terça-feira, 30 de junho de 2015

UNI(r)VERSOS

Ontem fui a Bacaxá, o bairro de Saquarema onde se encontra todo o comércio. Fui ao contador fazer algo muito desagradável, um certificado digital que o governo inventou para tirar mais um pouquinho de dinheiro da gente. Para fazer uma inscrição e ganhar uma carteirinha, 370,00!
Mas seguindo a minha filosofia de vida, em cada momento tem que haver algo bom. Então me sentei na padaria Bela Bel para um pingado e fiquei ali olhando o movimento, vendo toda a gente passar. Vi o maluquinho que era meu amigo, mas ontem estava tão exaltado que passou por mim esbravejando e nem me viu. Durante anos ele passava por nossa casa e eu lhe dava um café com leite e pão com manteiga ou bolo e ficávamos conversando no portão as suas conversas sem nexo. Um dia ele me pediu uma camisa pois a sua realmente já estava bem esfarrapada. Fui até o armário do Juan e apanhei uma camiseta vermelha quase nova. Ele olhou, examinou e me devolveu dizendo: _"Não gosto de vermelho. Não tem azul?" E não levou mesmo a camiseta quase nova! Eu achei incrível.
Eu estava ali, sentada e divagando, fazia um solzinho bom, o pingado era tão bom, era tudo bom naquele momento. Aí chegou alguém perto de mim e me disse: "_ Eu sabia que ia te encontrar!"
Era o poeta Jota de Jesus, o poeta de Saquarema. Ele é um grande trovador e ganha todos os concursos. Nosso amigo Chico Peres, antes de ser vereador, isso é importante, pois não foi com dinheiro público, mas sim do seu bolso, financiou um livro para ele e se chama Uni(r)versos.
As trovas do Jota de Jesus são geniais. Ele é um filósofo em suas trovas. A poesia é a sua vida, o que ele respira e mastiga e é um andarilho, está em todos os lugares, com uma pasta de poemas inéditos e seu livro debaixo do braço.
REVELAÇÃO
Na fotografia
     sou aquele,
que o flash quase esqueceu.
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ACUADO
Não posso falar,
nem ouvir, nem calar...
cantar, sorrir, chorar,
   não posso!
O que fazer?
...sonhar!
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Se nada posso fazer
em relação ao destino,
que eu viva pensando ser
sempre um eterno menino.
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Ele parece mesmo um menino, tão franzino. Nos despedimos, ele seguiu seu caminho e eu ainda fiquei um tempo sentada, pensando.

Hoje vou para Resende ao encontro do meu filho, nora e neto. Amanhã subo para a montanha onde não tenho internet e na minha casinha nem o celular funciona.
Levo livros e a minha paixão pela montanha.
Vou desaparecer até o dia 16. Até a volta e de vez em quando me mandem um pensamento bom.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

FRUTOS DIÁFANOS

Recebo de presente o belo livro de poesia de Alfredo Garcia-Bragança.
Seus frutos diáfanos que nosso olhar atravessa e sua sombra, o que dá peso e consistência ao poema . A sombra da memória que todos carregamos, o invólucro dos nossos ossos, os gestos repetidos de algum antepassado, o que se viveu e que se leva nos bolsos feito migalhas de pão para alimentar os pássaros, para alimentar a vida.

O PESO DA MEMÓRIA

Carrego em cima dos ombros
o peso dessa memória
repleta de odores e
sabores do tempo e quando.

Carrego em cima dos ombros
o peso dessa memória:
ectoplasmas de pijama
andam nas ruas-lembranças.

Eu carrego nas retinas
o peso dessa memória:
nas esquinas do que eu fui
dessoterrados desejos.
Eu carrego nas retinas
o peso dessa memória:
olhares varrem quintais
do "paraíso perdido".

Eu carrego pela vida
o peso desa memória,
umbigo solto no mundo,
à espera de ser história.

in Frutos Diáfanos, Alfredo Garcia-Bragança, Obra premiada pelo Instituto de Artes do Pará, Prêmio Max Martins, INP
 

