segunda-feira, 30 de setembro de 2013

VIAGEM AFETIVA

Hoje faço uma viagem puramente afetiva. Não vou para falar de leitura ou dos meus livros ou autografar. Vou apenas para amar: meus netos, Luis e a Gabriela que ainda está na barriga da mãe e nascerá em novembro e meus filhos e noras. Vou para amar minha casinha dentro do bosque. Amo tudo na casa, a sua simplicidade, o seu silêncio intermitente, cheio de águas e pássaros. À noite, em meu quarto, tão pequeno que nem cabe um armário e uma escuridão tão grande que eu flutuo dentro dela e me sinto abraçada pelas árvores que respiram lá fora. A mala já está pronta e dentro de mim a felicidade bate as asas.

domingo, 29 de setembro de 2013

CHUVA OUTRA VEZ

Leio no Livro do Desassossego do Fernando Pessoa:

" O gládio de um relâmpago frouxo volteou sombriamente no quarto largo. E o som a vir, suspenso um hausto amplo, retumbou, emigrando profundo. O som da chuva chorou alto, como carpideiras no intervalo das falas. Os pequenos sons destacaram-se cá dentro, inquietos".
pg 225 da edição da Cia das Letras

Acordei com a chuva caudalosa às 4hs da manhã. Dentro de mim alguma agitação, "pequenos sons", pois amanhã vou ao encontro dos meus filhos e netos e levo um carregamento muito grande de amor..

Penso em Marina Silva, com sua fala mansa, seu jeito tão calmo, não esbraveja, não ataca, não faz bravatas.
Mariana, como o Papa Francisco, é uma grande ameaça. Que ela consiga fazer seu partido. Não é justo o que estão fazendo com a Marina.

sábado, 28 de setembro de 2013

ESCRITA

Jorge Semprún, espanhol, escritor, que foi Ministro de Cultura na Espanha na época do Felipe González, foi sobrevivente de Buchenwald como preso político. Ele fazia parte da Resistência francesa. Por muitos e muitos anos ele quis esquecer para poder viver. Mas um dia, para poder viver, ele teve que escrever. Li seu belíssimo livro La Escritura O La Vida (ed.Tusquets) . A escrita nos liberta , é uma das maneiras de voar. Quando vejo a página em branco ou a tela, o poema dentro de mim ainda está em seu casulo e vai se derramando sobre a superfície e é como a gaivota que passa agora pela minha janela, quando for lido, em voz alta ou em pensamento, estará voando. Cada poeta tem sua escrita, sua maneira de respirar, suas imagens . Eu vejo as imagens, tenho este dom. Às vezes tenho que correr , elas se desmancham rapidamente. Como Semprún, eu escrevo para poder viver, é o que faz com que minha vida seja mágica, cada dia é uma aventura, e às vezes, quando me entrego completamente ao destino e ao vento, a felicidade é completa.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

DODORA

Ontem recebi uma amiga querida que não via desde muito tempo: Dodora. Ela trabalhava na Secretaria de Educação de Saquarema e foi ela quem me convidou para trabalhar junto com os professores em 2003. Já não está na Secretaria, infelizmente, pois Dodora é feita de sonhos e todas as Secretarias de Educação do Brasil deveriam ter um sonhador contratado, deveria ser profissão.Falamos de livros, mostrei minhas últimas publicações,falamos da vida, dos filhos, dos netos.Falamos do livro do Rabino Nilton Bonder A Alma Imoral. Ela me disse: minha alma quer transgredir. Eu combinei que vou sequestrá-la da sua vida familiar e levá-la comigo para Mauá ou para alguma Feira de Livros por aí.

Domingo é o lançamento , em Visconde de Mauá, do livro que Patricia de Arias, minha nora e sobrinha do Juan, meu marido,escreveu comigo, Fio de Lua & Raio de Sol. Guga, meu filho, vai tocar. É uma alegria imensa.

