Década de 80. Minha irmã chega da África grávida. Seus cabelos estão tingidos de henna, vermelhos. Ela está lindíssima, radiante. Seu marido ficou em Abidjan , na Costa do Marfim.
Evelyn estava com uma gravidez de risco e quis ter a filha no Brasil.
Julia nasceu e as duas ficaram na minha casa. Dei o primeiro banho na Julia.Quando Julia tinha dois meses, elas voltaram para Abidjan e meu coração se quebrou. A casa ficou vazia.
Evelyn voltou para o Brasil e Julia, com dois anos era minha companheira constante. Eu passava longos períodos na montanha com ela. Julia era tímida e silenciosa feito uma gata. Era a minha gatinha humana.Desenvolvemos uma linguagem mútua sem palavras. Apenas a maravilha de estarmos juntas.
Hoje Julia se casa. Ela, como sua mãe, também irá para longe. E continuará a tecer a maravilhosa tapeçaria feita de fios humanos. Um dia, quem sabe, darei em seu filho o primeiro banho.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
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Bom dia Roseana. Que texto lindo!
ResponderExcluirComo diz minha filha de 06 anos: quando eu crescer quero ser igual a você!
Bom demais acordar e ler seus textos.
Obrigada e felicidades para você, Evelyn e Júlia.
Obrigada Eli, é um privilégio ter uma leitora como você, que vem e me inunda de carinho! Beijos na filhinha.
ResponderExcluirQue tapeçaria linda...
ResponderExcluirUm abraço, Roseana!
Biah, querida, sim, somos tecelãs!
ResponderExcluirAh! Roseana, você tem escrito tanta coisa boa e linda que fica difícil dizer alguma coisa.
ResponderExcluirHoje especialmente, para mim está sendo emocionante, pois o meu primeiro sobrinho que vai ser papai escolheu Júlia para o nome de sua filha. Ela nascerá até 11 de janeiro.
Angela, que coincidência maravilhosa!!!
ResponderExcluirEu também acho.
ResponderExcluirFiquei feliz.
Angela