sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

2016

Se não acontecer nenhuma tragédia nas nossas vidas, os anos , feitos de dias e noites  sonhos e insônias, são a mistura de tantos momentos e quando olhamos para trás, às vezes nossa vida parece um romance bastante fragmentado.
O Brasil atravessa dias duros, recessão, desemprego, professores e servidores sem receber seus salários.Mas esperamos que a economia melhore, que tudo melhore.
Neste ano, em agosto, meu marido Juan Arias ficou oscilando entre o nosso mundo e o outro, passei 18 dias morando no hospital e joguei xadrez com a morte. Ganhamos. Minha família e alguns amigos maravilhosos foram o meu pão, meu alimento. Agradeço ao Cristiano Mota Mendes, meu maisqueamigoirmão, Monica Botkay, Bia Hetzel, Silvia Negreiros, William Amorim.  Neste ano, apesar da maioria dos meus amigos pensar politicamente de uma maneira diversa da minha, não perdi nenhum amigo, não bloqueei ninguém por ter posições e pensamentos diferentes dos meus. Basta ver como os políticos que ontem eram inimigos, hoje se defendem entre si e se abraçam. Não vale a pena perder amigos por política. Políticos passam.
Neste ano não consegui publicar nenhum livro, foi um ano muito duro para as editoras, para a cultura de um modo geral. Mas encontrei um atalho, um caminho como aqueles que existem dentro da mata, meio escondidos e que vão dar numa clareira. Os meus e books Livros e Leitores e Delírios, pouco a pouco vão conseguindo leitores e para 2017 tenho algumas publicações em papel. E uma coletânea nova de poemas para virar ebook ano que vem no segundo semestre.
Neste ano conheci pessoas maravilhosas e amizades se fortaleceram, Meu projeto Café, Pão e Texto deu um grande sentido para a minha vida.Neste ano fiz viagens incríveis para apresentar meus livros e falar de leitura.
Então talvez o segredo deste romance de milhares de páginas que é a nossa vida, seja mergulhar profundamente nos sentimentos, viver a vida como a mais perigosa e emocionante das aventuras e tudo de bom ou de ruim pode acontecer.
Espero que em 2017 aconteçam só coisas boas para todos nós.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

ENGOLINDO CÉU

Hoje foi dia de ganhar lindos presentes. De Delmino Gritti, um apaixonado por poesia com vários livros sobre o tema publicados, recebo um arquivo belíssimo. Copiei algumas frases do Manoel de Barros falando de poesia. É de gritar!
O poeta lê o mundo de um ponto de vista insólito ou encantado. Ele transvê o mundo”. (Manoel de Barros)

Os andarilhos, as crianças e os passarinhos têm o dom de ser poesia. Dom de ser poesia é muito bom. (M. de Barros)

Uma árvore bem gorjeada, com poucos segundos, passa a fazer parte dos pássaros que a gorjeiam. (Manoel de Barros)

O sentido normal das palavras não faz bem ao poema. Há que se dar um gosto incasto aos termos.  (M. de Barros)

Minhocas arejam a terra; poetas, a linguagem e a vida. (Manoel de Barros)

Os grilos de olhos sujos se criam nos armazéns. (Manoel de Barros)

Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina. (Manoel de Barros)

A quinze metros do arco-íris o sol é cheiroso. (Manoel de Barros)

Há nas árvores avulsas uma assimilação maior de horizontes. (Manoel de Barros)

Escurecer ascende os vagalumes. (Manoel de Barros)

Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma e que você não pode vender no mercado como, por exemplo, o coração verde dos pássaros serve para a poesia. Tudo aquilo que a nossa Civilização rejeita, pisa e mija em cima serve para a poesia.  (M. de Barros)

Aquele que não morou nunca em seus próprios abismos nem andou em promiscuidade com seus fantasmas não foi marcado. Não será marcado. Nunca será exposto às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema. (M. de Barros)

As coisas que não levam a nada têm grande importância para a poesia. Pessoas desimportantes dão para a poesia. O que é bom para o lixo é bom para a poesia.
                                                                                                                                                                                                                     (M. de Barros)

 Poesia é a loucura das palavras. O poeta é mais a palavra com febre, decaida, fodida em sarjeta. O poema é antes de tudo um inutensílio. (M. de Barros)

O sabiá, uma pequena coisa infinita do chão. Nas fendas do insignificante ele procura grãos de sol. Seu canto é o próprio sol tocado na flauta. (M. de Barros)

