terça-feira, 6 de setembro de 2016

POESIA É FICÇÃO?

Ontem conversando com Roger Mello , ele me diz, "...você que escreve ficção..." e eu disse, mas Roger, eu não escrevo ficção, um conto ou outro, mas escrevo mesmo é poesia."  E ele me responde:
"Mas poesia não é ficção? Tudo o que se inventa é ficção!"
Achei genial, porque ficamos presos a determinadas fórmulas e quando penso ficção não penso em poesia, mas em contos, romances, novelas. E aí vem o Roger e derruba tudo com um sopro.
Escrevo poesia, que também inventa mundos e sensações. Pronto, concordo, poesia também é ficção.
E então um poema do Borges, que realmente escrevia ficção e que oferece o ouro da sua poesia:

A UN GATO

No son más silenciosos los espejos
ni más furtiva el alba aventurera;
Eres, bajo la luna, esa pantera
que nos es dado divisar de lejos.
Por obra indescifrable de un decreto
divino, te buscamos vanamente;
Más remoto que el Ganges y el poniente,
tuya es la soledad, tuyo el secreto.
Tu lomo condesciende a la morosa
carícia de mi mano. Has admitido
desde esa eternidad que ya es olvido,
el amor de la mano recelosa.
En otro tiempo estás. Eres el dueño
de un ámbito cerrado como un sueño.

Jorge Luis Borges - Obra Poética

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