domingo, 31 de julho de 2011

POESIA PARA JOVENS II

Infelizmente Vera não vai publicar seu belíssimo artigo sobre a minha poesia na Revista da Unesco, pois enviei para algumas pessoas e não posso garantir o ineditismo do artigo. Fiquei muito triste mesmo, me senti como uma criança quando é castigada por ter deixado cair no chão um vaso de cristal. Mas o artigo estará publicado no site provavelmente a partir de amanhã e espero que seja lido. Transcrevo aqui um pedacinho do artigo:

"Entre os primeiros poetas a abrir espaço para o público jovem destaca-se Roseana Murray, uma carioca que estreou na literatura em 1980, com Fardo de carinho, um livro de poemas infantis que deixa entrever um parentesco estético com Ou isto ou aquilo. Desde então, essa poetisa vem construindo uma obra sólida e constante, de amplo reconhecimento da crítica, o que se evidencia nas sucessivas premiações e nos estudos críticos sobre sua obra, realizados principalmente nos programas de pós-graduação em Letras. Em 2004, por exemplo, Sonia Maria dos Santos Menezes defendeu sua dissertação de mestrado sobra essa autora, sob o título De água e de ar: a poesia de Roseana Murray, estudo que retomaremos nesta exposição.
Roseana tem algumas obras narrativas, mas seu território essencial é a poesia, que ela produz em gradações diversas, ora mais voltadas para um público infantil, ora para jovens ou mesmo para leitores adultos. As distinções de tom, vocabulário, temas ou recursos estilísticos às vezes são tão sutis que o leitor fica em dúvida sobre qual seria o público-alvo pretendido. Frequentemente o formato e o projeto gráfico, ou, ainda, o catálogo da editora, mais do que os textos em si, é que dão essa resposta.
Se o destinatário dos poemas de Roseana Murray nem sempre é claro, a sua leitura autoriza duas certezas: de que se está diante de textos genuinamente poéticos e de que a autora não subestima a inteligência do leitor com facilitações e redundâncias
"
Vera Tiezman

sábado, 30 de julho de 2011

POESIA PARA JOVENS

Ontem recebí um artigo tão belo sobre a minha obra, fiquei tão emocionada que perdi literalmente a cabeça: enviei o artigo para duas editoras e alguns amigos (poucos) e hoje, quando abro o correio, há uma mensagem da autora pedindo que eu guardasse o texto para mim, que não o divulgasse de jeito nenhum, pois é inédito. Escreví correndo para todos pedindo segredo e me sinto péssima. Só posso pedir desculpas e dizer que o artigo coloca a minha poesia num patamar tão alto e especial que enlouquecí.Obrigada , Vera, pela sua leitura magnífica da minha obra, numa linguagem simples e poética, qualquer professor pode entender o texto, não apenas um público acadêmico. Transcrevo a sua carta que me fez chorar:

Minha cara Roseana,
dentro da programação de atividades da Rede de Leitura/Cátedra UNESCO aqui em Goiás, vai haver um evento em setembro do qual vou participar e que vai gerar um livro com artigos críticos dos membros dessa rede de pesquisa ligados à UFG. Escolhi falar sobre a sua poesia, privilegiando a juvenil. O livro sairá somente no próximo ano, mas estou te enviando uma cópia do meu texto ainda inédito, como uma espécie de avant-première. Imagino que você tenha curiosidade em conhecer leituras críticas sobre seu trabalho. Recebi esta semana seus Poemas para ler na escola. Mencionei-o muito brevemente no artigo, que já estava concluído e no limite máximo de páginas, mas posso dizer que gostei muito dele e também da introdução feita pela Hebe, um texto leve e didático que chama a atenção do leitor para aspectos que os professores em geral omitem - como o que transcrevi. Parabéns pelo seu trabalho, sou sua fã desde sempre!
Vera Tietzmann

