terça-feira, 28 de julho de 2015
O DIA
O dia está escuro, carregado, suas nuvens pesadas de água. Sempre gostei de dias assim cinzentos. Como se houvesse dentro do corpo um ninho onde um pássaro tece seu canto que é feito de uma certa melancolia. E nos dias assim, com novelos de bruma, eu vejo o pássaro.
Cada dia tem a sua tessitura, não sabemos ainda que alfabeto nos trará.
Hoje recebo amigos que moram em Israel. São pacifistas, pró um Estado Palestino, mas a voz da paz não se faz ouvir. Se houver paz os Senhores das Armas não terão trabalho. Eles são os ajudantes da morte e ninguém sabe como podem dormir, comer, caminhar, com tantos assassinatos , com tanto sangue nas solas dos sapatos.
Mas eu acredito na paz. E não estou sozinha. A poesia é o que tenho para oferecer. E pão, que eu mesma faço.E o meu amor imenso por tudo o que é vida.
Sexta-feira recebo um grupo de 20 adolescentes. São jovens ávidos por livros. Flavia Lins trabalha leitura com eles, numa ONG que cuida da saúde de seus irmãos doentes.
Então mostrarei a eles o jardim luxuriante atrás da casa, onde antes só havia areia. O milagre da vida. Basta uma semente e um pouco de água. E cuidado. Mostrarei meus livros, vamos ler juntos os meus poemas.
O esboço da manhã do nosso encontro já dança no ar, como roupas coloridas num varal.
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