sexta-feira, 30 de setembro de 2011

LEITURA

Amanhã é o nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela. Discutiremos o livro Dois Irmãos do Miltom Hatoum e o Poema Sujo do Ferreira Gullar. Teremos gente nova no Clube, assim parece. Mariana, que vem de São Paulo! E Loló com uma amiga, médica que trabalha no Hospital Pedro Ernesto, na Unidade de Adolescentes.
Quando tive a idéia de fazer o Clube, pensei nos professores de Saquarema. Eles são minoria. Temos um advogado, um procurador, um bancário, uma contadora, professores da Secretaria de Educação de Duque de Caxias, um terapeuta alternativo e duas professoras de Saquarema. Claro que fico com pena, pois me chamam de todo o Brasil, ontem mesmo me chamaram para Vilhena, Rondônia, e abro minha casa aqui onde vivo e os professores não respondem ao meu convite. A casa continua aberta.
Quando estive esta semana em Petrópolis me perguntaram sobre o projeto Uma Onda de Leitura. O projeto anda bem, mas a Secretaria de Educação suspendeu os nossos Cafés Literários mensais. Eu oferecia um café na nossa varanda e recebia de 25 a 40 pessoas entre alunos e professores para uma Roda de Leitura. Entendo que a atividade supõe alguns problemas para a Secretaria: tirar os professores da sala de aula, vir até a minha casa. Mas é uma atividade extra curricular maravilhosa, é um passeio, há uma confraternização entre escolas diferentes. Talvez as pessoas precisem entender que a leitura de mundo, das ruas, também é leitura e retirar os alunos da escola para um passeio é muito frutífero.
Mas dia 19 de outubro faremos um lançamento de livros aqui em casa com queijos e vinhos, na varanda. A Secretaria de Educação vai passar os convites para as escolas e eu agradeço muito este gesto. Espero que os professores de Saquarema venham confraternizar com a gente.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

JULIA

Década de 80. Minha irmã chega da África grávida. Seus cabelos estão tingidos de henna, vermelhos. Ela está lindíssima, radiante. Seu marido ficou em Abidjan , na Costa do Marfim.
Evelyn estava com uma gravidez de risco e quis ter a filha no Brasil.
Julia nasceu e as duas ficaram na minha casa. Dei o primeiro banho na Julia.Quando Julia tinha dois meses, elas voltaram para Abidjan e meu coração se quebrou. A casa ficou vazia.
Evelyn voltou para o Brasil e Julia, com dois anos era minha companheira constante. Eu passava longos períodos na montanha com ela. Julia era tímida e silenciosa feito uma gata. Era a minha gatinha humana.Desenvolvemos uma linguagem mútua sem palavras. Apenas a maravilha de estarmos juntas.
Hoje Julia se casa. Ela, como sua mãe, também irá para longe. E continuará a tecer a maravilhosa tapeçaria feita de fios humanos. Um dia, quem sabe, darei em seu filho o primeiro banho.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PETRÓPOLIS IDA E VOLTA

Às nove horas da manhã de ontem embarquei para Petrópolis com o motorista René e Miriam, da ed. Rovelle. Nos reconhecemos desde a primeira sílaba. Iríamos por Magé mas nos perdemos e fomos por Cachoeira de Macacu. A estrada era belíssima, mas muito mais longa. Miriam que foi professora a vida inteira e agora que se aposentou descobriu a vocação de editora e trabalha na Ed. Rovelle,me contava mil e uma histórias, verdadeira Sherazade. Miriam participa de um grupo que conta histórias em hospitais. Conseguimos chegar a tempo de comer e o teatro, logo em frente, nos esperava. Renata nos recebeu com toda a sua delicadeza e a platéia estava lotada, quase 500 pessoas! Antes da minha fala nos apresentaram um teatro de uma turminha de educação infantil. Eles eram tão pequenininhos e lindos e a história de uma festa no castelo do príncipe era maravilhosa, pois no final, a bruxa que teme aparecer como bruxa, se transforma em princesa para conquistar o coração do príncipe, deixa o príncipe indiferente. Mas quando o feitiço acaba e ela vira bruxa outra vez, aí sim, o príncipe se apaixona perdidamente numa linda transgressão.
A platéia era muito receptiva e senti aquela onda de energia boa me envolvendo. Foi muito bonito.
Na viagem de volta reatamos, eu e Miriam, a nossa conversa sobre a vida e acho que ainda temos muito o que conversar, pois os que são da tribo da sensibilidade imediatamente se reconhecem. Convidei a Miriam para participar do nosso Clube de Leitura da Casa Amarela , quem sabe ela vem.Miriam me presenteou com um lindo livro de poemas da Silvia Orthof. A Ed. Rovelle caprichou, o livro está lindíssimo!

Há poesia nas bagagens
das palavras esquecidas,
já chorei tantas partidas,
vem comigo: me avoa!
Juventude é uma pessoa
que se culpa...
Me perdoa!

in Adolescente Poesia, Silvia Orthof, ed. Rovelle

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

PETRÓPOLIS

Amanhã estarei em Petrópolis para o II Encontro de Leitura. Vou conversar com 450 professores. Não sou pedagoga, mas me chamam para falar sobre educação. Peço licença e levo minha voz de poeta. É a poeta quem fala. É a mulher que anda pelo país, observa e pensa. Divido sempre com a platéia as minhas indagações, dúvidas, perplexidades.E levo a minha poesia e o retorno que recebo dos meus leitores.
Da minha escola , a da infância, não tenho boas lembranças. Era rígida e triste. Não podíamos criar, apenas obedecer. Nossa história de vida não existia. Éramos um uniforme, um nome na chamada e um rosto anônimo. Em muitas escolas encontro a minha escola da infância. Estas escolas não deveriam mais existir e se por acaso o professor se encontra com uma instituição assim , cabe a ele a tentativa de libertá-la, como se abre a porta de uma gaiola para que o pássaro possa enfim voar.