domingo, 28 de junho de 2015

MONIQUE&MONICA

Monique, minha nova amiga francesa, que chegou até a minha casa pelas mãos da minha grande amiga Monica, chegou para ficar, embora tenha partido hoje de volta para o Rio.
Monique faz o trabalho mais belo do mundo. Ela escolheu um país na Africa, Burkina Faso, neste país ela escolheu uma cidadezinha , neste lugar ela escolheu um povoado onde não existe nada, nem água nem luz, pouquíssima comida. Eles basicamente se alimentam de "mil", um cereal que não existe aqui.A pobreza é absoluta. Ela perguntou no povoado o que eles gostariam e ela ela tentaria recursos para fazer. Uma escola, eles responderam. Eles disseram que eram analfabetos e gostariam que seus filhos soubessem ler e escrever.
Ela voltou para a França , buscou associações e finalmente conseguiu recursos na Suíça.
A primeira escola foi construída. Agora ficou pronta a segunda escola.
As aulas são no idioma deles e quando já estão alfabetizados começam a estudar também em francês.
Monique passa três meses por ano neste lugar.
Depois da escola eles disseram que gostariam de ter algumas cabras.
Monique conseguiu recursos para comprar algumas cabras e construir seus cercados.
Ela fez uma campanha para as cabras e teve muito êxito.
Agora as crianças podem beber leite de cabra.
Agora Monique quer construir uma terceira escola para fazer um maternal.
Conhecer alguém assim é o maior presente que eu poderia receber.
Fazer alguma coisa pelo outro, doar algo do que temos para quem tem tão pouco, isso faz com que a vida realmente adquira um sentido.
Ela ficou encantada com a Escola de Magé , Magid Repani, que veio aqui para o Café, Pão e Poesia.  Ela contou a sua experiência para as crianças.
Conversamos muito e nós duas pensamos igual: não podemos mudar o mundo, mas podemos trabalhar no pequeno. Eu dei de presente para as crianças de Magé um dia maravilhoso para a sua memória. Cada criança foi tocada.  Monique conseguiu fazer uma escola num povoado perdido em Burkina Faso. Os adultos lhe disseram: Você salvou nossos filhos da escravidão. Agora eles sabem ler.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

VISITAS ESPECIAIS

Quase ao mesmo tempo, um ônibus escolar encostou hoje pela manhã na porta da minha casa e minha amiga Mônica também trazendo sua amiga francesa, a Monique.
Era a E.M.Municipal Prefeito Magid Repani, do Município de Magé, pelas mãos da professora Kátia. Todas as professoras eram maravilhosas, tão amorosas, cuidadosas, fantásticas.
Primeiro descemos todos ao jardim e contei para eles que o jardim magnífico que temos antes era um areal.
Depois, na varanda, no chão forrado com colchas e almofadas, nos bancos, era um jardim de crianças lindas.
Fiz com eles brincadeiras com poemas e finalizamos com o livro Carona no Jipe, depois da leitura eles me contavam para onde gostariam de ir. Muitos queriam ir para Londres, Paris, Barcelona, Rio e outros queriam voltar para Magé.
Aí a surpresa:   Monique, a francesa, trabalha três meses por ano em Burkina Faso na África. Num lugar muito remoto, sem água, sem luz, sem nada, na beira do deserto.
Ela foi para lá ajudar a fazer uma escola. E contou tanta coisa, a gente ia traduzindo. Contou que na época da grande fome as crianças comem apenas três vezes por semana.
Falou do trabalho na escola, como os pais lhe disseram que ela ajudou a tirar as crianças da escravidão. Falou da dignidade deles, de sua criatividade e beleza.
Contou as coisas mas emocionantes e nos mostrou fotos. E pediu para entrelaçar as duas escolas, a de Magé e a de Burkina Faso. Quer que as crianças de um país conheçam a do outro.
As crianças tomaram chocolate quente com bolo e sanduichinhos e biscoitos . Foram até o mar. A metade da turma não conhecia o mar.
Foi um dos encontros mais emocionantes do mundo.
Sorteei alguns livros, Juan autografou e ensinou algumas frases em espanhol para eles. Aprenderam a dizer bonjour!
Cada encontro é tão diferente do outro. E me deixa em estado de graça.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

ALEGRIAS

Conversava com meu  amigo Cristiano e minha irmã Evelyn em como está difícil sobreviver emocionalmente a tanta notícia ruim no Brasil e no mundo. Os dois me dizem : há que se agarrar nas pequenas alegrias com todas as forças, e nos amigos, para conseguir enfrentar essa onda de más noticias.
Claro que concordo. Amanhã recebo uma escola para um café da manhã no meu projeto Pão, Café e Texto, já tenho duas escolas para agosto e uma para setembro. Este projeto é uma das maiores alegrias da minha vida.
Dia 1 vou para a montanha virar árvore. Desligo de tudo. Fico 15 dias e estarei com filhos e netos. Muitos amigos prometeram me visitar.
Estar dentro de um pedaço de mata é sim a maior alegria da minha vida.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