Poeta, individuo que enxerga semente germinar e engole céu. Espécie de vazadouro para contradições. Sabiá com trevas. Sujeito inviável, aberto a desentendimentos como um rosto. (M. de Barros)

Trapo- andarilho-mendigo: pessoa que tendo passado muito trabalho e fome, deambula com olhar de água-suja no meio das ruínas. Quem as aves preferem para fazer seus ninhos. Diz-se também de quando um ser humano caminha para o nada. (M. de Barros)

E me chegou pelo correio dois livros de uma escritora que na minha santa ignorância eu nunca havia lido, Cristiane Lisbôa. O primeiro que estou já terminando se chama Duas Pessoas são Muitas Coisas e o segundo Papel Manteiga,. A editora é Memória Visual. 
O mais incrível é que veio junto um cartão lindíssimo de uma pessoa chamada Vera. Mas não me lembro quem é. Veio assinado sem sobrenome. Vera, se você estiver me lendo, me avise, pois estou encantada com o primeiro livro. É lindo, leve,sua escrita tão interessante e poética. Estou amando! As receitas que estão trançadas com a narrativa são maravilhosas. E quero agradecer.
Levo os dois para a montanha (parto amanhã em dois ônibus e um carro, embora preferisse ir de Pégaso) e mais o livro da Elvira Vigna, Em Palimpsesto de Putas, que também me chegou pelo correio com dedicatória (ganhou o A.P.C.A) e que também já comecei e que é um livro duro, desses que machucam, assim são os romances da Elvira. .Elvira dói. Deixa a gente em carne viva.
Como podem ver, estes presentes já estão no coração. E começa bem o Natal.
Segundo a definição para poeta do Manoel de Barros, eis o que sou: indivíduo que enxerga semente germinar e engole céu. Vou para a montanha engolir céu e virar árvore, como sempre.

domingo, 18 de dezembro de 2016

E TUDO VOA

E tudo voa ao meu redor. Borges disse numa entrevista e escrevi dentro de mim: Para o escritor a vida é a sua matéria prima, então nada pode ser descartado. Nem alegrias nem tristezas, nem momentos sublimes, nem momentos da mais profunda dor.
E eu voo junto, já que a Terra não está parada. Tudo sempre em movimento.
Apanho em pleno voo uma palavra, uma imagem, uma sensação, uma lembrança, um sentimento e faço o poema. Que às vezes se comporta como um gato:  vem quando não chamo e quando chamo não vem.
Em algumas épocas duras da minha vida escrevi muito e isso me ajudou. Em outras a poesia me desabitava e tudo ficava muito pior.
O poema é um jeito de respirar? É o meu diafragma, existe dentro de mim mesmo quando não é escrito?
Li e me apaixonei quando tinha 23 anos pelo poeta Jules Supervieille, porque ele retira todas as coisas do chão. Mesmo a sua rua em Paris, Boulevard Lanne, vai parar no céu. E pelos quadros do Chagall pelo mesmo motivo. Então entendi que a minha poesia sempre quer fugir pro céu, sempre quer voar.
Às vezes levo meu leitor junto, e como na música do Coltrane, A Love Supreme, essa é a felicidade suprema, quando alguém voa junto comigo.

