Hoje leio que falta o básico em mais de 27 milhões de moradias. Água e esgoto. Ou seja, saúde. Mas leio na mesma ,matéria que a família de um gari pernambucano gasta 42% do seu orçamento mensal para pagar uma moto que usa apenas nos finais de semana pois morrem de medo de que a moto seja roubada.Ela fica guardada na sala. E ainda pagam a prestação de uma TV de LCD de 32 polegadas e um forno de microondas.Não sei o que sobra para comprar comida e assim usar o microondas. E também não sei o nome disso.
Quanto mais somos leitores criticos mais podemos resistir ao apelo de uma sociedade de consumo que faz os menos favorecidos consumirem seus tostões em televisões espalhafatosas e microondas inúteis.Com este dinheiro poderiam construir uma fossa. Melhorar a casa. Fazer um curso.
Saber que a sociedade de consumo é uma imensa teia de aranha e nós somos os insetos nos ajuda a resistir. Resistir é não ser engolido pelo sistema que tritura o ser humano com desejos que não são reais.
Aqui em casa não temos carro nem microondas. Tudo o que possuimos é modesto , básico e se não for necessário não compramos. Com o dinheiro de alguma prestação de alguma coisa inútil eu pago um curso técnico e de música para um autista que "adotei".
O Brasil precisa mesmo de leitores. É a única maneira de adquirirmos consciência e valores invisíveis que não são encontrados em lojas.
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Sim, minha querida! Não adianta nada aprovarmos alunos para garantir status nos índices do governo se não atacarmos o analfabetismo funcional, que é o grande problema da sociedade. Os alunos sabem ler, decifrar os códigos, mas não conseguem identificar o significado, a grandeza e a pureza de um texto, não conseguem ser críticos com relação a assuntos importantes ao cotidiano e estão fechados para aprender a valorizar a leitura. Ouvi de uma pequena menina de nosso grupo de teatro: Tio, eu não sei ler direito. As mesmas lágrimas que derramei em secreto naquele dia são as mesmas que tento conter agora... Através do texto teatral quero inserir essas crianças no mundo da leitura. Precisamos, como você mesma disse, trabalharmos como insetos: formigas que tenham força para encarar os desafios, libélulas que alçam lindos voos com sua delicadeza e vagalumes, para mostrar a luz e a essencia da vida que através da leitura pode - e deve ser - a ligação entre a vida e a vida!
ResponderExcluirRobledo
Robledo, obrigada pelo lindo, maravilhoso depoimento, impactante. Mas não podemos desistir.
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