domingo, 27 de setembro de 2009

GUEJAR SIERRA

Subindo a estradinha que vai para Sierra Nevada, uns dez kilometros depois de Cenes de La Vega, onde estou hospedada na casa do meu filho Guga, chegamos em GUEJAR SIERRA. Como se abríssemos um livro muito antigo, como se andássemos cem anos para trás, assim é Guejar, a cidadezinha mais genuína, autêntica, que já conheci. Há em Guejar uma vida verdadeira, já que vi apenas um casal de mochileiros dormindo na praça. A população ocupa alegremente as ruas, sentados na frente das casas, nos bancos, mulheres de meia idade, gordinhas, com seus aventais de cozinha varrendo a calçada. As casas são antigas, casas de pueblo, muito bem conservadas e o conjunto é belíssimo.Ruelas que sobem e descem, becos sem saída com suas casinhas abarrotadas de flores, escadarias, e uma igreja do século dezoito na praça onde um plátano secular toca as cordas dos nossos sonhos. Um ceramista fabrica sua cerâmica ali mesmo, no segundo andar da casa, suas peças são lindas, limpas, lavam o nosso olhar. Comprei um pequeno pote, assim guardarei Guejar em meu armário mineiro em Saquarema, junto com a louça de cerâmica fabricada pela Evelyn Kligerman, minha irmã. Entramos num bar para unas tapas , eu e Guga, tomamos um vinho esplêndido, um Rioja e nos deram peixe frito e pimentões assados. O bar estava lotado de homens mais velhos, camponeses curtidos pelo frio da serra, alguns de chapéu. Eu era a única mulher e nós éramos os únicos estrangeiros. Como pude viver até hoje sem ter conhecido Guejar? Me apaixonei tão perdidamente que ficaria aí por uns meses, numa das casinhas lindas cheias de gerânios e cortina na porta, esse maravilhoso hábito andaluz que dá um colorido todo especial aos pueblos: no calor se pode deixar a porta aberta e preservar a intimidade.

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