Hoje o dia está lindo, pedaços de céu azul. Uma aquarela.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

CADERNO DE TELEFONES

Não tenho o telefone de ninguém gravado no meu celular, penso que se perco o celular , meus amigos ficam vulneráveis. Mas a verdade é que eu não uso quase nada de tecnologia, o mínimo necessário para não estar excluída do mundo de hoje.
Entro na papelaria Angel aqui em Saquarema e busco um caderno de telefone. Na minha infância uma das coisas que eu queria para o meu futuro, para quando fosse adulta, era ser dona de papelaria. Acho um lindo, com capa de flores e papel reciclado: é este que quero. Acaricio sua capa e já ficamos íntimos. Agora a dura tarefa, começar a passar a limpo os telefones do caderno velho, todo rabiscado, tão caótico, tão emaranhado que só eu posso entende-lo . Mortos e vivos se misturam, como vou riscar o nome do amigo tão querido, que me acompanhou por quase 30 anos e que foi definitivamente embora? Seu telefone continua lá e o da minha mãe também. Passar um caderno de telefone a limpo é viajar pela memória e é uma tarefa dura e lenta. 

O tempo continua fechado mas o sudoeste amainou. O sol quis sair, mas desistiu. Seu esforço durou apenas dez minutos. Então acho que fica lindo aqui no post um poema do grande Juan Ramón Jiménez, Prêmio Nobel de 1956

AMOR

?Cuanto tardas en salir,
sol de hoy, sol de hoy!
!Sal, que me ahogo!

in Selectión Poética, ed. Alhambra Longman, Madrid.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

URSINHOS

A notícia mais linda da manhã: nasceram 14 ursinhos panda na China. São uma loucura de fofos. Daria tudo para ter um nas mãos. No meio de tantas notícias horrorosas que nos chegam do mundo, os ursinhos me dão alegria. Mas o Irã estende a mão ao Ocidente e isso é bom. Quem sabe a linha do horizonte muda de lugar? E um dia ocidente e oriente, todos os povos, todas as religiões se abracem?
Falando em horizonte, o mar está violento, cinza chumbo, escuro e assustador. Eu adoro. O sudoeste sopra com força.A casa treme. Imagino que num dia assim as sereias não saiam dos seus castelos no fundo do mar. Ficam em casa lendo poesia.

COMIDA DE SEREIA

O que será que a sereia come
em seu castelo de areia?
Enquanto penteia os cabelos
a panela esquenta na cozinha:
será que a sereia come anêmonas,
ostras, cavalos marinhos?
Ou delicados peixinhos  de olhos
dourados?
Algas marinhas, lulas, sardinhas?
Polvos, mariscos, enguias,
ou será que a sereia come poesia?

in Poemas e Comidinhas, ed. Paulus


terça-feira, 24 de setembro de 2013

CHUVA-TORNADO-DESMATAMENTO

Estamos colhendo os frutos de tanta devastação. O Brasil já tem terremoto, tornados, as chuvas são torrenciais e destrutivas. Hoje fui fazer um exame de sangue em outra cidade e enquanto ouvia as notícias , meu coração se apertava. O desmatamento da Amazônia aumentou muito neste último ano. Não era para diminuir? Onde chegaremos? Não há um plano Brasil. A Alemanha desativou suas usinas nucleares depois da tragédia no Japão e sua economia verde está crescendo e dando lucros. O que é o Brasil afinal? Para onde vamos? Deixo a pergunta num ar emaranhado de estratégias confusas.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

AMIRBAR

Li um pequeno livro que me arrebatou. Já faz tempo: Amirbar de Álvaro Mutis. A sua escrita é maravilhosa, encharcada de poesia. Sua poesia é muito forte e bela. Morreu ontem Álvaro Mutis, colombiano, com 90 anos e todos os prêmios existentes. Poetas não morrem, vão passear nas estrelas..