LÁGRIMA

Ânforas esquecidas ao relento,
ao longo do tempo,
a as histórias acumuladas
em suas bordas, transbordam
quando uma lágrima, em algum lugar
do mundo, fala mais que todos os alfabetos.

in Poemas para ler na escola, ed. Objetiva

Silvane, minha amiga da E.M Herman Muller leu o blog e me enviou o texto que acrescento:

“Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas“
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.(Rubem Alves)


Fico tão feliz em saber que Petrópolis irá te receber... torço para que os professores estejam abertos a ponto de beber da tua poesia e de transformá-la em ÁRVORE nas suas escolas.
Beijos!

domingo, 25 de setembro de 2011

MINHA FLOR NO ANCELMO GOIS

Hoje, no O Globo, minha poesia virou flor e notícia!!! Fiquei muito impactada e divido a emoção com meus leitores. Recebo uma carta linda da amiga Maria Clara, do nosso Clube de Leitura.Sigo seu conselho e publico a carta e a notícia aqui no blog:

Roseana:
Coisa linda virar flor antes de dar teu corpo a húmus. Flor de sol! Amarela, vermelha, flutuando na planta sem espinhos.

A flor que leva o teu nome, criada pela imaginação botânica da moça impregnada de tua poesia, deixa os jabutis tristemente terrestres no ato de tua coroação.

Sei que plantas híbridas não dão sementes e nem pegam de galho, mas se a moça decidir espalhar o teu lírio aos quatro ventos, gostaria de ter um exemplar de tua flor em meu jardim de Saquarema.

Compartilhando profunda e alegremente de tua emoção,

Clara.



E recebo agora uma mensagem da Pilar del Rio, mulher do José Saramago para quem Juan enviou a matéria:

¿Roseana no era ya una flor?
Besos para los dos. Y felicita a O GLobo por haberlo visto: aunque hayan tardado.
Pilar

DO DESEJO

Para este domingo chuvoso separo o belíssimo livro DO DESEJO de Hilda Hilst. Seus poemas maravilhosos e densos me envolverão por todo o dia junto com o rugido do mar:

DA NOITE

I

Vi as éguas da noite galopando entre as vinhas
E buscando meus sonhos. Eram soberbas, altas.
Algumas tinham manchas azuladas
E o dorso reluzia igual à noite
E as manhãs morriam
Debaixo de suas patas encarnadas.

Vi-as sorvendo as uvas que pendiam
E os beiços eram negros e orvalhados.
Uníssonas, resfolegavam.

Vi as éguas da noite entre os escombros
Da paisagem que fui. Vi sombras, elfos e ciladas.
Laços de pedra e palha entre as alfombras
E vasto, um poço engolindo meu nome e meu retrato.

Vi-as tumultuadas. Intensas.
E numa delas, insone, a mim me vi.

Hilda Hilst, in Do Desejo, ed. Globo

sábado, 24 de setembro de 2011

PRIMAVERA

Chegou a primavera e o sábado amanhece envolto em neblina, mar e céu se confundem, como se o dia não conseguisse nascer. Mas já sinto um cheiro diferente no ar. Um cheiro de flores ainda contidas mas que logo irão explodir. Do jardim se ouve o mar e o grito das gaivotas e há uma expectativa de vidas em gestação.Fico atenta: a qualquer momento uma orquídea nos oferecerá a sua flor, seu poema.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

NA HORA DO ALMOÇO

Ontem, na hora do almoço, Juan e Samuel, nosso caseiro conversavam sobre as profundas mudanças do nosso tempo. Juan contava para o Samuel que num futuro próximo as portas já não terão fechaduras e serão abertas com a voz do próprio dono. Samuel escutava. De repente disse: "_ Mas isso é muito complicado! E se eu estiver rouco e a porta não reconhecer a minha voz? Vou ter que dormir na calçada?" E foi a vez do Samuel contar que lá em Minas um pequeno fazendeiro, quando pela primeira vez chegou a luz elétrica,soprava a lâmpada como se fosse uma vela para apagá-la.
Nunca as coisas mudaram com tamanha velocidade, em tempo nenhum. Mas os homens decidem as fronteiras matando como na Antiguidade. Como judia torço por um Estado Palestino, o único caminho para a paz.

