sexta-feira, 19 de agosto de 2011

MOVIMENTO

Parece que está começando no Brasil um movimento contra a impunidade dos corruptos. Passei dois dias no Hospital Pedro Ernesto no Rio de Janeiro, onde meu filho foi operado por uma equipe esplêndida. Quando acordou da anestesia ainda não podia beber água, mas quando já estava liberado para beber, não havia copo. Uma enfermeira maravilhosa abriu uma seringa e enchemos o seu invólucro com a água do bebedor, pusemos na seringa e ele foi bebendo diretamente da seringa. Uma hora depois conseguimos um copo de plástico. Não havia talheres. O médico receitou um dormonid para a noite, mas não havia. Só conseguiram o remédio às 3hs da manhã.O elevador não podia ser chamado ao toque de um botão, pois não havia botão, a porta tinha que ser esmurrada. A impressão era de que se estava num hospital de algum pós guerra. Tive a dimensão exata do que acontece quando dinheiro público é desviado. O Pedro Ernesto é um hospital universitário, um hospital de pesquisa e referência, deveria estar reformado, limpo, agradável. Mas o dinheiro não chega. Visitamos a Nesa, Unidade dos Adolescentes, que recebe dinheiro de fora do Brasil, pois seus projetos são pioneiros e aí é tudo limpo, agradável, digno.O dinheiro chega. Cada centavo que vai para o bolso de alguém ou para algum partido, é dinheiro roubado de uma escola, um hospital, uma biblioteca, um museu. Enquanto faltam copos no Pedro Ernesto e aparelhos de mamografia em muitos hospitais,e leitos, gente com cãncer às vezes tem que esperar um ano para ser operada, políticos vão fazer compras na Europa com dinheiro público . Compram mansões, compram ilhas. Já passou da hora. Corrupção existe no mundo inteiro, mas impunidade não. Dinheiro público é sagrado . Temos que gritar.
Acabo de receber o artigo que reproduzo abaixo:


Intolerável

Corrupção mata. Entender isso é fundamental para atacar um dos males que mais empatam o desenvolvimento socioeconômico e político do Brasil. Ainda há quem não veja a conexão entre corrupção e violência, mas elas estão intimamente ligadas.
Da mesma forma, devemos entender que a baixa eficiência e o mau funcionamento dos serviços do Estado estão tremendamente relacionados à cultura da corrupção, ao patrimonialismo, à falta de transparência e à baixa capacidade de mobilização social.
A morte da juíza Patrícia Acioli, no Rio, não é apenas um crime brutal. A execução de uma servidora pública correta e rigorosa com os crimes, principalmente os cometidos por agentes públicos, revela a força que as máfias têm no país. E o tamanho que elas adquiriram, graças à corrupção.
Quando a propina chancela e incentiva o desvio de conduta, torna-o cada vez maior. E chega a um ponto em que vê na lei um obstáculo que precisa ser removido, tirando do caminho quem a faz cumprir.
É na má política que se choca o ovo da serpente da violência policial e das relações espúrias entre poder de Estado e delinquência. Quem assistiu aos filmes de José Padilha "Tropa de Elite" e "Tropa de Elite 2" pode ver como a propina de todo dia fortalece a mão que aperta o gatilho contra os inocentes.
A morte de Patrícia Acioli é uma afronta ao Estado democrático de Direito. Ela não é apenas mais uma vítima. Era alguém que, no desempenho de suas funções, buscava combater a barbárie de grupos que querem controlar a vida de quem mora na periferia e, claro, o próprio Estado.
Matar uma juíza revela enorme convicção da própria impunidade. É uma declaração de guerra às leis, à democracia e à sociedade. Assim como é inaceitável que o Brasil conviva com a execução de uma juíza, também não é mais tolerável convivermos com o nível de corrupção que tem marcado o nosso país.
Vemos, na mídia, como a Índia, país com problemas maiores do que os nossos, desperta vigorosamente para o combate à corrupção. E o que falta para o Brasil? Quanto mais indignada for a resposta da sociedade aos escândalos e aos homicídios de cada dia, maior será o poder de reação contra essas mazelas no âmbito do próprio Estado.
A autoridade pública da menor à maior se sentirá fortalecida e incentivada a agir contra a corrupção, que é, em si, uma forma de violência contra a coletividade.
A faxina, então, deixa de ser rápida, como se faz quando chega uma visita inesperada, e passa a ser permanente, vigorosa, profunda. É desse nível de exigência que precisamos. Se nos acostumarmos a deixar barato, perderemos o controle do que é público, do que é de todos nós.

MARINA SILVA

4 comentários:

  1. Lamentável a situação da saúde pública e particular em nosso país, nossos planos privados não é garantia de sermos melhores atendidos. Os problemas são outros e vários que não vale a pena aqui comentar... Mais interessante e por isso comento esse post; é você falando de MUDANÇAS de amigos e familiares coisas maravilhosas que acontecem em nossas vidas... E outras coisas que infelizmente não mudam como questões políticas de um sistema falido e egoísta.
    Viva as MUDANÇAS!!! de lugar, de sentimentos, de sentidos, no corpo e no pensar. Gosto muito de vir aqui no seu blog de manhã cedinho!
    Beijos
    Maristela do blog http://leiturasaoventomaringa.blogspot.com/

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  2. Obrigada pela visita matinal, Maristela!!!

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  3. Roseana:peço licença pra publicar no meu blog essa sua postagem,na íntegra...beijos tb indignados.

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