DIRETORES E COORDENADORES

Pelas mãos do Valdinei e da Secretaria de Educação de Saquarema chegaram hoje de manhã, manhã de sudoeste e chuva, até a minha casa para um café da manhã, trinta e cinco coordenadores e diretores de Escolas Municipais. Tivemos que nos apertar na sala, era impossível ficar na varanda.
A mesa do café estava linda: A Secretaria triuxe canjica, bolo de fubá, bolo de aipim, paçoca. doce de leite... Puro São João.
Conversamos sobre muitos temas, foi muito bom. Desde intolerância religiosa até educação sexual na escola. Conversamos sem medo.
Li um texto da Bia Hetzel, a Fada da Literatura, li um conto do meu livro Exercícios de Amor, Lê ed.. Li um texto maravilhoso sobre educação, resumo de um dos tantos Congressos de Educação. Eram 10 pontos para uma educação de qualidade.
Mostrei como através de um conto se pode falar de prevenção de gravidez precoce e aids.
Algumas diretoras contaram lindas histórias de superação.
Terminamos com todo mundo se abraçando.
E embora até agora nenhuma escola tenha vindo participar do meu Café, Pão e Poesia, hoje uma escola daqui de Saquarema se inscreveu . Tomara que venha mesmo. Estes encontros são alimento para todos.

terça-feira, 23 de junho de 2015

TIC-TAC

Lucia Pellon, uma amiga virtual, foi ao Salão do Livro para me conhecer. Ela me disse que estudou no mesmo colégio que eu, no maternal. Talvez até na mesma sala.
Eu era muito pequena. Teria no máximo 4 anos. As minhas lembranças da escola são pura neblina.
Mas lembro que detestava ir para a escola e como tinha um diálogo constante com meu anjo da guarda, eu pedia que ele fizesse a babá esquecer o caminho. Mas ela nunca esquecia.
Às vezes meu irmão mais velho me levava de bicicleta. Eu repetia o pedido. Mas o meu anjo não ouvia e eu sempre chegava na escola.
Eu vomitava todos os dias na escola. Já tinha uma muda de roupa para trocar.
Não sei o motivo.  
Ainda bem que todos os medos e fragilidades transformei em poesia.
A criança tem um mundo imenso dentro de si, galáxias de sentimentos.
Acabei de reler Miguilim do Guimarães Rosa para o Clube de Leitura da Casa Amarela e acho que foi o livro que melhor conseguiu expressar esse emaranhado dos sentimentos infantis.
Agora estou profundamente mergulhada no Grande Sertão: Veredas . A leitora de vinte anos, quando li o livro,  é muito diferente da leitora de hoje.
Ontem me pediram para citar três livros preferidos. Não há tarefa mais difícil. Mas se eu fosse para os anéis de Saturno e só pudesse levar três livros...
Tic-Tac, a escola que desapareceu no começo da minha infância me diz como o tempo desaparece. Está dentro das mãos em concha, quero guardá-lo, tictac, ele se esvai.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

CHAVES PARA A FELICIDADE

Li um artigo tão bom no El País que vou copiá-lo aqui. Sei que nem todos conseguem ler em espanhol, mas com algum esforço dá para entender algumas coisas. Quem sabe a partir deste artigo o meu leitor ou a minha leitora ficam loucos de vontade de aprender espanhol? Aprender uma lingua é algo maravilhoso. Lá vai:

"Cada vez parece más claro que la nueva fiebre del oro no tiene que ver con hacerse millonario ni con encontrar la fuente de la eterna juventud. El tesoro más codiciado de nuestros tiempos es atesorar felicidad, un concepto abstracto, subjetivo y difícil de definir, pero que está en boca de todos. Incluso es materia de estudio en la prestigiosa Universidad de Harvard.
Durante varios años, algunos de los estudiantes de Psicología de esta universidad americana han sido un poco más felices, no solo por estudiar en una de las mejores facultades del mundo, sino porque, de hecho, han aprendido a través de una asignatura. Su profesor, el doctor israelí Tal Ben-Shahar, es experto en Psicología Positiva, una de las corrientes más extendidas y aceptadas en todo el mundo y que él mismo define como “la ciencia de la felicidad”. De hecho, sostiene que la alegría se puede aprender, del mismo modo que uno se instruye para esquiar o a jugar al golf: con técnica y práctica.

