quinta-feira, 28 de junho de 2012

RAPOSA

Estou no atelier da minha irmã Evelyn Kligerman em Visconde de Mauá, em Maringá Minas, para olhar a correspondência. Na minha casinha não tenho internet.
Bia Hetzel, quando esteve na casinha me perguntou: "que bichos você vê por aqui?" Na verdade não vejo muitas coisas. Vejo jacus, tucanos, muitos pássaros, eu tinha um lagarto teiú que era meu amigo, sei que existem jaguatiricas, muitos outros bichos, mas eu não vejo. Mas depois da passagem da Bia pela minha casa eu vi:
ontem ao entardecer, estava sentada na varanda quando no jardim abaixo vi um vulto grande num tronco de árvore com bromélias. O vulto pulou para o chão e era pesado. Então foi andando para o bosque com toda a calma do mundo . Era do tamanho de um cachorro, bem peludo, tinha um rabo enorme e peludo e um focinho alongado. Na verdade o corpo parecia de um pequeno urso. Meu filho me disse que eu tive o privilégio de ver uma raposa que aqui chamam de cachorro do mato. Sei que a raposa foi enviada pela Bia!

Fui convidada pelo Sesc para João Pessoa em agosto. De lá vou direto para para Goiás Velho. estou radiante.

E agora só voltarei a escrever em Saquarema dia 3 de julho. Até lá.  

terça-feira, 26 de junho de 2012

LANÇAMENTO MÁGICO

O lançamento do meu livro Diário da Montanha foi totalmente mágico, fora da curva do tempo. Parecia uma irrealidade.
Bia Hetzel e Silvia Negreiros, minhas editoras, que construíram um livro belíssimo, eram os meus anjos da guarda. Evelyn Kligerman e Luis Mérigo, minha irmã e meu cunhado, esvaziaram a sala do atelier de cerâmica para que coubessem os músicos. Então era assim: do lado de fora do atelier havia um caminho de velas e um rio de luz. Algumas mesinhas com cadeiras no meio de belas esculturas. A noite estava fria.  Na entrada do atelier ficava o bar com os vinhos e se passava para a sala. Minha tia Alice sentada numa mesa antiga com uma pilha de livros e uma caixinha colorida para o dinheiro, toda produzida e linda nos seus mais de 80 anos, estava totalmente compenetrada na sua função de vendedora. O coquetel preparado pelo Babel Restaurante era estonteante, sofisticado e maravilhoso.Meu filho André Murray e minha nora Dani Keiko trabalharam muito para que tudo saísse perfeito. Dino, um violinista cigano, era o meu sonho personificado. Quando pensei em música , pensei num violino.  Ele tocava divinamente bem, um verdadeiro escândalo e tornava a atmosfera mágica, abria um portal para uma outra dimensão. As pessoas iam chegando, chegando, era um fluxo incessante e belo. Meus amigos do passado estavam quase todos aqui. Quando Dino tocou música cigana de repente estávamos dançando numa roda no meio da sala e ele emendou com música judaica e era tudo uma coisa só, afinal judeus e ciganos se abraçam. O Coral de Visconde de  Mauá, sob a batuta da Márcia Patrocínio cantou uma música para mim.
Elisa Lucinda que viria e leria alguns poemas me telefonou desejando felicidade , não poderia vir. Juan não pode vir. Messias e Kátia, meus grandes amigos médicos vieram e tiveram que ir embora no domingo por causa de uma emergência. Hélio e Fernando viriam, mas Hélio teve uma pneumonia. Angela Carneiro quebrou o pé e não pode vir, mas garanto que todos os ausentes estavam presentes. E também meus antepassados, e meu tio violinista na longínqua Polonia num tempo longínquo. Numa penteadeira antiga, na sala, uma foto dos meus pais colada num espelho. Todos presentes.
Agora o livro Diário da Montanha já existe .

terça-feira, 19 de junho de 2012

DENTRO DA MALA

Amanhã cedo vou para Mauá. Levo dentro da mala muitos sentimentos. Um pouco de ansiedade: será que as pessoas irão ao meu lançamento? Tenho um terror infdantil de que não apareça ninguém! Levo uma saudade imensa do meu filho e minha nora, da minha irmã ,da minha casinha, da beleza estonteante da montanha.
Meus grandes amigos Messias e Kátia já chegarão na sexta-feira e levo também na mala o sabor antecipado do nosso encontro. Juan chegará domingo, na véspera do lançamento e levará nossos caseiros Samuel e Vanda. Já reservei uma pousada para eles. Pena que meu filho Guga com sua linda família só chegará em setembro de Granada, quase que a família fica completa. Escreverei no blog quando estiver no atelier da Evelyn, pois no sítio não tenho internet.

