terça-feira, 30 de setembro de 2014

CONFEDERAÇÃO DO VÔLEI

Hoje vou assistir a uma comemoração da Sala de Leitura da E.M Ozires na Confederação do Volei aqui em Saquarema.
É um lugar belíssimo, grandes atletas, os maiores do vôlei treinam ali.
Mas a Confederação não dialoga com a cidade, embora o terreno tenha sido doado. Não são buscados entre os melhores alunos, como prêmio, futuros atletas para um time mirim. A cidade não é convidada para eventos no local, salvo quando alguma coisa é feita pelos vereadores.
Pensem bem, nada na nossa sociedade dialoga com nada. Os políticos só se acusam, não dialogam entre si por um país melhor. Até dentro do próprio partido. Nossa Presidenta prega um diálogo com o Estado Islâmico mas quer destruir os adversários e não dialogar. Os colégios não dialogam com outros colégios, a sociedade não dialoga com a cidade, num silêncio estarrecedor, embora tenhamos que conviver com tanto barulho. Os ônibus não dialogam com seus usuários, são surdos a qualquer crítica ou protesto.
Para aguentar eu tento viver uma vida paralela de poesia e beleza. Acendo o fogão de lenha para que perfume a casa e cozinhe lentamente o feijão. O mar me oferece a sua música. E a gente vai vivendo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

LIVRO NOVO

Acho que hoje termino um novo livro, parceria com Cláudia Simões para a ed. Rovelle. Faltam apenas dois poemas mas me sentarei na frente do mar e os poemas serão escritos pelo mar, certamente. Já estão escritos dentro de mim!
O que gostaria de fazer para festejar? Estar com meus netos, filhos, irmã, amigos num almoço maravilhoso!
O livro sairá, disse a Rovelle , no início de 2015.

domingo, 28 de setembro de 2014

NA CROÁCIA

Ontem vi um documentário sobre a Croácia na TV5, francesa. Era maravilhoso, duas horas de deslumbramento.
Um senhor, numa ilha pequena nos conta: um milionário chegou ali e lhe ofereceu três milhões de euros pela propriedade e ele recusou.
Seu avô trabalhava num barco a remo vendendo frutas e legumes. Ele continuou com o pequeno supermercado flutuante e agora seu filho leva os produtos numa pequena barca a motor. O jovem é muito feliz. Os barcos dos turistas são seus clientes e ele tem consciência de que continua uma tradição da família. Ele ama o que faz, ama o mar e a beleza única das ilhas.
Seu pai diz: O que eu faria com três milhões de euros? Compraria um apartamento? Viveria numa cidade?
Recusei.

sábado, 27 de setembro de 2014

ENCONTROS

O que ganho com os encontros do Clube de Leitura da Casa Amarela, além de amigos, amor e quem sabe novos leitores apaixonados? Ganho um presente inesperado: em Saquarema os Clubes de Leitura se multiplicam nas escolas onde antes não existiam. A E.M Ozires fará uma festa para comemorar o aniversário do seu Clube e é responsável pela formação de muitos e muitos jovens leitores.
O que ganho com os encontros que faço aqui na minha na minha casa com escolas públicas ? Ganho a felicidade de dar felicidade por algumas horas ,mas ganho também a associação entre leitura e horas felizes e nas escolas este casamento precisa existir.

Pela primeira vez em 3 anos no meu Clube de Leitura muitos não conseguiram acabar o livro Xogum, pois tem 1000 páginas e uma letra bem pequena. Sou apaixonada por este livro e o li pela terceira vez. Para escolher um livro vasculho a memória, leio livros indicados, indico livros consagrados e até best-sellers quando são bons. Nosso encontro será no dia 4, algumas pessoas não poderão vir, mas teremos outras novas.

