Recebi um presente duplo: a poesia do Luciano Bonfim que vive em Sobral , no Ceará e a poesia de Rubens Cunha que vive em Santa Catarina. São belos os poemas dos dois poetas. São poemas fortes, às vezes,cortantes.
Luciano , com seu pequeno livro Aliterar Versos , fabrica haicais com algo de desconstrução, se fosse para fazer uma aproximação com a pintura, me lembraria Picasso:
5/15
Andorinha: abnegada ave,
Corta céu / certeira
Verão vem vindo
7/21
Lascívia: l ' art-pour-l'art?
Alma alcança ares?
Fortuita, fugitiva, fugaz?
Rubens me envia uma coleção de livros mínimos com títulos maravilhosos, eles se desdobram, cada um é um poema, e me diz ele que vinham numa caixa, mas as caixas acabaram.
Escolho um. Paredes:
sou homem de sementes falhas
porém com dedos faustos
capazes de corromper
-ou inaugurar -
alegrias
paredes
pernas
e as demais metáforas da carne
a vida líquida
se molda ao corpo
azul na memória
talvez futuro
o sol gaivota o tempo
em outro lugar
espero
escondo os poros nos porões
meu destino
é disfarçar
às escondiduras da casa
e do corpo
faz tempo que não abro as janelas
e as pernas
faz tempo que não enxergo
pedaços de pecado
cimentam as horas
desvelo o céu
do respeito
até sangrar-me
céu e vulva
a vida acometida em aliteração
promete o gozo baixo
quarta-feira, 29 de maio de 2013
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