Recebo uma carta linda de um amigo antiquíssimo, Arnoldo de Souza, que vive em Governador Valadares. Em 1984 fizemos juntos uma oficina na OLAC, no Leblon, primeiro com a Rita Moutinho e depois com o Antonio Carlos Sechin. Estas oficinas de poesia foram fundamentais para a minha poesia, de certa maneira forjaram e iluminaram o meu caminho. Arnoldo foi um grande amigo: acreditava nos meus versos, eu, tão jovem e insegura. Não esquecí a sua voz, o seu incentivo. Tenho memória de elefante e sua carta sobre meu livro Poemas para ler na Escola me deixou muito emocionada:

Querida Roseana. Desculpe a demora em lhe responder, mas além de outras múltiplas tarefas e viagens, esta se deu pelo fato de ter lido e relido o seu livro, suavemente, literalmente me deliciando, pois dessa vez você se superou, com uma poesia que não é sòmente para ler em casa e sim em cada lugar onde se possa ir, viajar, viver enfim e comemorar a maravilha do cotidiano. Em você a poesia perpassa todos os reinos e hierarquias. Ela é mineral, pois densa e seca as vezes , como as pedras, com relevos inéditos em sua geografia. É etérica pois esbanja vitalidade , numa torrrente , avalanche , numa verdadeira enchente , desaguando versos em grande velocidade. É anímica ou astral, pois traz consigo um poço de desejos e tormentas revelado as vezes de forma sutil , outras de forma explícita , mas sempre com ritmo e harmonia singulares e de incrível riqueza. E , por fim , emana profunda da consciência, da verdadeira intimidade do Eu, trazida em parceira com o sentim ento do mundo e de suas cercanias.
Como disse, dessa vez você se superou , com uma poesia , eu diria, quântica, alternando ondas e partículas na incerteza dos caminhos da energia, num oceano cósmico de possibilidades e dimensões invisíveis, apenas sentidas por quem a lê.
Sim , Poesia pra se ler, pra se ter sempre imanente no fundo oculto de nós mesmos, para que a possamos reler sempre que a vida parecer eclipsarse.

Arnoldo de Souza

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TERRITÓRIO DE SONHOS

Em 2001 fomos a Praga. Fiquei totalmente apaixonada pela cidade, gostaria de ter passado um ano aí. Foram apenas 5 dias gravados em minha pele para sempre. Alugamos um apartamento em Malá Strana, no bairro antigo do Castelo, de frente para a Ponte Carlos. O tempo era magnífico. A dona do apartamento se chamava Zdena e morava no mesmo prédio. Fui até a sua casa ver a sua biblioteca, de onde tirou um exemplar de um livro do Jorge Amado. Ela me contou que debaixo do prédio havia um túnel secreto que levava diretamente ao castelo. O prédio era antiquíssimo. Ficamos amigas. Conseguí uma tradutora e mandei traduzir para ela meu livro "Tantos Medos e Outras Coragens". Roger Mello levou o livro traduzido pessoalmente. Depois nos perdemos na avalanche da vida, ela mudou de e-mail, eu também, por anos guardei seu cartão. Quando escreví o "Território de Sonhos" usei seu nome para uma personagem.
Comprei em Praga um pequeno livro de Kafka que não conhecia: "Cuadernos en Octavo". Não o encontrei em português, comprei em espanhol. Fiquei muito impactada com o livro e a partir de um pequeno trecho:
" Todo hombre lleva dentro una habitación. Se puede comprobar este hecho incluso acústicamente. Cuando alguién anda a paso ligero y se escucha con atención de noche talvez, cuando todo está en silencio, se oye por ejemplo el tintineo de un espejo mal afianzado en la pared."
decidí inventar um exercício. Escolher como epígrafe alguns trechos de livros que amava especialmente e escrever um conto a partir da epígrafe que seria o trecho escolhido. Assim nasceu o livro Território de Sonhos. Para o belíssimo parágrafo do Kafka inventei uma adolescente em seu quarto, filha de imigrantes e a chegada de uma parente distante, de sua idade, vinda do país de origem dos seus pais, de algum campo de refugiados. Em todos os contos há um personagem leitor.
Para mim a vida é um território de sonhos.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

GENEROSIDADE

Li ontem um artigo belíssimo no El País sobre a generosidade:um economista americano, George .F.Loewenstein, fez uma experiência muito interessante. Deu a um grupo de pessoas bem diferentes uma quantia, US6.000 por pessoa. Dividiu o grupo em dois. A metade teria que gastar o dinheiro em presentes para si. A outra metade teria que usar o dinheiro para presentear outras pessoas. Depois , entrevistando cada um, o resultado foi que o grupo que se presenteou teve uma sensação de bem estar e euforia bastante passageira que em nada mudou as suas vidas. O grupo que presenteou outras pessoas expandiu suas vidas, pois a sensação de felicidade que o fato proporcionou nunca foi embora.Ter contribuído para a felicidade alheia trouxe de volta um bem estar verdadeiro.
Presentearam amigos com viagens, pagaram cursos, pagaram dívidas de pessoas queridas, etc.
A nossa sociedade de consumo nos consome. O Buraco Negro do ser humano é muito profundo para que possa ser preenchido com um carro ou um novo modelo de celular. Mas se constribuirmos para salvar ou mudar uma vida, encheremos o nosso vazio com terra fresca e fértil .