Amo Saquarema, é uma cidade lindíssima, mar,lagoa,montanha. Gosto de me sentar no Marisco, um bar-restaurante quando saio do Pilates âs 9h da manhã para tomar um café sentada olhando a lagoa e as pessoas. A esta hora a cidade está bem calma, quase parada.É um quadro e estou dentro dele. Fazer parte da cidade é maravilhoso. Muita gente me conhece aqui e ali. É bom, me sinto querida. Me perguntam: _ Você é a escritora?

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

CORRESPONDÊNCIA

Meu neto de cinco anos recebeu a sua primeira carta . Enviei meu livro Carona no Jipe que ele não tinha, com um bilhete. O carteiro tocou a campainha e mandou chamá-lo. Meu filho me contou que ele foi ao portão receber a carta e ficou louco de alegria.A sua segunda carta foi um pano lindamente pointado e bordado que ganhei de uma escola para ele pendurar em seu quarto. E a sua terceira carta ainda está a caminho : é o livro Fazer um Bem,ed. Nova Fronteira da Bia Bedran com autógrafo da Bia e lindas ilustrações da Sandra Ronca. Eu me apaixonei pelo livro. A Bia fala em seu poema"fazer um bem" e não fazer O BEM. Se a gente fizer "um bem" bem pequenininho ajuda o mundo a mudar. Deveríamos colar esta frase na porta da geladeira. Não tenho o livro aqui comigo, mas ela fala algo assim como fazer um bem a alguém, fazer um bem ao rio, ao céu...  Se cada ser humano fizesse um bem todos os dias os dias estariam mais limpos. Agradeço a Bia por um livro tão lindo, e o seu poema é também uma canção. O livro vem com uma partitura. Meu neto receberá a sua terceira carta e ficará maravilhado. Eu amo o maravilhamento das crianças.
Ontem recebi uma turma de jovens pela primeira vez e me apaixonei por cada um: são pessoas lindas que carregam um bem no coração. Ganhei ontem de volta a jovem que fui, isso estava escrito no olhar deles, quem eu fui. Ontem tive a prova concreta de que uma professora pode ser o mel que faz a liga entre todos. Adelaide e seus meninos e meninas são o mais vivo exemplo do que pode fazer um professor apenas com amor e palavras. Só havia carinho e bem estar entre eles. Eles cuidam dela e a chamam pelo nome.   

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

COM OS ADOLESCENTES

Para fechar o mês de setembro recebi a última escola dentro do Projeto Café, Pão e Texto. A E.E.Oliveira Viana de Bacaxá, Saquarema. Eram alunos do último ano do Ensino Médio, tinham entre 17 e 19 anos.
A Professora Adelaide, amorosa ao extremo, é amada e respeitada. Foi um encontro emocionante.
Falamos sobre todos os temas possíveis. Eles contaram o que queriam, os sonhos, desejos, aptidões. Eu contei bastante da minha vida. Tudo entrelaçado com meus poemas. Perguntei se tinham abertura para conversar e pensar na sala de aula e me disseram que sim, com a Professora Adelaide, a quem chamam pelo nome.
São carinhosos uns com os outros, uma delícia! O pior da escola , eles contaram, é que alguns professores simplesmente não vão, não aparecem. E quem quer passar no Enem, tem que dar um jeito por fora da escola. Todos disseram que querem trabalhar no que amam, mesmo que isso não dê muito dinheiro. Um depoimento lindo foi o de um jovem que quer ser bombeiro, ele quer dar esta felicidade aos pais , ele disse que quer que os pais, tão pobres, tenham orgulho dele.Muitos escrevem, adoram escrever e é uma turma leitora. Vitor, um menino que quer ser jornalista, disse que um leitor é aquele que é modificado pelo texto. Uma menina linda (não lembro do nome) que quer fazer psicologia, disse que quando lê mergulha tão intensamente no texto que os personagens passam a fazer parte da sua vida para sempre. Ela escreve crônicas do cotidiano.
Eram jovens atentos e antenados com o mundo. Perguntei o que mais desejam os jovens e muitos disseram: liberdade. Um outro disse que um jovem quer experimentar coisas novas, um jovem quer viver e experimentar tudo.
Quando a conversa terminou e enquanto tomávamos o café da manhã alguns quiseram manusear meus livros. A professora Adelaide me segredou que muitos já se diziam inspirados para escrever a partir do encontro.
No portão fui abraçada e beijada por todos, cada um, meninas e meninos e me agradeceram a manhã tão boa.    E eu agradeço mais ainda .