Aceptar la vida tal y como es te liberará del miedo al fracaso y de unas expectativas perfeccionistas
Tal Ben-Shahar, profesor de Harvard
Con su superventas Being Happy y sus clases magistrales, los principios extraídos de los estudios de Tal Ben Shahar han dado la vuelta al mundo bajo el lema de “no tienes que ser perfecto para llevar una vida más rica y más feliz”. El secreto parece estar en aceptar la vida tal y como es, lo cual, según sus palabras, “te liberará del miedo al fracaso y de unas expectativas perfeccionistas”.
Aunque por su clase de Psicología del Liderazgo (Psychology on Leadership) han pasado más de 1.400 alumnos, aún así cabría hacerse la siguiente pregunta: ¿Alguna vez se tiene suficiente felicidad? "Es precisamente la expectativa de ser perfectamente felices lo que nos hace serlo menos”, explica.
Estos son sus seis consejos principales para sentirse afortunado y contento:
1. Perdone sus fracasos. Es más: ¡celébrelos! “Al igual que es inútil quejarse del efecto de la gravedad sobre la Tierra, es imposible tratar de vivir sin emociones negativas, ya que forman parte de la vida, y son tan naturales como la alegría, la felicidad y el bienestar. Aceptando las emociones negativas, conseguiremos abrirnos a disfrutar de la positividad y la alegría”, añade el experto. Se trata de darnos el derecho a ser humanos y de perdonarnos la debilidad. Ya en el año 1992, Mauger y sus colaboradores estudiaron los efectos del perdón, encontrando que los bajos niveles de este hacia uno mismo se relacionaban con la presencia de trastornos como la depresión, la ansiedad y la baja autoestima.
2. No dé lo bueno por hecho: agradézcalo. Cosas grandes y pequeñas. "Esa manía que tenemos de pensar que las cosas vienen dadas y siempre estarán ahí tiene poco de realista".
3. Haga deporte. Para que funcione no es necesario machacarse en el gimnasio o correr 10 kilómetros diarios. Basta con practicar un ejercicio suave como caminar a paso rápido durante 30 minutos al día para que el cerebro secrete endorfinas, esas sustancias que nos hacen sentir drogados de felicidad, porque en realidad son unos opiáceos naturales que produce nuestro propio cerebro, que mitigan el dolor y causan placer, según detalla el entrenador de easyrunning y experto corredor Luis Javier González.
4. Simplifique, en el ocio y el trabajo. “Identifiquemos qué es lo verdaderamente importante, y concentrémonos en ello”, propone Tal Ben-Shahar. Ya se sabe que “quien mucho abarca, poco aprieta”, y por ello lo mejor es centrarse en algo y no intentarlo todo a la vez. Y no se refiere solo al trabajo, sino también al área personal y al tiempo de ocio: “Mejor apagar el teléfono y desconectar del trabajo esas dos o tres horas que se pasa con la familia”.
5. Aprenda a meditar. Este sencillo hábito combate el estrés. Miriam Subirana, doctora por la Universidad de Barcelona, escritora y profesora de meditación y mindfulness, asegura que “a largo plazo, la práctica continuada de ejercicios de meditación contribuye a afrontar mejor los baches de la vida, superar las crisis con mayor fortaleza interior y ser más nosotros mismos bajo cualquier circunstancia”. El profesor de Harvard añade que es también un momento idóneo para manejar nuestros pensamientos hacia el lado positivo, aunque no hay consenso en que el optimismo llegue a garantizar el éxito, sí le aportará un grato momento de paz.
6. Practique una nueva habilidad: la resiliencia. La felicidad depende de nuestro estado mental, no de la cuenta corriente. Concretamente, “nuestro nivel de dicha lo determinará aquello en lo que nos fijemos y en las atribuciones del éxito o el fracaso”. Esto se conoce como locus de control o 'lugar en el que situamos la responsabilidad de los hechos', un término descubierto y definido por el psicólogo Julian Rotter a mediados del siglo XX y muy investigado en torno al carácter de las personas: los pacientes depresivos atribuyen los fracasos a sí mismos, y el éxito, a situaciones externas a su persona; mientras que la gente positiva tiende a colgarse las medallas, y los problemas, “casi mejor que se los quede otro”. Sin embargo, así perdemos la percepción del fracaso como 'oportunidad', que tiene mucho que ver con la resiliencia, un concepto que se ha hecho muy popular con la crisis, y que viene prestado originariamente de la Física y de la Ingeniería, con el que se describe la capacidad de un material para recobrar su forma original después de someterse a una presión deformadora. "En las personas, la resiliencia trata de expresar la capacidad de un individuo para enfrentarse a circunstancias adversas, condiciones de vida difíciles, o situaciones potencialmente traumáticas, y recuperarse saliendo fortalecido y con más recursos”, afirma el médico psiquiatra Roberto Pereira, director de la Escuela Vasco-Navarra de Terapia Familiar"

