Recebo ontem pelo correio meu novo livro Colo de Avó, da editora Manati. As ilustrações são as mais maravilhosas do mundo! da Elizabeth Teixeira. Cada avó mais linda do que a outra e os netos e as netas, nem se fala.
Um livro que cabe como uma luva nas duas pontas da vida: crianças e terceira idade.
Eu só pude escrevê-lo depois de ser avó, apesar do poeta sentir coisas que nunca vivenciou, este sentimento de amor agudo, de amor fabricado pela máquina do tempo, só sendo avó. O filho do meu filho.
A filha do meu filho. O filho da minha filha. A filha da minha filha.
O poema que vou transcrever foi inspirado nos Cem Anos de Solidão, que li na minha juventude. Algumas cenas vivem até hoje fortemente dentro de mim. Uma delas é a de uma avó sentada num banquinho em frente da penteadeira e as netas fazendo dela gato e sapato, pintando a avó todinha. Não me lembro do nome dos personagens. Mas lá vai o poema:
SALÃO DE BELEZA
A penteadeira da avó
é um mundo:
pote de cremes variados,
pentes, escovas, perfumes
e vidros coloridos, grampos,
porta-retratos, fitas de cetim,
batom, sombra, pó de arroz.
A neta senta a avó
num banquinho
e começa a trabalhar:
com suas pequenas mãos
trança os cabelos da avó
para que ela se transforme
numa bela rainha
e espalhe pão e amor
pelo mundo.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
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