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

PELE DE ASNO

Nosso Café da Manhã Literário com os Professores e Diretores de Saquarema e a presença da Secretária de Educação Ana Paula e a Vice Secretária de Educação Beth, foi caloroso, cheio de discussões, verdades e segredos. O vento na varanda era tão forte e frio que tivemos que nos apertar na sala. Comecei contando o conto Pele de Asno do Perrault para discutirmos sexualidade na escola, como abordar tema tão vasto, íntimo e delicado, urgentíssimo, já que em Saquarema temos meninas de 13 anos engravidando? Propus a literatura sempre como o estopim para a discussão.
Todos de olhos fechados, eu contei o conto maravilhoso que fala da passagem da menina para mulher, de como a menina tem que simbolicamente matar a mãe, o desejo incestuoso do pai, a presença de uma terceira pessoa para ajudar, a fada madrinha, todos os sacrifícios pelos quais a menina tem que passar, a busca da identidade (o que existe debaixo da pele) e o final feliz. Algumas professoras sugeriram colocar na sala uma caixa de segredos onde os alunos possam depositar seus segredos e depois a professora lê e se for o caso, encaminha para a Secretaria de Educação ou para o Conselho Tutelar. É uma ótima ideia.
Depois discutimos um artigo maravilhoso sobre educação que era o resumo de um Simpósio Internacional realizado pelo jornal O Globo. Todas as professoras  saíram daqui com o título de Maestras dos Saberes .
Discutiu-se cada item junto com Ana Paula, a Secretária de Educação, que participou como se fosse professora e esteve todo o tempo aberta para ouvir críticas, pedidos, dar sugestões.
Falou-se muito sobre Bullying e li o livro Fazer um Bem da Bia Bedran que é belíssimo. Fazer um bem para ocupar o lugar do mal. Fabricar afeto na turma. Quem ama não maltrata, não humilha.
Por último li meu conto Margarida, do livro Exercícios de Amor, da Lê Ed., a história de uma avó que conta para a neta um segredo do seu passado (um aborto). Gostaram tanto do conto que espontaneamente bateram palmas!
Depois fomos para a mesa do café e insisti muito no quanto a comida gera amor entre os que estão participando. E abraços.
Este espaço para que os professores se encontrem, possam conversar com a Secretária de Educação, possam discutir questões difíceis da  escola com literatura, é importantíssimo.
E para mim são momentos da mais absoluta felicidade.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

PATY E DESDOBRAMENTOS

Em Paty do Alferes, onde passei o final de semana, foi tudo muito bonito. Logo ao chegar no hotel fui recebida pelo sub gerente que me disse: _"Ah, você é a autora homenageada da Feira! eu adoro poesia, eu sou poeta". À noite tivemos um coquetel numa lindíssima sala de festas.
Vários espetáculos na Flicepe, a Feira Literária. Fiquei muito impactada com o conjunto de Perna de Pau, "Gigantes pela Própria Natureza". Muita emoção. Muita emoção com Pedro Laje e Julieta falando meus poemas e as crianças participando e recitando meus poemas também. Os bem pequenininhos falando o poema Transformação e fizeram uma instalação num poste, transformaram o poste numa árvore com materiais recicláveis. Monica Botkay, minha amiga que foi com seus cachorros, deu uma ideia muito boa para a próxima Feira: que as crianças das escolas públicas recebam um vale livro para comprar um livro para a sua Sala de Leitura.  Pode ser um valor pequeno para cada uma, mas aí elas se juntam, juntam os vales e compram um livro.
A Flicepe acontecia na Estação de Trem. E chegou a Bia Bedran e lançou o seu livro maravilhoso "Fazer um Bem ".
E hoje, aqui em Saquarema, houve um encontro com os professores. Li o livro da Bia Bedran e foi maravilhoso, mas conto amanhã...