Uma amiga ,Claudia Simões,  me escreve: você é feliz. Sim, apesar do mundo estar sempre se despedaçando, apesar do genocídio na Síria, da fome na África, do ataque terrorista de ontem, da destruição do planeta , eu sou feliz, porque a cada dia recebo a vida novamente e cada dia pode ser o último.

domingo, 22 de setembro de 2013

A CATEDRAL DO MAR

Ontem foi o encontro do nosso Clube de Leitura da Casa Amarela. Cedinho fiz os pães e junto com a Vanda ,  uma comidinha ótima: arroz com bacalhau e purê de abóbora com leite de coco e coentro.  De sobremesa trouxe doces de Minas, Hélio e Fernando trouxeram cuscuz e Flora e Hector trouxeram um bolo cuja receita Flora experimentava pela primeira vez. Hector disse que seríamos cobaias, assim como os reis tinham alguém que experimentava a comida antes para se saber se estava envenenada.A discussão do livro A Catedral do Mar de Ildefonso Falcones foi calorosa. Fernando começou citando o livro do meu marido Juan Arias, 50 Motivos para Amar o Nosso Tempo, para comentar que perto da Idade Média vivemos no melhor dos mundos. E todos falaram das crueldades terríveis que eram moeda comum e que hoje são impossíveis em quase todos os lugares, eu disse quase. Todos citaram as partes mais tristes, mais impressionantes. Maria Clara falou do personagem principal como um super herói, mas apesar das improbabilidades dos encontros que o livro apresenta, a trama é muito bem montada e você não respira até o final.Cristiano falou da complexidade do personagem Juan, irmão adotivo de Arnau. Falamos do amor das mães do livro. César achou que Mar era a personagem mais fraca, menos bem construída.Maria Clara achou que o encontro final entre os dois ficou muito ambíguo. Falamos da inquisição e principalmente do poder. Ronaldo sublinhou que para ele a questão principal do livro era esta. Gil falou que as coisas não mudaram tanto. Os pobres continuam sendo sempre os grandes injustiçados. Falamos dos judeus, das injustiças sofridas. Todos concordaram que o livro era uma aula de história, Maria Clara frisou o quanto aprendemos sobre Barcelona e a Idade Média e como o livro está bem fundamentado. Ela trouxe um livro sobre o Gótico e mostrou as fotos da Catedral do Mar. Juan trouxe várias críticas que saíram no El País, seu jornal, críticas que acabaram com o livro, dizendo que é um quase plágio do livro Os Pilares da Terra e é catalanista. Eu acho que sim, o autor se inspirou nos Pilares da Terra, de Ken Fowlet e não sei se isso é um crime, a Idade Média está aí em mil livros de história e cada autor faz o que quiser com este material riquíssimo. A trama é diferente, os personagens são diferentes.Não acho que o livro seja catalanista, ele simplesmente conta a história de Barcelona.  Chico achou o livro grande demais, ele poderia ter menos umas 150 páginas, ele disse, mas Maria Clara discordou, é aventura até o final. Discutimos qual das mulheres seria o grande amor da vida do Arnau e as opiniões foram divergentes. Gil falou que no livro, os personagens de alguma maneira davam a volta por cima e conseguiam sobreviver e naquele tempo isso já era muito. César disse que Arnau era um homem bom, mas a sua vingança não combinava com a sua bondade. Mas achamos muito justa a sua vingança por tudo o que sofreu. Angela, que trabalha na Sala de Leitura da escola Ozires, ganhou um aplauso pela homenagem que vai receber por seu trabalho, homenagem mais do que merecida.A Angela que veio do Rio falou da crueldade contra os judeus e trouxe livros da StellaMaris Rezende que foram sorteados durante o almoço. O poeta escolhido era Lorca e Juan leu esplendidamente La Casada Infiel em espanhol. Ronaldo trouxe o violão e cantou sua versão musical do Verde que te quero Verde.Gil, Hélio, Fernando leram belos poemas e Chico fez um poema sobre o Mar brincando com a personagem.  Minha editora Carolina, da Rovelle, veio e sua doçura pairava pela sala. Eu falei da saudade imensa que sinto dos encontros aqui em casa com as escolas, do nosso lindo Café da Manhã Literário. Maria Clara, Cristiano e Ronaldo , que se encontraram na Rodoviária do Rio para vir para Saquarema, de tanto conversar, perderam o ônibus que havia mudado de plataforma e tiveram que vir de táxi para chegar a tempo.
Na mesa do almoço éramos uma grande família unida pelos livros. E tomara que este Clube siga por muitos e muitos anos.
O nosso próximo encontro será no dia 16 de novembro e leremos As Brasas do Sandor Maarai, que já li duas vezes e lerei pela terceira. Não conheço a poesia húngara e vamos trazer trazer algum poema húngaro. Ronaldo vai pesquisar e trazer alguma música para violão.
E o encontro será no sítio de um dos participantes. A todos os que estiveram aqui comigo meu mais profundo agradecimento.     

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

PRIMEIRO LIVRO

Hoje faz um ano que meu filho saiu com sua família de Granada, na Espanha, onde morou por oito anos, para viver no Brasil A primeira vez que me encontrei com Patricia de Arias foi em 1999. Ela é sobrinha do meu marido e naquele momento quem poderia imaginar que ela se casaria com o meu filho e me daria de presente o Luis, meu neto? Foi uma linda história de amor que aconteceu em 2003. Eles se encontraram aqui na minha casa em Saquarema e se apaixonaram. Foi amor à primeira vista. E aqui se casaram. Desta maneira , meus genes e os do Juan se misturaram no Luis, nós já nos casamos mais velhos e não pudemos ter um filho. (mas temos duas gatas, são nossas filhas) . Quando conheci a Patricia em Granada, ela me mostrou seus poemas, eram lindos.E hoje , quando faz um ano que chegou da Espanha, ela recebe em suas mãos o seu primeiro livro, Fio de Lua& Raio de Sol, da Ibep Jr. , com belíssimas ilustrações da Regina Rennó. Ela fez os poemas da lua e eu fiz os poemas do sol. E já tem um livro no prelo com a ed.Rovelle, mas esta é outra história. Hoje começa uma outra vida para a Patricia. Seus poemas tão lindos encantarão crianças e jovens e viajarão pelo Brasil. E quem estiver perto de Visconde de Mauá no dia 29 de setembro às 11:30h, que vá ao lançamento do livro com vinho branco e Guga Murray, meu filho tocando,. O lançamento será no Centro Cultural. Eu não poderei ir , mas a Patricia estará lá com a sua família , explodindo de felicidade, e quem for, dê um beijo nela por mim.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

NEANDERTAIS

Quando tinha uns 8 ou 9 anos, meu irmão, bem mais velho do que eu, me deu um livro maravilhoso e apaixonante. Infelizmente perdi seu nome e o nome do autor. Era uma aventura que se passava na Pré História. Desde então a minha paixão pelos nossos ancestrais nunca se apaga. E quando li a coleção Os filhos da Terra de Jean M.Auel enlouqueci. Os dois primeiros livros, os outros são uma aventura erótica horrorosa, a autora se perdeu. A Ayla, a humana que sobreviveu a um terremoto e vive entre os neandertais., muitas vezes me serve de talismã.. Agora, porque já se sabe a sequencia completa dos genomas, também já sabe que nós nos misturamos com os neandertais.Temos 4% dos seus genes.  E  uma equipe da UFRGS acaba de descobrir que eles não possuíam uma inteligência inferior ou habilidades inferiores . Então por que desapareceram? A equipe levanta a possibilidade de uma sociedade pequena, muito fechada  num meio ambiente muito hostil. Saber que um pedaço de mim foi herdado de uma espécie de homens e mulheres que não existe mais, me deixa muito emocionada.    

