Receber Miguilim em nossa casa foi uma experiência única e
maravilhosa.
Este encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela foi
especial pois festejávamos também o aniversário do Juan.
Amigos mais do que amigos chegaram cedo do Rio e a varanda
já estava arrumada para o almoço com as mesinhas que alugo cobertas com as
lindas toalhas de chitão florido. A varanda fica parecendo um imenso jardim.
Um pão acabava de sair do forno quando chegaram Messias ,
Kátia e Monique. Fizemos um botequinzinho com café e pão quente com queijo. E logo
chegaram Cristiano, Ana e Ronaldo com seu violão para as muitas surpresas. O
botequim foi crescendo. Chegaram Norma Estrela e Dirceu. Chegaram César e
Fátima.
E finalmente chegaram Hélio e Fernando, Chico, Gil.
Entramos, nos sentamos. Quis começar pelo fim, marcando a nova data e
indicando os livros:
Dia 10 de outubro. Judas, do Amoz Oz e A Última escala do
Velho Cargueiro do Alvaro Mutis. E li a linda carta da professora Zete.
Cristiano que estuda Guimarães Rosa desde a sua juventude,
também fez a proposta de começar pelo fim. Mas eu não resisti e quis falar só
um pouquinho do começo, quando Miguilim traz para a sua mãe o grande presente:
alguém lhe disse, na sua viagem com Tio Terez, que o Mutum é bonito. E como ele
queria levar esta frase de presente para a sua mãe! Assim ela não ficaria mais
triste suspirando pelos cantos! E ela nem ligou, aprisionada que estava naquele
lugar, naquele triângulo amoroso que Miguilim e seu irmão Dito intuíam.
Mas Cristiano puxou o fio para o fim, para o médico que traz
os óculos e finalmente Miguilim pode ver
tudo e finalmente pode ir embora, a promessa que fez lá atrás quando Dito havia
lhe ensinado que pagar uma promessa antes do pedido ser realizado é muito bom.
Os óculos são o seu ritual de passagem. Messias falou um pouco dos rituais de
passagem em algumas culturas.
Chico e César falaram que o livro contava a infância deles.
Messias contou que seu tio tinha uma fazenda onde passava a
infância que era perto realmente do Mutum. E que ele havia vivido aquelas
maravilhas.
Gil falou que o livro também era a sua infância no interior
do Maranhão.
Ronaldo cantou uma música que ele fez para um espetáculo que
faz a síntese do livro e fala lindamente do Miguilim não é alegre e não é
triste. Nos apaixonamos pela música e
cantamos o refrão.
Maria Clara leu um poema que fez, lindíssimo, sobre o
Miguilim.
Falamos um pouco sobre tudo, a sensibilidade das crianças, o
amor entre os irmãos, a morte do Dito, o ritual que a preta velha Mãiitina faz
com Miguilim, a sensualidade da mãe, a tragédia da família. Seria Miguilim
filho do Tio Terez?
Falamos um pouco de cada personagem.
Todos falaram que ninguém no mundo jamais descreveu a natureza
como Guimarães Rosa . Cores, cheiros, animais, sensações.
Todos nós vivemos no Mutum enquanto líamos o livro. E eu
confesso que jamais sairei de lá. Assim como passei a minha infância no Sítio
do Pica Pau Amarelo, agora vivo para sempre no Mutum, dentro das suas matas.
Nas suas veredas.
Juan , que passou a sua infância numa aldeia pobre no
interior da Galícia , disse que dentro do livro estava em casa, pois foi aquilo
que viveu. E lembrou que antigamente as crianças viviam no mundo real. Tocavam
as coisas, viam a vida acontecer e morrer e que hoje vivem no mundo virtual.
Ainda não temos distanciamento para saber o que é isso. E também disse que ele
descreve um mundo que logo acabará, pois 80% da população já saiu do campo para
as cidades
Devo dizer que nunca li e reli nenhum livro mais belo na
minha vida. E que se alguém não leu corra para ler pois ninguém pode viver sem
Miguilim.
Ana e Ronaldo prepararam uma surpresa para o Juan: cantaram
Se Todos fossem iguais a Você, do Vinicius. Ana tem uma voz maravilhosa.
Todos leram poemas do Vinicius e fechamos o encontro
cantando Uma Tarde em Itapuã. Coral do grupo!
Vanda preparou a melhor feijoada do mundo. Havia empadão de
legumes para quem não come carne.
Cantamos parabéns com violão e tudo. E celebrar a vida e a
literatura alimenta a nossa chama de vida.
Olá Roseana Murray. Eu não sou possuidora de belas palavras como você, mas tentarei escrever bem o motivo de ter encontrado seu blog e me deliciado com sua narrativa da leitura de Miguilim. Eu simplesmente estive entre vocês lendo, cantado e me deliciando com a leitura.
ResponderExcluirVou tentar ser breve. Faço parte de uma cia de teatro no DF chamada Semente cia de teatro, localizada no Gama. Há um ano e meio tivemos a proposta de trazer ao palco um espetáculo que fala da vida de um menino humilde e sonhador criado por Guimarães Rosa, o menino Miguilim. Posso dizer que seria uma ousadia. Um texto minuncioso de difícil compreensão para nosso grupo composto de iniciantes no teatro, adolescentes e um garotinho de 11 anos. Enfim encaramos esta leitura e nos entregamos aos braços de Rosa. Visitamos Cordisburgo na semana roseana, fizemos um laboratório de campo na roça. Sentimos na pele o que é ser uma criança dos campos Gerais. E depois de um ano e meio, Nasceu o espetáculo Miguilim Inacabado. Por que Inacabado? Bom não sabemos. Mas como podemos perceber nas obras o Guimarães, tudo continua. Nada acaba definitivamente. Sei que mora longe e não poderá assistir ao nosso espetáculo. Mas a delicadeza de suas palavras me encheu de vontade de te mostrar um pouco do que fizemos. O teatro deve atingir as pessoas e nosso dever para com o teatro e sempre doar. Doar de coração. Eu te covido a visitar nossa página no facebook para ver algumas foto do espetáculo. E se papai do céu abençoar, conseguiremos levar o Miguilim Inacabado para outros lugares do Brasil. Gostaria de terminar falando dos encantos dos personagens. Nos encantados tanto com os personagem da trama mas Mãitina possui papel de grande relevância e trouxemos á tona todas suas mandingas de uma forma Miguilim de enxergar. Mas eu disse que seria breve. Eu me chamo Jussy Nascimento. Interpreto a empregada Rosa. O face da cia é: Semente cia de teatro. O meu é Jussy Nascimento. Meu e-mail: nenyjeny@gmail.com. Será um prazer te receber.
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