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

PALAVRAS ESPECIAIS

Algumas palavras só existem numa língua e não em outra. Todos sabemos que a SAUDADE é nossa. Numa palavra apenas dizemos todo o nosso coração.
E como falar numa só palavra em português "levantar cedo de manhã para ouvir os pássaros?", faço isso todos os dias mas preciso de uma frase inteira para contar. Mas em sueco existe uma única palavra: GOKOTTA.  Os raios de sol por entre as folhas das árvores produzem uma rara sensação maravilhosa de calma e beleza. Mas outra vez tenho que falar isso em muitas palavras. Já o japonês pode usar apenas uma:
KOMOREBI.
Leio esta maravilha num artigo do El País hoje cedo de manhã enquanto escuto os pássaros e o pequeno texto é um presente tão lindo que parto para a minha viagem com o motorista Miranda cheia de palavras soando como sinos. Vou ao encontro de uma linda homenagem e uma cidadezinha que não conheço, Paty do Alferes. Confesso que não sei o que quer dizer Paty, talvez seja um lugar onde o Alferes parava para descansar, será que é isso? Não encontrei no dicionário, mas vou perguntar.
Nos meus encontros de leitura com a meninada sempre digo o que disse o filósofo Savater: Rico é quem possui mais palavras para se expressar. 

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

MEDITAÇÃO

Fazer meditação não é uma tarefa fácil. Requer muita disciplina, pois nós ocidentais somos realmente ansiosos. Aprendi a meditar com a terapeuta que me salvou, me ajudou a lidar com a dor crônica e os limites. Ela me dava exercícios de felicidade. Desde que operei a coluna em 1993, numa cirurgia para mim completamente mal sucedida, encontrei sempre dor e limites. A meditação me acalma, me aponta caminhos, me deixa lúcida e atenta. Minha terapeuta me ensinou: dentro de nós temos lugares difíceis e às vezes entramos nestes lugares. A meditação ajuda a não entrar nestes lugares para onde a dor quer te levar.
Meditação, contemplação, literatura, sonhos e projetos, assim, com estes tijolos de luz construo cada dia a minha vida.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

UM EMBAIXADOR ESPECIAL

Hoje, no jornal O Globo, conheci um Embaixador muito especial , na coluna "Conte algo que não sei" que adoro.
Reda Mansur é poeta e diplomata, é druso e o primeiro diplomata não judeu. É o embaixador mais jovem da história de Israel, agora Embaixador no Brasil . Tem quatro livros de poesia publicados em hebraico e confirma o que penso: Israel é multiétnico e multicultural e o povo não odeia os palestinos, o povo quer paz.
Ele tem uma missão no Brasil. "Fazer com que mais gente conheça a outra cara de Israel". "Sinto que no Brasil as pessoas não sabem que a sociedade israelense não é contra o povo palestino, que é sobretudo vítima de grupos radicais e líderes extremistas de fora cuja política declarada é a destruição do Estado de Israel".
Eu digo: Deveria haver um clamor para que mães dos dois lados negociassem a paz.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

BUROCRACIA

A burocracia no Brasil alimenta as nossas dúvidas existenciais: será que eu sou eu mesma? Se sou porque preciso ir até o cartório , pagar para que reconheçam a minha firma por autenticidade, se estarei no evento para onde devo ir levando junto o papel? Estarei lá em pessoa, com o papel na mão e o cartório precisa reafirmar a veracidade da minha existência. Caso contrário eles pensariam que eu não sou eu.
Espelho, espelho meu, diga a verdade, quem sou eu?