sexta-feira, 29 de julho de 2011

SOBRE A LOUCURA NA NORUEGA

Estava em Visconde de Mauá quando aconteceu a chacina na Noruega. Soube pelo telefone, me contou Juan.Pensei que se tratava de um caso isolado, o autor seria um psicopata. Mas Juan, com sua extrema lucidez, me disse desde um primeiro momento que não se tratava de um caso de loucura mas sim de ideologia. E depois, lendo exaustivamente sobre o assunto, me convencí de que há um perigo iminente de um novo surto de "limpeza" na Europa.É apavorante o que o autor dos atentados escreveu sobre a mistura de "raças" no Brasil. O "diferente" é o que nos faz humanos! Pobre da sociedade onde todos são iguais. E o que dizer dos que morrem de fome na Somália , já que a milícia ligada a Al-Qaeda impede a chegada de alimentos? Haja poesia para aguentar o mundo!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

FLIS

Ontem, aqui em casa, com a presença do Salgado Maranhão, com a sua ajuda, ficou totalmente delineado o formato da FLIS 2012 , a Festa Literária de Saquarema.
Salgado Maranhão, poeta premiadíssimo, será o homenageado. Ferreira Gullar será convidado com a sua exposição e também deverá vir a exposição do Salgado Maranhão. Bia Hetzel e Ana Maria Machado serão convidadas. Antes de cada palestra haverá uma abertura musical. A Feira de livros será no Clube de Saquarema e também as atividades, as oficinas. As paletras serão no Teatro Mário Lago. Para o encerrramento um Sarau de Poesia com os poetas locais e José Mauro Brant com seu espetáculo Pequeno Poema Infinito sobre o Lorca. As escolas, junto com a Secretaria de Educação deverão estar totalmente envolvidas, a cidade já é referência em trabalhos com leitura. Agora é torcer para que Telma, com sua Ong, Círculo Artístico de Saquarema, consiga a verba para fazer uma Festa Literária como Saquarema nunca teve.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

ESPERANDO VISITA

A casa está perfumada de pão e bolo. Já arrumei a mesa. É uma alegria receber amigos e para isso serve a casa, para acolher. Alguns ficarão para almoçar e Juan prepara a sua famosa paella feita na brasa.Juan participa de todos os meus "eventos", as maluquices que invento , ele adora e penso que um companheiro assim é um presente dos deuses. Juan passou 40 anos na Itália quase como um refugiado político do franquismo e ama a liberdade acima de todas as coisas. É meu mestre. Suas análises sobre todos os temas são lúcidas, agudas. Antes de nos casarmos eu avisei: "Juan, eu sou esquisita. Gosto de ficar quieta." Ele riu. Ele ri de tudo e imediatamente meus amigos viram seus amigos.
Minhas visitas estão chegando.

terça-feira, 26 de julho de 2011

CAFÉ DA MANHÃ

Amanhã abro a casa para a primeira reunião do grupo que coordenará a Festa Literária do ano que vem sob o comando da Telma. Esperamos a presença do poeta Salgado Maranhao que será o homenageado.Será um café da manhã e farei meu célebre pão recheado bem cedinho para ser servido quente. Agosto , assim como o meu pão,está recheado de coisas boas: dia 5 chegam de Barcelona, Maya, a filha do Juan e nossa netinha Kira. Estamos animadíssimos com a vinda das duas, a casa se encherá de risos , de vida. Maya gosta de sentar na varanda do nosso estúdio para ver o mar. Então fiz um poema em espanhol para ela:

En el mirador de Maya
uno se sienta para
recoger el tiempo
que flota sobre la luna
y el mar,
uno se sienta para
mirar y amar.

En el mirador de Maya,
Kira,
la niña-pájaro-bailarina,
inventará una lengua
arcoíris,
hecha de todas las lenguas
y polen de estrellas.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

DE VOLTA

De volta. O mar ruge atrás de mim e o vento faz a casa ranger como um barco. Passar da montanha para o mar é como mudar de planeta. Estive 10 dias na minha casinha dentro da mata , conviví com tucanos, esquilos, jacus, saracuras, e muito silêncio. Escreví vários poemas para meu novo livro, passei muito tempo nos bastidores do restaurante Babel, na beira dos fogões namorando meu filho André. Cheguei e meu livro ROSEANA MURRAY POEMAS PARA LER NA ESCOLA da ed. Objetiva me esperava. Amei o livro,está lindo, minha editora Isa Pessoa fez um belíssimo trabalho.