terça-feira, 20 de setembro de 2011

VISITA DIFÍCIL

Ano passado tive um câncer de mama e superei bastante bem o susto e o que veio depois. Tomo um remédio que é supressor de hormônios e que às vezes produz alguns indesejáveis efeitos colaterais, por exemplo aumento de peso. Decidí perder peso e entrei numa alimentação bastante restrita e como adoro fazer lista, passei bastante tempo fazendo uma lista de tudo o que comia durante o dia. Perdi 6 quilos em oito meses. O remédio também aumenta muito o risco de osteoporose , então aumentei os exercícios e acrescentei uma bicicleta ergométrica todos os dias. Está tudo ótimo, torci o vento contrário ao meu favor. Faço meditação todos os dias. Mas ontem fui ao oncologista. Aparentemente estava calma e sem medo. Ele confirmou que está tudo bem e só preciso refazer os exames em fevereiro. Mas quando saí, desmontei. Sentia um cansaço maior do que o mundo e queria me esconder em alguma caverna em posição fetal. Quando cheguei em casa, em Saquarema, Juan Arias, meu marido, dava uma entrevista para a TV Brasil que vai ao ar hoje às 10hs da noite.Veio uma equipe até aqui para entrevistá-lo. Afinal, os organizadores da manifestação de hoje na Cinelândia afirmaram ontem que o movimento começou com o artigo do Juan "Por que os brasileiros não reagem?"
Então penso na nossa imensa responsabilidade quando escrevemos um artigo ou um poema.
Uma jovem me escreve que é minha leitora desde os 7 anos e que vai fazer 23 e que o seu presente de aniversário será vir ao nosso Clube de Leitura. Um menino de 9 anos me escreve dizendo que leu meu livro "Receitas de Olhar" e que mandei muito bem.
Não posso então ficar encolhida na caverna.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O QUE É UM GATO?

¿QUÉ ES EL GATO?

El gato
es una gota
de tigre.



USTED

Usted

que es una persona adulta

- y por lo tanto-

sensata, madura, razonable,

con una gran experiencia

y que sabe muchas cosas,

¿qué quiere ser cuando sea niño?

ANÍBAL NIÑO


Recebí do meu amigo do Sul, Delmino Gritti, estes deliciosos poemas de Aníbal Niño, poeta colombiano que não conhecia e que morreu no ano passado. Divido com vocês.


Ontem vi um filme maravilhoso: Tempos de Paz, do Daniel Filho. Trouxe meu pai para perto de mim. Tenho a certidão de sua entrada no Brasil e este simples papel me emociona muito.

Torço pelos Indignados do mundo inteiro. O mundo anda muito esquisito, como sempre.

domingo, 18 de setembro de 2011

NO MUNDO DA LUA

Em 1982 publquei meu segundo livro, NO MUNDO DA LUA, pela editora Miguilim. São pequenos poemas lindos para criança pequena, onde falava um pouco de tudo e já era a minha voz. Agora o livro sai em nova edição, maravilhosamente ilustrado pela Mari Ines Piekas que tem feito muitos livros comigo. Sai pela Ed.Paulus numa edição requintada, é uma alegria saber que o livro está vivo outra vez:

NO MUNDO DA LUA

VOU INVENTAR UMA RUA
ONDE SE PINTE E BORDE,
SE FAÇA E ACONTEÇA
SE CANTE E DANCE
SE PLANTEM CORAÇÕES...
UMA RUA ONDE TODOS VIVAM
NO MUNDO DA LUA.


in No Mundo da Lua, ed. Paulus

sábado, 17 de setembro de 2011

CARROS E ENGARRAFAMENTOS

Cada vez que vou ao Rio os engarrafamentos estão piores. Cada vez há mais carros nas grandes cidades. É uma questão de física, eu acho, simplesmente não há lugar para todos. Mas se você prestar bem atenção, a publicidade de carros ocupa 80 por cento do espaço das propagandas.Teríamos que repensar as grandes cidades, pois dentro de muito pouco, haverá um nó cego e ninguém chegará a lugar nenhum. As pessoas já passam um tempo imenso presas dentro dos carros. Como será então daqui a 50 anos, se tudo continuar no mesmo ritmo? Mas existem soluções , não são difíceis. Transporte coletivo de qualidade e de vários tipos, penso até em balões! carros elétricos e minúsculos, claro, carros compartilhados, vias expressas para bicicletas, patins, skates e etc. Aqui em casa não temos carro por absoluta falta de necessidade, já que Saquarema é uma cidade pequena e nos locomovemos de ônibus ou caminhando. Mas muita gente aqui tem carro sem precisar e ao invés de caminhar duas esquinas tira o carro da garagem para ir até a padaria comprar pão.Resistir ao massacre diário da nossa sociedade de consumo é muito difícil e precisamos fazer um exercício diário com uma simples pergunta: _ Eu preciso mesmo disso?

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

DINOSSAUROS

Divido com meus leitores um artigo que li no EL País sobre as penas dos dinossauros conservadas em âmbar. Fiquei muito impactada:

Plumas de dinosaurio conservadas en ámbar
Los especímenes dan nuevas pistas sobre el aspecto que tendrían algunos de esos animales de hace entre 70 y 85 millones de años

ALICIA RIVERA - Madrid -

15/09/2011

Los huesos de dinosaurios abundan en el registro fósil mundial, pero mucho más escasa es la información directa del plumaje que cubría el cuerpo de muchos de ellos. De ahí la importancia de un tesoro descubierto ahora de plumas de dinosaurios y de aves conservadas en ámbar, procedente de Alberta (Canadá), y con una antigüedad comprendida entre 70 y 85 millones de años (los dinosaurios se extinguieron hace 65 millones). El hallazgo ofrece una oportunidad única para los científicos de conocer la estructura e incluso el aspecto cromático de aquellos dinosaurios, que tendrían plumaje de colores difusos (marrones, grisáceos, negros...) similares a aves actuales, con plumas moteadas y translucidas.