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

AMANHECE

Amanhece. Olho o mar e um pescador solitário recolhe a linha, seu corpo dança e de longe parece um esboço.
Penso na vida como um grande esboço dos  nossos desejos. E quando olhamos para trás a vida parece um filme fragmentado onde somos tantos personagens.
Envelheço. Meu corpo é rude, me desobedece, mas sou capaz de caminhar por ruas que percorri na década de 50, minha memória, às vezes, é um falcão amestrado. Há dentro de mim uma geografia intacta de uma cidade que não existe mais.
Olho o mar. A luz já cobriu tudo de um azul-cinza que ainda vai se desdobrar. Lá está o pescador. Com seu corpo recolhe o tempo.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

NO MUNDO DA LUA

SURPRESAS

Este menino tem sempre
cinquenta surpresas nos bolsos:
uma pedrinha encardida que,
diz ele, dá sorte na vida.
Uma bala amassada
que para alguma emergência
ele traz guardada.
Uma viagem de volta ao mundo
em um segundo
e uma entrada (permanente)
para o circo que fica montado
dentro de seu pensamento.

in No Mundo da Lua, ed. Paulus



Meu livro No Mundo da Lua recebeu a indicação para o Acervo Básico da F.N.L.I.J

 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

DEPOIMENTO DA E.M.HERMANN MÜLLER

Recebo o depoimento mais bonito do mundo, da escola que é a minha paixão, a E.M.Hermann Müller, escola rural de Joinville:

As notas sonoras semeadas a partir de "Caixinha de Música", em abril...resultaram em flores e frutos ao longo do ano!

           Muitas foram as atividades desenvolvidas, motivadas pelo brilhante talento de Guga Murray.
           Desenvolvemos com os alunos  um projeto, com o objetivo de unir poesia e música, ambos ritmo e movimento, na sala de aula, assim como a proposta de vocês no livro "Caixinha de Música".
A turma multisseriada de 1º e 2º ano, alfabetização, juntamente com a Professora Silvia, está confeccionando um TAPETE MUSICAL com todas as cantigas trabalhadas...Além de instrumento de leitura, o tapete acompanhanhará os alunos em momentos de Roda Musical.
Além disso a  construção de uma ÁRVORE MUSICAL tem movimentado com a pais e alunos. Esta árvore abrigará vários objetos de experimentação sonora como sinos, mensageiros dos ventos e instrumentos musicais. 
Utilizamos ainda os poemas musicas de Vinícius de Moraes como recurso de alfabetização. Tal projeto será destaque na TV Escola, por ocasião da programação comemorativa ao centenário de Vinícius de Moraes, que irá ao ar esta semana.
A turma multisseriada de 3 º, 4º e 5º anos da Professora Rachel, desenvolve uma proposta de ampliação do repertório cultural e das múltiplas linguagens, e de situações significativas que permitam o contato entre música e poesia. Algumas atividades desenvolvidas: confecção de chocalhos, atividades utilizando os próprios instrumentos confeccionados e decorados pelas crianças; passeio pelo Bosque da leitura e Jardim encantado, escutando os sons da natureza para a composição de uma escrita musical; escrita dos sons de algumas histórias; produção textual de Haikais (minipoemas japoneses) musicados, escritos pelas próprias crianças; estudo das poesias do Livro “Arca de Noé”. A turma ainda está trabalhando na confecção de seu próprio Livro-concerto! 
Muita APRENDIZAGEM, com música, poesia e ALEGRIA!

E para culminar...Um Concerto da Orquestra Prelúdio de Joinville em nossa escola! Acontecerá em 28 de setembro de 2013 à partir das 9:20 e será aberto a toda comunidade.

Feliz pela chegada da primavera...inspirada mais uma vez por POESIA e ...MÚSICA!!

A vocês, toda a nossa Gratidão...sempre!