domingo, 21 de junho de 2015

SALÃO DO LIVRO

Ontem tive uma grata surpresa no Salão do Livro. Era um sábado, dia em que as escolas estão ausentes do Salão, achei que não ia ter nenhum público. Mas, depois de um encontro muito feliz com a Carolina, minha editora da Rovelle, fui para o espaço de Encontro com os Leitores. Lá estava a Miriam, de coordenadora, foi ela quem me levou para a Rovelle, e eu a adoro. Comecei com umas poucas pessoas e de repente um sol inteiro entrou pela sala . Era uma escola de Duque de Caxias, onde tenho muitos leitores. Eram pré adolescentes e adolescentes e foi uma alegria só! Fizemos mil brincadeiras, eles eram maravilhosamente participativos.
Depois chegaram Bia Hetzel e Silvia Negreiros, minhas editoras amadas da Manati. Almoçamos juntas. Na saída do almoço encontrei o Rui de Oliveira, fomos grandes amigos no passado e não nos víamos desde muito tempo!
Ás 14 horas fui para o espaço dos autógrafos e a surpresa: muitos amigos foram me ver.
Monica Botkay, Cristiano e Ana, Lourdes de Oliveira e Stella Maris, a grande escritora! E como se não bastasse chegou a ilustradora do Colo de Avó, a Elizabeth Teixeira!
Foi uma festa. Nosso tempo se esgotou e fomos para o stand da Manati. Conheci várias amigas virtuais, uma professora de uma escola de Vassouras, que prometeu levar os alunos ano que vem até a minha casinha da montanha quando eu estiver lá, a Kátia que veio de Realengo só para me conhecer! a Elizabeth Caldas que é minha grande leitora...
Na hora de ir embora mais uma surpresa maravilhosa, uma pessoa que mora no meu coração, a CriCri, veio com os filhos para que eu os conhecesse!!! Moramos juntas nos anos setenta.
Enfim, voltei com a minha arca de tesouros transbordando. Obrigada todo mundo!

sexta-feira, 19 de junho de 2015

SESSENTA MILHÕES

Na Segunda Guerra Mundial morreram sessenta milhões de pessoas.
Ontem a ONU divulgou um número aterrorizante: cinquenta e nove milhões e quinhentas mil pessoas estão "deslocadas".  Trinta milhões são crianças.
Deslocadas quer dizer que estão refugiadas , estão em trânsito, vagando por aí, estão em situação provisória. Saíram de seus países, de suas cidades, de seus bairros, de suas casas.
São pessoas, não são um número. Estão fugindo das guerras, de perseguições étnicas, religiosas, fugindo de conflitos.
São pessoas como nós, como eu e você , precisaram deixar tudo para trás, fugir. São pessoas que viviam uma vida, brincavam, cozinhavam visitavam seus parentes, tinham sonhos, projetos. Tiveram que fugir.
Então a Segunda Guerra não ensinou nada.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

NÓS

Todos os dias acordamos para a vida. Não sabemos o que a vida colocará em nossa porta. Cada dia temos que impregnar as mãos em nosso poço interno de alegria e esperança para cumprir o dia.
O Brasil vive um momento duro, difícil, desesperança e desespero estão muitas vezes na mesa de cada um. Mas a vida é movimento, a Terra dança no céu, nada é para sempre. Dias melhores virão.
É uma questão de sobrevivência nos lembrarmos de que eu sou eu e o outro. Se não me esqueço disso, a delicadeza e a honestidade irão pautar a minha vida.
A arte nos salva e nos dá lições de humanidade. A poesia amplia nossas dimensões.

NÓS

Quando repentinamente
olhamos para trás
e nossos pés flutuam
sobre as pegadas
dos que nos antecederam
e nos sentimos a corda
de uma grossa cadeia,
aprendemos que tudo
que é o outro
somos nós.

in Cinco Sentidos e Outros, ed. Lê

quarta-feira, 17 de junho de 2015

FEIRA LITERÁRIA DE RESENDE

Voltei da Feira de Resende fortalecida , apesar dos bilhões que foram cortados da Educação.
A Feira era uma festa num espaço ótimo para as crianças, tinha um ar de quermesse e era uma Feira Literária com povo dentro. Todas as classes sociais misturadas e todos comprando livros!

Dança, teatro, contação de histórias, computadores interativos com histórias, shows de música e cada segmento de Resende estava representado em suas barraquinhas. Lá fora um ar de festa junina, gente da Cruz Vermelha pintando as crianças, salsichão, pipoca, cachorro quente, crianças correndo...
Assisti a um show com a obra do Vinicius , música e poesia, lindo de morrer, um show de hiphop espetacular, tive um encontro com um público atento num auditório feito sob medida, e a Feira fechou com chave de ouro: a Deusa Elisa Lucinda, que derramou poesia e beleza pelo Universo inteiro.
Tomara que as cidades continuem fazendo as suas Feiras Literárias apesar da crise. É um sopro de esperança num país machucado.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

PARA O DIA DOS NAMORADOS III

Namorado ou namorada é tudo de bom. Mas não precisamos ficar restritos a uma ideia preconcebida. Podemos namorar uma estrela, a lua, uma árvore, um cachorro, uma gata, uma rena, um boi, um cavalo... Namorar é derramar sobre o outro, humano ou não, um olhar amoroso.
Hoje termino de contar o meu conto da Maria, do livro Exercícios de Amor. Mas antes divido com vocês a primeira namorada do poeta Manuel Bandeira:

PORQUINHO-DA-ÍNDIA

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor no coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queri era estar debaixo do fogão..
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

_ O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.


