terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

FLORES RARAS

 Encontro a descrição do livro Flores Raras que amei. Faz tempo que li. Está abaixo. Ontem vi o filme do livro por Bruno Barreto e fiquei emocionadíssima. As atrizes estão mais do que perfeitas e convincentes.Vale a pena ver.
Uma cena, para quem é poeta, vale por mil aulas de poesia. Elizabeth Bishop, em sua primeira aula de poesia na frente da turma, nos Estados Unidos, depois de ganhar o Pulitzer , diz aos alunos mais ou menos isso:
Não acho que se possa ensinar a fazer poesia. Posso ensinar a olhar.

" Na década de oitenta, ao ler esta dedicatória em livro de Elizabeth Bishop para Lota de Macedo Soares, a escritora Carmen L. Oliveira ficou intrigada - ´...Lota?´, indagou-se. Em 1966, na pós-graduação nos Estados Unidos, conheceu a obra de Bishop, famosa poeta americana, e ficou surpresa ao saber que, naquela época, as duas moravam no Brasil. Mas quem era Lota? No início dos anos noventa Carmen descobriu que Maria Carlota Costallat de Macedo Soares foi uma esteta brasileira, que concebeu e construiu o Parque do Flamengo, enorme contribuição para a cidade do Rio de Janeiro. A publicação nos Estados Unidos do livro One art, que reúne a correspondência de Bishop, revelou a ligação amorosa das duas, que durou de 1951 a 1967. Nas biografias lançadas sobre a poeta, a esteta brasileira aparece como her lover, sempre em segundo plano. Simultaneamente, Carmen descobria em Lota um dos mais fascinantes, insólitos e raros personagens brasileiros deste século, que caiu em total anonimato. Neste livro, a autora conta a relação das duas e a criação do Parque do Flamengo. E ao contrário das biografias norte-americanas, que priorizam Bishop, o livro focaliza Lota e as figuras que junto com ela construíram a história recente do Rio de Janeiro e do Brasil. Segundo a autora, a relação das duas pode ser dividida em duas fases. Nos primeiros dez anos foram felizes e assumiram sua homossexualidade com surpreendente naturalidade para a época. A partir de 1961, a obsessão de Lota pela conclusão do Parque do Flamengo e a crescente instabilidade emocional de Bishop contribuíram para que enfrentassem uma forte crise até 1967. Muito além de um caso amoroso, o livro revela trechos inéditos da história do país: as discussões de Lota com o governador Carlos Lacerda, a briga com o arquiteto Sérgio Bernardes, a rivalidade com Burle Marx, a presença de Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Portinari, Carlos Scliar, Rachel de Queiroz e Carlos Drummond de Andrade. Mas sua principal contribuição é o resgate de Lota, consciência de vanguarda que combateu a fúria imobiliária e a intervenção nos monumentos naturais do Rio de Janeiro. Lota conseguiu pela primeira vez no país que um projeto urbanístico fosse tombado."

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