Silvane, da E.M.Herman Muller , na zona rural de Joinville, me conta:
Este ano o Café, Flor e Poesia é dedicado a Cora Coralina e todas as famílias, além dos alunos estão envolvidas. Os singelos poemas de Cora serão acompanhados por seus doces. Cada família está fabricando uma receita. E aliás, esta é uma receita para ser copiada!
VELHO SOBRADO
Um montão disforme. Taipas e pedras,
abraçadas a grossas aroeiras,
toscamente esquadriadas.
Folhas de janelas.
Pedaços de batentes.
Almofadados de portas.
Vidraças estilhaçadas.
Ferragens retorcidas.
Abandono. Silêncio. Desordem.
Ausência, sobretudo.
O avanço vegetal acoberta o quadro.
Carrapateiras cacheadas.
São-caetano com seu verde planejamento,
pendurado de frutinhas ouro-rosa.
Uma bucha de cordoalha enfolhada,
berrante de flores amarelas
cingindo tudo.
Dá guarda, perfilado, um pé de mamão-macho.
No alto, instala-se, dominadora,
uma jovem gameleira, dona do futuro.
Cortina vulgar de decência urbana
defende a nudez dolorosa das ruínas do sobrado
— um muro.
Fechado. Largado.
O velho sobrado colonial
de cinco sacadas,
de ferro forjado,
cede.
Bem que podia ser conservado,
bem que devia ser retocado,
tão alto, tão nobre-senhorial.
O sobradão dos Vieiras
cai aos pedaços,
abandonado.
Parede hoje. Parede amanhã.
Caliça, telhas e pedras
se amontoando com estrondo.
Famílias alarmadas se mudando.
Assustados - passantes e vizinhos.
Aos poucos, a " fortaleza " desabando.
Quem se lembra?
Quem se esquece?
Padre Vicente José Vieira.
D. Irena Manso Serradourada.
D. Virgínia Vieira
- grande dama de outros tempos.
Flor de distinção e nobreza
na heráldica da cidade.
Benjamim Vieira,
Rodolfo Luz Vieira,
Ludugero,
Angela,
Débora, Maria...
tão distante a gente do sobrado...
Bailes e saraus antigos.
Cortesia. Sociedade goiana.
Senhoras e cavalheiros...
-tão desusados...
O Passado...
A escadaria de patamares
vai subindo... subindo...
Portas no alto.
À direita. À esquerda.
Se abrindo, familiares.
Salas. Antigos canapés.
Cadeiras em ordem.
Pelas paredes forradas de papel,
desenho de querubins, segurando
cornucópia e laços.
Retratos de antepassados,
solenes, empertigados.
Gente de dantes.
Grandes espelhos de cristal,
emoldurados de veludo negro.
Velhas credências torneadas
sustentando
jarrões pesados.
Antigas flores
de que ninguém mais fala!
Rosa cheirosa de Alexandria.
Sempre-viva. Cravinas.
Damas-entre-verdes.
Jasmim-do-cabo. Resedá.
Um aroma esquecido
- manjerona.
CORA CORALINA
terça-feira, 1 de novembro de 2011
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Bom dia!
ResponderExcluirAmo as poesias de Cora Coralina, e um doce é tudo de bom! Sucesso para o evento. Beijos Roseana e muito bom dia
Maristela
Roseana: amo Cora Coralina,amo Drummond,amo você...beijos poéticos.
ResponderExcluirMeninas, também amo vocês!!!
ResponderExcluirNós estamos vendo seus livros.Que são muito legais principalmente o livro.Classificados Poéticos .Kelton e Silvestre da escola municipal Germano Lenshow de Joinville. bjss
ResponderExcluirNOSSA PROFª LEU O LIVRO CLASSIFICADOS POÉTICOS, E GOSTAMOS MUITO!
ResponderExcluirESTUDO NA ESCOLA MUNICIPAL GERMANO LENSCHOW,EM JOINVILLE
FELIPE LENSCHOW
Eu e meu amigo gostamos muito do seu livro Classificado Poético.Somos da escola Municipal Germano Lenschow.E parabens pelo seu trabalho!
ResponderExcluirJoão Lucas e Luiz Roberto
Ler seus poemas é uma doce cia.
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