16 segmentos de pluma, conservados en ámbar (de Alberta, Canadá), de hace entre 70 y 85 millones de años.- SCIENCE / AAAS
La noticia en otros webs
•webs en español
•en otros idiomas
Además del interés que tiene la coloración de los dinosaurios, el hallazgo del ámbar de Alberta, permite a los investigadores examinar la morfología y la función de sus plumas, así como conocer mejor su evolución. "El plumaje especializado para el vuelo y para la natación subacuática había evolucionado ya en la aves del Cretácico superior", escriben Ryan C. McKellar (Universidad de Alberta) y sus colegas en la revista Science.

Estos científicos han descubierto 11 especímenes de plumas o protoplumas en el análisis de más de 4.000 piezas de ámbar recuperadas en la zona del lago Grassy (Alberta) que forman parte de las colecciones del Museo Royal Tyrell de Paleontología y de la Universidad de Alberta. Los especímenes abarcan cuatro fases distintas de evolución de las plumas, incluidos filamentos similares a las protoplumas de dinosaurios no avianos que se desconocen en las aves modernas, a la vez que plumas ya mucho más complejas y parecidas a las actuales. Pero McKellar y sus colegas reconocen que no hay posibilidad de asociar los fragmentos conservados en ámbar con especies concretas de dinosaurios o de aves, ni siquiera pueden determinar qué plumas son de unos o de otras, aunque identifican claramente filamentos y estructuras que son muy similares a las improntas descubiertas en fósiles de dinosaurios de otros yacimientos.

En un análisis del descubrimiento, el especialista Mark A. Norell (Museo Americano de Historia Natural, Nueva York) recuerda que en los últimos años se está avanzando mucho en la investigación del color de los dinosaurios, incluso con análisis de fósiles, si están excepcionalmente bien conservados, porque en algunos casos es posible identificar la forma de las células de pigmento que se pueden comparar con las de animales actuales.

BIBLIOTECA DA MARÈ

Ontem fui conversar com duas turmas na Bblioteca da Maré. Mas na saída tive muito medo. Passamos por um tiroteio, pessoas correndo, e meu coração parecia um tambor. Não gostei da experiência. A Biblioteca é fria, faltam tapetes, faltam almofadas, falta calor humano. A turma era difícil, claro, como poderia ser diferente? Mas talvez , quem sabe, se antes do nosso encontro eles tivessem ouvido meu nome ou lido alguns poemas meus? A biblioteca deveria ser um oásis de felicidade num lugar tão hostil, mas não é. Nem ao menos um lanche as crianças receberam. Elas chegaram falando que estavam com fome.Foi para mim uma experiência muito dura e espero que alguma coisa boa tenha ficado . Tentei brincar o tempo todo para que a experiência fosse leve para eles. A minha surpresa é que uma aluna de uns 8 anos leu dois poemas meus maravilhosamente bem.Levo um tênue fio de luz de esperança no coração com a leitura da linda menina.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

CRIANÇAS NO JARDIM

Escrevo hoje meu post de amanhã, já que vou muito cedo para o Rio de Janeiro.
Hoje a manhã foi uma cachoeira de alegria com 40 crianças sentadas no jardim e a Professora Andréia da Sala de Leitura da E.M.Pedro Paulo Silva lendo o novo livro do Juan, "Falando com as Estrelas". As crianças ouviam fascinadas. Depois fizemos uma lista dos habitantes do mar e então li alguns poemas do meu livro "O Mar e os Sonhos". Mas volto alguns minutos para trás e um Ônibus enorme com um cartaz no vidro da frente "Casa da Roseana Murray" estaciona na porta e as crianças saem maravilhadas e me abraçam e me beijam.Depois da Roda de Leitura no jardim fomos para a varanda e servimos a feijoada.Que crianças educadas! Comeram compenetradamente, sentadinhas no chão.De sobremesa fiz brigadeiro de colher que foi um sucesso e voltamos a fazer outra Roda de Leitura, agora na varanda. Recebí presentes, recitaram poemas, Vanda foi ovacionada pela comida maravilhosa e fomos para a praia.
Mais pareciam passarinhos do que crianças!!! Eram o néctar da felicidade.O mar estava com piscinas e eles tropeçavam, caiam na água, catavam conchas. Lourdes, a diretora, ria , radiante e até o fotógrafo da Secretaria de Educação e o Motorista estavam maravilhados. Fizemos uma ciranda e gritamos muito, de felicidade. Gritamos para o mar. Depois foi uma mangueirada para tirar a areia dos pés e a ruidosa despedida.

FALANDO COM AS ESTRELAS

"Para falar com as estrelas, basta olhar o céu e sonhar, navegar em seu azul profundo, suspirar quando a via láctea derrama leite em nossos olhos. Para falar com as estrelas há que usar um alfabeto mágico, feito de luz. Com mãos de poeta, Juan Arias nos leva pelas ruas de Roma até a casa de Luz, a menina italiana que fala com as estrelas e, nela, nosso coração se reconhecerá."
Escreví este texto para apresentar o livro do Juan, meu marido, "Falando com as Estrelas", ed. Paulinas, que traduzí. As ilustrações, belíssimas, são de Mari Ines Piekas e o livro é terno e quente como uma noite estrelada. Recebemos ontem pelo correio o pacote com os nossos exemplares e ficamos cobertos por uma camada de poeira cósmica: felicidade.