ORVALHO
Sussurro a palavra orvalho
antes de separar as teias
do sono:
Deixo que me traga o frêmito
das folhas, seu farfalhar
em notas quase inaudíveis
quando a primeira luz acende
o jardim.
Com essa água delicada
escrevo meu poema.

in Roseana Murray, Poemas para ler na escola, ed. Objetiva

sexta-feira, 15 de julho de 2011

VIAGEM

Hoje finalmente vou para Visconde de Mauá ficar um pouco com meu filho. Volto dia 23.
Mauá é muito importante para mim, mesmo quando não estou aí, estou. Desde 1976 que subo a montanha e tenho sempre a sensação de que a montanha me acolhe, me abraça.Amo as noites profundas e escuras, amo o silêncio povoado de grilos, sapos, corujas. Amo a primeira luz da manhã, o frio cortante enquanto acendo o fogo.É uma felicidade imensa saber que meu filho André e minha nora Dani continuam o meu trabalho de ouvir a montanha.

No sítio não há internet e ficarei desconectada. Até a volta.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

PEQUENO POEMA INFINITO

Quando morei em Madrid, em 1998, comprei de presente para meu amigo José Mauro Brandt um pequeno livro de conferências do Lorca que se intitula "Como canta uma cidade de novembro a novembro". Foi o ponto de partida para que anos depois nascesse o espetáculo Pequeno Poema Infinito em que Zé Mauro é no palco um Lorca perfeito , de corpo e alma. O espetáculo é maravilhoso e continua viajando pelo Brasil. Fiz a tradução dos textos do Lorca muito artesanalmente, totalmente possuída pela música e essência das suas palavras. Às vezes encontrava uma palavra desconhecida e nem o Juan sabia, então eu telefonava para o meu filho Guga,que mora em Granada e ele telefonava para um amigo cigano e pronto, me devolvia a palavra.

"Temos que amar a lua sobre o lago da nossa alma e fazer nossas meditações religiosas sobre o abismo magnífico dos crepúsculos abertos...porque a cor é a música dos olhos...

Há que sonhar. Pobre daquele que não sonha, pois nunca verá a luz...

Compreendo que tudo isso é muito lírico, demasiadamente lírico, mas o lirismo é o que me salvará diante da eternidade

Me sinto cheio de poesia, poesia forte, simples, fantástica, religiosa, má, funda, canalha, mística. Tudo, tudo.Quero ser todas as coisas. Bem sei que a aurora tem a chave escondida em bosques raros, mas eu a saberei encontrar."


Federico Garcia Lorca, in Pequeno Poema Infinito, roteiro de José Mauro Brant e Antonio Gilberto,Imprensa Oficial.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

RASTRO DO PASSADO

a vela ainda acesa
acordo e vejo
tremula a chama, o ar
quase sem fôlego
do cine do seu mini-
incêndio clama
pedindo sopro a quem
perdeu o sono
almeja se extinguir
mas não há como
se o ar que há circula
internamente
pra que a memória justa
emerja à mente
e aumente o mal sonhado
que pressente
o rastro do passado
no presente

ARNALDO ANTUNES

Como é que chama o nome disso -Antologia ,ed. Publifolha



Há no presente
sempre
um rastro do passado
o presente constrói
sobre escombros
sobre fumaça
constrói com fogo
e água
pedras gastas e minerais
ainda não descobertos
o presente incerto
que no mesmo instante
se gasta
e vira passado
mas é com o avesso
que se escreve
com as linhas tortas
das entrelinhas

ROSENA MURRAY
inédito

Copiei o poema do Arnaldo Antunes e a partir da imagem dos rastros do passado,a partir do seu poema, saiu o poema acima, agora, nesse instante.
O blog me coloca, todos os dias, diante de uma página em branco.Diante da tela em branco. Nunca sei o que vou escrever, e o poema que acabo de fazer é uma surpresa. Quem é que escreve dentro de mim?

