sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

COLO DE AVÓ

Recebo ontem pelo correio meu novo livro Colo de Avó, da editora Manati. As ilustrações são as mais maravilhosas do mundo! da Elizabeth Teixeira. Cada avó mais linda do que a outra e os netos e as netas, nem se fala.
Um livro que cabe como uma luva nas duas pontas da vida: crianças e terceira idade.
Eu só pude escrevê-lo depois de ser avó, apesar do poeta sentir coisas que nunca vivenciou, este sentimento de amor agudo, de amor fabricado pela máquina do tempo, só sendo avó. O filho do meu filho.
A filha do meu filho. O filho da minha filha. A filha da minha filha.
O poema que vou transcrever foi inspirado nos  Cem Anos de Solidão, que li na minha juventude. Algumas cenas vivem até hoje fortemente dentro de mim. Uma delas é a de uma avó sentada num banquinho em frente da penteadeira e as netas fazendo dela gato e sapato, pintando a avó todinha. Não me lembro do nome dos personagens. Mas lá vai o poema:  

SALÃO DE BELEZA

A penteadeira da avó
é um mundo:
pote de cremes variados,
pentes, escovas, perfumes
e vidros coloridos, grampos,
porta-retratos, fitas de cetim,
batom, sombra, pó de arroz.

A neta senta a avó
num banquinho
e começa a trabalhar:
com suas pequenas mãos
trança os cabelos da avó
para que ela se transforme
numa bela rainha
e espalhe pão e amor
pelo mundo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário