segunda-feira, 30 de novembro de 2015

ESCOLAS OCUPADAS

Leio uma reportagem belíssima sobre escolas "ocupadas" pelos alunos em São Paulo.
O que me chama a atenção: a apropriação pelos alunos de um espaço que deveria sempre pertencer a eles e normalmente é um espaço hostil.
Essa apropriação é de uma beleza singular. Os banheiros pichados estão sendo pintados e limpos. O mesmo espaço que era agredido, agora é cuidado.
As salas estão sendo pintadas e a cozinha passará por este mesmo processo. Há amor circulando. Alunos que nem se conheciam agora são irmãos. Feixes de solidariedade e amizade são o cimento desta apropriação.
Jovens discutem educação e dignidade.Os rumos para o país e para suas vidas.
Vejo aí uma nova semente. Mas eu sempre acreditei nisso, que as escolas afastam seus alunos e quando existe na escola literatura e arte, a escola passa a ser um território amado, um espaço para ser cuidado.
Uma vez vi um filme italiano, não me lembro o nome, onde os detentos montavam uma peça de teatro e saiam transformados. A arte salva, uma frase clichê que funciona.
Todos sabemos, com as descobertas da neurociência, que o conhecimento só é fixado com afeto.
E que com literatura e arte, com a criação correndo livre como rios livres pela escola, o olhar para o outro será amoroso e então não haverá bulling .
O que está acontecendo, por um lado, é surreal. O Estado fechando escolas. Teatro do Absurdo.
Por outro lado, nos lembra os momentos mais pungentes da história, onde há uma tomada de consciência, uma virada.
Gostaria de estar lá com estes jovens, lendo poesia com eles.
Estou muito emocionada e que essa história nos aponte um novo caminho.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

EM VISCONDE DE MAUÁ

Aqui em Visconde de Mauá , com rios limpos (razoavelmente limpos) e bosques maravilhosos, posso respirar longe do mundo. Quero ouvir poucas notícias.
Só quero ouvir notícias dos amigos, só quero ouvir poesia e ler livros muito bons.
Só quero pensar pensamentos luminosos, sentir a noite, suas fragrâncias, o cheiro bom da terra quando a chuva cai.
Para que possa continuar viva neste planeta insano.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

CAFÉ , PÃO E TEXTO COM A E.M.JOAQUINA

As crianças da E.M.Joaquina vieram de longe para o nosso encontro Café, Pão e Texto.
As professoras com Elcimar,  a Diretora, são amorosíssimas!!!
A Lilliam, filha da nossa caseira Vanda fez muito sucesso com suas coxinhas de galinha e foi seu primeiro contato com o meu projeto, pude então medir com uma fita métrica de nuvens, o tamanho do seu impacto. Ela ficou encantada.
Tivemos o momento pipi, o momento jardim, o momento poesia.
Apresentei meus novos livros e brincamos muito. Adoro brincar. Eu não tenho idade.
Eles não conheciam o mar!!!
A Secretária de Educação , Miriam Inês, veio com sua equipe e até fotógrafo profissional.
O que acontece aqui é o evento mais luxuoso possível. Crianças e adultos entrelaçados com os fios leves e densos da poesia.
Agradeço a Vanessa Coelho o seu carinho comigo.
E a E.M.Joaquina nos ajuda a pensar que uma educação diferente é possível.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

E.M.JOAQUINA

Amanhã recebo no meu Café, Pão e Texto, a E.M.Joaquina de Oliveira Rangel.
Joaquina foi uma professora que doou seu sítio para fazer uma escola.
A E.M.Joaquina é rural, um sítio em Águas de Juturnaíba, um lugar belíssimo em Araruama.
Sua diretora ,Elcimar, recebeu junto com a Escola uma máquina de costura e faz fantasias para os alunos.
A Escola não tem portões , é toda aberta, mas ninguém foge, pois os alunos são absolutamente apaixonados pela escola.
Leitura e Arte são os personagens principais.
As crianças podem levar seus cachorros.
A Escola cria uma gata e sua ninhada.
Amanhã terei a felicidade de receber além das crianças e Elcimar, a Professora Vanessa Coelho, a Secretária de Educação de Araruama, Miriam Inês, seu Adjunto Ubiratan e Gilzemar, a Vice-Diretora.
Farei um pão recheado e encomendei coxinhas de galinha da Lilliam, a filha da minha caseira Vanda, que é uma grande fazedora de maravilhosos quitutes.
E depois do encontro, com pó de pirlimpimpim, voo para Visconde de Mauá, para ver a minha família.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