sábado, 17 de dezembro de 2016

EÇA DE QUEIRÓS

Quando decidi que leríamos Eça , A Relíquia e As Cidades e as Serras, Rafael, do nosso grupo me disse que sua amiga Monica Figueiredo, professora de literatura portuguesa da UFRJ, certamente gostaria de vir. Ela é especialista em Eça. Como ela mesma nos disse hoje, Eça é o seu homem.
Devo confessar que estava nervosa e com medo. Nossas discussões são afetivas e não seguimos nenhuma linha.
Rafael me acalmou ontem. Ele me disse, a Monica é maravilhosa você vai ver.
Como é dezembro faltou muita gente, mas mesmo assim a sala estava cheia. E Monica começou esbanjando tudo, charme, simpatia, ironia. Monica fala com paixão e com o corpo todo, além de ser íntima de cada suspiro do "seu homem", de quem ela não esconde os "defeitos". Começou nos dizendo que o século XIX ainda não acabou e nos colocou politicamente nesta época de tantas mudanças. Falou do declínio de Portugal, das vertentes literárias e começou nos contando, como ela mesmo disse, histórias de "cozinha", os bastidores, as fofocas. Falou do estranho nascimento de Eça, que só foi reconhecido aos 40 anos pela mãe, ou seja, era reconhecido pelo pai mas não pela mãe! Falou da sua vida desastrada, das suas idas e vindas, de como fez sozinho um jornal inteiro e como O Crime do Padre Amaro fez sucesso imediato. Como era um escritor que reescrevia mil vezes o seu texto, extremamente zeloso e consciente do seu talento. Falou da crítica negativa de Machado de Assis, e oh que delícia, falou que certamente essa crítica foi movida por uma certa inveja de Eça que lhe atrapalhava as vendas com seu sucesso e que esse fato, a crítica negativa, ajudou ainda mais o sucesso do livro. Ao nos colocar no século XIX, Monica chamou a atenção para o leitor do século XIX, um leitor burguês, lendo um romance burguês: exatamente como nós.
A Relíquia, todos sabem, é um romance que tira qualquer leitor da depressão. Se alguém estiver triste, abra A Relíquia em qualquer página e a tristeza se dissipará imediatamente. O livro é  debochado e demolidor. Eça ridiculariza tudo e escreve tão magnificamente que sentimos os cheiros, ouvimos as vozes, andamos pela antiguidade na viagem mais inesquecível, na cena do sonho. Voltamos com a certeza absoluta de que estivemos lá, naquele dia, há dois mil anos atrás.
A trama mirabolante da troca dos embrulhos tendo como consequëncia a perda da herança, também é perfeita. E o que dizer do ridículo que são as relíquias? Falamos da maravilha que são as personagens femininas do romance, as prostitutas incríveis do Eça. Falamos da perfeição que é a personagem da titi.
Enfim, aplaudimos de pé.
Monica nos disse que As Cidades e as Serras era um romance mais problemático por ser póstumo e mexido por Ramalho Ortigão na parte das serras.
Talvez Eça não tivesse sido tão romântico e bonzinho no final. Eça não era bonzinho. Mas é também um romance maravilhoso. Como Eça foi profético! Ele já anuncia a nossa terrível sociedade de consumo, a nossa frivolidade de possuir coisas inutilmente. E as cenas do livro são tão cinematográficas. Os passeios por Paris, aquela nobreza decadente, o vazio, o spleen do fin de siècle, está tudo ali. Destaque para a cena do peixe entalado no elevador.
E Monica ressalta um ponto muito importante, a salvação do Jacinto vem pelo trabalho. É o trabalho que lhe dá outra existência. Fala também da crítica social, da descoberta por Jacinto da miséria e de seu desejo então de consertar o mundo.
Falamos das comidas maravilhosas no romance, nos dois romances.
Fechamos o encontro com a leitura de poemas de Fernando Pessoa.
Trocamos livros como presentes de Natal.
E fomos para a mesa, Eça nos deu fome: escondidinho de aipim com carne seca, empadão de legumes, abóbora , arroz, salada. Fernando ofertou brownies artesanais e os proseccos , Ângela trouxe lindos presentes,
Hoje tivemos a volta do Paulo e o ingresso de Renée, minha prima e seu marido. Minha tia Alice, a última da sua linhagem, imã da minha mãe, veio e adorou.
Eu e Felipe fomos os aniversariantes presentes, já que Cristiano e Ana não vieram.
Monica, nossa convidada, ficou muito impressionada com a duração do Clube, já são mais de 6 anos e já somos uma família. Vida longa para nosso Clube, que é uma das maiores alegrias da minha vida.
Que pessoas se juntem para falar de livros e festejar a vida, é um acontecimento.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

FIM DE TARDE FIM DE ANO

É estranha e interessante essa energia de fim de ano. Penso nisso aqui sentada no fim da tarde.
Este foi um ano duro: recessão, desilusão com os rumos políticos, de ambos os lados. Descobrimos um Brasil abjeto, sabíamos da sua existência, mas agora todos os holofotes se acenderam e não podemos mais fingir que a lama não está aí. De certa maneira estamos todos contaminados.Os políticos nos contaminam com suas ações vergonhosas.
Mas mesmo assim, a energia desse fim de ano, de todos os finais de ano, é algo diferente. Há uma pressa, uma espécie de frenesi, há um vaivém, há uma urgência , como se fôssemos perder o trem, a carruagem, o navio, um grande encontro.
Penso nos meus amigos. Quase todos dispersos por este mundão de Deus. Queria nomeá-los todos. Os antiquíssimos, os novos, os que estão sempre em meu coração, em meus pensamentos. E agradecer. Porque o que nos sustenta a cada minuto é o dom da amizade. Saber que mesmo longe eu habito outras pessoas que por alguma razão possuem um laço comigo, isso me ajuda a viver .Porque viver, todos sabem, é muito perigoso. Gostaria de juntá-los todos, como num sonho, numa grande festa. E então seria a festa de fim de ano mais bela do mundo.
 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