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

OS CHEIROS

Hoje de manhã no Pilates comentei que um momento maravilhoso do meu dia é o do café da manhã. Uma senhora me diz: o meu também. Ela diz, agora no inverno o cheiro do café se espalha de uma maneira diferente por toda a casa e me dá uma emoção...
Cheiros maravilhosos nos emocionam. Amo o cheiro da terra molhada quando a chuva começa a cair. Amo o cheiro do mar. Das flores. Das pessoas que amo. Do fogão de lenha cozinhando o feijão. Amo o cheiro do pão quando sai do forno.Amo o cheiro dos livros.
Faça a sua lista...

sábado, 13 de setembro de 2014

SENTIMENTO DO MUNDO

Ontem escrevi um pouco sobre a minha infância. Recebi maravilhada depoimentos de pessoas que a partir do meu texto revisitaram também a sua infância.
Não sei qual escritor disse que a única pátria que temos é a nossa infância.
Recebo uma proposta de falar durante 7 dias de coisas positivas. Não é preciso que eu aceite o desafio, pois meu olhar, minha pele, tudo em mim respira o que há de belo no mundo mas também o horror. Fome, guerras e crueldades nos obrigam a valorizar a nossa sorte de não estar sofrendo guerras, fome e crueldades. Escolhi viver dentro da natureza, é uma escolha, já que com a Internet posso trabalhar em qualquer lugar. Moro quase dentro do mar e meu sangue já deve ser meio salgado e não sei como não nascem algas em meus cabelos.
Ter o sentimento do mundo, como disse o poeta. Eu digo "ver" o outro em toda a sua beleza. Nelson Mandela disse que mesmo os maus carregam dentro alguma bondade. Ele modificou os guardas da sua prisão com o milagre de uma horta.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

LOJA DE FERRAGENS

Hoje caminho pela minha infância, no Grajaú, Rio de Janeiro, década de 50. Ao lado da loja do meu pai, havia uma loja de ferragens que também vendia lindos presentes, louças, umas bobagens que eu amava, relógios encantadores.Era a Loja do Waldemar, sobrevivente de Campo de Concentração. Sua família morava em cima da nossa casa. Às vezes ele gritava muito com seus filhos e meu pai falava: -"Coitado, é neurótico de guerra". Eu não sabia o que era neurótico e tinha uma vaga ideia da guerra, mas a sua loja... eu adorava, podia passar horas lá dentro.
A loja do meu pai é quase o meu lugar favorito para visitar. Tinha um telefone preto pendurado na parede e lembro do número: 582137. Vendia tecidos, botões, linhas, brinquedos, roupa de cama e mesa, meias de mulheres e de homens, vestidos, camisas de homens, roupas de baixo. Seu nome era "Armarinho Grajaú" e eu tinha licença para ir lá a qualquer hora. Era bom.  

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

CRIANÇAS E FLORES

Preparei todo o maravilhoso café da manhã, um pão que fiz hoje mesmo, recheado com muzzarella, bolo de cenoura com cobertura de chocolate, pão doce e sonhos (que comprei na Padaria da Ponte) café com leite, sucos, manteiga e pasta de queijo com alho e páprica (para os adultos). Hoje era dia de visita, dia de felicidade crocante: as crianças do Educandário do Bem que vieram conduzidas pelas mãos da Fátima Alves e das Professoras Vanda e Jana. Entre todos éramos mais do que 30 pessoas. Assim vai se consolidadando meu Projeto Café, Pão e Texto.
Quando o ônibus amarelo encostou no portão e as crianças desceram, junto com elas desceu uma nuvem de alegria . Foram correndo para o jardim, cenário perfeito cheio de orquídeas floridas. Godofredo, o Jabuti passeando para lá e para cá. Fizemos muitas brincadeiras com Jorge Vale , professor de teatro e de contação de histórias me ajudando. Fizemos gincanas , concursos engraçados e o tema eram os poemas,  os prêmios eram livros, meus e alguns que  Bia Hetzel e Silvia Negreiros me deixaram. Foi maravilhoso.
Depois o lanche , depois o mar azul azul azul, depois a despedida, o ônibus e sempre um gosto de quero mais.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

