sexta-feira, 6 de novembro de 2015

DESLOCADOS

Há anos acompanhamos a tragédia dos deslocados . São milhões de pessoas . O maior êxodo desde a II Guerra Mundial. Muitas vezes saindo de seus países para morrer no mar, a primeira porta de chegada na Europa. Grécia e Itália convivem com pilhas de mortos. A Espanha também. Muitos saem de seus países por fome, por motivos econômicos. Mas hoje, a população síria vai embora por causa da guerra. A população fica entre o ditador Bashar-Al_Assad e o grupo Ísis. Acompanhamos a terrível insensibilidade européia, principalmente na Sérvia, Hungria, República Checa. Acompanhamos todas as agressões, os muros, os arames farpados. Isso nos traz cenas terríveis dos Campos de Concentração à memória. A Alemanha , impressionante, foi a única que levantou a voz para defender essas pessoas.
Mas ontem assisti a um documentário que me deixou do lado do avesso.
Uma equipe da TV Suíça acompanhou algumas famílias na viagem inimaginável da Síria até a Hungria.
Uma mulher, seus três filhos, um ainda de fralda, seu pai cardíaco, nos explica porque foi embora. Porque na sua cidade estavam matando as crianças. Decapitando e queimando os corpos. Seu pai doente, não queria deixar sua filha sozinha. Então foram atravessando o mar, montanhas, dormindo ao relento. Ficando à mercê de atravessadores. Felizmente são milhares caminhando juntos. Um grupo de rapazes sírios adotou esta jovem senhora e a ajudava a cuidar dos seus filhos e do pai.
Acontece que de repente essas pessoas são como eu ou você. Elas possuem um nome, um rosto, uma história. Elas deixam de ser um corpo anônimo no meio da multidão. A última imagem desta mulher era ela , filhos e seu lindo e dedicado pai doente, entrando num ônibus e no final ficamos sabendo que eles conseguir chegar na Alemanha.
Sua história ficou tatuada em mim.
Todas estas pessoas que fogem da barbárie na Síria, tinham uma vida normal antes da guerra, uma profissão, uma família, uma casa, amigos, almoços de domingo, sonhos.

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