NATAL

Mas de verdade o que é o Natal? O espírito natalino não seria um entrelaçamento-entendimento entre todos?
Há uma atmosfera tão carregada neste dezembro. Todos gritam. Não haverá trégua.
Vi um filme muito lindo, não me lembro o nome e me chega agora pelos caminhos estranhos das lembranças, é um filme francês.
No interior da França um velho e sua filha pianista são obrigados a receber um oficial nazista.
O nazista ouve a moça tocar. Se emociona. Para no umbral da porta e fala com ela. Fala que ama a música. que é músico, que não queria estar na guerra. Ela não responde. Ela nunca responde.
Seu pai também nunca responde.
Mas dia por dia ele fala com a moça ao chegar a casa. Ao ouvi-la tocar. Ela não responde.
Ela nunca responde.
Ela é da Resistência. Numa manhã, há um carro que espera fora da casa. O hóspede e vários oficiais estão juntos para embarcar. No último minuto ela o chama e ele então não entra no carro. Que explode. Então eles fizeram isso um pelo outro. Ela salvou a sua vida. E ele agradeceu em silêncio e não a denunciou ou matou.
Para mim isso seria o espírito natalino.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

PROFESSORAS

Recebo professoras em minha casa, no Projeto Café, Pão e Texto. Neste ano fui homenageada por Itaboraí e lida em mais de 80 escolas. Recebi muitas e muitas professoras. Maravilhosas. Guerreiras. Incansáveis.
Agora me contam um pouco do seu desespero. Não recebem o salário desde outubro. E também em outros municípios essa triste história se repete.
Fica registrado o meu espanto. Se não pagarmos o aluguel recebemos uma ordem de despejo. Se pegarmos algo de graça no supermercado vamos presos. Se adoecermos mas não pudermos comprar o remédio necessário pioramos, etc, etc, etc. Então, como assim, é permitido não pagar o salário aos professores?
O professor e a professora são responsáveis por nossas escolhas, nossos rumos, quando, ainda crianças a vida é descoberta Ninguém é mais importante do que um professor. Talvez eu escreva porque Rosa Hermann acreditou em mim, minha professora da quarta série. Talvez tenha publicado meu primeiro livro porque Sandra, professora do meu filho amou os poemas.
Em que mundo estamos vivendo?

domingo, 11 de dezembro de 2016

VERÃO

Na minha infância morei no bairro Grajaú, na Rua Caruaru 40, na zona norte do Rio de Janeiro.
Era um sobrado amarelo. As casas onde vivemos nos primeiros anos de nossas vidas são indestrutíveis, embora não existam mais. Já disse Drummond.
O verão sempre me pegava desprevenida e me jogava num atordoamento.
Hoje o verão me traz a casa da minha infância. O ar está grosso, quase irrespirável aqui em Saquarema e nos dezembros da minha infância. E ela me aparece quase palpável. Feito miragem ou alucinação por causa do calor.
Naquela época a grande felicidade de dezembro eram as férias, que eram longas. E meu aniversário que sempre me traria algum presente.
Não tínhamos Natal, éramos judeus. Cresci sem espírito natalino.
Agora toda a minha existência é de outra matéria. É feita de livros. De palavras. É dezembro, faz um calor insuportável e vou buscar algum conto russo para sentir um pouco de frio.  