terça-feira, 12 de julho de 2011

NÃO VIOLÊNCIA

No dia do café da manhã com os professores aqui na minha casa, um professor contou que estava fazendo um projeto sobre a violência e eu sugerí que falasse da não violência, pois é a melhor maneira de abordar o tema, eu penso. Stéphane Hessel, o jovem senhor de 93 anos que escreveu o manifesto Indignai-vos, dedica um capítulo à não violência. Ele diz: " Estou convencido de que o futuro pertence à não violência, à conciliação de diferentes culturas. É por esta via que a humanidade deverá superar a próxima etapa".
Foi através da não violência que Gandhi conseguiu a independência da India e que Mandela conseguiu impedir uma guerra civil.Somente através da não violência o mundo poderá encontrar uma saída. Mas leio no O Globo que em 1427 escolas em nosso país os professores já viram jovens armados. Deveriam estar com um livro entre as mãos e não com uma arma.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

NA CASA DA POESIA

Saiu uma matéria belíssima na Revista Panorama Editorial sobre a Casa das Rosas -Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Num casarão na Avenida Paulista a poesia tem a sua casa. Frederico Barbosa, seu diretor executivo nos conta como seduzir o leitor:
" Mas como fazer a poesia chegar às pessoas?" Frederico lembra de um episódio exemplar. Diz ele: " Eu dava aulas em um cursinho, à noite e havia uma turma muito difícil. Um grupo de dez rapazes ficava no fundo,fortes, de camisetas pretas, turma do heavy metal.Um dia falei em poesia - contava histórias de românticos, a primeira foi de Lorde Byron, eles gostaram de sua vida de aventuras. Outro dia contei um episódio e disse que eles tinham obrigação de conhecer, já que usavam a camiseta do Iron Maiden. Perguntei qual a maior música deles? "Fear of the dark", responderam.
Não, disse Frederico Barbosa, era Rime of the Ancient Mariner, baseada no poema narrativo com o mesmo nome da autoria do poeta inglês Samuel Taylor Coleridge (1772-1834). " Levei um livro com o poema, dei para eles lerem. A namorada de um deles me contou que viraram meus fãs, começaram a gostar da aula".
Ele diz: " Por que muitas campanhas de leitura não dão certo? Porque são feitas por gente que não gosta de ler de verdade. (...) É absurdo achar que o povo não tem condição de ler coisa boa, é preciso ter mediação, que fará com que eles cheguem lá."
Ele conta que já foi a muitos congressos em que professores diziam: "Eu mostro aos alunos que ler é importante, faz subir na vida". Frederico discorda: "Primeiro, quem fala que ler é importante não gosta de ler. E livro não faz subir na vida." E ele continua falando de como só podemos passar adiante a paixão de ler com paixão e sem clichês. E nos conta da explosão de poesia que tomou conta para sempre da Casa das Rosas, que recebe poetas do mundo todo.

domingo, 10 de julho de 2011

JOTA DE JESUS

Agora o poeta e andarilho Jota de Jesus é o trovador oficial de Saquarema, pois foi um dos ganhadores de um concurso nacional e internacional de trovas. Jota de Jesus está em todos os lugares, eu o encontro aqui e ali e sua poesia é simples e bonita.O tema do concurso era destino. Lá vai a sua trova:

E por falar em destino
seus caminhos desconheço.
Como entender o divino
se nem o humano conheço.


Do livro publicado em 2008 pela Editora Tupy daqui de Saquarema, destaco o poema:

A vida da gente
é comparável às cebolas:
no início,
sai a pele delgada;
em seguida,
sai outra camada.

E várias outras.

No final,
nada resta.

Nem a pele,
nem o corpo,
nem a réstia.


