terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

DESPEDIDA

Ficarei algum tempo afastada do blog, pois amanhã bem cedo vou para Visconde de Mauá e só volto dia 10 de março. Estarei junto com meus filhos o que só acontece em ocasiões muito raras.Não há internet no sítio e eu não tenho carro nem dirijo, portanto para descer 7 km e ir até uma lan house só quando tiver carona... mas todas as dificuldades e isolamento me deixam extremamente feliz. A minha imaginação pede cabanas no alto da montanha (como em Bachelard), ilhas desertas, um começo de mundo. Devo ter a memória pré histórica! Meu filho reformou uma antiga casinha de caseiro para mim e terei a surpresa de chegar e encontrar uma casinha toda velha, nova.
Hoje é dia de preparar a viagem, deixar contas pagas, deixar tudo em ordem. Terminei de ler um livro de ensaios sobre o medo coordenado por Adauto Novaes e levo um livro do israelense David Grossman de quem li e amei: Alguém para correr comigo. Levo o desejo de terminar o livro de contos que estou escrevendo e que já tem título, Vento Distante (se a editora gostar do título), vamos ver se consigo. É uma breve despedida então dos que são meus leitores anônimos e queridos. Até a volta.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

MALAS PRONTAS

Já estou com a mala pronta para a viagem. Em cima da cama, aberta, a cada instante me lembro de alguma coisa pois ficarei 30 dias fora. Vou para Visconde de Mauá, para o sítio que era da família e agora é dos meus filhos. Meu filho André, Chef de Cozinha, e Dani Keiko, minha nora, também Chef de Cozinha tocam suas panelas no Babel Restaurante que funciona na casa principal. No sítio cada um tem a sua casa e Guga, que chegará da Espanha com a Patrícia e o Luis, meu netinho, ficaráo na casinha deles. Para mim arrumaram uma antiga casa de caseiro, bem escondidinha no meio do mato, a água quente só funciona com a serpentina do fogão de lenha ligado e o isolamento é quase total. Não há internet e para responder aos meus leitores terei que ir até Maringá, numa distância de 7km , até uma lan house.
É muito raro juntar os filhos. Estou muito feliz. E dia 25 teremos a vernissage dos haicais de barro , exposição da Evelyn Kligerman, minha irmã, no Centro Cultural Visconde de Mauá. Sinto, em todo o meu corpo, a adrenalina da viagem.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

BUROCRACIA

Meu filho Guga Murray, músico, brasileiro, vive em Granada, casado com a Patrícia, espanhola e em agôsto passado tiveram um filhinho, meu neto, o Luis . Meu filho está com as malas prontas para vir passar alguns dias no Brasil com a família e não pode sair da Espanha porque a renovação da sua carteira de residente na Espanha não ficou pronta. Desde outubro que ele entrou com os papéis no setor de imigração. É casado com espanhola, tem um filho espanhol, trabalha para o governo e se sair não pode voltar. Pediu uma carta de retorno e lhe deram um prazo de 30 dias para entregar a carta. Ontem nosso médico enviou um relatório sobre o estado de saúde da sua avó para ver se consegue a carta de retorno. Quem nos devolverá os dias em que podíamos estar juntos e não estamos? Que loucura é essa que impede nosso reencontro? Não é um mar que nos separa, é a estupidez humana. A Terra não deveria ter fronteiras.

Acabo de saber que meu filho já pode sair da Espanha. Foi todo um terrorismo da pessoa que o estava atendendo. Hoje quando foi outra vez até a Imigração foi atendido por outra pessoa que lhe disse que dia 9, depois que colocar as impressões digitais, terá a sua carta de retorno. Portanto, neto à vista!!!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

MUSEU DA LINGUA PORTUGUESA

Estive no Museu da Lingua Portuguesa, em São Paulo, na bela Estação da Luz. Fiquei muito emocionada com o filme sobre as origens da lingua com narração de Fernanda Montenegro, com a apresentação dos poetas. Grandes, imensos poetas misturados e alguns trechos em prosa de Guimarães Rosa, Monteiro Lobato, Machado de Assis que são pura poesia. Canções e até um quase rap do Gregório de Matos, atualíssimo sobre justiça e vergonha. Saí da sala zonza com tanta beleza e fui para o segundo andar onde há uma exposição sobre Cora Coralina. Uma verdadeira maravilha, com fotos, manuscritos, os poemas bordados, um vídeo com a poeta. Cora canta a beleza do cotidiano, da sua Goiás, das tarefas mais simples, dos instantes luminosos da vida. Não aguentei ver mais nada, fui embora correndo , o coração como um cofre abarrotado de pedras preciosas.