ENCONTRO DE LEITURA E LITERATURA NA UNEB

Eu e Bia Hetzel concluímos que , ainda bem, nossa parte humana é bem pequena: somos árvore e baleia.
Quero agradecer ao destino ter conhecido Verbena, a grande organizadora do Encontro de Letura e Literatura da UNEB de Salvador. Fomos recebidas como rainhas numa sucessão de delicadezas. No palco, belíssimo e aconchegante, citei o livro Las Mujeres que leen son peligrosas, e na estante atrás de mim, como num passe de mágica, ali estava o livro em francês. Um luxo ter uma biblioteca no palco!
Agradeço aos leitores baianos que estavam na plateia todo o amor com que nos envolveram e agradeço ao meu amigo Caó Cruz Alves o documentário tão lindo que fez em minha casa.
Agradeço a Bia Hetzel ter dividido o palco e a viagem comigo. Uma árvore poeta e uma baleia escritora se entendem muito bem.
E todo o esforço para fazer este belíssimo encontro merece todos os aplausos do mundo.
Obrigada Verbena e obrigada Salvador.
Fazer um encontro de leitura e literatura em nosso tempo sombrio é um ato de resistência.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

PARA SALVADOR

Hoje começa a estrada para Salvador. Falo junto com minha amiga amada Bia Hetzel na Uneb, dia 11 às 16hs na V ELLUNEB que abre hoje o seu Simpósio de Leitura, homenageando a Cultura Afro , uma homenagem tão necessária nesses tempos de intolerância que estamos vivendo. Quem tem o direito de negar a Mama África e sua mitologia impressionante, seus orixás belíssimos, sua música, suas danças, comidas?. O que seria o Brasil sem o que a Mama África nos deu? Abomino tudo o que está acontecendo hoje em nosso país, esse retrocesso, essa lama tóxica de fanatismo.
Mas eu amo Salvador e lá vou eu .
Caó Cruz Alves vai passar o filme que fez aqui em casa, Visita a Casa Amarela, em sua versão completa, imagino, pois não cheguei a ver o filme inteiro.
Vou contando tudo pelo caminho.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

DESLOCADOS

Há anos acompanhamos a tragédia dos deslocados . São milhões de pessoas . O maior êxodo desde a II Guerra Mundial. Muitas vezes saindo de seus países para morrer no mar, a primeira porta de chegada na Europa. Grécia e Itália convivem com pilhas de mortos. A Espanha também. Muitos saem de seus países por fome, por motivos econômicos. Mas hoje, a população síria vai embora por causa da guerra. A população fica entre o ditador Bashar-Al_Assad e o grupo Ísis. Acompanhamos a terrível insensibilidade européia, principalmente na Sérvia, Hungria, República Checa. Acompanhamos todas as agressões, os muros, os arames farpados. Isso nos traz cenas terríveis dos Campos de Concentração à memória. A Alemanha , impressionante, foi a única que levantou a voz para defender essas pessoas.
Mas ontem assisti a um documentário que me deixou do lado do avesso.
Uma equipe da TV Suíça acompanhou algumas famílias na viagem inimaginável da Síria até a Hungria.
Uma mulher, seus três filhos, um ainda de fralda, seu pai cardíaco, nos explica porque foi embora. Porque na sua cidade estavam matando as crianças. Decapitando e queimando os corpos. Seu pai doente, não queria deixar sua filha sozinha. Então foram atravessando o mar, montanhas, dormindo ao relento. Ficando à mercê de atravessadores. Felizmente são milhares caminhando juntos. Um grupo de rapazes sírios adotou esta jovem senhora e a ajudava a cuidar dos seus filhos e do pai.
Acontece que de repente essas pessoas são como eu ou você. Elas possuem um nome, um rosto, uma história. Elas deixam de ser um corpo anônimo no meio da multidão. A última imagem desta mulher era ela , filhos e seu lindo e dedicado pai doente, entrando num ônibus e no final ficamos sabendo que eles conseguir chegar na Alemanha.
Sua história ficou tatuada em mim.
Todas estas pessoas que fogem da barbárie na Síria, tinham uma vida normal antes da guerra, uma profissão, uma família, uma casa, amigos, almoços de domingo, sonhos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