MARIA (final)
 
   Ele conta: está separado. Passou por um período difícil, de depressão. Parecia que sua vida não passava de uma sucessão de desastres. Ele só poderia contar pessoalmente.
Mas, lá no fundo de tudo, havia um país ensolarado, uma jovem a quem dedicara tantos sonhos. Tudo isso dançava em sua memória quando ele queria afundar.
No fundo, ele sabia que podia reconstruir a vida.Então arriscara escrever sem saber se a carta chegaria ao destino. Era o endereço que tinha, numa caderneta velha, que sobrevivera intacta a todas as encruzilhadas.
   Quando seus pais morreram, Maria que morava sozinha depois de sua separação,voltou para a casa da infância. Às vezes esbarrava com ela mesma em algum cômodo da casa; a casa parecia uma arca de memórias. Mas era bom, sentia a presença dos pais, o seu amor. E agora estava aqui para receber a carta, como antigamente, o cheiro de céu no envelope.
   Maria queria ir para a rua e dançar na chuva. Era outra vez a menina do barco. Buscou o livro na estante: Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada. Nenhum poeta escreveu versos de amor tão magníficos como Neruda.
   Maria escreve: "Julian, venha, temos muitos anos para passar a limpo. A minha vida também foi uma sucessão de desastres. Ou uma espera. Mas os poemas do Neruda que você me ensinou a amar, sempre me acompanharam."
   E nem por um segundo o metrônomo deixou de partir o tempo, até que a sua carta, como aquele pequeno barco, atravessasse o mar e chegasse até as mãos de Julian, e até que sua resposta chegasse num dia de sol: "Sim, vou".
   E nem por um segundo o metrônomo deixou de partir o tempo até o dia em que, com a mão tremendo, Maria abriu a porta da casa para Julian, que era o mesmo e não era o mesmo. Fazia sol. E o sol brilhava nos olhos de Julian. Na rua, o jasmineiro desprendia um cheiro de amor que se esparramava pela casa como um presságio.
   Um beijo que tinha gosto de cordilheira, de pássaros selvagens abrindo caminho novamente em seu corpo, de um barco azul e branco, mudou novamente sua vida e a rotação da Terra.
 
in Exercícios de Amor, Lê Editora, Altamente Recomendável para Jovens




                                             
   

quinta-feira, 11 de junho de 2015

CONTINUAÇÃO DO CONTO MARIA

   Então Julian a beija, e é a inauguração de seu corpo, um beijo imenso e salgado, seu primeiro beijo.
   Na volta, sentados juntos no barco, ele promete que vai escrever, que vai voltar, que agora ela é a sua namorada. Ele pede aos pais um pedaço de papel e uma caneta e anota seu endereço; ele diz, "eu prometo", num tempo em que as cartas, com suas palavras escritas em papel, era a ponte que unia pessoas distantes.
   Quando o barco atraca e range, Maria desce e apresenta Julian e a família a seus pais. Então todos resolvem almoçar juntos, passar juntos o resto da tarde. Os pais de Julian são alegres, simpáticos, e o menino, o irmão, faz palhaçadas para ser notado. Maria nunca havia imaginado que um momento tão perfeito pudesse existir.
   Da estante de livros seus pais a olham numa moldura de conchas, jovens, belos e enigmáticos. Ela fala para eles em voz alta: depois de tantos anos, Julian escreveu outra vez.
   A volta para casa naquele dia distante foi uma mistura de sensações. Julian era um sonho? O beijo ainda latejava em sua boca.
   Um mês depois recebeu uma carta. Ele prometia não a esquecer. Havia um poema do Pablo Neruda do livro Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada. Maria entrou num curso de espanhol. E decidiu estudar literatura. De certa maneira, Julian forjou seu caminho.
   Mas, com o passar do tempo, as cartas foram se espaçando e Julian não voltou. Vieram outros beijos, outros encontros, um casamento que se desmanchou. Vieram alegrias e tristezas e nunca mais nenhuma carta. Nunca mais souberam um do outro.
   A chuva apertava. A carta, que ainda não foi aberta, lateja no colo, como um gato ou um filho. Ela abre a carta com cuidado, como um tesouro. A caligrafia, ela lembra, é a mesma, letras miúdas como pequenas mariposas. E ela pode ouvir sua voz, como se a carta fosse gravada