Ontem a Roda de Leitura com os jovens da E.E Oscar de Macedo foi maravilhosa. O espaço do CACS é lindo e os 20 jovens gostaram do meu conto, participaram, foi muito descontraído o nosso encontro. Ficou com gosto de quero mais.

Silvane da E.M.Herman Muller em Joinville  me conta e me  manda fotos, está no blog da escola, que uma avó foi até o colégio ensinar aos alunos a fazer pão de batata. Esta é uma linda idéia. Copiem!!!

Afinal o que fica da Rio+20? Está aberto o debate.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

LEITURA DE UM CONTO

Hoje no final da tarde terei um encontro com adolescentes no CACS em Saquarema para ler um conto do meu livro Território de Sonhos. Tomara que a sala fique bem cheia. Tomara que eles gostem! A Telma Cavalcanti , que dirige o Círculo Artístico Saquarema tem atuado em muitas frentes e seu sonho seria trazer uma bela Feira de Livros para a nossa cidade, já até conversamos com o Salgado Maranhão que ajuda a organizar a Feira de Teresina, mas não há verba, é um evento caro, sonho para o futuro.

Hoje recebí meu livro Diário da Montanha. Ficou lindíssimo e agradeço as minhas maravilhosas editoras Bia Hetzel e Silvia Negreiros por tanto carinho. Estou pronta para o lançamento no dia 25 em Visconde de Mauá.

domingo, 17 de junho de 2012

BEIJA-FLORES

Hoje saberemos o futuro da Grécia, o futuro da Europa. A situação é muito grave. Meu filho ainda está morando na Europa e me conta coisas terríveis. Todos estão com muito medo. Como antídoto, para não deprimir,  busco a beleza. A beleza é de graça, basta saber olhar.
Beija-flores no jardim:

Beija-flores pendurados
nas flores
são coloridos
trapezistas
fazendo acrobacias
e distribuindo beijos.
No azul do dia
beija-flores
são beijos voadores.

in, Luna, Merlin e Outros Habitantes, ed. Miguilim

sábado, 16 de junho de 2012

ANJOS E HUMANOS

Adoro anjos. Li o livro Ângela e Antonio de Maria Helena Latini, ed. Nitpress, de rara beleza. Um anjo que cai na terra ou um louco que pensa que é anjo ou um ser etéreo e sensível? Antonio era um anjo ou pensava que era um anjo e tinha vagas lembranças de uma outra dimensão. Era jardineiro e músico, além de anjo. Caiu na terra por distração, por olhar demais para uma mulher, Ângela. A mulher o encontra vagando perdido pelas ruas e o recolhe. Eles se amam , mas há uma impossibilidade. Anjos e humanos não podem se amar. Não os seus corpos. Apenas suas almas. Numa prosa belíssima Antonio nos conta a sua história. Com poemas lindíssimos Ângela nos conta este encontro. Recomendo.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

POEMA VOADOR

Recebí o belo livro de poemas "haicaos" de Múcio Góes e Sandra Regina, ed. Limiar. O livro é um objeto precioso, cuidadíssimo e é bom ter algo tão bonito entre as mãos, capa e recheio.
Reproduzo um poema:

peguei um poema voador
peguei assim com a mão

como se o limite do voo
fosse o céu

como se o limite do céu
fosse o chão

Todos os poemas são pássaros e não sabemos onde irão pousar, aqui, ali, onde menos esperamos. São livres e não podemos controlar seu voo. Às vezes entram por debaixo da pele das pessoas e se misturam com seu sangue. 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