E.M.MAGID REPANI DE MAGÉ

Gosto da palavra azáfama.As palavras que os árabes nos deixaram são lindíssimas. O dicionário me diz: grande pressa e ardor para executar uma tarefa.
Pois bem, hoje de manhã corri bastante para deixar tudo ponto para o café da manhã com a E.M.Magid Rapeni, de Magé, R.J.
Kátia Costa me disse que sairiam da escola às 7:00 e de Magé até aqui não é tão longe assim. Umas duas horas.
Acontece que se perderam e chegaram com um pouco de atraso, mas já estava tudo pronto.
Fiz dois pães imensos recheados com muzarela, bolos, pães doces, sucos, café com leite.
As crianças eram pequenas, da terceira série, lindas, maravilhosas.
Um menino passou mal no ônibus, vomitou e tomou um banho no meu banheiro, coitadinho. Mas logo ficou todo animado.
Assim que chegaram correram todos para o jardim.
Como eram pequenos, resolvi fazer muitas brincadeiras com os poemas. E comecei perguntando do que é que eles  brincam na hora do recreio. Para minha surpresa, brincam de tudo de antigamente.
Cabra-cega, amarelinha, queimado, escolinha, casinha, etc.
Li então alguns poemas do livro Brinquedos e Brincadeiras, ed. FTD.
Fizemos a Orquestra Noturna, e Unidunitê, do Caixinha de Música.
Fizemos o Caldeirão da Bruxa, com o Poemas e Comidinhas, ed. Paulus. Eles já haviam visto o vídeo no meu site e amaram fazer o poema e a bruxaria sugerida.
Fizemos o poema Cada Macaco no Seu Galho, do livro Quem Vê Cara Não Vê Coração, ed. Callis e foi divertidíssimo, pois todos imitavam macaco e tinham que trocar de lugar com o amigo.
Depois lancharam , voltaram pro jardim e finalmente o momento mais esperado: O MAR!!!
Muitos não conheciam o mar. Foi muito emocionante.
Na volta limpar os pés no jardim com a mangueira também foi um momento maravilhoso.
A escola tem um IDEB de 6.1,o melhor do Município e assim se pode avaliar a dedicação das professoras e da Diretora Kátia Costa.
Até os motoristas participaram arrumando e desarrumando a varanda para o encontro.
Na hora da despedida todos queriam morar aqui para sempre.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

ESCOLA CLOTILDE

Hoje de manhã recebi a E.M.Clotilde, escola rural de Sampaio Correia, Saquarema, dentro do Projeto Café, Pão e Texto, pelas mãos da Professora Delma.
Não havia mais vaga, pois recebo uma escola por mês e dia 5 já receberei uma escola de Magé. Mas como a Secretaria de Educação de Saquarema me pediu, eu não podia negar.
Eram apenas quinze crianças da quinta série e os professores e o marido da Professora Delma que veio ajudar. Hoje não era dia do nosso caseiro , então esperamos a escola chegar para que todos ajudassem a arrumar a varanda. Clodoaldo, da Secretaria de Educação, o marido da Delma e as professoras e alunos ajudaram a mover mesas e bancos e logo a varanda estava arrumada para o nosso café literário.
Pão, queijo, bolo, sucos, café com leite, sonhos... muita coisa gostosa.
Comecei lendo o conto "Um Presente de Natal" de O'Henry. O conto era grande, por isso eu parava em cada parágrafo para que a gente fosse conversando. As crianças amaram. O conto é belíssimo.
Depois apresentei meu novo livro "Coração à Deriva" com as maravilhosas ilustrações da Cláudia Simões, ed. Rovelle. Contei a história que construí com os poemas, mostrei as aquarelas , li algumas poesias e eles amaram.  Depois fizemos alguns ditados populares do meu livro"Quem vê cara não vê coração", ed. Callis, e então fizemos uma orquestra com o livro "Caixinha de Música" , parceria com meu filho Guga Murray, ed. Manati. Fizemos também o jogo Unidunitê, com meu poema com o mesmo nome.
Fechei com o poema da paz, do meu livro Poço dos Desejos, ed. Moderna.
Café, pão, texto, jardim. A criançada foi toda para o jardim descobrir as orquídeas floridas.
Uma menina com olhos de gato me disse que o maior sonho da vida dela era vir na minha casa me conhecer! e que era louca por orquídeas.
Eles fizeram muitas fotos no jardim, passeavam no jardim como se estivessem no Éden.
E na saída me encheram de beijos e abraços, uma cachoeira de amor.