Abraços poéticos e musicais...
"Família Hermann Müller"

domingo, 15 de setembro de 2013

FESTIVAL PERFEITO

Agradeço profundamente ter estado em Uberaba. Foi um encontro perfeito, uma química impressionante entre os autores. O formato do Festival , pequeno e de altíssima qualidade, me impressionou. Tudo impecável. Foi mesmo inesquecível.
Ouvi o Agualusa falando, música para os sentidos, uma palestra do Breno sobre a história das comidas brasileiras, Leo Cunha e Luiz Antonio Aguar conversando com os adolescentes sobre o que se pode ou não dizer nos livros, uma verdadeira maravilha e a delícia da apresentação da Ana Cláudia Ramos sobre seu último livro. Perdi muita coisa, infelizmente, mas sei que foi tudo incrível. Thiago de Mello fez um festival perfeito. Além do mais Uberaba é linda, a vista do quarto do hotel estonteante, comi muitos pães de queijo, muitos pastéis e bolinhos de arroz (sou fanática pelos três) e fui ao Mercado Municipal onde comprei alguns doces maravilhosos para a sobremesa do almoço do nosso Clube de Leitura da Casa Amarela no dia 21.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

QUINTA-FEIRA

Ontem pela manhã fomos, eu, Guga e Eliana até Peiraba, onde há um museu dos dinossauros. O lugar é belo e além do museu há uma antiga estação de trem que nos faz sonhar.
À tarde tive um encontro íntimo, pouca gente e muita emoção. Foi gratificante.
E à noite tivemos uma palestra com Breno Lerner sobre comida brasileira e suas origens,Uma maravilha. Depois saímos todos esfomeados para um encontro na torre do hotel com comidinhas de botequim. Comi pastéis, bolinhos de arroz e ovos de codorna .Alessandra Roscoe, sentada ao meu lado, contava lindas históris sobre seu trabalho.. Acho que desde Pluft, o fantasminha, sou louca por pastéis. Hoje à noite vou falar e Guga vai tocar. E amanhã às cinco da manhã partimos. Uberaba é  linda, as pessoas maravilhosas e a Festa Literária interessantissima, com escritores tão incríveis que estou morrendo de medo de subir no palco. É muita ousadia.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

UBERABA

Uberaba é linda e fomos magnificamente recebidos. Agualusa fez a abertura com uma fala linda e mansa. E lkeu um conto muito bom. Depois todos os autores foram para a casa quase irreal de tão bela, do Thiago de Mello que nos recebeu num jardim de sonho. Hoje faço uma oficina durante a tarde. Estou feliz.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

DE MALA PRONTA

De mala pronta lá vou eu. A sacola de livros dentro da mala. Sou caixeira viajante  ou sacoleira? Minha bolsa de pano bordada por alunos de Natal. Com os fios que vão ligando a gente a tantas gentes e lugares. A poesia é o sol e a chuva, adubo para a existência. Volto dia 14, tentarei escrever em Uberaba.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

FESTA II

Juan foi ontem ver a saída da N.Senhora de Nazareth , à noite, na Vila de Saquarema e  me conta : havia tanta gente que quase não dava para caminhar. A procissão era belíssima com a imagem da N.Senhora e anjos. Havia tantos fogos quanto no fim do ano. O clima era de festa, alegria, nenhuma violência. Muitas famílias inteiras, algumas mães com bebês sendo amamentados no meio da multidão. Como tenho fobia de muita gente fiquei em casa vendo um filme do Polanski, O Escritor Fantasma. Um bom filme de suspense, fiquei com medo.

