domingo, 11 de dezembro de 2016

VERÃO

Na minha infância morei no bairro Grajaú, na Rua Caruaru 40, na zona norte do Rio de Janeiro.
Era um sobrado amarelo. As casas onde vivemos nos primeiros anos de nossas vidas são indestrutíveis, embora não existam mais. Já disse Drummond.
O verão sempre me pegava desprevenida e me jogava num atordoamento.
Hoje o verão me traz a casa da minha infância. O ar está grosso, quase irrespirável aqui em Saquarema e nos dezembros da minha infância. E ela me aparece quase palpável. Feito miragem ou alucinação por causa do calor.
Naquela época a grande felicidade de dezembro eram as férias, que eram longas. E meu aniversário que sempre me traria algum presente.
Não tínhamos Natal, éramos judeus. Cresci sem espírito natalino.
Agora toda a minha existência é de outra matéria. É feita de livros. De palavras. É dezembro, faz um calor insuportável e vou buscar algum conto russo para sentir um pouco de frio.  

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