quarta-feira, 26 de abril de 2017

RECADOS

Todos os dias recebo algum ou alguns recados maravilhosos. Relacionados com a minha poesia e com leitura, claro. Essa é a minha vida. Tudo gira em torno dos livros
E às vezes, tantos anos depois, alguém me diz: _ Eu era tua leitora quando criança, hoje leio teus poemas para meus alunos. Ou: _ Você nem imagina o quanto teus poemas me ajudaram.
E esses recados tão lindos, tão maravilhosos, são todos os dias o arco-íris do meu dia, as minhas estrelas cadentes.
Tem muita gente por aí que está fazendo muito esforço para me levar para um encontro com alunos, algum pequeno evento,  já que com a falta de recursos às vezes fica muito difícil.
Mas quero dizer que minha casa está sempre aberta para um poema e um café. Se não puder ir, cada leitor será bem recebido.
E que acredito que precisamos sonhar muito, usar toda a nossa delicadeza e amor para fazer a Terra dançar. Em cada pequena coisa que faço eu me jogo inteira. Ás vezes é perigoso, mas Guimarães já disse que viver é muito perigoso. Ás vezes dá errado, mas às vezes dá certo.  

terça-feira, 25 de abril de 2017

A VOLTA

Chego em Saquarema em todos os tons de azul.
Juan me diz que choveu muito, mas quando eu volto trago o sol.
Quando vou para a minha casa da montanha, as pessoas dizem : "Bom descanso", mas não é exatamente isso, embora sim, descanse muito. Mas lá é a minha outra vida, muito diferente da vida que levo aqui.
Chego e já estou no turbilhão das notícias e dos acontecimentos.
Muitas pessoas me pedem muitas coisas. Tento não deixar ninguém sem resposta. Fico muito triste quando escrevo para alguém e não recebo uma resposta de volta.. É algo muito comum em nossa época. Como disse o Manduca numa canção, filho do poeta Thiago de Mello que conheci num passado remoto, grande músico, "Gentileza é pedra rara, não se acha pelo chão..."
Entre as coisas que me pedem, às vezes sou premiada. O que aconteceu hoje, quando li o original de Julio Pires. Amei os seus poemas. Fiquei muito emocionada. Tomara que ele publique e ganhe um prêmio. Merece.
Esta semana recebo 15 professoras para um Café, Pão e Texto. Poucas coisas me deixam mais feliz do que esses encontros.
Espero com uma paciência de capricórnio, embora seja tão impaciente, que duas editoras me respondam. Estão analisando meus originais de poesia infantil. Gostaria muito de ter esses livros novos publicados. Seria uma grande felicidade. Já se foi o tempo em que eu não precisava me preocupar com isso. Mas os tempos mudaram.
A minha vida é inteiramente armada em cima de horizontes. Que mudam de lugar.
Tudo pode acontecer, podem me convidar para ir aqui ou ali e a mala está sempre meio aberta.
Hoje uma professora, Fabíola, me conta que encheu o quadro negro com meus poemas e crianças e adultos estão amando. Uma professora veio dizer que também havia perdido uma maleta cheia de amores...

terça-feira, 11 de abril de 2017

VISCONDE DE MAUÁ

Amanhã subo a montanha bem cedo. Vou ao encontro da família.
É uma longa viagem, mas devagar se vai ao longe.
Enquanto isso outras viagens vão sendo tramadas, trançadas. Nenhuma está fechada ainda, mas tenho vários esboços.Numa delas há uma possibilidade de um encontro com Gloria Kirynus em Curitiba, como já fizemos uma vez na Bienal do Rio. Duas amigas poetas que juntas dão certo.
Mas agora quero mesmo é chegar na entrada do Vale do Pavão, serpentear montanha acima, abrir a porta da minha casinha e respirar toda a saudade acumulada.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

NATAL E BIBLIOTECA

Em Natal, na I Jornada Pedagógica Potiguar, tive momentos de muita emoção. Marly Amarilha fez uma das falas mais lindas que já ouvi sobre literatura.
A garra e paixão dos professores era visível, saía pelos poros de cada um.
Meu mais novo editor, Rilder Medeiros, é um construtor de sonhos. Ele faz, concretiza.
Tive depoimentos belíssimos como o de Paula Belmino, que com apenas um livro na mão é capaz de fazer 1001 mágicas no interior do Rio Grande do Norte.
Tive o poeta José de Castro como anfitrião, incansável em seu envolvimento com a literatura e especialmente com a poesia.
E a inauguração da Biblioteca da E.M Sadi Mendes com meu nome. A escola fica num bairro complicado. E a literatura é o rio de águas maravilhosas por onde irão passar os peixes azuis de todos os sonhos.
Meu agradecimento maior do que o mundo a todos os professores que me escolheram e um cheiro especial para Vera Vilela de Mendonça que fez o primeiro contato comigo.
Meu coração agora pulsa nesta biblioteca.
Pulsa aqui em Saquarema na E.M. Clotilde que também tem uma vigorosa Sala de Leitura com meu nome. E em Olaria, com a Sala de Leitura Nos Caminhos de Murray, na E.M.Brasil, em Duque de Caxias com a Sala de Leitura da E.M.Pedro Paulo e no interior do Pará na E.M.Francisco Guillon e em S.Bernardo do Campo ( eu me esqueci o nome da escola).
Um dia irei virar estrela ou poeira cósmica, mas por enquanto sou além de gente, árvore, flor e biblioteca.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

NATAL

Faço a mala para Natal. Saio de casa amanhã às 5.35 da manhã.
Por que o Brasil é um país sem trens?
Queria ir pro aeroporto de trem, num vagão restaurante, tomando café e lendo. Haveria uma estação no terminal do Galeão.
Não posso ler no ônibus, pois fico enjoada.
A minha viagem para Natal é um embrulho de presente. Ganho um novo livro, Sete Sonhos e Um Amigo e uma Sala de Leitura com meu nome na E.M.Sadi Mendes.
Adoro fazer a mala para acontecimentos mágicos.

domingo, 2 de abril de 2017

DOMINGO

Aqui em casa, fora de temporada, parece que vivemos numa ilha. Não há nenhum movimento , nenhum barulho, só o silêncio feito com a música do mar, passarinhos, cachorros latindo e às vezes ao longe, um galo.
Aos domingos o isolamento se acentua. E eu me aconchego dentro dessa concha.
Sempre amei o silêncio e preciso de silêncio para conseguir viver e às vezes escrever.
Ao silêncio associo sempre um livro. Um sofá, uma cadeira de balanço, uma poltrona e pronto.
Para mim a felicidade está ao alcance da mão. Basta me perder dentro de um livro. Basta que uma história me apanhe em sua rede e não preciso de mais nada.
Lembro que numa fase muito difícil da minha vida, num daqueles momentos em que não vemos nenhuma saída, o Memorial do Convento veio parar nas minhas mãos.
E posso dizer que Blimunda me salvou. Tirei dela a sua força e então aquela força era minha. Quando conheci Saramago eu lhe disse que Blimunda para mim era um arquétipo.
Posso reler muitas vezes um livro que amo. É como voltar para casa  depois de uma viagem. Um prazer semelhante.Ser leitor nos salva. É uma dádiva. Como alguém pode afirmar que não gosta de ler? Será que não sabe que é um perdedor de mundos?