,PÃO E TEXTO

Como se forma um leitor?
Hoje tivemos um encontro aqui na Casa Amarela com jovens do nono ano da E.M.Gustavo Campos. Vieram a pé, com a Professora Sa Lima, da Sala de Leitura e o Professor Rafael. Por mim, caminhadas pela cidade deveriam fazer parte da grade. Para fotografar, para olhar e contar depois o que viram.
Dos dezoito alunos cinco se disseram leitores. E frequentadores da Sala de Leitura do Gustavo, que é muito boa.
E os outros treze?
Então algo precisa ser feito com urgência.
Esses jovens ano que vem irão para o Ensino Médio.
Acordei e antes de tomar café fiz um pão. Um jovem ficou emocionado e me contou que seu avô foi padeiro e fazia uma broa de milho maravilhosa.
Falamos sobre tantas coisas. Mas principalmente sobre o quanto temos que melhorar como seres humanos e o quanto e como a literatura pode ajudar.Uma das alunas leitoras contou o seu envolvimento com um romance. Foi muito bom ela ter contado sua própria experiência.
Li poemas. Falamos de identidade e desejos. Foi divertido, agradável, instigante.
Eles amaram o jardim e não queriam ir embora nunca mais!

quarta-feira, 15 de março de 2017

AS FOTOGRAFIAS DE GORIN

Monica Botkay é minha amiga desde 1973. Vivemos muita coisa juntas. Somos testemunhas de uma época.
Monica é em tudo especial. Foi na sua casa que fiquei um mês fazendo a recuperação da cirurgia na coluna em 2015.
Monica, para minha felicidade, tem uma biblioteca em francês. Sentada na sua varanda, numa casa antiquíssima no Rio de Janeiro, fui devorando livro por livro.
Monica é fotógrafa e me apresentou a Monique Malfatto, que foi paixão imediata. Monique faz um trabalho belíssimo em Gorin, Burkina Faso.
Fiz uma campanha no facebook para ajudar na construção de uma escola de educação infantil em Gorin.  Evelyn , minha irmã fez uma placa de cerâmica para a escola.
Agora Monica foi a Gorin e trouxe fotos maravilhosas das crianças mais belas do mundo.
E eu faço uma proposta publicamente para a Monica.
_Monica, quer fazer uma exposição comigo ? Eu faria um poema para cada foto.  

segunda-feira, 13 de março de 2017

FURACÃO

Foram todos embora depois do furacão de amor que varreu a casa. Ou seria um terremoto.
Hospedamos ao mesmo tempo filho, nora, neta e melhores amigos. Para o Clube de Leitura recebemos muita gente. De todas as profissões. Um Clube de Leitura assim com tanta gente diferente misturada é um celeiro maravilhoso de ideias e opiniões.
E já preparo o Café, Pão e Texto da quinta-feira, quando receberei a E.M.Gustavo Campos, a primeira escola onde comecei a colocar em movimento a minha oficina de leitura.
Por um ano trabalhei com alunos da oitava e nona séries, o que foi o começo de muita coisa.
Nesta quinta receberei alunos da nona série.
Quando estou envolvida com todos esses projetos de leitura e viagens para falar do poder da literatura, eu me sinto viva e pulsante. E mais do que tudo, me sinto útil e necessária.

quinta-feira, 9 de março de 2017

NATAL

Já tenho as passagens para Natal. Já tenho o título para a minha fala:
Livros na escola: Para mudar o coração da humanidade.
Já tenho confirmada a inauguração de uma biblioteca numa escola com meu nome.
Talvez consiga ter um livro novo publicado até lá.
E tudo isso ganhei de presente de uma maneira inesperada.
Saiu da caixinha de surpresas que é a vida.
Estarei em Natal dias 7 e 8 de abril.
E a bblioteca fica na E.M Sadi Mendes. Em Parnamirim

quarta-feira, 8 de março de 2017

DIA DA MULHER

Eu me casei em  1968. Com 17 anos.Tive um filho com 18. Eu me perdi de mim e não desejo a nenhuma mulher esse tipo de perdição.
Eu não sabia que caminho trilhar.Não consegui conciliar a minha vida interna com a vida externa.
Não dei conta de mim.
Por muitos anos tive um casamento machista e tradicional. A minha infelicidade era maior do que o mundo.
A poesia me salvou. A literatura me salvou. Ser leitora salvou a minha vida.
Para o Dia da Mulher desejo que toda e qualquer mulher consiga seguir o seu caminho, ouvir a voz do seu dom, que não se deixe humilhar. Que consiga conciliar dentro de si todas as mulheres que a habitam.

terça-feira, 7 de março de 2017

UMA ESTANTE E SUA FELICIDADE

A minha casinha da montanha é bem pequena. Era uma antiga casa de caseiros que foi modificada , mas sem perder seu ar de roça.
Tenho uma sala cozinha, com fogão de lenha, geladeira, tapetes e quadros.Não se parece em nada com uma cozinha.  Uma sala de reunir amigos, toda envidraçada. Chamei de Estação Família. Dois quartos minúsculos. Um banheiro também minúsculo. Solucionei o problema das roupas com uma arara, três prateleiras e uma cômoda na sala.
Mas não encontrava um lugar para uma estante de livros.
Então era uma produção. Cada vez levar livros e trazer de volta.
Eu quebrava a cabeça.
Então meu filho músico achou um lugar.A casa do caseiro foi construída sem lógica nenhuma, isso é uma delícia, eu adoro casas sem lógica, mas havia duas portas de entrada. Sem nenhum sentido. Uma pertinho da outra. Para não ter que fazer uma parede, tirei uma das portas e coloquei um vidro fixo. Ficou maravilhoso, pois trouxe luz para dentro. Ao lado do vidro fixo havia uma reprodução do Monet que ocupava toda a parede. Eu via aquela parede como um jardim.
E quebrava a cabeça.
Meu filho músico olhou para o quadro e disse: _ Mãe, vejo a estante no lugar do quadro.
Arrisquei. Bem rústica, construída ali mesmo, branca com um fundo azul. Ficou maravilhosa.
Agora é só encher de livros! Fico sentindo a felicidade que emana dos livros que ocuparão a estante.
Já separei vários para levar, livros que quero reler.

segunda-feira, 6 de março de 2017

TRABALHOS NOVOS

Volto de Mauá e uma pilha de obrigações burocráticas me esperavam. Vou destrançando essa pilha de papéis, pedidos, pagamentos, etc, como se penteia um cabelo embaraçado.
Mas entre uma coisa e outra escrevo um poema, finalizo um conto e claro, isso me produz sempre uma alegria selvagem.
O que não consigo é aumentar o número de visualizações, isto quer dizer leitores, dos meus e books, que estão gratuitos no meu site.
Como é que a gente conquista e seduz os leitores?
Essa é uma pergunta muito difícil de ser respondida.
Se você que está me lendo é professor ou professora, pode usar meus e books em suas aulas. De nono ano ao ensino médio. Mas também tenho um para crianças.
Eles são lindos. São objetos virtuais.