Alguns poetas nos acompanham para sempre, onde quer que estejamos, fritando um ovo na cozinha, andando no bosque, lendo sobre o massacre no Congo. E nos ajudam a viver.
Alguns poetas, entre os inúmeros poetas que amo, me chegaram da maneira mais linda.
No que seria hoje o quinto ano, naquela época o último ano do ginásio, ganhei um livro de poemas do Vinicius da minha professora Rosa Hermann. Foi um grande encontro. Abriu meu coração para a poesia.
Muito jovem, quase menina, apareceu em minhas mãos, não sei como, o Romancero Gitano do Lorca, Era um livro bem pequeno com uma rosa vermelha na capa. Uma rosa que era um incêndio. E fiquei tão abalada com a musicalidade extrema da sua poesia, com as suas imagens maravilhosas-maravilhosas e inesperadas sempre.
Neruda me chegou pelas mãos da Bárbara Vicuña, uma chilena que abriguei em minha casa na época do Golpe . Ela me deu os 20 Poemas de Amor e Uma Cancão Desesperada. Sempre estive apaixonada por Neruda.
Assim que saiu o Poema Sujo do Ferreira Gullar, ganhei um exemplar da minha amiga Ana Cristina Chiara e este livro foi um dos maiores terremotos poéticos que já vivi.
E os meus outros poetas que vivem comigo, eu mesma fui ao seu encontro, como quem vai caminhando na rua e de repente acha um arco íris, a árvore mais intensa.
PRELUDIO
Las alamedas se van
pero dejan su reflejo.
Las alamedas se van,
pero nos dejan el viento.
El viento está amortajado
a lo largo bajo el cielo.
Pero ha dejado flotando
sobre los rios sus ecos.
El mundo de las luciérnagas
ha invadido mis recuerdos.
Y un corazón diminuto
me va brotando en los dedos.
Federico García Lorca
domingo, 13 de novembro de 2016
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