O fogão de lenha já está aceso, as panelas no fogão, para a feijoada de hoje. Às 11hs chegarão as crianças da E.M Pedro Paulo Silva, de Duque de Caxias e os professores. O dia está lindo e a esta hora, tão cedinho de manhã, a lua ainda está acesa e os passarinhos anunciam mais um dia de vida.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

FEIJOADA

Tenho uma história de amor com a E.M.Pedro Paulo em Duque de Caxias e sua diretora Lourdes. A Escola fez uma Sala de Leitura com meu nome e serei eternamente agradecida. Amanhã virão 40 crianças e mais os professores comer uma feijoada na minha varanda. Faremos uma Roda de Poesia no Jardim.Certamente muitas crianças terão seu primeiro encontro com o mar.

Angela, leitora do blog, em seu comentário sobre o post do acaso, citou um trecho do livro Demian, do Herman Hesse. Demian foi um farol na minha juventude, eu o li 300 vezes! Mas encontro na minha estante caótica O LOBO DA ESTEPE ,do mesmo autor, que também amava e começo a reler . Sou e não sou a mesma pessoa que leu O Lobo da Estepe muito jovem e ao mesmo tempo em que estarei lendo o livro, estarei, como loba, farejando quem fui.

André, meu filho, me conta: o jantar com o cardápio do filme Como Água para Chocolate, em seu Babel Restaurante, em Visconde de Mauá, foi um sucesso. Os clientes jantavam enquanto o filme passava num telão. No final um crítico de cinema fez suas considerações.Evelyn, minha irmã, emprestou uma reprodução da Frida Kahlo para dar um toque mexicano ao ambiente.

Evelyn me conta: seu ateliê de cerâmica em Visconde de Mauá está quase pronto. Em outubro, certamente, poderá começar a dar aulas. Irei visitá-la no dia 5 de outubro. Preciso ver a transformação da bela casa que alugou.E preciso continuar a escrever meus poemas do novo livro O Diário da Montanha.

domingo, 11 de setembro de 2011

BONDADE

Quando tudo aconteceu, no dia 11 de setembro de 2001, eu estava num café da manhã com poesia, numa escola, conversando com adolescentes. Meu filho André e minha nora Dani Keiko moravam em Miami. Era aniversário da Dani. André, quando finalmente conseguimos nos falar, me disse: "quero me lembrar de todas as pessoas que estão nascendo hoje, neste dia."Então, já que , ao longo destes dez anos, tantas pessoas nasceram no dia 11 de setembro, gostaria de falar da bondade humana, da capacidade que o ser humano tem de compaixão, de sacrifício pelo outro, de se dedicar a causas belas em todos os lugares do planeta, de ajudar a quem precisa.
Juan me conta que seu pai, Guillermo, na Espanha devastada pela Guerra Civil, onde as pessoas não tinham o que comer, era professor. A escola funcionava na sua própria casa. Muitas vezes os camponeses, por gratidão, lhe traziam alguns ovos ou azeite, já que era ele quem escrevia cartas para todos. Ele dizia para sua mulher Josefa que não aceitasse, pois aqueles ovos poderiam matar a fome de uma família que não tinha nada para comer e eles pelo menos tinham os livros e um pequeno salário.Quando um familiar morreu e uma terra teria que ser dividida como herança , ele abriu mão da sua parte, já que, ele disse que já eram ricos, apesar da pobreza, pois sabiam ler, escrever e pensar.
Penso em todas as pessoas que arriscaram suas vidas para esconder judeus em suas casas na Segunda Guerra Mundial. Penso nos milhões de seres humanos que agora, neste momento , estão doando amor para alguém.
Então desejo que minha nora Dani Keiko, uma mulher corajosa, forte, amorosa, sempre pronta a ajudar a todos que estão ao seu redor, possa comemorar seu aniversário hoje pensando na capacidade que nós, seres humanos temos de exercer a bondade.

sábado, 10 de setembro de 2011

ACASO

Por acaso, em 1994, sentei ao lado de um homem no Aeroporto do Galeão enquanto esperava uns amigos na sala de embarque , pois estava indo com um grupo para a Feira de Frankfurt. Conversamos. Ele era espanhol, jornalista e me disse que se eu fosse a Madrid passasse por seu jornal , o El País e levasse alguns livros . Fui a Madrid, levei alguns livros para o tal jornalista. Ele se apaixonou pela minha poesia. Começamos uma longa correspondência e nos casamos alguns anos depois. Com nosso casamento mudamos a vida de muita gente.
Por acaso comecei a escrever poesia para criança. Em 1979 meu filho queria ler meus poemas. Ele era criança e eu achava que meus poemas , densos, pessimistas, existenciais, não eram para ele. Brincando, comecei a escrever uns poemas bem leves e lúdicos. Juntei uns 20 poemas e mandei para a sua professora, ela se entusiasmou e me mandou um bilhete: _ " São lindos! Por que você não tenta publicar? "
Por acaso conhecí a Elvira Vigna, mulher de um colega de trabalho do meu ex marido. Ela escrevia e ilustrava para crianças. Mostrei meus poemas e ela adorou e pediu para ilustrá-los. Conseguimos uma editora, a Murinho e o livro saiu em dezembro de 1980. Fardo de Carinho foi a primeira pedra de uma longa estrada: não me deixaram mais parar.
Se eu tivesse entrado na sala de embarque alguns minutos depois, talvez o Juan não estivesse mais lá, ou alguns minutos antes. Talvez a cadeira ao seu lado estivesse ocupada.
Se meu filho de 7 anos não fosse um leitor e se interessasse pelo que eu escrevia, talvez nunca tivesse começado a escrever para criança.
O que é o acaso que rege as nossas vidas?
Ontem encomendei um livro do físico Leonard Mlodinow, " O andar do bêbado", ed. Zahar. Ele sustenta que toda a nossa vida é obra dos acasos, mas que temos que estar preparados para aproveitar as oportunidades que o acaso nos oferece.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