Jota de Jesus

Resta a memória, o que fomos, a luz que deixamos no coração dos que ficam.

sábado, 9 de julho de 2011

FRIO

Esta foi a noite mais fria desde que vim para Saquarema em 2002. Parece que a montanha se mudou para o mar.Já me sinto em Visconde de Mauá, cheia de casacos e cachecol.O mar está belo, violento.Ontem almoçamos com Hélio e Fernando, nossos amigos, em sua bela propriedade rural, na beira da lagoa, e a lareira estava acesa e como é maravilhoso contemplar o fogo! Como o fogo nos leva longe. Hélio e Fernando transformaram um lugar abandonado em paraíso. Plantaram milhares de árvores e pavões e gansos passeiam na varanda. O lugar parece um quadro vivo.

Numa feliz coincidência , cai um Ministro extremamente corrupto e os acusados de participar no Mensalão são confirmados como réus. As entranhas de um modelo político apodrecido estão sendo expostas e com certeza o Brasil terá que clamar por honestidade. Basta ser honesto. Basta a bondade. Desviar dinheiro é simplesmente crueldade. Basta pensar no que se pode fazer para melhorar o que está em volta e o planeta já não seria igual. Mas principalmente basta de impunidade.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

MARINA SILVA

Marina Silva saiu do seu partido o PV e não sabemos para onde vai. Gostaríamos que a Marina inventasse alguma coisa nova, trouxesse o movimento dos Indignados para o Brasil. Mas acima de tudo que continue sendo uma pessoa limpa porque no Brasil de hoje encontrar um político que ainda tenha sonhos e não tenha se corrompido, é muito difícil. Os Indignados da Espanha dizem "eles não nos representam" e é claro que aqui no Brasil a situação ainda é muito pior. Na Espanha, não faz muito tempo, vereadores que ganharam propina na área da construção, foram para a cadeia.E continuam lá No Brasil teríamos que construir cadeias imensas para prender os corruptos. O dinheiro desviado, sempre é bom lembrar, poderia ser usado para construir escolas, hospitais, melhorar a infra estrutura decadente do nosso país. Por favor, Marina, convoque a sociedade para um grande movimento contra a corrupção. Caiu um corrupto mas certamente outro igual assumirá o seu posto.Marina ontem disse que não era hora de ser pragmática, ela queria ser "sonhática". Marina, por favor,com teus sonhos desperte o Brasil deste pesadelo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

OS INDIGNADOS

Ontem Juan Arias, meu marido, publicou um magnífico artigo no jornal El País. Transcrevo o artigo sobre o movimento dos Indignados que deveria chegar ao Brasil. Deveríamos criar um movimento contra a corrupção e a impunidade. Pela primeira vez ontem recebí uma mensagem mostrando um outdor em Jaraguá contra o aumento do número de vereadores na cidade. O movimento clama por mais professores e menos vereadores. Para que tantos vereadores? Para roubar, claro.Por que a sociedade aceita isso? Como podemos achar normal ou natural tudo o que está acontecendo neste Brasil? Espero que possam ler o artigo em espanhol:

