terça-feira, 14 de agosto de 2012

ARDOR GUERREIRO

Termino de ler pela quarta vez um livro que me emociona até a medula: Ardor Guerrero de Antonio Muñoz Molina por quem sou apaixonada. Acho que este livro não existe em português.
Ele narra, é uma memória pessoal, os catorze meses em que passou confinado no exército. A sua fragilidade, a insegurança, o terror, as injustiças que sofreu, as humilhações, as amizades, a violência sempre prestes a explodir.A estrutura absurda daquele universo irreal, paralelo, onde as leis do mundo do lado de fora não vigoram. A arbitrariedade dos superiores.
Eu me identifico tanto, eu viro aquele menino-quase-homem que ainda não é escritor mas sabe que quer escrever. Como ele eu também quando menina nunca gostei de esportes, meu refúgio eram os livros. Para aguentar as horas em que tinha que passar no pátio, imóvel, em formação, ele decorava poemas do Borges e recitava para dentro.
Penso que um eco da estrutura militar ressoa nas escolas. A campainha estridente. Por que ? Não poderiam dividir o tempo com música? Com um poema ?  Aquela campainha destrói qualquer harmonia interior.
Os uniformes. Acho que cada criança deveria pintar os seu uniforme para que ele deixasse de ser... uniforme e fosse único. Cada aluno deveria "enlouquecer" o seu unifrome.Um aluno sentado atrás do outro, José Pacheco, o fundador da Escola da Ponte em Portugal,em sua palestra falou sobre isso, o que o aluno vê é a nuca do outro. E isso faria melhorar o aprendizado? Acho que sim. A mente fica alerta quando cria, quando pensa.
Transformar as escolas em ambientes não agressivos, acolhedores onde cada aluno e aluna se sinta único(a) e criativo(a)  é um sonho possível. Então uma escola não lembrará um quartel.

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