segunda-feira, 11 de abril de 2016

CISNE E PEDRA

A mais instigante pergunta que uma criança me fez um dia:
-- O que existe dentro da cabeça de um poeta?
Poesia. Mas como explicar isso?

Antes, quando minha vida estava toda quebrada, onde só havia dor, a minha poesia era diferente da que faço hoje. Mas era bela.
Em 1990 ganhei um concurso nacional de poesia no sul e o livro foi publicado, Pássaros do Absurdo. Hoje existe apenas em versão digital, mas alguns poemas entraram no livro Poesia Essencial.
Não poderia escrever esses poemas hoje, porque embora eu ainda seja aquela pessoa, sou também outra.

E naquela época, quando a criança ainda não tinha perguntado nada, ela nem era nascida, eu havia respondido da seguinte maneira:

POESIA

Juntar cisne e pedra
caminhar pela existência
com esse talho na gargante

no redemoinho das horas
um barco e nas mãos
um punhado de aurora

um poema se faz
com o avesso das águas

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