CAIXINHA DE MÚSICA

Faz tempo Nancy, uma atriz, me pediu licença para montar meu livro Caixinha de Música, que fiz em parceria com meu filho Guga Murray com o selo da Manati. Hoje recebo uma carta que reproduzo aqui. Fiquei radiante:

Olá Roseana Murray....


Volto a dar notícias sobre "Caixinha de Música".


Resumindo, não fui atrás de patrocínio, e conseguimos montar um show (creio eu
que está ficando muito bonito - logicamente com sua poesia que encanta a todos, seria difícil não estar ficando bom - mas devo admitir que a responsabilidade é grande! E espero do fundo do meu coração que lhe agrade o resultado).

Consegui agendar o show em Rio das Ostras para os dias 21/22 e 28/29 deste mês no Teatro da Fundação de Rio das Ostras.

Entrei em contato com várias escolas e algumas já confimaram presença. Estou cobrando valores mais que populares para crescer o acesso: R$ 3,00 para as mais carentes e R$ 4.00 para outras.

E faremos apresentação numa escola particular, no auditório do colégio. Você esteve lá e são encantados por ti. Será no Colégio Casulo. Eu nem sabia.

Já em Saquarema, apresentaremos dia 06 de outubro no Teatro Mário Lago. E também no dia 08 de novembro.

Consegui falar com a secretaria da educação, e se manifestaram para ajudar e facilitar o acesso de escolas no evento. Faremos mais de uma sessão, o teatro é pequeno e já estava comprometido de agendas.

Estava ansiosa para lhe dar essas notícias mas esperei um pouco até que tudo se concretizasse mais. Cheguei a pensar: Já pensou se ela fica sabendo do show antes que eu lhe dê notícias?!!!!

Beijos,
Nancy Macedo



UM DIA DE POESIA

Ontem passamos um dia de poesia. Gloria Kirinus leu seus poemas, seus belíssimos mini contos , eu li meus poemas, alguns contos. Nos sentamos no jardim, falamos dos filhos, dos netos, dos amigos perdidos, de outros achados. Falamos de como a poesia nos torna aventureiros, criaturas assombradas com os milagres de cada dia.Falamos sobre a beleza e seu poder curativo, a força da lua, a força do sol.Falamos dos encontros mágicos, dos desencontros. Falamos da vida, a matéria prima de todos os criadores.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

LATUF E CAFÉ LITERÁRIO

Hoje faz um ano que meu grande, imenso amigo Latuf foi embora para Pasárgada, com suas túnicas, seus poemas, seus gestos largos, seu sorriso. Todos os dias eu o chamo e de alguma estrela longínqua ele me responde: "estou aqui, meu bem", ouço nitidamente a sua voz com um timbre aveludado e único. Conversamos muito, pois éramos amigos-irmãos-de-alma-e-poesia. Sei que onde estiver estará cercado de beleza.

Ontem o Café Literário foi muito bom, com a Gloria Kirinus e Guto Lins. Lemos poemas, contamos casos, a platéia estava repleta e receptiva. Saí iluminada. trouxe Gloria comigo para Saquarema e hoje passaremos o dia juntas.A poesia da Gloria é linda:

Minha lâmpada
de lua
não estoure,
por favor,
este é o último

-Prometo-

Segredo de amor.


Gloria Kirinus, Lâmpada de Lua, ed. Larousse Junior

Todos os livros da Gloria são bilíngues, pois ela é peruana. Ler os poemas nas duas linguas é uma fonte de prazer.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CINEMA, GASTRONOMIA E CAFÉ LITERÁRIO

Em Visconde de Mauá, na Serra da Mantiqueira, onde meu filho André e minha nora Dani tocam suas panelas no Babel Restaurante, acontece um festival de Cinema Na Mesa: os restaurantes escolhem um filme e elaboram o cardápio inspirados no que se come no filme. No dia do evento o filme estará passando num telão, dentro do restaurante e um crítico de cinema fará suas considerações. Todos os filmes serão exibidos gratuitamente na cidade. A idéia é fantástica e merece ser copiada.André e Dani escolheram Como Água para Chocolate.

E ontem revi o filme A Excêntrica Família de Antonia que aconselho fervorosamente! O filme é poético, lírico, lindo. É um filme sobre o amor, o tempo, vida, morte, vida.

Estou indo daqui a pouco para o Café Literário da Bienal do Rio de Janeiro. Dividirei o espaço com Gloria Kyrinus e Guto Lins. Será um sarau e acho que vai ser muito bom.

