quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O RELÓGIO

Faz muito tempo comprei um relógio em oito num antiquário em Teresópolis para o aniversário do Juan. Juan sonhava com um relógio assim. Ele está na parede da sala e há que dar corda todos os dias. Ele toca as horas, às vezes fica rouco. É muito antigo mas suas engrenagens estão perfeitas. Mesmo assim, às vezes enlouquece, mas quem se importa, o tempo está sempre escorrendo. Juan cuida do relógio como se fosse vivo e enquanto gira a pequena chave, a casa fica solene e parece que tudo é para sempre.

O RELOJOEIRO

Mal raia o dia
o relojoeiro se debruça
com sua lupa
sobre o coração dos relógios.

Com suas mãos delicadas
apalpa, escuta
o sono encantado do tempo.

Para ele os relógios estragados
são como pequenos pássaros
adormecidos.

Quando um relógio fica bom,
o relojoeiro suspira.

in Artes e Ofícios, ed. FTD

2 comentários:

  1. Roseana querida, acompanho silenciosa seu blog daqui de Lyon ... penso na alegria daquele dia do Clube de Leitura da Casa Amarela na sua casa, a alegria, a cantoria, a leitura, tudo estava perfeito, e eu te conheci e fiz daquele dia uma lembrança inesquecivel na minha coleção de "souvenirs" ! Desejo que esse ano de 2012 seja assim, simples, alegre, poético, amoroso e que as palavras encantadas transformem o ser humano. E por agradeço sua partilha: seus poemas, seu blog, seus livros, suas palavras encantadas! Beijos saudosos e gratos, Iara

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  2. Eita norinha linda..por fora e por dentro...as lembranças daquele dia aí se perpetuaram dentro de nós...beijos gratos tb.

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