A partir de terça-feira estarei em Uberaba para a Feira de Livros. É incrível como as Feiras estão em todo o Brasil, é uma grande alegria. Fui a Uberaba em 2002 e tenho as melhores lembranças. Desta vez levo meu filho Guga. É muito bom, ele cuida de mim. Mas agora o Guga está preparando um novo Livro-Concerto com o livro Fio de Lua & Raio de Sol com poemas da sua mulher Patricia de Arias e meus. Os poemas da minha nora são belíssimos e como ela é professora de teatro,  está preparando jogos teatrais para a plateia e assim poderão viajar juntos  e com o Luis, meu neto, a tiracolo. Em novembro farão a sua estreia no Sesc Teresópolis.  Que o novo Livro-Concerto tenha vida longa.

domingo, 8 de setembro de 2013

FESTA

Hoje é a festa de N.S.Nazareth aqui em Saquarema. Já li que depois de Belém é a maior. Saquarema está muito cheia. Não tenho coragem de ir até a vila. Tenho um certo pânico de muita gente. Mas o dia está belíssimo e imagino que as pessoas estão felizes, os barraqueiros vendendo seus produtos, os restaurantes lotados. Desde às 4hs da manhã os fogos arrebentavam o silêncio. Confesso que prefiro Saquarema deserta como uma ilha perdida.

sábado, 7 de setembro de 2013

A MINHA VIDA

Moro num lugar belíssimo, numa cidade muito pequena. E a minha vida é muito simples. Cedinho, hoje, desci ao jardim para abrir a porta do apartamento da minha gata Luna na lavanderia. Ela resmunga, é muito mau humorada. As orquídeas explodiam suas cores , explodiam felicidade. Faço o café e seu cheiro impregna a casa. Leio o jornal e acho que uma intervenção na Síria não resolverá nada, vai complicar a situação . Todos os lugares onde as fronteiras foram criadas artificialmente sem respeitar as etnias, as religiões, as tribos, são um barril de pólvora. Leio um poema belíssimo do Ivan Junqueira. Abro a janela e respiro o mar. Dentro da água , na praia imensa, vejo um adulto e uma criança brincando nas ondas. Deve ser seu pai e me emociono. Pequenas coisas me alimentam. Estou escrevendo um livro novo, poema por poema ele vai se formando. Terminei de ler alguns livros, começo outros, pego alguns ainda inacabados. Cozinho. Penso. Torço para que hoje não haja muita violência nas manifestações. Odeio violência.
Não acredito nem em esquerda nem em direita. Penso que são termos ultrapassados. Acredito na bondade e bem estar das pessoas, acredito em dar oportunidade a todos para que realizassem seus dons e os governos deveriam se preocupar com isso, deveria ser a bússola. Penso que no Brasil todos deveriam se unir para que a população pudesse ter o melhor dos mundos num país tão rico.
E assim é a minha vida, respiro, leio, escrevo, penso, cozinho. Às vezes viajo para conversar com meus leitores. Mas hoje temos praças virtuais onde trocamos nossas ideias e produtos, nossas esperanças e assombros. 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A LUA

Sempre voltamos aos poetas amados. A poesia do Borges é tão bela, filosófica, melancólica. Em qualquer página que abra da antologia que tenho e que de tão velha já se desmancha, seus poemas me tocam, são quase uma dor de tanta beleza. Agora que está saindo o livro Fio de Lua&Raio de Sol com poemas meus e da Patricia de Arias, abro a antologia e seu poema da lua, tão simples e maravilhoso , me toca:

LA LUNA
 A Maria Kodama

Hay tanta soledad en ese oro.
La luna de las noches no es la luna
Que vio el primer Adán. Los largos siglos
De la vigília humana la han colmado
De antigo llanto. Mirala. Es tu espejo.

