quinta-feira, 21 de agosto de 2014

ENCONTRO COM PROFESSORES

Amanhã tenho um encontro com professores na minha casa, um café da manhã. Eu dou o café e o leite e a Secretaria da Educação dá os pães, bolos, sucos. Eu dou a palavra desobediência, a Secretaria dá a palavra obediência.
Vi um filme em episódios, EDUCAÇÃO.DOC mostrando as melhores escolas públicas do Brasil em lugares muito pobres. Como conseguiram? A receita não é difícil, mas somos apegados aos métodos antigos. Em primeiro lugar vem a história do aluno, e ele tem que ajudar a decidir que tipo de escola ele quer. Depois há que trazer a família, a comunidade para participar da escola. Há que ter aulas de arte: música, dança, teatro. É mais fácil produzir conhecimento numa aula de teatro e dança do que numa aula chata. Há que ter muita leitura, muita poesia.  Aulas de afeto, de auto estima. Os professores precisam ser maravilhosos, amar o que fazem. Ouvi Viviane Mosé de quem sou fã, ela costura os episódios. Há que ensinar a pensar. Somos seres pensantes.Ouvi Tião Rocha, que desconstrói tudo para construir uma escola aberta, debaixo das árvores, em qualquer lugar.
Temos que avaliar conhecimento sim, o Ideb é uma grande conquista, mas temos que avaliar os níveis de bem estar e felicidade. As paredes das salas de aula deveriam ter fotos de família. O afeto tem que percorrer todos os espaços para que todos se abracem.
Uma vez por semana , uma professora conta, ela leva música clássica para os alunos. Uma mamãe diz, numa comunidade: minha filha me fala de Tarsila do Amaral! O livro de literatura não pode ser obrigatório, mas deve ser devorado com prazer extremo, cabe ao professor descobrir onde está a chave para conseguir isso.
Quando criança eu não gostava da escola. Já no maternal vomitava todos os dias. Já tinha uma muda de roupa para trocar. Fiz até a terceira série na escola pública Francisco Manoel no Grajaú. A escola dava medo. Depois fui para uma escola judaica fazer a quarta série, Hertzlia e , pasmem, sofri bullying da própria professora. Ela me ridicularizava, os alunos riam. Fui humilhada ao extremo. Tinha medo.
A escola , onde o aluno passa tanto tempo , não pode dar medo. A escola tem que ajudar a transformar as crianças em adultos afetuosos, compreensivos, compassivos, abertos para o novo, prontos para um grande salto.
Amanhã, em nosso encontro, além do café com leite, vamos falar sobre os sentidos, com meu livro Cinco Sentidos. E que a escola seja um espaço para a criação tanto para os alunos quanto para os professores.

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