sexta-feira, 3 de agosto de 2012

LINGUAGEM

Em setembro vou para o Recife falar sobre leitura e fui presenteada com um título lindo para a minha fala:
"Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo"
Quero partir de um poema inédito. E do que diz o filósofo espanhol Savater: a diferença entre um pobre e um rico está no número de palavras que eles possuem.
Quanto menos palavras possuo menos posso entender o mundo. Não posso me defender.

LINGUAGEM

Como nasceu a primeira palavra,
de um rio que corria
dentro da garganta?
veio antes ou junto do gesto,
de que linhagem,
das estrelas, dos caramujos,
de um susto ou de um eclipse
veio a linguagem?
Para dizer o indizível, caçada,
amor, vida, morte, nascimento?
Para nomear tudo o que existe,
o que já existiu,
o que ainda existirá,
assim nasceu a palavra?
Se digo árvore não preciso carregar
a própria árvore debaixo do braço
e também digo a sua sombra,
seus frutos, raízes e o pássaro azul
que faz ninho em seus galhos
e voa sobre a página em que escrevo
e pousa no teu olhar.

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