EQUILÍBRIO

Maria José , minha sobrinha que veio de Granada, hoje vive o seu último dia completo em Saquarema. Amanhã volta para a Espanha. Estes dias conversamos muito sobre o equilíbrio que é preciso buscar numa hora tão difícil como a que a Espanha está vivendo, onde os espanhóis estão constantemente com a sensação de um terremoto debaixo dos pés. Estão todos com muita raiva, com muito mau humor, defendidos contra o outro como se estivessem em guerra. É preciso encontrat o ponto de equilíbrio entre tantas forças antagônicas, tantas correntes submarinas dentro do ser. Há que se ter otimismo, apesar da crise, há que acreditar na força da arte e que é possível viver de outra maneira, voltar a um tempo mais simples. Ela nos diz que sai de Saquarema mais forte. Maria José e seu marido possuem uma terra onde cultivam hortas orgânicas. Formaram uma associação e em breve poderão vender seus produtos. Ela toca contrabaixo numa banda de rock onde seu marido é vocalista. Há muitas fontes de alegria na vida de cada um e em momentos difíceis é preciso encontrá-las. Menos às vezes é  mais.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

CONSUMO

O nosso mundo, o que conhecemos, se apoia num pilar corroído que certamente se não for mudado fará o mundo desabar: o consumo. De nada adiantará a Rio+20 se não houver uma mudança de mentalidade.
Esta é a encruzilhada do planeta, esta a rua sem saída. Para o mundo funcionar há que consumir e então temos todo o desastre atual. Não cabem mais carros nas ruas, mas há que vender carros. Não cabem mais roupas nos armários, mas a a cada estação a moda nos diz o que vestir e há que trocar tudo. Lembro das festas de aniversário dos meus filhos quando eram pequenos, tão singelas. Hoje há um aparato imenso para as festas infantis. A cada minuto o desejo de ter, de consumir joga os seres humanos numa tristeza imensa ou numa falsa alegria que dura um tempo muito pequeno. E como mudar?
Há que fazer um esforço e resistir.Há que andar do outro lado da rua, na contramão. Há que saber diferenciar os desejos verdadeiros dos falsos desejos e este é um longo caminho. O que é verdadeiro não pode ser comprado: amor, amizade, compaixão. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

PARA O DIA DOS NAMORADOS

Para o Dia dos Namorados 3 poemas:

LAGO

No lago dos desejos
teu corpo flutua.
Entrelaço teu nome
no meu,
trança mágica
com que me alimento.

GEOGRAFIA

Faça do meu corpo
o teu mapa,
teu continente perdido,
Atlântida de mistérios,
tua ilha nunca antes habitada.
Faça do meu corpo
teu porto e teu pequeno barco.
Faça do meu corpo tua carta,
tua secreta caligrafia,
tua estrela cadente.

CAMINHO

Teus olhos traçam uma estrada
de pedras enluaradas.
Aí caminho com os bolsos
cheios de música,
as mãos cheias de pássaros.
Em cada curva fabrico um sonho
e semeio dança.

in No Cais do Primeiro Amor, ed. Larousse com azulejos de cerâmica de Evelyn Kligerman.





segunda-feira, 11 de junho de 2012

MOINHO DO MUNDO

Segunda-feira: gira o moinho do mundo , nem a morte nem a vida escolhem os dias. Gira o moinho do mundo, tritura ossos e sentimentos e faz correr a seiva , a vida, a delicadeza. Todos os dias o amor.

Hoje acendemos o fogão de lenha, fogo com espuma do mar. Maria José, minha sobrinha andaluza, faz o almoço, uma comida da infância do Juan, para que se lembre. Seus pais eram professores na Espanha franquista, durante a guerra civil e se passava muita fome. Eram então as comidas, cada uma, celebrações.

Cada dia alguém me diz: vou poder ir ao seu lançamento em Visconde de Mauá. Ou vou tentar. Fico muito emocionada. Minha casinha na montanha me espera. Eu a ouço pulsar dentro da noite, quando me deito.

domingo, 10 de junho de 2012

CHUVA E SOL

A chuva apaga da memória
todos os dias de sol,
apaga as cores, e em minhas mãos
nascem rios de melancolia.
No fundo do armário um guarda-chuva
espera paciente por esta tarde,
ele me leva, antigo e desbotado,
por um mundo quase submerso.