Dia 13 recebo 40 crianças de Duque de Caxias para uma Roda de Poesia no jardim e uma feijoada. Já estamos azeitando o fogão de lenha!!!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

PARNAÍBA

Minha viagem até a Parnaíba foi um mergulho dentro de um sonho. De Teresina até o meu destino são uns 400 km, mas a estrada é linda e fui entrando devagarinho na noite nordestina. De vez em quando umas casinhas iluminadas pareciam vagalumes. Cheguei muito cansada mas no café da manhã já estava refeita e a alegria de reencontrar Cinéas , que me acolheu como princesa e foi me conduzindo pelo Porto das Barcas onde se realizava o Salipa, dentro de um conjunto belíssimo , suas pedras centenárias cheias de segredos, as casas coloniais beirando o rio, tudo já era cenário. O palco foi arrumado com esmero para a nossa manhã poética. Parecia a sala de uma casa. Não gosto da palavra palestra, pois parece que chego cheia de verdades, mas eu não sei nada e só tenho perguntas e perplexidades e é isso que quero sempre dividir com a platéia.Falamos da função libertadora da poesia e da arte, Cinéas leu alguns dos seus lindos poemas e foi uma manhã luminosa. A cidade é realmente bela.
Wellington e sua mulher Lucíola me levaram para conhecer algumas praias, comemos um fantático peixe frito na Praia do Atalaia e entrei no melhor mar do mundo, água cristalina, quente, que nos conduz a um estado tão paradisíaco que não dá para descrever.Depois rumamos para Barra Grande, passando por Peito de Moça, Coqueiro, Cajueiro da Praia.
As cidadezinhas são lindas e a natureza aí ainda não foi tocada, é um santuário. Barra Grande, onde almoçamos numa pousadinha, é impactante demais. A temperatura e o perfume do ar nos remete a um tempo anterior à criação do mundo.
Volto maravilhada com a acolhida , volto plena

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA

Acabo de receber uma carta com lindas notícias, da Silvane, diretora da E.M. Hermann Müller em Joinville. Divido com vocês:

Linda Roseana!
Conforme havia lhe contato, estive em Petrópolis na quarta.
Fui e voltei no mesmo dia.
Participei do I Colóquio de Ecologia na Educação, promovido pelo Centro de Capacitação Frei Memória.
As palestras aconteceram em dois dias e eu fiquei com a tarde de encerramento.
Foi INCRÍVEL!! O salão nobre da Universidade Católica de Petrópolis estava praticamente lotado de professores alfabetizadores e de Educação Infantil...e eu, falando de ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA com flores e poesias.
Foi gratificante demais conferir a chama da ESPERANÇA acesa em muitos olhares...pude perceber até algumas lágrimas!
Penso que o professor também precisa de POESIA, e como precisa...de uma prática que estrapole o currículo fechado que nos é imposto, para que aconteça o resgatre de valores e sentimentos.
Falei sobre as muitas possibilidades de Aprendizagem pela esperiência, e fiz a maior propaganda dos teus livros...eles até te conhecem...mas o que propus foi um mergulho na tua poesia.
Agradeço a você e ao Juan, pelo encorajamento e pala inspiração.
Adoro vocês!
Com carinho e admiração,
Silvane


Amanho saio às 6hs da manhã para a Parnaíba, litoral do Piauí. Escrevo na terça. Até lá.

ÚLTIMO DIA

Hoje é o último dia em que estarei com Kira, minha netinha de estimação que voltará para Barcelona na segunda-feira. Eu volto do Piauí na segunda-feira e quando eu chegar em casa ela já estará voando sobre o mar.
O segundo andar da nossa casa é a nossa oficina de textos, onde eu e Juan escrevemos. Mas com Kira já tudo é outra coisa. Há uma instalação no meio da sala: um banco sobre outro banco e em cima uma bandeja de madeira que gira. Há um cobertor aberto em cima de uma esteira e em volta de uma pilastra há uma mandala de almofadas. Uma boneca bem antiga dorme em cima do cobertor e alguns bichos de madeira vigiam seu sono: um gato, um pássaro, um lagarto.Bonecas de pano dormem no sofá.
Ontem Kira era uma capitã pirata e hoje não sei o que será!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

CAFÉ LITERÁRIO

Dia 7 de setembro estarei no Café Literário da Bienal às 13hs com a poeta Glória Kirynus para falar de poesia. Na volta trago a Gloria para Saquarema, pois ela vive em Curitiba e nos conhecemos desde 1995 quando viajávamos por todo o Brasil pelo Proler.Teremos um tempo para tricotar palavras. A Gloria, além de ser uma excelente poeta, tem um projeto que se chama Lavra Palavra, uma espécie de Oficina de Poesia que é sucesso total, lá no Paraná.Quem estiver na Bienal no dia 7 de setembro será muito bem recebido neste espaço tão simpático que é o Café Literário.
Mas antes vou logo ali, no Piauí. Sou autora convidada da Salipa de Parnaíba e olho na internet a cidadezinha tão bela . Amo o nordeste de paixão e estar com os nordestinos é como viver dentro de um abraço. Pena que é tão rápido, vou sábado e volto na segunda.
Agora, neste momento, Evelyn minha irmã está na estrada, na cabine de um caminhão de mudanças, com a sua gata Lola no colo e dez anos da vida em Teresópolis em caixas e embrulhos. São duas mudanças, a casa e o ateliê de cerâmica.Quando chegar em Visconde de Mauá uma vida nova irá abrir as suas asas e eu desejo que tudo de bom aconteça. Agora, aliás, a única coisa que desejo é a felicidade e o bem estar de todas as pessoas que amo.