Preguntas incómodas a los indignados
JUAN ARIAS 06/07/2011
Quiero anticipar, para evitar equívocos, que no me gustaría morir viendo apagada la hoguera levantada por los indignados, los de España y los del mundo. Precisamente por ello, porque considero el fenómeno de los indignados como una nueva aurora justo en el momento en que el mundo se sumía en las sombras del pesimismo a escala universal, me atrevo -como contribución a ese diálogo de paz, a esa fascinadora e inédita guerra sin armas- a formular algunas preguntas que podrían parecer incómodas en medio de la fiesta en curso, pero que podrían ayudarnos a todos -empezando por mí mismo- a reflexionar y armarnos para no ser una vez más canibalizados por el poder de turno.
Indignarse es también despertarse del sueño ilusorio en el que nos habíamos dormido
He estudiado con atención los motivos de fondo de la indignación y sus eslóganes: "no nos representan"; "no queremos ser las víctimas de los errores del poder económico y financiero"; "queremos otro tipo de democracia"; "no nos basta votar". Y leo que casi el 50% de los indignados son personas que han perdido el trabajo sin que como ciudadanos hayan perdido su exigencia de dignidad.
¿Cómo no estar de acuerdo? Pero una pregunta se impone: ¿por qué solo ahora? ¿Es que los políticos nos representaban mejor cuando teníamos trabajo y éramos más ricos? ¿Es que cuando los bancos regalaban el dinero para hipotecas fáciles eran menos tiranos que hoy? ¿Es que cuando votábamos felices con nuestra riqueza real o aparente ejercíamos una democracia más eficaz y real que hoy?
Todos los indignados -entre los que quiero contarme aunque a miles de kilómetros de distancia de la Puerta del Sol- somos hijos de la globalización y disfrutamos de ella. Gracias a esa globalización llevamos gozando desde hace años de todos los privilegios que conlleva en la práctica. Pero ¿nos preguntábamos, mientras saboreamos sus frutos, lo que existe o puede existir detrás de ella de explotación laboral, de empobrecimiento de algunos países a costa de otros, de las injusticias que lleva en su seno? Hoy vemos y al instante, a través de la comunicación global, las lágrimas, el terror, la angustia, el desamparo de millones de seres humanos, que sufren más que nosotros de falta de riqueza, de trabajo o de libertad. Los conocemos. Podemos contarlos. ¿Es posible hoy indignarnos solo como españoles o como griegos o como lo que sea, ignorando que en nuestro planeta, que se nos cuela en casa a cada instante, millones no tienen la posibilidad de indignarse, ni pacíficamente? Compramos baratas las cosas hechas en China. ¿A costa de cuánto dolor de sus trabajadores, que ni pueden protestar?
Nuestra indignación es global o no lo es. Si no lo es, se apagará antes de lo que quisiéramos. Y sobre todo, no nos llenará el alma.
No sé cuáles son los textos de los que se nutren las asambleas y discusiones de los indignados. Me gustaría recordarles una página bíblica que quizás les ayude a la reflexión: la del astuto y ambicioso patriarca Jacob (símbolo del poder), que consigue comprar la primogenitura (la identidad) a su hermano Esaú, por un plato de lentejas. El episodio me ha venido a la memoria leyendo días atrás unas reflexiones del mayor economista vivo brasileño, Carlos Lessa, que tuvo en sus clases de la universidad como estudiante a la actual presidenta de la República, Dilma Rousseff.
El economista denuncia que el drama de nuestro tiempo consiste en que los ciudadanos han vendido su identidad de ciudadanos y con ella sus valores más esenciales, que pueden cambiar pero no morir, como la justicia, la solidaridad, su capacidad de representación, la paz y la libertad, no ya por el plato de lentejas bíblico, sino por lo que él llama el "sujeto consumista", ya sin identidad, sin primogenitura, sin valores y, lo que es más grave, por una falsa identidad de "usar y tirar", que nos desnuda de todo tipo de personalidad humana, esclavos de las modas del instante.
Ser "sujetos de consumo", o "sujetos meramente económicos", incapaces de una identidad propia que nos impide entender que a veces "menos es más", es no solo hoy sino que lo ha sido siempre, el sueño de todos los poderes: político, económico, financiero, comercial etcétera. Un sueño contra el que no existían indignados mientras saboreábamos el plato de lentejas, la riqueza que nos bastaba, aun a costa de olvidarnos de nuestra identidad de ciudadanos que nunca será completa sin una carga constante de indignación.
En el relato bíblico, hay una apostilla significativa: Jacob (el poderoso y ambicioso), no solo le dio el plato de lentejas a su hermano Esaú para adueñarse de su identidad de primogénito, sino que, dice la Biblia, "le dio también pan para que acompañase a las lentejas". ¿No es así como actúan todos los poderes que no solo nos ofrecen bienes materiales, sino también el pan de lo superfluo para adormecernos mientras ellos nos despojan de nuestra identidad de ciudadanos libres?
Cuando, en este momento, ni esos bienes nos pueden ya ofrecer o nos despojan de ellos, podríamos caer en la tentación de creer que es solo ahora cuando quieren robarnos nuestra identidad de ciudadanos libres y con derechos. No, ya nos habían despojado antes de ella y nosotros preferimos las lentejas. Ojalá no volvamos a regalarles nuestra identidad, en aras de nuevas y falsas promesas de solo bienestar económico. Indignarse es también despertarse del sueño ilusorio en el que nos habíamos dormido.
Gracias a los que nos están ayudando a conseguirlo.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