No final da rua um arco-íris me espera...

in Poemas para Ler na Escola, ed. Objetiva

O azul já começa a rasgar uns pedaços de nuvem e o sol aparece e desaparece. Choveu muito aqui em Saquarema. Três dias seguidos. Mas agora já nos inunda uma outra luz. Não está descartada ainda a possibilidade de um arco-íris no final da rua, que no meu caso, se seguirmos em frente, é no horizonte.

sábado, 9 de junho de 2012

DEPOIMENTO

Gil, nossa leitora do Clube de Leitura da Casa Amarela, ontem passou aqui em casa para buscar a travessa onde trouxe uma mousse de amendoim em nosso último encontro. E quando já estávamos no portão me disse que agora lê sem parar, que a leitura abriu uma grande janela em sua vida, que ela enxerga tudo diferente e que até está com vontade de escrever poesia. Gil não era uma leitora. Em muito pouco tempo os livros já ocupam um espaço em sua vida. Acho que foi um dos depoimentos mais belos que já me deram de presente. Comecei a trabalhar com formação de leitores em 1990 com o Sesc e em 1994 fui trabalhar com o Proler até 1997 e aprendí muito. Li muito também sobre o tema da formação dos leitores e segui sempre a minha intuição. Frequentei algumas Rodas de Leitura no CCBB organizadas pela Suzana Vargas e aprendi muito com ela.
Uma vez a Suzana me convidou para fazer uma Roda de Leitura  no CCBB para crianças. Eu teria que escrever um conto inédito e escreví Babel, Um Conto de Natal, que está no meu livro Pequenos Contos de Leves Assombros, ed. FTD. Foi uma experiência absolutamente impactante: eu tinha uma platéia cheia de crianças , umas 300 ou 500, não sei, e todas as que sabiam ler acompanhavam o conto em silêncio absoluto com a sua cópia na mão! No final faziam fila no palco para contar suas experiências com os seus bichinhos. Ouvi muitas histórias tristes e ali os pequenos leitores encontraram um espaço para desabafar, porque a literatura te permite isso: liberar as emoções. 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

QUE LIVRO ABALOU O SEU MUNDO?

Tenho entre as mãos um livro muito interessante que se chama 10 LIVROS QUE ABALARAM MEU MUNDO, ed. Casa da Palavra e 10 autores falam do "seu" livro.
Muito cedo, quando era criança, um livro abalou o meu mundo. Eu teria uns 8 ou 9 anos e era uma aventura. Não me lembro o seu nome nem o autor, mas com este livro descobri que também podia ser um menino, pois o personagem principal era um menino, na pré-história, de 12 anos. A sua tribo havia ido embora para outro lugar, fugindo do inverno. Seu pai havia adoecido gravemente e sua mãe não quis abandoná-lo. Ficaram sozinhos os quatro, pois havia um irmão menor. O pai morreu um pouquinho antes da chegada do inverno e a tribo já estaria muito longe, mas a mãe resolveu correr o rico e partir. O menino agora teria que ajudar a proteger a sua família. Eles passam por muitas e muitas aventuras perigosíssias e no final do livro conseguem encontrar a tribo. Eu ERA o menino. Eu estive lá na pré-história. Morei lá, claro, eu era o menino. Era uma emoção tão violenta descobrir isso, bastava entrar num livro e já estava morando em outro lugar!!! Então logo depois passei a viver no Sítio do Pica-Pau Amarelo . Vivi no Sítio até a adolescência.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

MÚSICA

Hoje acordei com vontade de dançar. Ouço música e danço sozinha e a alegria invade cada recanto do corpo. Todos sairam e estou só na casa . Minha mãe dançava sozinha até quando a doença a derrubou e já não podia mais. Até quase noventa anos. Dançar nos liberta do peso terrestre, é uma maneira de voar.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

ALMA

ALMA

Onde mora a alma,
em que esconderijo
dentro de mim?
Fugidía como peixe
em águas profundas,
às vezes num espelho
um lampejo, um brilho
ou uma sombra...
Seria a alma o pergaminho
onde o corpo escreve
seus poemas?

in Carteira de Identidade

Penso no conto do Machado, o do Alferes, que quando tira o uniforme não consegue ver mais a sua imagem no espelho. E no conto do Guimarães, que depois de anos e anos de treino um homem consegue ver a sua alma no espelho, um lampejo...