SAMBINHAS DE ELEIÇÃO

Espero que as eleições passem logo. O dia inteiro carros de som passam pela minha porta com os  sambinhas ridículos dos candidatos. E a figura do marqueteiro
é quase macabra impedindo os candidatos de simplesmente SER e mostrar seu programa de governo. Há que sorrir se esta é a ordem do marqueteiro . Há que afagar criancinhas, comer carne de bode se estiver no nordeste e mesmo se o candidato é ateu, há que rezar com os evangélicos porque dão votos.
O Brasil é imenso e complexo.Não seria muito melhor para o país se todos falassem sem atacar o outro, falassem claro, de que maneira se faria isto ou aquilo? Afinal, estamos no século XXI e a nossa política é a mesma desde quando?

terça-feira, 9 de setembro de 2014

PATY DO ALFERES

Hoje às 5h da manhã já havia um começo de luz. Está amanhecendo mais cedo. Sentei no jardim com a xícara de café e o perfume misturado do jardim e do mar era maravilhoso. Respirar as maravilhas do mundo quando há tanto horror no mundo é um raro privilégio.

Soube: o primeiro dia do Babel Bistrô dos meus filhos em Resende foi muito bom. Felicidade de filho é a maior felicidade que existe.

Dia 19 vou para Paty do Alferes. Sou a autora homenageada da Feira Literária junto com Dorival Caymmi,  Me sentarei à sombra das suas maravilhosas músicas e elas me levarão até a minha infância e juventude. Agradeço ser homenageada junto com uma das pessoas mais lindas que já nasceram no Brasil.

E assim, la nave va, me levando em seu bojo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

EDUCANDÁRIO DO BEM

Há uma casa em Bacaxá (bairro de Saquarema) que parece uma casa de avó. Tem cheiro de bolo e de amor. Mas não é uma casa de avó. É um Ponto de Cultura tocado pela Fátima Alves como se fosse um instrumento, com delicadeza. Seu nome é Educandário do Bem. No contra turno das escolas ela oferece para alunos de escolas públicas aulas de teatro, de pintura, de dança, de reforço escolar. A casa tem cheiro de bolo porque tem uma cozinha que funciona e o bolo sai do forno quentinho para o lanche das crianças.Já assisti a uma peça montada por eles com meus poemas. São atores espetaculares. Eles escolheram os poemas de vários livros e fizeram com o Jorge Vale, o diretor todo o roteiro.
Quinta-feira dia 11 recebo o Educandário do Bem na minha casa para um Café da Manhã Literário e estou radiante. Meu Projeto Café, Pão e Texto está cada dia mais bonito. Ele dá um sentido para a Casa Amarela onde moro. As crianças são como estrelas que vão desenhando uma constelação feita de histórias e futuro.

domingo, 7 de setembro de 2014

MEMÓRIAS

Ontem recebemos um jornalista e escritor espanhol. Juan, meu marido, contava algumas coisas da sua vida. Juan entrevistou grandes personagens, esteve no El País desde o seu nascimento, é um carregador das memórias do século XX. O escritor pedia: "Juan, por favor, escreva as suas memórias", ele sempre diz que não, não escreverá.  Sou uma ouvinte privilegiada. Ele é um grande contador de histórias. Leve e ágil como um elfo, e ao mesmo tempo um elefante pela quantidade de livros e memórias que carrega, Juan passou muita fome em sua infância. Durante a guerra era muito pequeno, mas depois da guerra civil quase não havia nada para se comprar. Ele conta que sonhava com pão, fornadas de pão. Juan acorda sempre alegre, para ele qualquer dia é uma festa. Juan viajou o mundo inteiro muitas vezes, acompanhou três Papas ao redor do planeta como correspondente da Itália e do Vaticano . Mas quando chegou em Saquarema pela primeira vez em 2001 , suspirou e me disse: _ Pronto, cheguei no meu lugar.. E aqui estamos em nossa fábrica de escrita.