DE MALAS ABERTAS

Novamente minha mesa de trabalho se enche de mapas e lugares desconhecidos para onde vou nos próximos meses. A agenda está ficando lotada, quase não cabe mais nenhuma viagem. Mas agora as malas estão abertas para uma viagem muito especial: dia 15 vou para Visconde de Mauá, para a minha casinha dentro da mata, vou para escrever. Levo o caderno onde estão sendo rabiscados os poemas do Diário da Montanha, que a ed. Manati publicará ano que vem se eu conseguir terminá-lo. Vou passar oito dias e sei que aí o frio está intenso. Tenho saudades do meu filho André que mora no sítio com seu restaurante Babel, tenho saudades da minha casa que foi recuperada para me abrigar.
Então volto ao Bachelard, A Poética do Espaço, que é um dos livros da minha vida e ele me diz:

" Porque a casa é o nosso canto do mundo. Ela é, como se diz amiúde, o nosso primeiro universo. É um verdadeiro cosmos. Um cosmos em toda a acepção do termo. Vista intimamente, a mais humilde moradia não é bela? Os escritores da "casinha humilde" evocam com frequencia esse elemento da poética do espaço"

Tenho a minha casinha humilde para fabricar poesia. Ela é atemporal.

terça-feira, 5 de julho de 2011

CLASSIFICADOS EM MONTENEGRO

A Professora Dorian Wolff, de Montenegro, no Rio Grande do Sul, me escreve contando que estava trabalhando com jornais em sala de aula e a partir do meu livro Classificados Poéticos, os alunos escreveram seus próprios classificados. A grande novidade do Projeto Escrever: Um ato de prazer é que os anúncios literários dos alunos foram publicados nos Cadernos de Classificados no jornal da cidade que se chama IBIÁ,por três semanas seguidas, o que, me conta Dorian, causou um grande impacto na comunidade.Esta é uma idéia originalíssima, os jovens amaram ver seus poemas publicados, criaram um novo vínculo com os jornais e seu nível de envolvimento com a leitura e a escrita mudou.

Leio que há um belíssimo projeto de cinema em algumas escolas municipais financiado pela Petrobrás. Está claro que a escola tem que expandir o espaço dedicado a arte, já que os resultados são sempre magníficos. Crianças e jovens melhoram o aprendizado como um todo. Certamente os alunos e alunas da Professora Dorian estão mais atentos, focados , felizes.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

PERGUNTA

Telma, que está tentando organizar para 2012 uma FLIS (festa literária de Saquarema)através da Ong Círculo Cultural de Saquarema, com a ajuda das Secretarias de Turismo e de Cultura, com o poeta Salgado Maranhão como homenageado e muitas atividades paralelas, oficinas, exposições, etc, me pergunta: o que é ser um escritor?
Escritor é apenas quem escreve? Ou aquele que faz da escritura seu ofício? Ou aquele que não pode viver sem escrever? A poesia é minha coluna vertebral, minha identidade, minha luz e minha sombra e mesmo quando não estou escrevendo, estou escrevendo. Como se fosse um gato tenho em minha pele sensores que vão absorvendo tudo, acontecimentos, paisagens, cheiros, ruídos, para mastigá-los e depois escrever. Como se fosse aranha estou sempre tecendo o mesmo poema-teia que enreda a vida e se alimenta da vida. Telma, escritor é quem não pode viver sem escrever, eu acho.