Jorge Luis Borges -Obra Poética 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

BICICLETAS

Quando era criança meus pais tinham uma loja no bairro do Grajaú no Rio de Janeiro. Havia um pátio imenso na frente da loja onde eu andava de bicicleta. Quando tinha uns sete anos caí da bicicleta e quebrei os dois dentes da frente que já eram definitivos. Minha mãe me tomou a bicicleta e não pude mais andar. Então nunca mais andei. Aqui em Saquarema onde tantos andam de bicicleta sinto uma tristeza louca por não poder fazer algo tão simples. Mas com a coluna operada e prótese no quadril não tenho coragem de recomeçar , não posso levar nenhuma queda. Então eu também gostaria de ir para Pasárgada porque lá andaria de bicicleta! Mas leio que na Alemanha, para os jovens, os carros não significam mais nada, são um atraso e eles só andam de bicicleta. E como é lindo e silencioso ver uma bicicleta em movimento, como é elegante, não importa o seu condutor. E o vento no rosto, as paisagens como um filme, que no futuro aposentem os carros e inundem as cidades com um mar de bicicletas.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

CHUVA

O que mais estranho em Saquarema, eu que passei tantos anos na montanha, é a falta de chuva. Aqui vivemos num regime semiárido. E o vento castiga o jardim. Estava tudo tão seco, incêndios aqui e ali, que esta noite quando acordei com a música da chuva no telhado, agradeci. Como disse Tom Jobim, "que chuva boa, prazenteira". Além disso há uma certa neblina e eu também agradeço.

Meu filho Guga Murray vai começar a preparar um outro Livro-Concerto com o Fio de Lua&Raio de Sol, que Patricia de Arias, minha nora, fez em parceria comigo. Patricia é professora de teatro e eu já a imagino no palco cantando e fazendo jogos teatrais com o livro e como sonhar é de graça, imagino meu neto Luis indo junto, tocando pandeiro! Somos todos saltimbancos nesta família!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

LUNA

Luna , minha gata persa , já tem 14 anos. É uma linda senhora, um pouco rabugenta. Desde o ano passado que ela dorme em aposentos reservados. Seu apartamento fica no anexo , no fundo do quintal, onde temos a lavanderia e guardamos as ferramentas do jardim. Tudo começou com uma tristeza imensa da Luna, uma depressão e ela fazia suas necessidades por toda a casa. Seu pelo estava horrível e à noite ela nunca queria entrar. Pensei muito, conversei com a veterinária e achamos que seu problema era a Nana. Ela não suportava mais a Nana, nossa gatinha vira-latinha

e suas ridículas brincadeiras. Então fiz uma caminha linda para ela na lavanderia, num cantinho onde ela fica meio escondida, pusemos os potes de comida e água, sua caixa de areia para a noite (nós a fechamos com medo dos gambás) e Luna reviveu. É uma velha senhora mas parece uma mocinha. Passa o dia inteiro deitada no banco azul do jardim e tenho que visitá-la. Ela quase nunca vem nos ver. Nana ficou ofendida e a ignora solenemente. Mas foi uma solução. As duas estão felizes.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

ORAÇÃO PELA PAZ

Acho lindíssimo o gesto do Papa Francisco de convocar uma oração conjunta pela paz na Síria e no mundo inteiro, todas as religiões na Praça. Não importa a crença, em uníssono clamar pela paz é a maneira mais bela de se sentir humano.Como salvar o homem dele mesmo?  Clamando pela bondade, partilha e aceitação do outro. Que as orações cheguem até o centro da Terra, até as galáxias mais distantes. Nada pode substituir a paz para que o pão e o amor cresçam. Na guerra só há morte, sofrimento e ausência.

domingo, 1 de setembro de 2013

MEMÓRIA

O que faz com que alguns fatos tão antigos fiquem gravados em nossa memória? Por que uns são indeléveis e outros se apagam sem deixar vestígios?
Na capa do meu livro Retratos, em nova edição, há uma criança entre 8 e dez anos vestida de bailarina em cima de um banco. Sou eu. Não me lembro deste dia, mas sim do momento em que fiz a foto. Lembro do banco onde tantas vezes brincava, na casa de vila onde vivia a minha avó. Eu estava fantasiada para o carnaval. O que havia nesta menina que ficou em mim?