segunda-feira, 30 de novembro de 2015

ESCOLAS OCUPADAS

Leio uma reportagem belíssima sobre escolas "ocupadas" pelos alunos em São Paulo.
O que me chama a atenção: a apropriação pelos alunos de um espaço que deveria sempre pertencer a eles e normalmente é um espaço hostil.
Essa apropriação é de uma beleza singular. Os banheiros pichados estão sendo pintados e limpos. O mesmo espaço que era agredido, agora é cuidado.
As salas estão sendo pintadas e a cozinha passará por este mesmo processo. Há amor circulando. Alunos que nem se conheciam agora são irmãos. Feixes de solidariedade e amizade são o cimento desta apropriação.
Jovens discutem educação e dignidade.Os rumos para o país e para suas vidas.
Vejo aí uma nova semente. Mas eu sempre acreditei nisso, que as escolas afastam seus alunos e quando existe na escola literatura e arte, a escola passa a ser um território amado, um espaço para ser cuidado.
Uma vez vi um filme italiano, não me lembro o nome, onde os detentos montavam uma peça de teatro e saiam transformados. A arte salva, uma frase clichê que funciona.
Todos sabemos, com as descobertas da neurociência, que o conhecimento só é fixado com afeto.
E que com literatura e arte, com a criação correndo livre como rios livres pela escola, o olhar para o outro será amoroso e então não haverá bulling .
O que está acontecendo, por um lado, é surreal. O Estado fechando escolas. Teatro do Absurdo.
Por outro lado, nos lembra os momentos mais pungentes da história, onde há uma tomada de consciência, uma virada.
Gostaria de estar lá com estes jovens, lendo poesia com eles.
Estou muito emocionada e que essa história nos aponte um novo caminho.

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