domingo, 3 de julho de 2011

É POSSÍVEL

Em um belo documentário da TV5 vi o sonho de um outro mundo diante dos meus olhos. Num vilarejo em Bourkina-Fasso, na África, cujo nome não lembro, convivem harmoniosamente três religiões: cristã, muçulmana, fetichista. Seus líderes são amigos e trabalham juntos pelo bem estar de suas comunidades. A lei que vigora é a da aceitação do outro, independentemente de seu credo ou de onde veio ou de que lingua fala.A lei que vigora é a solidariedade, o respeito, a disponiblidade para trabalhar pelo bem comum. A terra não tem dono, é distribuida por um "chefe da terra" de acordo com as necessidades. Todos os moradores trabalham no que é necessário para que toda a população se beneficie. Sendo assim, não há lutas internas tribais, de etnias, nem lutas religiosas. Esta maravilhosa lição de um mundo novo nos chega da África.

sábado, 2 de julho de 2011

A COR DA PALAVRA

Ontem recebí pelo correio o belíssimo livro do poeta Salgado Maranhão, A Cor da Palavra, a sua obra completa, em primorosa edição da Imago. A poesia do Sebastião Salgado é esplêndida, emoção pura, chama, labareda.

LUGAR
para Carlos Nejar

Meus pés estão marcados
pelo salmo das águas
e das pedras fogueadas.

Caminho com a luz entre os dentes
e minha febre
incendeia os crisântemos.

Já vai longe a névoa
de escombros
e ouço
ainda
o ruir de muralhas
face ao desabrigo
e ao sangue insigne.

E canto a floração dos ossos:

e canto
desde um reino insondável
em que a palavra
apascenta o deserto.

A poesia é o lugar
do coração que pensa.


Salgado Maranhão in A Cor da Palavra, ed. Imago.

Ontem recebí a foto da hemerocallis que receberá meu nome. A poesia do Salgado Maranhão e a minha flor fizeram do dia uma explosão de felicidade.
Transcrevo a carta que recebí da empresa que desenvolveu a nova hemerocallis:

Cara Roseana
Primeiramente gostaríamos de dizer que ficamos surpresos e surpreendidos com a execelente iniciativa dos alunos da escola Hermann Mueller, onde fomos muito bem recebidos. E a oportunidade para nós da Agrícola da Ilha agradecer é criar e nomear uma Hemerocallis com o seu nome Roseana. É um prazer poder homenagear uma pessoa como você, que usa a poesia para falar da natureza.
Criar uma Hemerocallis com o seu nome é uma pequena homenagem, para uma grande mulher.
Gostaríamos claro de contar com a a sua presença aqui em nossa empresa no dia do lançamento da nova cultivar, que será em 15 de Novembro as 10:00. E que Deus continue abençoando a sua vida. Nosso contato: tiago@hemerocallis.com.br

sexta-feira, 1 de julho de 2011

NÃO FAZ TANTO TEMPO ASSIM...

Ontem, o fundador do jornal El País de Madrid, Juan Luis Cebrian, escreveu um artigo maravilhoso por ocasião da fundação do jornal, há 35 anos atrás. Ele relembra, com humor e poesia, o que era a Espanha naquele tempo e o que é hoje. Além de ninguém poder votar, a mulher não tinha nenhum direito, era um objeto do lar, um jarro que respirava (como diz o Eduardo Galeano ), o marido podia matar se a mulher cometesse adultério, um crime contra a honra, livros eram proibidos, filmes eram proibidos, o ar que se respirava cheirava a prisão.A sociedade , amordaçada, só podia ler nos jornais o que o Estado Todo Poderoso queria. A palavra liberdade, em qualquer âmbito, era proibida. Hoje, apesar da crise economica, a Espanha é livre, as mulheres são donas da sua vida, há divórcio, aborto, os homossexuais não precisam se esconder no armário e no interior da Espanha ninguém mais anda descalço, como naquela época, por não poder comprar sapato. E os jornais circulam livremente, com suas idéias. O que diz Cebrian é que, não faz tanto tempo assim, o mundo era muito pior. E dentro de 35 anos, não sabemos como será o mundo, mas sabemos que cada vez mais aumentarão os leitores e não importa se vamos ler em suportes de papel ou de luz, ou nas nuvens, o que importa é que poderemos ler livremente.