sábado, 6 de setembro de 2014

VENTO

Hoje o vento que vem da montanha quase levanta a casa, quase lhe dá asas e eu iria junto, com todos os livros , a casa voando sobre o mar.
As madeiras rangem e cantam, as árvores dançam e os vidros quase se estilhaçam. Amo o vento. Tenho vontade de dançar dentro do vento como as árvores.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

INTOLERÂNCIA

Ontem vi e ouvi uma boa discussão sobre intolerância na GloboNews com uma psicóloga e um antropólogo e alguns casos bem concretos: Um menino não pode entrar na escola pública onde estuda por levar uma guia de candomblé debaixo da blusa. Escolas públicas são laicas e qualquer um pode usar em seu corpo qualquer símbolo religioso. O candomblé é u,ma religião africana trazida pelos escravos, a umbanda é uma religião afro brasileira trazida pelos escravos e misturada com os santos católicos para poder sobreviver aqui. Merece o respeito de qualquer outra religião . A intolerância de qualquer espécie deveria ser crime, não sei se é. Mas o que se vê frequentemente são estas religiões serem perseguidas na escola e fora dela.
Na França se proibiu o uso do véu islâmico mas no Brasil nenhum símbolo religioso é proibido. Cada um reverencia o Divino como quiser e o outro tem que respeitar.
O outro caso era de um menino que foi de saia para o colégio. Se um colégio usa uniforme, claro que há que respeitar as regras, o menino pode usar trajes que a sociedade brasileira aceita como femininos fora da escola, lembrando que na Escócia homens usam saias e as roupas são convenções sociais. As mulheres usam calça comprida hoje naturalmente mas em épocas passadas isso era impensável. Mas a escola tem as suas leis e há sim que respeitá-las e não considero o caso como intolerância. Mas a questão foi levantada: e se ele fosse com a saia do uniforme das meninas? Então sim, acho que ele poderia entrar sabendo que seu ato despertaria reações variadas que seriam a meu ver intolerância se ele se sente menina.
O último caso discutido é terrível e junto com a torcedora que xingou um jogador de macaco mostra como o Brasil é racista. Uma moça negra postou uma foto beijando seu namorado branco e foi atacada na rede, xingada, menosprezada. Não sei o que dizer, já que desconheço as leis para crime na Internet. O que sei é que temos que lutar contra qualquer forma de intolerância e de pensamento único. Ninguém é dono da verdade, a verdade única não existe, a sociedade é atravessada por várias correntes de crenças e pensamentos e nisso reside a sua beleza. Aceitar o outro, abraçá-lo, amar o diferente porque ele acrescenta novas visões e pontos de vista ao meu pensamento é urgente e necessário. Os humanos são coloridos. As religiões no mundo são tantas e representam nosso medo perante a morte e a vida e é obrigatório respeitar a religião do outro, os ideais do outro, a sexualidade do outro, as cores diferentes da nossa cor.   

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

MÚSICA E COMIDA

Em Resende duas casas mágicas e dentro delas um neto e uma neta.
Uma respira música, teatro e brevemente dança. A Atrium Escola de Música e Arte é o sonho realizado do meu filho músico. A família mora na escola.
A outra na segunda-feira próxima inaugura o Babel Bistrô de comidinhas francesas, do meu filho André Murray e Daniela Keiko.A casa respira perfumes e sabores.A família mora no bistrô.
Estar em Resende na casa dos meus filhos é respirar arte. Amanhã vou para Saquarema . Tenho saudades de casa, do Juan, das minhas filhas-gatas. Saudades do mar.