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                                          CONTINUA AMANHÃ

quarta-feira, 10 de junho de 2015

DIA DOS NAMORADOS

O Dia dos Namorados se aproxima. E quero lembrar que amor não é só de um homem por uma mulher ou de uma mulher por um homem. O amor assume as formas mais variadas e como disse o poeta, qualquer maneira de amar vale a pena.
E como disse Ítalo Calvino na epígrafe que usei em meu livro Exercícios de Amor, que retirei do livro O Dia de Um Escrutinador, Cia das Letras , " O humano chega aonde chega o amor, não tem fronteiras a não ser as que lhe damos."
Se o amor não tem fronteiras, toda forma de amor é lícita, só o desamor é ilícito. E quem ama não machuca, o amor precisa ser generoso para ser amor.
No meu livro de contos, cada um tem o nome de um personagem, homem ou mulher. E abordo com delicadeza muitas maneiras de amar.
O conto que escolhi para transcrever aqui como presente do Dia dos Namorados, e que irei dividir em três pedaços, é bem simples, singelo e fala de recomeço, de esperança, de chuva e de sol.  Fala de um amor que ficou latente, semente adormecida, o amor de um homem por uma mulher...

MARIA

   A chuva era uma cantilena que trazia ecos de um pátio da infância. Vozes perdidas enchiam a memória de cantigas de roda, mas nem por um segundo o metrônomo deixou de partir o tempo durante dias e meses e anos, até desembocar neste preciso instante onde Maria, com uma carta no colo, olha pela janela da sala os cacos de chuva, ao abrigo.
   Quando acordou nessa manhã de abril, ao descer para apanhar o jornal e a correspondência, não havia nenhum aviso no céu, além da chuva, do que estava para acontecer.
   Maria olha pela janela com a carta nas mãos e o que vê é um barco ancorado no cais, e ela, uma jovem menina, pronta para o passeio, enquanto seus pais lhe fazem mil recomendações. Eles a esperariam, na volta, no mesmo lugar.
   A carta traz um selo do Chile. E um nome: Julian. A doçura do nome esquecido em algum desvão da memória, oscila junto com o barco. Era um saveiro azul e branco e os turistas já se acomodavam prontos para a partida. Enquanto o barco se afastava naquela estrada de água clara, seus pais acenavam do cais e a família à sua frente falava espanhol. Um casal, um menino de uns oito anos e um rapaz de dezoito ou vinte.
   Sua rua é calma, as árvores suntuosas derramam verde na calçada.  O prédio é antigo, de três andares, construído na década de 50. Herança dos pais que morreram ano passado num acidente de avião. O bairro guarda certa inocência e a proximidade do mar, às vezes, traz um ar salgado e bom. Mas hoje traz saudades.
   O rapaz sorri para ela do banco em frente e, num átimo, senta-se ao seu lado. Eles conversam, cada qual em sua língua e, cada vez que ele fala, Maria estremece como se um vento desconhecido passasse por sua pele.
   O barco para numa pequena ilha e Julian a ajuda a descer. Sua mãe é doce e quente. Eles mergulham juntos no mar. Caminham até o final da praia abraçados.

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                                  CONTINUA AMANHÃ

terça-feira, 9 de junho de 2015

LIVROS PARA COLORIR

A Editora Manati, faz a seguinte chamada para o lançamento que farei do Colo de Avó, no dia 20 às 14 horas, no Salão do Livro Infantil e Juvenil, no Rio de Janeiro:

"Pessoal, olha que oportunidade in-crí-vel: UM LIVRO QUE JÁ VEM COLORIDO e não se propõe a salvar ninguém dos calmantes tarja-preta, com poemas de Roseana Murray , e a chance de ganhar um rabisco de quem mais importa (a autora predileta de milhões de brasileirinhos"

Não sou especialista em nada, mas gostaria de dar o meu palpite sobre este fenômeno editorial de colorir livros.
Façamos uma analogia: livros para colorir seriam eucaliptos. Livros de literatura, com letras, frases, histórias, poemas, estruturas de pensamento, seriam árvores frondosas da Mata Atlântica.
Acontece que metade das vendas de livros hoje são de livros para colorir para adultos.
Então no futuro teremos um deserto de eucaliptos.
Eu proponho:para cada livro de colorir que você comprar, compre dois de literatura. Só assim continuaremos seres pensantes.
Fabricar catedrais de pensamentos é um dos itens que nos faz humanos. Colorir é muito gostoso, assim como do eucalipto se faz papel, se acende uma bela fogueira, mas não se cria diversidade com eucaliptos,colorir é uma atividade lúdica que não inquieta. Mas acontece que temos que pensar senão o cérebro congela. Temos que entrar em outros, mundos, viver outras vidas para exercitar a empatia e a imaginação.
Acho o fenômeno muito preocupante. Espero que seja simplesmente uma onda passageira e que se esgote.
Aproveito para indicar o livro Uma Praça em Antuérpia, de Luize Valente, ed. Record. É seu livro de estreia e é muito bom. Não é para colorir.