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

ELVIRA VIGNA

Acabo de saber que Elvira Vigna ganhou o Prêmio A.P.C.A por seu último romance "Como se estivéssemos em palimpsesto de putas".
Sinto uma alegria selvagem e telefono para Elvira, que me diz na sua simplicidade:
- Isso não tem a menor importância.
Nós nos conhecemos desde 1978, eu acho. É dela a primeira edição do meu livro Fardo de Carinho, que voltou a ilustrar tantos anos depois.
Somos pessoas reclusas, nós duas. Somos avessas a todo o burburinho social.
Eu sempre vivi bem retirada e Elvira também e hoje, no telefonema, falamos disso.
Das nossas esquisitices, das nossas bizarrices.
Faz pouco tempo um amigo me disse que eu pareço uma mulher francesa irritada, às vezes. Elvira nem se fala.
Vivo em duas casas, em dois lugares fora de grandes centros, sem nenhuma vida social. Saquarema parece um mosteiro ou um templo. Aqui sou regida pelo mar.
Na montanha vivo dentro do bosque. Sou regida pelas árvores. E nas duas casas, nos dois lugares, vivo para fazer poesia, mesmo quando não estou escrevendo. Isolamento maior impossível.
Quis falar disso e escrevi um texto muito bonito que se chama DUAS CASAS.
Elvira ilustrou e faz dois anos, por conta da crise, o livro espera a chance de sair, pela Lê Editora.
As ilustrações da Elvira são belíssimas, como sempre. E ela amou meu texto, como sempre.
Esta semana recebo a boa notícia de que o livro deve sair no primeiro semestre de 2017.
Elvira também ilustrou lindamente meu e book Livros e Leitores. E o livro já está com 977 visualizações.Logo chegará a 1000, e claro, vou abrir um vinho para festejar, pois estou apostando nesse novo caminho. Pescar leitores não é como pescar peixes. E eu jamais seria uma boa pescadora: sou ansiosa e impaciente. Com minha ansiedade e impaciência às vezes cometo erros fatais. Mas os leitores estão chegando e eu e Elvira estamos juntas nessa pescaria.
Natália Ginzburg diz no livro  As Pequenas Virtudes, que se o escritor não escrever a sua verdade o leitor descobrirá. Escrevo com tudo o que tenho, com tudo o que sou. E o meu leitor sabe disso.  

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

MAESTRO MOISÉS

Conheci o Maestro Moisés na E.M Castelo Branco aqui em Saquarema. Dei um nome para o Coral que o Maestro dirigia: Escola que Canta.
Depois o Maestro foi embora. Está em Búzios com um belo Coral de meninas.
O trabalho do Maestro vai além, muito além da música. Ele resgata a auto estima dessas jovens. Ele faz com que se sintam importantes, quando às vezes elas chegam de realidades muito complicadas.
A alegria do Maestro Moisés é dourada e sua alegria e seu amor pela vida é um convite.
Hoje conversávamos.
Ele me conta: No dia 21 fará uma caminhada musical com as suas meninas por Búzios desejando Feiz Natal e esperança para o próximo ano.
Ele me diz:"Vamos fazer a nossa parte! A vida não basta... por isso existimos! Poesia e Música.".
Claro, o mundo está horrível. Mas a gente não desiste. Vai trabalhando no pequeno, aranhas laboriosas, abelhas fabricando mel...
Tenho o sonho de que o Maestro possa voltar para Saquarema. Que trabalhe nas escolas. Que possamos juntar nossas vontades , misturar nosso pó de pirlimpimpim e fazer isso : Leitura e Música. Já vou fazendo minhas bruxarias e poções mágicas para que isso aconteça.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

DELÍRIOS

Há muito tempo publiquei o primeiro e book em meu site. Era uma coletânea de poemas para adultos, que fiz a partir de desenhos de Elvira Vigna. Chamei de Variações sobre Silêncio e Cordas. Ganhei uma resenha maravilhosa  no Prosa e Verso . Ganhei muitos leitores e alguns elogios de peso. Foi lido em escolas, em turmas do EJA e Ensino Médio. Fiz tudo sozinha, Elvira me deu os desenhos de presente e o acesso é grátis.
Depois fiz um e book para crianças com Caó Cruz Alves.
E o Livros e Leitores, novamente com desenhos da Elvira, onde conto a minha trajetória de leitora e poeta.
E agora entra no ar meu e book DELÍRIOS. São 33 poemas com uma linda apresentação do grande poeta José Salgado Maranhão.
Os desenhos são da minha irmã Evelyn Kligerman, ceramista e escultora. Ela fez placas de cerâmica, desenhou sobre as placas, quebrou as placas para conseguir os efeitos que queria, criou texturas e fez o designer gráfico. Meu cunhado Luis Mérigo, fotografou e fez a montagem e Gabriel Duarte criou o movimento. O efeito é belíssimo, maravilhoso.
Por que estou criando essa linha de e books com acesso livre para todos?
É simples. Quero leitores. O livro pode ser aberto no computador, tablet ou smarphone. No compútador ele tem movimento, e é muito mais bonito, mas no celular ou tablet, está em PDF.
Claro que também gostaria de ter o livro em papel, por uma boa editora. Mas entre ficar com meus poemas no cofre ou colocá-los ao alcance de qualquer leitor com um simples clique, optei por esse novo caminho.
É um caminho alternativo e preciso do meu leitor para ter êxito. Preciso de você.