O que somos então?

terça-feira, 5 de junho de 2012

LUNA

Minha gata Luna está envelhecendo com uma velocidade assustadora. Está muito magra, já perdeu dois dentes, a agilidade, e quando a tenho nos braços meu coração quase quebra. Sinto que não a teremos por muito tempo. Ela fez todos os exames possíveis e é envelhecimento mesmo. Ela se isola, parece deprimida. Num dia distante, num ano distante, Juan me trouxe a Luna de presente, uma bolinha de pelo. Vivíamos num apartamento no Rio Comprido com a nossa outra gata, Babel e o cachorro do Juan que veio da Espanha, o Rex. Luna se apaixonou pelo Rex perdidamente. Foi uma linda história de amor. Está no livro Luna. Merlin e Outros Habitantes, ed. Miguilim (o livro ainda existe). Quando a tenho nos meus braços parece um passarinho, tão frágil e meu coração quase quebra.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

NOTÍCIAS (TRISTES) DA ESPANHA

Minha sobrinha Maria José chegou ontem da Espanha com toda a sua alegria e vivacidade. Mas trouxe em sua bagagem muitas notícias tristes : sabemos que a Espanha está numa situação terrível, que muita gente perdeu suas casas, perdeu o trabalho, já muita gente vive de caridade. Mas , ela nos diz, existem pequenas coisas que ensombreiam o cotidiano. Sua filha fazia aula de teatro no teatro da municipalidade e era grátis. Agora há que pagar 150 euros para usar o teatro.Estão começando a privatizar a saúde. Fecharam a biblioteca do seu pueblo. Para ela vir ao Brasil teve que fazer um cartão de crédito, pois tinha medo de vir sem dinheiro e sem cartão. Pois bem, o banco a obrigou a comprar umas panelas (obrigatório para ter o cartão) e para isso lhe abriam uma conta. E disseram: não se espante se aparecer dinheiro nesta conta, mas não pode usar a conta, é para as panelas. E ela tem que depositar 25 euros durante seis meses nesta conta. Agora ela tem 3.000 euros na conta mas não é seu dinheiro, ela não sabe como o dinheiro foi parar aí.. Que loucura é essa ? O banco utiliza laranjas para lavar dinheiro!!! O pior para a Europa é que não há perspectiva nenhuma de melhorar a situação e eles estão perdendo o que conquistaram com tanto esforço, a situação de bem estar, saúde, educação de qualidade, seguro desemprego, etc. Nós, do terceiro mundo, que nunca tivemos isso, não podemos avaliar o que seria perder isso. E a paz da Europa, tão duramente costurada, o que acontecerá?

Mas há que ser otimista e pensar que a Europa se reinventará, com toda a sua arte e beleza, não poderá afundar.

domingo, 3 de junho de 2012

ABRAÇO

ABRAÇO

Entrelaçar os braços,
misturar com as tuas
as minhas linhas da mão,
ouvir a música ardente
dos teus anseios,
encostar nossas almas,
nossos olhos, costurar
nossas esperanças,
com o mesmo fio
dividir os sonhos.

in Rios da Alegria, ed. Moderna

Com este poema inauguro o dia, que será de espera, enquanto escrevo, minha sobrinha Maria José voa de Madrid para Saquarema num chão de nuvens, com este poema abraço todos os amigos. Hoje a neblina cobre o mar, apaga os contornos. Farei pão e um creme de abóbora com gorgonzola para a sua chegada. Leio vários livros ao mesmo tempo, com temas tão diferentes e como um beija-flor vou de um para outro. Juan me convida: _"Vamos almoçar no Marisco?" um restaurante bem popular na Vila de Saquarema, e eu agradeço, só a caminhada até a vila já é uma maravilha. E assim la nave va, a vida, feita de tantas esperas, chegadas, partidas, abraços.  

sábado, 2 de junho de 2012

TITABRUJA

Minha sobrinha Maria José chega amanhã de Granada . estaremos juntas por 12 dias. Maria José me chama de Titabruja e eu adoro. Ela diz que não tem nenhuma dúvida de que sou bruxa e que cozinho muitas coisas no meu caldeirão de poesia. Vou colocar o título no meu curriculum que já tem o de hemerocallis e cidadã honorária de Saquarema.
Mas agora queria mesmo era o título de Avó Honorária, desde que o Sr. Aleksander Laks nos contou no encontro do Clube de Leitura  que que era avô honorário de alguma instituição , já não me lembro qual. Fiquei desejando o título como se deseja um pedaço da lua, uma comida estranha, um arco-íris.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O MAR

Da varanda do nosso estúdio mergulho os olhos no mar cinza chumbo, violento . Mergulho os olhos como gaivotas e pouco a pouco mergulho inteira, meu corpo se desmancha, vira onda, vira espuma.