domingo, 7 de junho de 2015

CAMINHADA

Retomo as caminhadas embora ainda não esteja bem, a virose grudou em mim!
Caminhar por dentro de Saquarema é uma dádiva imensa. A luz, os pássaros, a vegetação , as flores, as casinhas, entro num cenário idílico que deixa nas margens todos os horrores do mundo.
Penso: deveríamos oferecer às crianças, todos os dias, doses fartas de beleza, poesia, bem estar. Talvez assim o cérebro que é plástico, fosse se expandindo na direção do amor, como o girassol que busca o sol. É terrível vivermos imersos numa cultura tão violenta.
É como se houvesse uma rua com escombros, sangue, destruição, outra com sol e árvores maravilhosas.
Oferecer doses fartas de arte todos os dias nas escolas é escolher a rua maravilhosa.
O ser humano é feliz quando está criando. A sua auto estima cresce e ele consegue viver em outras dimensões.
Que todos os dias possamos exercer nossos melhores dons, descobrir a alegria simples de estarmos vivos.

sábado, 6 de junho de 2015

AMIZADE

Já li tantos ensaios sobre a amizade e no entanto, como é difícil explicar essa misteriosa forma de amor. Amigos para mim são sagrados, são bússola, âncora, arco-íris. São a rede no fundo do abismo, a aurora boreal dentro da noite escura. O primeiro mandamento para uma bela amizade, é a aceitação do outro. Do jeito que ele é. Nos momentos duros da vida os amigos verdadeiros ficam, os que não são verdadeiros fogem.  A qualidade do silêncio entre amigos é musical, é veludo. Um amigo sabe de mim apenas pelo tom da minha voz . Pela postura do meu corpo. Se um amigo me pedir a lua, vou tecer uma escada de vento para alcançá-la. Os amigos verdadeiros sabem as horas em que precisam estar presentes, eles possuem o dom da telepatia e da adivinhação . E como não poderia deixar de ser, escrevi muitos poemas sobre a amizade.

CORAÇÃO

Meu rosto se reconhece
na chuva e no vento,
as mãos se reconhecem
nas pedras, em seu silêncio denso,
os pés se reconhecem no barro,
nas folhas esmagadas e seu cheiro
de terra antiga,
meu coração se reconhece
na cantiga
de outro coração.

in Carteira de Identidade, Lê ed.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

A VOLTA

Voltei de Veneza exausta, mas mais do que isso, com febre e dor de cabeça. Acho que peguei a virose da minha enteada Maya e sua filha Kira. Passei dois dias de cama e estou revivendo aos poucos.
Tenho uma viagem na terça-feira para Resende - Mauá e espero me recuperar bem até lá. Na verdade atravessar um oceano não é atravessar um lago e todas as vezes em que fui a Europa voltei muito cansada.
Agradeço aos leitores que viajaram comigo. Escrever sobre Veneza é uma temeridade, afinal tantos escritores maravilhosos escreveram sobre a cidade , compuseram obras musicais , como Wagner que ficava temporadas em Veneza buscando inspiração.
No último dia pela manhã fomos novamente até a Fondamenta Nuove, onde os turistas quase desaparecem. É um dos meus lugares prediletos .
Viver em Veneza deve ser muito difícil, três venezianos nos disseram :" Para conseguir morar em Veneza tem que ser veneziano, ter nascido aqui." O primeiro era o dono de um prédio apart-hotel em Dorsoduro, fomos ver o apartamento de curiosidade e conversamos com ele sobre isso. O segundo era o cabeleireiro onde cortamos o cabelo ano passado e voltamos para um novo corte. Ele nos disse que é tudo tão difícil, que realmente... só tendo nascido aqui. E finalmente o terceiro foi o dono do restaurante em Rialto onde nos levou nosso amigo Paolo, o garçom da Taverna Maurizzio, junto com sua noiva russa Eugeniya. Ele nos disse que se pode até amar Veneza mas morar é muito difícil, tem que ter nascido em Veneza. Pronto, três depoimentos idênticos de gente local. Paolo, nosso amigo, detesta Veneza, ele é de Puglia e mora em Mestre, terra firme, ligada a Veneza por uma ponte. Trabalha em Veneza mas sonha em sair dali. Quanto voltávamos para o hotel depois do banquete que nos foi servido, o casal nos acompanhou até lá, já era mais de meia noite , havia uma lua maravilhosa, e Veneza parecia outra, vazia. Só no Campo Santa Marguerita havia uma multidão compacta de estudantes, não dava para passar, Ficam ali conversando, bebendo muito, e nossos amigos nos dizem que só há uma discoteca em Veneza, porque é proibido o som alto. E Paolo suspira e diz: "Só gosto de Veneza à noite" .
Chegar em Saquarema é tão bom, o jardim, o mar e as gatas nos abraçam. Nossos caseiros que tomaram conta da casa na nossa ausência com tanto amor, nos abraçam. E me sinto acolhida.